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5) PROPOSTAS E EXPERIÊNCIAS DE APROXIMAÇÃO ENTRE ARQUIVOLOGIA,

7.2 As relações estabelecidas entre a Ciência da Informação e as áreas de Arquivologia,

7.2.1 A relação da Ciência da Informação com a Arquivologia

O entrevistado 1 A entende que esta relação é bem complexa, acha a Arquivologia, a Biblioteconomia e a Museologia tem uma história, enfim, se constituíram como campos disciplinares independentes da Ciência da Informação. No entanto, no que tange a Arquivologia, ele destaca:

A Ciência da Informação tem sido a área que mais tem abrigado a pesquisa em Arquivologia. Então enfim tem muitos estudos aí em Ciência da Informação com desenvolvimento de temáticas de Arquivologia, então estes estudos mostram que os programas de Ciência da Informação são os que mais abrigam dissertações e teses com temáticas arquivísticas. Eu vejo com muito bons olhos, vejo de forma muito positiva o desenvolvimento de pesquisas arquivísticas em Ciência da Informação (Entrevistado 1 A).

O mesmo entrevistado demonstra se sentir confortável com esta configuração institucional de proximidade da Arquivologia com a Ciência da Informação.

A pesquisa em Arquivologia ela vai continuar sendo feita com mais vigor no campo da Ciência da Informação sem dúvida nenhuma porque a Arquivologia é um campo muito pequeno, e esta autonomização no Brasil ela é muito recente. E então eu não vejo um problema, nenhum conflito teórico, digamos assim por mais abstrato que isto seja, não vejo nenhum tipo de conflito, eu vejo possibilidade de diálogo (Entrevistado 1 A).

No entanto, ele observa que há grupos diferentes na Arquivologia que se posicionam de forma diferente sobre esta proximidade com a Ciência da Informação.

Dentro da Arquivologia há grupos que vêem com bons olhos esta aproximação com a Ciência da Informação, que reconhecem uma maior fronteira entre estas duas áreas. E outros grupos dentro da própria Arquivologia que negam esta proximidade tão grande, que não acreditam na possibilidade de uma formação comum entre arquivistas, bibliotecários e museólogos e então é muito complexo (Entrevistado 1 A). Ele finaliza se posicionando a respeito da temática observando que no Brasil esta das escolas denominadas Ciência da Informação abrigando estes três cursos é uma tendência a se manter:

Esta institucionalidade da Arquivologia dentro da escola de Ciência da Informação, desenvolvimento de temáticas de Arquivologia dentro de programas da Ciência da Informação acho que isto é uma tendência que vai se manter. Agora ao mesmo tempo não acho que isto apague a especificidade da Arquivologia. Não penso que isto seja um problema para a Arquivologia não (Entrevistado 1 A).

126 Seguindo a mesma linha de discussão sobre os diferentes grupos dentro da Arquivologia que discordam da proximidade ou não com a Ciência da Informação o entrevistado 2 A cita que há um consenso na área sobre essa proximidade, mas é um consenso apático, ou seja “[...] a Arquivologia ficou na CI por uma oportunidade institucional, mestrado, doutorado, publicação, mas ficou ali num consenso apático, ela não se importa em dizer que é CI desde que aqui ela tenha um lugar de trabalhar e de formar os arquivistas”. Ele prossegue destacando que a acomodação é puramente institucional e que não há discussão teórica.

Algumas pesquisas mostram que a relação é forte e formalmente no CNPq a Arquivologia está dentro da CI, mas, sem fazer nenhuma discussão. Eu acho que a discussão epistemológica é frágil tanto para quem fala que é comum quanto para quem fala que não é. Nenhum dos dois está falando de teoria, está discutindo a fundo. Não estão discutindo posições teóricas (Entrevistado 2 A).

O entrevistado 2 A prossegue dizendo que há grupos na Arquivologia que se sentem muito confortáveis na Ciência da Informação, mas tem também uma tendência dentro da Arquivologia de se libertar da CI (acho que depois usar a sigla em todo o texto), institucionalmente, com o seguinte discurso:

A Arquivologia foi fazer mestrado e doutorado em CI porque não havia outro lugar, a possibilidade da Arquivologia foi a CI, nós tivemos a oportunidade, mas engrandecemos a CI, quanto mais o pessoal da Arquivologia fazer mestrado e doutorado e publicar, mais cresce a CI em publicação e crescimento da área (Entrevistado 2 A).

Ele finaliza demonstrando sua posição sobre esta relação institucional da Arquivologia com a Ciência da Informação.

