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2.3 A execução penal no Brasil

2.3.2 A realidade operacional

Neste tópico, primeiramente destaca-se um dos casos mais dramáticos e atuais da realidade do sistema prisional brasileiro. A situação vivenciada na Penitenciária de Pedrinhas no Maranhão, onde presos estão sendo executados sumariamente segundo Eduardo Gonçalves (2014), articulista da Revista Veja:

Às vésperas da virada do ano, o governo do Maranhão anunciou o envio de 60 homens da Polícia Militar e do Batalhão de Choque para atuar na segurança do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, que chocou o país com cenas de barbárie medieval: decapitações, detentos esfolados vivos e cadáveres empilhados após brigas de facções criminosas. A ação da governadora Roseana Sarney (PMDB) tinha um objetivo claro: evitar uma intervenção federal – precisamente, o envio de tropas do Exército – em assuntos internos do Estado. No entanto, logo no segundo dia do ano, Pedrinhas contabilizou mais duas mortes em circunstâncias não menos cruéis: um preso foi estrangulado até morte e outro foi perfurado dezenas de vezes por um "chuço" – objeto pontiagudo fabricado pelos detentos, similar a uma pequena lança. O número de presos assassinados chega a 62 desde janeiro do ano passado.

Roseana tem até esta segunda-feira para responder a um questionamento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre a crise que não consegue estancar no complexo penitenciário. Cabe a Janot acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) por uma intervenção federal no presídio. Pedrinhas é o maior complexo penitenciário do Maranhão, com capacidade para abrigar 1.700 homens. No entanto, atualmente há 2.200 encarcerados no local.

Não bastasse o caos no interior do presídio, os criminosos encarcerados também tentaram dar uma demonstração de força contra o governo maranhense. Após revistas nas celas de Pedrinha – foram apreendidas dezenas de celulares e uma pistola – nesta sexta, os detentos ordenaram uma onda de ataques nas ruas de São Luís. Quatro ônibus foram incendiados, uma delegacia foi alvo de tiros e um policial militar foi assassinado. Cinco pessoas sofreram queimaduras, entre elas uma criança de seis anos que está em estado grave. A Secretaria de Segurança Pública confirmou que a ordem para os ataques partiu de dentro de Pedrinhas.

Três pessoas suspeitas de participar do ataque a ônibus na cidade de São Luís foram presas na noite da sexta-feira, informou o Sistema de Segurança do Maranhão na

tarde deste sábado. Tanto a Polícia Militar (PM) como a Polícia Civil aumentaram o efetivo na região a fim de controlar a onda de violência.

A partir da reportagem veiculada pela revista Veja é visível o abuso por parte dos presos, e a incapacidade do Estado que não consegue controlá-los, permitindo que apenados sejam mortos brutalmente e diariamente. Mesmo com a medida adotada pela governadora, que enviou 60 homens para fazer uma segurança mais rigorosa, objetivando sanar o caos encontrado, os delitos continuaram. Este problema surgiu dos acúmulos de irregularidades e descumprimentos das medidas legais. A penitenciária de Pedrinhas se tornou um presídio sem controle, pois além do vandalismo ocorrido no seu interior, os apenados organizaram um ataque nas ruas da cidade, onde um policial foi morto e mais pessoas ficaram feridas.

Outro fato de extrema relevância é a situação do Presídio Central de Porto Alegre, que tem estado frequentemente na mídia e que já resultou em denúncia do Brasil perante a OEA, dispõe Alex Rodrigues (2013) articulista da Empresa Brasil de Comunicações:

Brasília - Entidades de direitos humanos denunciaram o Brasil à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA), ante a “grave situação” do Presídio Central de Porto Alegre, na capital do Rio Grande do Sul, que enfrenta superlotação da população carcerária e precariedade das instalações, entre outros problemas.

