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A rede de transporte do estado de São Paulo é utilizada para fluxos inter e intrarregionais e também para o fluxo internacional. Segundo dados do PDDT 2000-2020, o comércio exterior representa 6% dos fluxos do estado. Como alguns projetos do PAC 1 também constam como prioritários na agenda para a integração do Mercosul, optamos por agregar este tópico.

Em estudo sobre a configuração espacial do cone sul, Egler (2006) confirma que as novas estruturas produtivas ampliaram o papel da logística, perfazendo um instrumento

também para o domínio sobre os mercados domésticos e abertura de novas fronteiras, de modo que a “[...] integração física das redes logísticas tende a avançar, em grande parte devido às próprias necessidades materiais das principais economias que conformam o Mercosul: Brasil e Argentina” (EGLER, 2006, p. 26).

A partir de 2003 a política externa brasileira ampliou as relações sul-sul e, nesse

ínterim, priorizou a relação com os países sul-americanos. A integração do Mercosul88,

atualmente sob a coordenação da COSIPLAN89, busca não apenas uma integração

comercial; as metas abrangem uma integração física, energética, produtiva e financeira. Dentre os eixos de integração e desenvolvimentos delimitados pelo COSIPLAN, em continuidade ao IIRSA, dois interessam diretamente por abarcar obras que também constam no PAC: o Interoceánico Central e o Mercosul-Chile. No eixo Mercosul-Chile consta a ampliação do aeroporto de Campinas e de Guarulhos e a construção do anel viário de São Paulo (Rodoanel-Trecho Sul). No eixo Interoceánico Central estão apontadas a construção do anel ferroviário de São Paulo e as obras de dragagem e construção das avenidas perimetrais do Porto de Santos.

As obras destacadas explicitam que a integração com a América Latina também foi um fator relevante para as escolhas das obras incluídas no PAC. Com efeito, se estas obras estão abarcadas em projetos pensados para diferentes escalas (regional, nacional e internacional), temos um processo importante para um planejamento nacional global. Na visão de Barat (1978), os investimentos em transporte se constituem no mais importante parcela setorial da formação bruta de capital numa economia em desenvolvimento, desempenhando papel fundamental numa estratégia global de crescimento econômico.

O valor das importações paulistas do Mercosul representou quase 20% das importações brasileiras no ano de 2011 (Tabela 24). Já as exportações representaram mais de 42% do total nacional para o mesmo período (Tabela 25).

88 O Mercado Comum do Sul (Mercosul), formado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, foi instituído

pelo Tratado de Assunção em 1991. A área de abrangência do Mercosul foi ampliada com a entrada de membros-associados: Chile (1996), Bolívia (1997), Peru (2003) e Venezuela (2004) (EGLER, 2006, p.24)

89 O COSIPLAN foi criado em agosto de 2009 em uma reunião presidencial da União das Nações Sul-

Americanas - UNASUL, estes optaram pela substituição do Comitê de Direção Executiva da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA) por um Conselho em nível de Ministros dentro da estrutura institucional da União. Nessa iniciativa os países membros buscam novas medidas e investimentos para a integração da infraestrutura sul-americana. Entretanto os eixos de atuação e as obras prioritárias permanecem os mesmos da IIRSA.

Entre 2002 e 2008 as importações brasileiras e paulistas em milhões de dólares cresceram, o total em toneladas apresentou uma queda em 2004 e 2008. Em 2009 houve uma redução do valor das importações, mas em 2010 os valores retomam o crescimento. Tabela 24 - Total das importações brasileira e paulista do Mercosul, 2002-2011

Ano Milhões US$ -SP Milhões US$ - Brasil Peso Líquido (t)- SP Peso Líquido (t)- Brasil

2002 1.691 5.611 4.175.071 16.688.496 2003 1.795 5.685 4.178.720 16.439.941 2004 1.953 6.390 3.368.809 14.547.542 2005 1.967 7.053 3.142.545 14.126.978 2006 2.371 8.967 3.743.852 16.274.801 2007 2.745 11.624 3.595.750 16.534.481 2008 3.217 14.934 2.877.949 14.543.051 2009 2.941 13.107 3.502.328 15.513.548 2010 3.446 16.620 3.205.673 14.899.663 2011 3.792 19.375 3.150.577 15.138.755

Fonte: BRASIL, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Disponível em: < http://www.mdic.gov.br (AliceWeb)>. Acesso em: 14 nov. 2011.

A partir de 2003 as exportações do estado e do Brasil tiveram um grande crescimento, com destaque para o ano de 2008. Em 2009 as exportações também sofreram queda e retomaram o crescimento nos últimos dois anos. Os dados referentes ao comércio com o Mercosul são representativos da balança comercial brasileira de forma geral.

