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Capítulo 5 Fábio Branco retorna ao governo de Rio Grande (2009-2012)

5.4 A Reforma

Branco cresceu do Executivo municipal para o Legislativo, ao mesmo tempo em que os espaços do Executivo eram franqueados cada vez mais aos partidos aliados e com representação na Câmara.

5.4 A Reforma

A reforma proposta no segundo mandato de Fábio Branco é inteiramente diferenciada das propostas do segundo e do terceiro mandato do PMDB/Família Branco. A reforma administrativa do quarto mandato foi ampla, assim como aquela realizada por Wilson Branco no primeiro mandato: uma proposta que incidiu sobre toda a estrutura da máquina administrativa da prefeitura de Rio Grande, e deveu-se às novas necessidades resultantes de um rápido processo de modernização, assim como a disposição de ter mais espaço para acomodar os interesses partidários18. Todavia, para a investigação, mais uma vez, o foco fica na apreensão do conjunto de cargos disponíveis a serem ofertados no jogo político, conjunto esse que demarca o potencial de cimentar as amplas coalizões produzidas pelo PMDB/Família Branco.

O elemento relevante é que a Lei 7.265, de julho de 2012, fez uma síntese dos cargos acumulados com as diversas reformas, ao longo dos 16 anos de poder político do PMDB/Família Branco, dado que a investigação, até então, não havia acessado19.

Esta síntese se deu através dos anexos da lei, que apresentam, com total transparência (por necessidade jurídica, crê-se), o número de espaços, na gestão pública municipal, sujeitos ao processo de distribuição ao conjunto de atores políticos. E o fez de forma pormenorizada, atestando com maior vigor o que a investigação vem auferindo ao longo do presente relatório: a cimentação de coalizões cada vez maiores exige um número cada vez maior de cargos da administração pública disponíveis.

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Até porque não há razão para pensar que a reforma decorra de uma única motivação ou que as duas elencadas sejam necessariamente dicotômicas.

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E continua não acessando. O que a Lei 7.265/12 faz é apresentar o conjunto de cargos de forma não vinculada a cada momento das reformas, desde a reforma de Wilson Branco até a última reforma do período estudado, o que não invalida o estudo feito em relação aos cargos. Ao contrário, lhe traz maior consistência.

A investigação apresenta a lógica organizativa da primeira reforma administrativa geral – proposta por Wilson Branco – e a lógica daquela aprovada em julho de 2012, estabelecendo as comparações.

Como ficou Como era Comentário Prefeito tendo

diversos órgãos ligados a ele

Gabinete do Prefeito com órgãos de apoio ligados ao gabinete

Traz mudanças significativas. O prefeito agora tem a administração direta ligado a ele: de um lado fica a administração indireta, composta pela PREVIRG (instituição previdenciária dos servidores do município), o DATC e um órgão novo que é o Instituto Municipal de Planejamento. De outro lado, está o seu gabinete – formado por três superintendências, e o gabinete do vice-prefeito. Diretamente, também está ligada a procuradoria geral do município, a secretaria especial do cassino (sem altuerações) e uma secretaria especial de comunicação e relações institucionais (esta é nova, corresponde ao gabinete de imprensa)

Sec. Saúde Sec. Saúde As secretarias agora são agrupadas em áreas: social, econômica e estrutural. A secretaria de saúde está na área social

Sec. Educação Sec. Educação e Cultura

Dividiu-se esta secretaria em duas. Ambas ficaram na área social

Sec. Cidadania e Ação Social

Sec. Cidadania e Ação Social

Sem alteração. Ficou na área social Sec. Habitação e Regularização Fundiária Sec. de Habitação e Desenvolvimento Urbano

Sai o Desenvolvimento, ficando apenas a questão da habitação a ser tratada pela secretaria. Fica na área social.

Sec. de Desenvolvimento, Emprego e Renda

Não havia A parte do desenvolvimento da secretaria anterior passa para esta nova secretaria, acrescida das questões referentes ao emprego e renda. É enquadrada na área econômica

Sec. de Desenvolvimento Primário

Sec. da Agricultura Muda a nomenclatura. Fica na área econômica

Sec. da Pesca Sec. da Pesca Mantêm-se. Enquadrada na área econômica Sec. do Turismo,

Esporte e Lazer

Sec. do Turismo, Esporte e Lazer

Mantêm-se. Enquadrada na área econômica Sec. de Infra-

estrutura

Sec. de Obras e viação

Corresponde a sec. de obras e viação. Enquadra na área estrutural. Sec. de Mobilidade Urbana e Acessibilidade Sec. da Segurança, dos Transportes e do Trânsito