A denúncia foi apresentada por oito entidades que compõem o Fórum da Questão Penitenciária. Os denunciantes querem que a OEA pressione a União para intervir no estado visando à correção dos problemas, identificados desde a época da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Carcerário, da Câmara dos Deputados, que classificou a unidade prisional como a pior do país. Procuradas, as assessorias do governo gaúcho e da Secretaria Estadual de Segurança Pública ainda não se manifestaram sobre o assunto.

Em novembro passado, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reconheceu a situação crítica dos presídios do país e disse que preferia a morte a uma longa pena no sistema prisional brasileiro. “Se fosse para cumprir muitos anos em uma prisão nossa, eu preferiria morrer”, afirmou Cardozo, em durante um encontro com empresários paulistas.

Segundo a Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), uma das entidades que integram o Fórum da Questão Penitenciária, o presídio de Porto Alegre, construído em 1959, tem capacidade para 1.984 presos, mas abriga 4.086. Entre as 20 medidas cautelares propostas pelas entidades está o pedido de separação dos presos provisórios daqueles já condenados.

Além da superlotação, as entidades apontam a precariedade das estruturas, a falta de saneamento e a “perversa relação de comprometimento entre os detentos do presídio”, classificado como um “reprodutor de criminalidade” no documento de 104 páginas de fotos, dados e depoimentos de presos que acompanha a denúncia. Na última terça-feira (8), após reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, na qual avaliaram a situação dos presídios brasileiros, o ministro da Justiça reafirmou a meta do governo de criar 42 mil novas vagas do sistema prisional ao longo dos quatro anos do mandato de Dilma Rousseff, ao custo de R$ 1,1 bilhão, mas admitiu que o número será insuficiente para suprir a carência de vagas.

O Brasil foi denunciado a CIDH e a OEA pela situação degradante e precária que se encontram os presos no presídio central de Porto Alegre. A denúncia teve a finalidade de pressione a União para que esta intervenha buscando reverter a situação lamentável e extrema do cárcere. O Ministro José Eduardo Cardozo se manifestou a respeito dizendo que preferia morrer ao passar alguns anos num estabelecimento prisional brasileiro, reconhecendo assim a desordem das penitenciárias e agora a vergonha estampada mundialmente. Com base na reportagem o presídio é um espaço de extrema violência, que produz e reproduz a cultura delinquente, violando cotidianamente os mais elementares direitos humanos. A questão da superlotação é absurda, pois com tantas pessoas empilhadas num mesmo lugar inadequado é possível imaginar a falta de higiene e de saúde, o que fatalmente contribuiu para a degradação de qualquer indivíduo que lá se encontre.

Outro fato que evidenciou o total descaso com a situação carcerária no país, foi o conhecido Massacre do Carandiru. Este é considerado o episódio mais triste da história brasileira, onde 111 presos foram executados sumariamente pela polícia que invadiu a penitenciária no dia 2 de outubro de 1992. De acordo com a Revista Veja (2012):

Vinte anos atrás, em 2 de outubro de 1992, a cidade de São Paulo se tornava palco do maior massacre penitenciário da história do país: a chacina de 111 detentos no complexo presidiário do Carandiru, na Zona Norte da capital paulista. A ação da Polícia Militar do estado tornou-se um episódio de destaque na vasta crônica da vergonha nacional [...] Subordinada ao então governador Luiz Antônio Fleury Filho, a Polícia Militar do Estado de São Paulo, cometeu, em setembro de 1992, o maior massacre penitenciário da história do país e um dos maiores do mundo. Chamados para conter uma rebelião na Casa de Detenção de São Paulo, parte do complexo presidiário do Carandiru, cerca de 340 policiais invadiram o pavilhão nove sob a liderança do coronel Ubiratan Guimarães. Tudo caminhava para que os mais de 2.000 detentos fossem dominados e tranquilizados, até que os batalhões de choque chegaram ao segundo andar do pavilhão, o foco da revolta. Então, passou-se meia hora de execuções à queima-roupa. Armados com revólveres, escopetas e metralhadoras, os policiais executaram sumariamente 111 presos. Do lado da polícia, nenhuma baixa. A reação imediata do governador foi atrasar a contagem dos corpos e tentar ludibriar a imprensa por algumas horas para não atrapalhar o resultado das eleições que se realizariam no dia seguinte.