Eu acho que a CI foi a grande oportunidade da Arquivologia porque enquanto ela esteve vinculada a Administração ou História, ela não deixou de ser uma disciplina dentro desses cursos. Você vê que teve o REUNI que abriu cursos de Arquivologia no Brasil e nenhum deles foi aberto em departamentos de História ou Administração, então a oportunidade institucional foi na CI (Entrevistado 2 A).

O entrevistado 2 D também destaca esta relação institucional da Arquivologia com a Ciência da Informação, e cita como exemplo, uma pesquisa da professora Angélica Marques da Universidade Federal de Brasília (UnB) que descreve que grande parte das pesquisas realizadas em Arquivologia no Brasil foram feitas em programas de Pós-Graduação em Ciência da Informação e que o Programa de Pós-Graduação da

127 Escola de Ciência da Informação da UFMG (PPGCI-UFMG) foi o que mais desenvolveu pesquisas na área de Arquivologia. No entanto, ele observa que:

Agora a gente tem que voltar e ver o que é que foi realmente de contribuição. Até que ponto as disciplinas do programa davam margem a discussão do que é que constituiu a Arquivologia, do que é que constitui a Ciência da Informação. Até que ponto estas dissertações e teses que foram produzidas neste programa elas trabalharam essencialmente com o conceito de arquivo e até que ponto elas fizeram reflexões sobre esta proximidade de Arquivologia e Ciência da Informação. Eu acho que agora a gente tem que aprofundar, a gente tem que voltar a estes trabalhos e ver quais são os conceitos realmente que são trabalhados, como que isto aí é trabalhado (Entrevistado 2 D).

Sobre estas pesquisas no PPGCI-UFMG ele destaca não saber se este programa serviu apenas de abrigo estrutural e não de um abrigo intelectual e de conteúdo mesmo para resolver estas demandas.

O entrevistado 3 A observa que [...] a relação da Ciência da Informação com a Arquivologia é bem diferente do que há entre Ciência da Informação e Biblioteconomia. Ele entende que “em momento algum ele consegue perceber que a Arquivologia tenha contribuído para o surgimento da Ciência da Informação. Já a área de Biblioteconomia e documentação em qualquer manual de história da informação que você pegar você percebe esta conexão”.

No entanto, entende que a partir da década de 1970 e principalmente nos anos 1980, há esta aproximação entre as áreas a ponto de reconhecer que se você quiser entender a constituição da Arquivologia enquanto um campo do conhecimento é fundamental entender esta relação com a Ciência da Informação. Ele destaca:

Na década de 80, esta aproximação é defendida e eu diria até mesmo que ela quase que ela é praticamente hegemônica, vamos dizer assim, no sentido de pensar o seguinte, que a Arquivologia tinha um caráter e de certa maneira tem e a Arquivologia é clássica neste sentido, normativo. E a Ciência da Informação seria o elemento que entraria para a Arquivologia uma discussão teórica, uma estrutura teórica em torno desta mudança. A Arquivologia é muito centrada no objeto físico vamos dizer assim, o documento arquivístico. E a Ciência da Informação trará a discussão para a questão da informação arquivística, a informação orgânica arquivística. (Entrevistado 3 A). Ele prossegue, observando que “[...] embora veja como importante esta aproximação ela não impede de haver ou se pensar a Arquivologia enquanto campo

128 autônomo com seus procedimentos próprios etc. e com possibilidade de interconexão com outras áreas no campo das ciências sociais”. (Entrevistado 3 A). Observa ainda que esta tentativa de aproximação é uma tendência mundial e alguns autores também datam esta questão com a emergência do documento eletrônico: “O documento arquivístico vai se desmaterializando e a informação passa a ser uma questão arquivística substituindo esta noção de documento”. Assegura o seguinte:

As tentativas de superar pelo menos na minha modesta opinião os princípios clássicos de propor alternativas ao principio de proveniência, a teoria das três cidades não surtiram efeito a tendência na Arquivologia hoje é tentar recuperar ou reafirmar melhor dizendo estes princípios e aí emerge esta discussão do campo autônomo vamos dizer assim da Arquivologia (Entrevistado 3 A).

O entrevistado (4 A) descreve a relação da Arquivologia com a Ciência da Informação como uma relação interdisciplinar, para ele existem momentos de encontro, zonas interdisciplinares entre as duas áreas. “A Ciência da Informação e a Arquivologia, às vezes, trabalham com o mesmo objeto, dividem a mesma fronteira, lidam com o mesmo problema, mas ao mesmo tempo, mantém uma certa especificidade, uma coisa de interesse próprio”.