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A Relação entre Formação Pedagógica e Qualidade de Ensino

CAPÍTULO III – Apresentação e Análise dos Dados

6. Formação: Perspectivas e Expectativas

6.2. A Relação entre Formação Pedagógica e Qualidade de Ensino

Quanto à importância da relação entre formação pedagógica e qualidade de ensino podemos constatar que sete dos oito entrevistados manifestaram-se concordantes com a reciprocidade desta relação. A formação pedagógica é assumida com uma mais-valia para a melhoria do exercício profissional, de modo a valorizar mais o processo ensino – aprendizagem e, assim, permitir maior sucesso educativo, por parte dos alunos, e, simultaneamente, uma melhoria da qualidade de ensino:

“Penso que sim. Acho que, se a formação pedagógica cumprir os seus objectivos, obviamente, será lógico que a própria qualidade de ensino e o sucesso e o aproveitamento dos alunos vai aumentar, por ex. estou a dar uma aula, sobretudo teórica, mas mesmo prática, se expor a matéria de uma forma que seja maçuda, e que seja pouco objectiva, isso se ninguém me ter ensinado outra forma de fazer, é metódico. Se calhar a assimilação e aproveitamento por parte dos alunos pode ser pior. Se adquirir ferramentas que me permita expor a matéria de uma forma objectiva, expondo os pontos principais, com uma estruturação diferente e consiga transmitir a mensagem de uma forma mais lógica, de uma forma mais fácil de absorver, isso, provavelmente, talvez, seja aí que os alunos tenham um aproveitamento diferente à partida.”(E1) “Acho que uma boa formação pedagógica pode potenciar uma melhoria de qualidade e, consequentemente, potenciar um maior sucesso escolar, por parte dos alunos. Acho que a formação pedagogia é fundamental ao nível do ensino universitário. Na minha opinião, a formação pedagógica contribui para a qualidade de ensino.”(E3)

“Sim, se for bem feita, claro que sim. Isto tem a ver com a qualidade de ensino. Para obtermos esta qualidade, não podemos só ensinar, mostrar e dizer o que é, só despachar a matéria. Há uma relação entre qualidade de ensino e formação pedagógica, mas só se esta for produtiva e interiorizada. Neste caso, acho que sim.”(E4)

“Sim, relativamente. Pode haver uma boa formação pedagógica que não tenha bons resultados. Não sei se a causa-efeito é assim tão absoluta. Pode haver professores sem formação pedagógica, mas se tiver alunos com ritmo de estudo, disciplina, com capacidades, conseguem bons resultados. E posso ter formação, mas se os alunos não tiverem essas capacidades, hábitos e disciplina não consigo milagres.”(E8)

“Acho que a existência desses cursos poderia contribuir para uma melhoria da qualidade de ensino, porque há professores que não têm formação pedagógica, eu falo por mim, e também poder reciclar os próprios conhecimentos à medida que vão

surgindo novos dados. São importantes esses cursos relacionados com a pedagogia, mas também com técnicas de ensinar, que vão mudando, com a introdução de novos audiovisuais ou outras coisas que podem ajudar nessa questão.”(E1)

De acordo com um entrevistado, a formação pedagógica deveria ser valorizada em termos de progressão de carreira dos docentes do ensino superior, pois, assim, havia um maior investimento por parte dos docentes, e, consequentemente, uma melhoria da qualidade de ensino.

“É uma garantia, (…) Embora é preciso valorizar, embora isso não aconteça, a parte pedagógica do docente universitário. Se fosse valorizada, toda a gente iria ganhar com isso, o ensino de certeza iria ter mais qualidade. Neste momento o docente universitário, mesmo que invista nessa área, isso não se repercute em termos práticos. Na carreira, ele sobe pelo número de artigos nas revistas internacionais e nacionais, a componente pedagógica é muito pouco valorizada, daí as pessoas acabarem por dirigir os seus esforços para outros caminhos.”(E6)

Uma das entrevistadas referiu que não existe uma relação entre formação pedagógica e qualidade de ensino:

“Não creio que exista essa relação entre formação pedagógica e qualidade de ensino. Os meus professores eram excelentes professores, ensinavam bem e não tinham formação pedagógica.”E

A opinião dos docentes acerca da relevância da formação pedagógica no ensino superior aponta maioritariamente para a necessidade dessa formação como coadjuvante do seu desempenho lectivo, como se pode depreender dos excertos seguintes:

“Eu penso que é importante, apesar de não ter tido. Mas, repare em cursos com o meu, em que não se dá atenção a esses aspectos, depois quem segue a carreira universitária tem de aprender isso por ele. Não tem formação teórica/pedagógica, não sabe como lidar com alunos menos integrados socialmente, o que é uma turma universitária. Claro que não são os cursos profissionais que resolvem os problemas…mas talvez pessoas com essa preparação possam fazer alguma coisa, possam melhorar essas situações.”(E8)

“É relevante. Penso que um papel pedagógico consciente, também do professor do ensino superior. Mas acho que é importante. Agora não sei até que ponto essa formação pedagógica é dada, em nível suficiente, num curso de formação pedagógica. Mas acho que é importante Se for uma acção bem-feita é positivo. Se houvesse uma que me interessasse em também faria, é positivo. Penso que elas poderiam-me ajudar no dia-a-dia, na sala de aula. (E4)

“É importantíssimo ao nível do ensino superior, porque permite que o docente interaja com vozes críticas alheias. Ele ali vai aprender alguma coisa, vão ensinar-lhe e assim melhorar aspectos relacionados com a docência que de outra forma não melhoraria.”(E7)

97 “É importante haver formação pedagógica. Há pessoas que naturalmente conseguem comunicar, e eu tive, por exemplo, professores que cientificamente eram muito bons, pedagogicamente não conseguiam, era incapacidade natural ou falta de formação nessa área. Por isso, é importante para melhorar o nosso desempenho na sala de aula.”(E6)

“É importante, mas não devemos levar ao extremo, porque no secundário é dada em saco roto. Deviam ser dadas pistas aos docentes do ensino superior, mas de forma objectiva.”(E5)

“Neste momento, a formação pedagógica ao nível do ensino superior é relevante, embora não tenha a devida relevância na actualidade. A maioria dos docentes não tem formação pedagógica, a formação que se tem é empírica ou se vai adquirindo já depois de ser começado a dar aulas. Se calhar esta formação devia ser adquirida antes, portanto no nosso caso assistentes - estagiários, nós começamos a estagiar, mas não temos uma avaliação pedagógica, só somos avaliados do ponto de vista científico. Supostamente deveria ser uma avaliação pedagógica, mas é, apenas, científica”(.E1)

“Entendo como forma de facilitar a aprendizagem, facilitar a relação professor – aluno. Se não houver uma relação pedagógica, o professor pode ser muito bom em termos científicos, mas se o relacionamento com o aluno não for bom, este pode não aprender. Quando falamos de ensino, falamos de aprendizagem, isto é, um binómio ensino/aprendizagem. Eu posso ter conhecimentos e não sabê-lo transmitir, logo a parte pedagógica é muito importante.”(E3)

“É como uma ciência, é uma ciência da pedagogia em que procura fazer estudos nessa área, mas não sou apologista da formação pedagógica ao “rubro”, obrigar o professor universitário a dispor de um dia por mês para formação nessa área.”(E5)

“Comunicar é a componente fundamental, descobrir quais são os aspectos fundamentais da comunicação, quais as particularidades. Depois disto o método de avaliação, é fundamental saber como avaliar um aluno, qual a melhor forma de organizar um conteúdo programático por forma a fazê-lo chegar ao aluno de uma forma organizado.”(E6)