Dispõe a reportagem que o Carandiru foi placo da mais vergonhosa e aterrorizante história de massacre do Brasil e do mundo, que resultou na morte de 111 presos. Naquele momento acontecia uma rebelião no presídio e foram invocados 340 policiais para que a situação fosse controlada, porém quando o batalhão chegou ao local onde estava o foco da rebelião começou a executar os presos. Fica nítido que as pessoas não consideram humanos os apenados.

A falta de respeito aos direitos dos presos e a afronta à dignidade das pessoas encarceradas no Brasil, é perceptível não apenas pelas análises dos casos acima descritos. Cotidianamente nos deparamos com notícias relativas a este tema e que demonstram uma cruel realidade. Reportagem publicada pelo jornal online A Crítica.com/Notícias, demonstra a humilhação pela qual passam pessoas presas no município de Parintins, no Amazonas, conforme Fernando Cardoso (2011):

Durante inspeção feita por desembargador, foi identificado que celas estão insalubres e superlotadas e presos são obrigadas a fazer limpeza de fossa.

“Nada melhorou desde 2009, quando da minha última visita aqui, pelo contrário está bem pior”. A declaração é do desembargador Sabino Marques, que integra o Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário, do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJA), que esteve visitando o Presídio de Parintins (a 325 quilômetros de Manaus), para verificar uma denúncia de que os presos estavam sendo obrigados, até poucos dias, a carregar fezes em latas para esvaziar a fossa séptica da unidade prisional.

A denúncia sobre a maneira como a limpeza da fossa é feita, foi relatada por duas mulheres, de um grupo de nove detentas, que estão recolhidas em um dos quatro pavilhões do presídio.

“Temos que carregar as fezes em latas e jogar no terreno do próprio presídio. Até agora a tampa da fossa está aberta”, contou uma delas.

As demais tiveram receio de falar. “É porque sofremos retaliação. Somos humilhadas, se falarmos. Se quisermos sair, no tempo da pena, temos que nos conformar, caso contrário somos colocados na lista de mau comportamento”, justificou outra presa.

As celas da unidade são insalubres. Os presos reclamam, ainda, da falta de comida e de superlotação. O presídio de Parintins abriga 160 presos. A lotação máxima é de 60 pessoas.

Rodolfo Matos, condenado a 17 anos por homicídio, contou que uma empresa realizou a limpeza da fossa, no dia da visita do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário.

“Tem que ser visita surpresa”, disse. Durante a inspeção do desembargador ainda era forte o mau cheiro no local. “Não temos atendimento à saúde aqui dentro. Não temos para quem gritar. Falta comida e quando nos servem alguma coisa é de péssima qualidade”, disse.

“Não podemos reclamar, doutor, porque sofremos retaliação. Nossa situação é essa que o senhor está vendo. Queremos cumprir nossa pena, mas assim não dá”, completou Kellerson Oliveira, o “Kelinho”, preso por furto.

O desembargador Sabino conversou com os detentos e ficou indignado. “O ser humano tem que ser tratado como tal. Ele não pode ser humilhado, espoliado na sua dignidade”, protestou.

“Isso tudo é objeto de encaminhamento para providências urgentes que vou cobrar da Secretaria de Justiça. Está pior em tudo, no espaço físico, de higiene e alimentação.”

Em setembro do ano passado, o presídio foi palco de uma rebelião. Para acabar com o motim, a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejus) prometeu melhorias de infraestrutura e a construção de uma nova fossa sanitária.

Situação lamentável, a notícia reflete a absurda falta de dignidade de seres humanos, de cidadãos, que privados de sua liberdade passam a viver e a ser tratados como animais.