Tabela 25 - Total das exportações paulista e brasileiras para o Mercosul, 2002-2011 Ano Milhões US$ - SP Milhões US$ -Brasil Peso Líquido (t) -SP Peso Líquido (t) -Brasil 2002 1.457 3.318 969.668 9.449.628 2003 2.384 5.684 1.324.496 11.640.769 2004 3.962 8.934 1.908.272 13.386.534 2005 5.404 11.746 2.062.602 14.274.642 2006 6.576 13.985 2.632.326 15.447.181 2007 8.020 17.353 2.745.138 15.626.651 2008 9.837 21.737 2.817.826 16.507.876 2009 6.896 15.828 1.824.336 10.592.755 2010 9.973 22.601 2.279.112 16.688.145 2011 11.771 27.852 2.414.366 19.066.009

Fonte: BRASIL, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Disponível em: < http://www.mdic.gov.br (AliceWeb)>. Acesso em: 14 nov. 2011.

Uma parte do comércio entre o estado de São Paulo e o Mercosul se realiza a partir do Porto de Santos, o que explica a inclusão das obras das avenidas perimetrais e dragagem dentro da lista de projetos do COSIPLAN. Como evidencia a tabela 26, o valor das exportações seguiu um crescimento até 2009, ano em que o valor e o total em pesos

tiveram uma queda, voltando a crescer em 2010. Entre 2003 e 2004 as exportações expandiram em mais de 40%.

Tabela 26 - Exportação e Importação do Estado de São Paulo com o Mercosul, pelo Porto de Santos, 2002-2011 Ano Exportação Importação Milhões US$ FOB Peso Líquido (t) Milhões US$ FOB Peso Líquido (t) 2002 262 130.656 514 2.485.712 2003 745 266.032 604 2.534.914 2004 1.405 668.634 570 1.892.864 2005 1.743 697.301 528 1.832.763 2006 2.390 1.190.299 661 2.258.236 2007 2.733 1.012.454 758 2.067.637 2008 3.609 1.146.540 776 1.418.045 2009 2.231 549.406 807 1.905.010 2010 3.442 795.684 804 1.675.717 2011 4.095 760.057 1.032 1.714.203

Fonte: BRASIL, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Disponível em: < http://www.mdic.gov.br (AliceWeb)>. Acesso em: 02 dez. 2011.

As importações realizadas pelo porto apresentaram queda no valor em 2004 e 2005, retomando o crescimento em 2006 do valor em milhões de dólares. O peso líquido das exportações diminuiu a partir de 2008. A diferença entre as importações e exportações evidenciam o papel do Mercosul como grande mercado aos produtos paulistas.

Uma ampliação da rede de acesso ao porto e da infraestrutura operacional do porto não acarreta impacto positivo apenas na maior capacidade de movimentação de cargas,

mas também reduz os custos do comércio exterior e o “Custo Brasil” (IPEA, 2010), além

das obras de construção e reformas representarem um acréscimo do número de empregos e geração de renda e demandas a algumas indústrias.

Referente aos retornos de uma maior integração com o Mercosul, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP tem grandes expectativas de novas oportunidades de investimentos e diminuição dos custos de transporte. O interesse das indústrias paulistas em promover uma maior interlocução com os governos latino- americanos ficou demonstrado na publicação de “8 Eixos de Integração da Infraestrutura da América do Sul”. Essa publicação foi fruto de encontro que a FIESP promoveu com executivos e representantes de governos integrantes da UNASUL, em abril de 2012.

O fluxo comercial de São Paulo com o Mercosul que não passa pelo Porto de Santos, ou seja, 6.531 milhões de dólares (em 2010), segue por ferrovia, rodovia e aeronaves. A América Latina Logística é uma das empresas que opera nos países sul-

americanos como operador multimodal. A ALL atua na Bolívia por meio de parceria com ferrovias locais e também opera na Argentina, Uruguai e Paraguai (SARAIVA, 2011). Dos 198 OTMs localizados no estado paulista, 72 possuem autorização da ANTT para realizar o escoamento de mercadorias para o Mercosul.

Os dados levantados demonstram a importância da rede rodoviária e do Porto de Santos para o comércio internacional, particularmente com o Mercosul, e elucida a relevância de investimentos em vias de transporte mais eficiente (economicamente e ambientalmente) para o transporte de carga a longas distâncias como a ferrovia e maiores aportes de investimentos também no acesso e no Porto de Santos. Essas medidas somente serão efetivadas em função de uma ação integrada de planejamento entre o estado e a União.