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Capítulo 5 Fábio Branco retorna ao governo de Rio Grande (2009-2012)

5.3 A Câmara Municipal

Tabela 11 - Composição partidária da Câmara Municipal de Rio Grande, a cada ano

da legislatura 2009-2012 Partido 2009 2010 2011 2012 PMDB 4 4 4 4 PTB 1 1 1 1 PSDB 1 1 1 1 PPS 2 2 2 2 PDT 1 1 1 1 PT 3 3 2 2 PCdoB 1 1 2 2 Total 13 13 13 13

Fonte: TRE-RS; Câmara Municipal de Rio Grande

Cargo/Ano 2009 2010 2011 2012 Presidência PDT PMDB PPS PMDB 1ª Vice-Presidência PMDB PTB PMDB PTB 2ª Vice-Presidência PTB PMDB PSDB PMDB 1ª Secretaria PMDB PMDB PMDB PMDB 2ª Secretaria PPS PPS PMDB PSDB

Fonte: Câmara Municipal de Rio Grande

Quadro 12 - Composição partidária da Mesa Diretora da Câmara de Municipal de

Rio Grande no período 2009/2012

A análise compreende a relação existente entre os quadros 11 e 12, bem como a tab. 11. Neste sentido, o primeiro elemento posto é a obtenção da maioria absoluta das cadeiras no parlamento por parte da coalizão PMDB/Família Branco. De 13 cadeiras, o bloco político de sustentação do governo obteve nove, uma a menos do que há quatro anos. Como no período do terceiro mandato, o governo municipal ficou com grande folga de manobra política.

Entretanto, a disputa equilibrada que se traduziu em uma votação considerável por parte da oposição também refletiu na câmara municipal, onde a oposição obteve uma cadeira a mais do que em 2004, tendo passado de três para quatro17. Registre-se que a oposição fez o vereador mais votado do pleito (6.927 votos), Alexandre Lindenmayer, seguido da vereadora do PMDB, Luciane Compiani, esposa do prefeito eleito, Fábio Branco.

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Três dessas cadeiras eram do PT e uma do PCdoB. Porém a migração partidária ao longo da legislatura alterou essa relação para duas vagas do PT e duas do PCdoB.

Mais uma vez, este domínio sobre a casa legislativa permitiu excluir a oposição da mesa diretora e dividir os cargos sob a lógica da acomodação dos partidos pertencentes à coligação “Rio Grande Unido e Forte”. Neste sentido, o PDT, que recebeu uma secretaria no governo de Fábio Branco, também foi agraciado com o comando da casa legislativa no primeiro ano da nova legislatura (2009). Quem ocupou a presidência foi justamente Delamar Mirapalheta, tal como reportado anteriormente.

O PPS, além de receber duas secretarias neste quarto mandato do PMDB/Família Branco, foi premiado também, pela terceira vez, com o comando da Câmara Municipal (2011). Pode-se afirmar, ainda que com a devida cautela, que os tensionamentos feitos pela direção estadual do PPS produziram a abertura de mais espaços na administração pública municipal para este partido.

Há que se perceber o movimento de distribuição dos cargos que revela a montagem da mesa diretora do parlamento, relacionado com a composição do secretariado. Por exemplo: nos dois primeiros mandatos o PSDB não aparece no secretariado (inclusive se apresenta com candidatura própria), no entanto, presidiu a casa quatros anos. A partir do terceiro mandato, quando figurou no secretariado, presidiu uma única vez a casa legislativa. Registre-se que o PSDB sempre esteve com representação na Câmara Municipal.

O PDT, que presidiu a casa em 1998, quando havia ainda uma disputa pela hegemonia do poder político em Rio Grande, após escolher seguir uma linha oposicionista, ainda que dúbia, não figurou mais na Mesa. Após aderir à coalizão PMDB/Família Branco, com o ex-aliado Mirapalheta, o que ocorreu na legislatura 2005-2008, retornou à presidência da casa na legislatura 2009-2012.

Esta pequena digressão é para ilustrar, mais uma vez, que, embora não estejam aparentes os movimentos políticos que conduzem o poder político através da socialização dos espaços da gestão entre os aliados, é perceptível nas posições aparentes dos partidos políticos, uma racionalidade condutora do processo como um todo.

Por fim, é preciso perceber a continuação do movimento político do PMDB, iniciado no governo anterior, que é a participação, também, no controle do legislativo municipal, exercida especialmente por meio da presidência da casa. No primeiro e no segundo mandato, o PMDB foi uma vez só vice-presidente. Entretanto, no terceiro e no quarto mandatos, foi quatro vezes presidente da casa e quatro vezes

vice-presidente. Ou seja, o exercício do poder político por parte do PMDB/Família Branco cresceu do Executivo municipal para o Legislativo, ao mesmo tempo em que os espaços do Executivo eram franqueados cada vez mais aos partidos aliados e com representação na Câmara.

5.4 A Reforma

A reforma proposta no segundo mandato de Fábio Branco é inteiramente diferenciada das propostas do segundo e do terceiro mandato do PMDB/Família Branco. A reforma administrativa do quarto mandato foi ampla, assim como aquela realizada por Wilson Branco no primeiro mandato: uma proposta que incidiu sobre toda a estrutura da máquina administrativa da prefeitura de Rio Grande, e deveu-se às novas necessidades resultantes de um rápido processo de modernização, assim como a disposição de ter mais espaço para acomodar os interesses partidários18. Todavia, para a investigação, mais uma vez, o foco fica na apreensão do conjunto de cargos disponíveis a serem ofertados no jogo político, conjunto esse que demarca o potencial de cimentar as amplas coalizões produzidas pelo PMDB/Família Branco.

O elemento relevante é que a Lei 7.265, de julho de 2012, fez uma síntese dos cargos acumulados com as diversas reformas, ao longo dos 16 anos de poder político do PMDB/Família Branco, dado que a investigação, até então, não havia acessado19.

Esta síntese se deu através dos anexos da lei, que apresentam, com total transparência (por necessidade jurídica, crê-se), o número de espaços, na gestão pública municipal, sujeitos ao processo de distribuição ao conjunto de atores políticos. E o fez de forma pormenorizada, atestando com maior vigor o que a investigação vem auferindo ao longo do presente relatório: a cimentação de coalizões cada vez maiores exige um número cada vez maior de cargos da administração pública disponíveis.

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Até porque não há razão para pensar que a reforma decorra de uma única motivação ou que as duas elencadas sejam necessariamente dicotômicas.

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E continua não acessando. O que a Lei 7.265/12 faz é apresentar o conjunto de cargos de forma não vinculada a cada momento das reformas, desde a reforma de Wilson Branco até a última reforma do período estudado, o que não invalida o estudo feito em relação aos cargos. Ao contrário, lhe traz maior consistência.