Não são apenas os presos que sofrem humilhações. Muitas vezes seus familiares também são obrigados a enfrentar situações extremamente difíceis. Em reportagem disponibilizada pelo jornal Dourados News, relata Pavão (2014):

Na tarde de segunda-feira (10) dezenas de famílias de presos da Penitenciária Harry Amorim Costa (Phac), se reuniram na frente do Fórum de Dourados reivindicando por melhorias no presídio.

De acordo com a esposa de um preso, Nathalia Cavalcante, muitos familiares estão sendo humilhados pelos agentes durante as visitas.

“Nós estamos sendo tratados como bicho, queremos respeito, é uma reivindicação pacífica. Nós não podemos aceitar a forma que estamos sendo tratadas e como nossos filhos e maridos também estão”, disse ela que afirmou que muitos estão sendo agredidos dentro das celas.

Nathalia contou que mais de 500 assinaturas dos presos foram recolhidas e serão encaminhadas a Justiça. Ela disse que entre os vários pedidos estão trabalho e amparo social, alimentação de qualidade, atendimento a saúde e respeito às visitas. “Quando nós, mães e esposas, vamos visitar os presos, passamos por uma vistoria e alguns agentes acabam nos humilhando, tiram sarro e abusando do poder, somos levadas para uma sala e somos obrigadas a introduzirmos os dedos na vagina e no ânus, para ver se temos algo escondido. Isso é muito humilhante", contou ela.

A superlotação e a falta de vagas nos presídios também é um problema preocupante, segundo o Jornal Primeira Página, de acordo com matéria escrita por Lucas Castro (2014):

As Penitenciárias "Dr. Antônio de Queiróz Filho" (P-I) e "João Batista de Arruda Sampaio (P-II), ambas em Itirapina, estão com a capacidade total de presos bem acima do número de vagas. Para tentar minimizar o problema, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), ressalta que novas unidades estão sendo abertas.

De acordo com dados da SAP, a superlotação dessas duas unidades prisionais varia entre 84,2% a 114% do total de presos que poderiam comportar.

A P-I foi criada em 1978 com capacidade para acolher 316 presos em regime fechado, mas atualmente está com 675, aproximadamente 114% a mais que o normal. No semiaberto o excedente é de apenas 12 detentos, tendo no total 238. A situação da P-II também é assustadora, o índice de superlotação chega a atingir 84,2%, abrigando 2.358 detentos, sendo que o limite máximo é de 1.280 internos. Na Ala de Progressão Penitenciária o excedente é de 55 presos.

A SAP alega que o problema existe devido o aumento da população prisional no Estado de São Paulo.

Visando ampliar o número de vagas nas penitenciárias, a SAP elaborou o Plano de Expansão das Unidades Prisionais, que já inaugurou 14 novas prisões nos últimos anos.

Segundo a secretaria, uma licitação está aberta para construção de 12 novos Centros de Detenção Provisória (CDPs).

A mesma realidade é retratada pela reportagem abaixo que se refere à superlotação em casas prisionais do Estado de São Paulo. A reportagem foi veiculada pelo jornal Cruzeiro do Sul em matéria escrita por André Moraes (2014):

A superlotação das unidades prisionais é uma realidade na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), assim como em todo o Estado. As 10 unidades instaladas em Sorocaba e cidades ao entorno estão atuando com 68,3% de presos a mais do que deveria suportar. Atualmente, segundo informações da Secretaria estadual de Administração Penitenciária (SAP), os presídios, Centros de Detenção Provisória (CDPs), Centros de Progressão Penitenciária (CPPs) e Centros de Ressocialização (CRs) da RMS estão com 14.359 detentos, porém a sua capacidade seria para abrigar 8.529 pessoas. A SAP alega que, para ampliar o número de vagas, criou o Plano de Expansão das Unidades Prisionais do Estado, que já foi responsável pela inauguração de 15 novas prisões.