Muda a nomenclatura. Enquadrada na área estrutural

Sec. de Serviços e Controle Urbano

Sec. de Serviços Urbanos

Mudança na nomenclatura. Enquadrada na área estrutural

Sec. do Meio Ambiente

Sec. do Meio Ambiente

Mantêm-se. Enquadrada na área estrutural

Sec. da Fazenda Sec. da Fazenda Mantêm-se. Entretanto, é transversal a todas. Não fica enquadrada em ária alguma

Sec. de Gestão Administrativa

Sec. de Administração

Muda a nomenclatura. Entretanto, é transversal, também, a todas. Não fica enquadrada em área alguma

Fonte: leis 5.205/98 e 7.265/2012

Quadro 13 - Mudanças na estrutura administrativa da prefeitura de Rio Grande,

A Lei 5.205, de janeiro de 1998, compôs a estrutura administrativa da prefeitura de Rio Grande em um comando político formado pelo Gabinete do Prefeito, com sua estrutura de apoio, dividida em unidades e divisões; um conjunto de secretarias, divididas em complexos técnicos e administrativos. Estes (complexos) formados por unidades e divisões, bem como a criação de supervisões para cada secretaria. Inicialmente foram estabelecidas 10 secretarias: (1) administração; (2) coordenação e planejamento; (3) serviços urbanos; (4) obras e viação; (5) agricultura, pesca e meio ambiente; (6) habitação e desenvolvimento; (7) fazenda; (8) educação e cultura; (9) saúde; (10) cidadania e ação social.

Na sequência, no governo do próprio Wilson Branco, em outubro de 1999, foi criada a Secretaria dos Transportes. No primeiro governo de Fábio Branco foram criadas a Secretaria do Meio Ambiente e a Especial do Cassino. No período de Janir Branco, foram estabelecidas mais duas secretarias: a da Pesca e a de Turismo, Esporte e Lazer.

Ou seja, antes da reforma administrativa do segundo mandato de Fábio Branco, havia 15 secretarias (um terço a mais do que o estabelecido na ampla reforma realizada por Wilson Branco em 1998). Todas estruturadas em complexos administrativos e técnicos, e estes divididos em unidades e divisões, basicamente.

No tocante ao conjunto de cargos disponíveis para a oferta aos aliados, as tabelas identificaram um total de 157 cargos criados em relação à estrutura encontrada antes da chegada de PMDB/Família Branco ao poder. Todavia, uma explicação se faz necessário em função da explicitação dos totais de cargos (de toda ordem) feita pela Lei 7.265/12, que aufere em seus anexos 361 cargos na estrutura até então vigente. Para efeito da investigação, e na ausência de acesso ao conjunto real dos cargos em comissão, bem como os cargos de função de chefia e de coordenação de serviços, a investigação optou por estabelecer um parâmetro menor, porém confiável, para a elaboração das comparações. Neste sentido, considerou apenas os cargos de secretário, de supervisões, unidades, divisões e de encarregados. Isto se deveu em função de estes espaços apresentarem-se explicitamente nas leis que promoveram as reformas.

Por conseguinte, o número de cargos relacionados foi muito menor. A consequência da opção deste parâmetro foi a subestimação do potencial real que detinha o PMDB/Família Branco para o processo de negociação entre os aliados. Isso equivale a dizer que as conclusões da investigação, no que tange ao potencial

de cargos para o jogo político, são rigorosamente autenticadas pela Lei 7.265/2012. Por esse diploma legal, a estrutura modificou-se consideravelmente, como já foi afirmado. Nela, a organização é comandada pelo Prefeito a partir de vários órgãos ligados diretamente a ele. Abaixo segue quadro 14, que mostra o novo mapa organizacional.

Fonte: Lei 7265/12

Quadro 14 - Estrutura administrativa da prefeitura municipal de Rio Grande, a partir

de 1º de janeiro de 2013

A investigação observou que o propósito da nova estrutura deveu-se muito menos à criação de cargos para serem distribuídos aos parceiros, e muito mais ao objetivo de modernização da estrutura, com o intuito de responder às demandas provindas de um acelerado crescimento econômico. A tab. 12 atesta a possibilidade desta leitura em função do reduzido número de cargos criados pela reforma (10) e pela racionalização dos cargos indicados nos anexos de criação dos novos.

Tabela 12 - Cargos em comissão (CC), função de chefia (FDC) e gratificação e

coordenação e serviços (GCS) no período até julho de 2012 e após a reforma20

Cargos Antes da reforma Após a reforma

CC 124 134

FDC/GCS 237 237

Total 361 371

Fonte: Leis 5205/98; 5353/99; 6182/2005; 6057/2005; 6077/2005