Entre as unidades prisionais da Região Metropolitana de Sorocaba, a Penitenciária Antonio de Souza Neto, a P-2, é a que está em situação mais crítica. Atualmente, segundo os últimos números levantados pela SAP, a unidade está com uma população total de 1.967 presos, porém sua capacidade é de abrigar 783. Ou seja, ela está operando com 151% detentos a mais do que o que deveria suportar. Já a Penitenciária Dr. Danilo Pinheiro (P-1) de Sorocaba, o índice de superlotação é de 73%. Há 994 presos no local, porém deveriam haver 572, conforme a capacidade divulgada pela SAP.

Em Itapetininga, a superlotação de suas duas penitenciárias também atingem índices altos. Na Penitenciária Jairo de Almeida Bueno (P-1), existem 114% detentos a mais do que a capacidade. São 1.799 pessoas presas no local, que possui capacidade para 839. Na P-2, a superlotação atinge o índice de 106%. A capacidade é para 834 detentos, porém há 1.723 no local.

A penitenciária masculina de Capela do Alto, inaugurada em março do ano passado, já opera com 99% a mais da sua capacidade. A população de presos do local atinge os 1.692 homens, enquanto que ela foi projetada para receber 847. Em Iperó, na Penitenciária Odon Ramos de Maranhão, há 2.988 presos, porém a capacidade é de abrigar 1.851. Ou seja, há 61% detentos a mais do que deveria no local.

Além da falta de dignidade, o Estado sequer consegue oferecer aos presos um lugar seguro para que possam cumprir suas penas. Sobre isso dispõe Murilo Rocha (2014):

O sistema prisional brasileiro já adota há muito tempo a pena de morte. Todos os anos dezenas de detentos são executados em penitenciárias administradas pela União ou pelos governos estaduais. O retrato mais recente e evidente dessa barbárie é o complexo prisional de Pedrinhas, no Maranhão. Só em 2013, 60 presidiários foram mortos na unidade em rebeliões ou brigas entre facções criminosas.

As mortes violentas e a falta de poder dos governos para controlar esses locais – e torná-los centros de ressocialização – não são novidade no Brasil, mas, quase sempre, são ignoradas. Dessa vez, porém, foi impossível esconder essa realidade cruel ocorrida sob a tutela do poder público.

As cenas filmadas e divulgadas de presos decapitados e esfaqueados dentro do presídio de Pedrinhas são chocantes. Evidenciam um local destituído de qualquer humanidade, um amontoado de pessoas em condições miseráveis vivendo em um mundo paralelo, com leis próprias.

O fato narrado demonstra que se tornou comum, em alguns presídios brasileiros a execução de presos, fazendo com que o sistema prisional adote a pena de morte na prática, violando o determinado na Constituição Federal de 1988.

Como o controle de muitas penitenciárias estão nas mãos dos apenados, o Estado não consegue evitar que presos cometam crimes contra outros detentos. Sobre esta questão o Jornal da Manhã disponibiliza matéria, texto escrito por Carlos Paiva (2013):

Detento recolhido na penitenciária “Professor Aluízio Ignácio de Oliveira” afirma que foi atacado, agredido sexualmente e ameaçado de morte por colegas de cela. Ele não sabe dizer quem são os estupradores, mas garante que foi violentado sexualmente por sete vezes. Na lista de suspeitos estão 10 presos que dividiam a cela com a vítima. A direção da penitenciária abriu sindicância interna e recolheu o preso em uma cela coletiva, chamada de “seguro”, onde estão outros presos que precisam ficar distantes dos demais. O diretor da penitenciária aguarda laudo de corpo de delito para encaminhar à Polícia Civil para instauração de inquérito policial.

A partir do exposto percebe-se que a realidade operacional é cruel e que o princípio da dignidade humana consagrado na Constituição Federal de 1988 não tem eficácia mínima na prática, pois seres humanos acabem sendo vítimas de crimes, ou de uma sequência de crimes, por estarem confinados cumprindo pena.

2.4 As garantias penais e a função punitiva nos Estados Democráticos de Direito:

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