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CAPÍTULO III – Apresentação e Análise dos Dados

6. Formação: Perspectivas e Expectativas

6.1. Formação para Ser Docente do Ensino Superior

Entretanto, se entrarmos em linha de conta com a opinião dos docentes relativamente à formação mais apropriada para ser docente do ensino superior, constatamos que os docentes não comungam todos da mesma opinião.

No quadro 10 apresentamos uma síntese dos temas e das categorias emergentes dos discursos dos entrevistados.

Quadro 10 – Formação: Categorias e subcategorias

Domínio Categorias e Subcategorias

Formação

Qualificações específicas para o desempenho da docência

• Formação científica

• Formação pedagógica como coadjuvante ao ensino • Formação pedagógica como condição necessária ao ensino

Formação mais apropriada para ser docente do Ensino Superior

• Formação que aposte na articulação entre a formação científica e pedagógica • Boa formação científica

• Formação pedagógica e a sua actualização como condição necessária para a leccionação.

• Experiência prévia no mundo do trabalho •

Relevância entre formação pedagógica e qualidade de ensino

• Positivo

• Relação de coadjuvante • Facilitadora da aprendizagem

Vantagens da frequência dos cursos de formação

• Aumentar a formação académica e pessoal • Enriquecimento profissional

• Atingir os objectivos de ensino mais rápido • Ajuda na preparação das aulas

• Aumentar e diversificar os métodos de ensino Discutir sobre a disciplina na sala de aula

Necessidades da Formação Temáticas

• Planificação de aulas • Comunicacional educacional • Relação educativa

• Métodos e técnicas de ensino

Estratégias formativas Periodicidade

• Anuais

• 1 0u 2 vezes por ano • Com certa regularidade • Espaçadas no tempo Metodologia • Acções de formação • Colóquios • Seminários • Reuniões/grupos de discussão • Encontros informais • Modelar

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Apenas dois dos docentes referiram a necessidade de os professores deste nível de ensino possuírem formação científica e pedagógica como condição necessária à prática de ensino, como podemos verificar no excerto seguinte:

“Uma formação que articule a competência científica com uma componente pedagógica, porque acho que podemos ser muito bons do ponto de vista científico, muito bons investigadores, mas o estatuto da carreira docente é um estatuto que prevê a investigação, mas também a docência. Nós devemos atendermos à investigação, sermos bons profissionais do ponto de vista científico, termos um corpo de conhecimentos actualizados, mas simultaneamente termos formação pedagógica, ou seja, saber ser professor. Isto é fundamental! É algo que se deve actualizar-se ao longo dos anos”(E3) Eu entendo que a formação pedagógica deve ser obrigatória, mas deveria ser uma coisa prática, mais voltada para a realidade. Devia de ser uma formação de base, uma aposta na formação pedagógica e didáctica de base.”(E1)

Os mesmos entrevistados também entendem a actualização pedagógica como condição necessária para o seu exercício profissional.

“É necessário termos formação pedagógico mas, depois, deveria continuar para dotar de metodologias, técnicas e estratégias, fundamentalmente. Que conseguisse ajudar a expor as ideias, as coisas de uma forma mais lógica, mais prática, mais assimilável por parte dos alunos, e também dotando de novas ferramentas à medida que as próprias filosofias iam mudando.”(E1)

Dois entrevistados consideram que a formação mais importante é, indiscutivelmente, a formação científica, tendo em conta a natureza dos objectivos do ensino universitário.

“A formação mais apropriada do docente do ensino superior é a científica, porque é preciso saber mais do que aquilo que ensinamos, para ver a matéria de um ponto de vista mais elevado.”(E2)

“Uma formação académica indiscutivelmente, mestrado, provas de aptidão pedagógica, penso que isso é o mais importante. A universidade serve para formar academicamente pessoas, por isso, eu digo que o mais importante nos professores é a formação académica.”(E8)

Um contacto de trabalho com o mundo exterior, quer como docente do ensino secundário, quer noutra área, é apontado por este professor como fundamental, na medida em que permite abrir novas perspectivas e maior facilidade na adequação de certas matérias às necessidades práticas do mercado de trabalho.

“Isso é um bocado complicado, o melhor é começar de baixo e acabar por progredir aos poucos, evoluindo na carreira. Acho importante, falando da minha experiência, é importante antes um contacto com o mundo exterior, ou ter dado aulas no secundário, ou ter trabalhado fora da universidade, também depende da área. Não podemos pensar só nas coisas que ensinamos, temos que ver as matérias que vamos ensinar, como vamos e como devemos ensinar, no fundo para que estou a ensinar, qual o objectivo. Temos que ter alguma experiência, os professores não deviam de começar a dar aulas de imediato, logo que acabe a licenciatura, pelo menos no ensino superior. Deviam de ter uma experiência no mundo do trabalho, dentro da área ou noutra, porque isso ajuda muito abrir as perspectivas. No fundo, uma relação com o mercado de trabalho e com a adequabilidade de certas matérias para o dia-a dia.”(E5)

Não é de desprezar que um dos docentes entrevistados considere não existir qualquer necessidade de formação pedagógica para quem ingressa nesta carreira profissional, como nos elucida o seu testemunho:

“Penso que não é essencial alguma vez ter feito estágio ou ter cadeiras pedagógicas. Os meus melhores professores não tiveram essa formação pedagógica. Não considero relevante a este nível. Penso que o facto de ter formação pedagógica não ia influenciar a minha maneira de ensinar”(E2)

Os docentes defendem que a formação pedagógica deveria fundamentar-se, sobretudo, na troca de experiências, nas práticas, e versar sobre aspectos relacionados com a interacção professor - aluno, dentro e fora da sala, como nos referem os testemunhos:

“Pensava naquilo…portanto, a formação deveria de vir do departamento em que está inserido. Deveria haver discussões, de modo a percebermo-nos quais as orientações da escola, quais os pontos fundamentais. Estabelecer um processo gradual espaçado no tempo em que houvesse hábitos de discussão, houvesse hábitos muito periódicos, de intercâmbio de experiências, não coisas muito teóricas.”(E6)

“(…) Acho que teria que passar por um tema, como: técnicas de expressão e comunicação, estratégias de avaliação, organização de conteúdos. Era importante promover trabalho de grupo, como gerir esses trabalhos. Muitas vezes, é difícil de gerir. Não tenho conhecimentos e sei que nem sempre o trabalho que se propõe é realizado de forma que nós gostaríamos que fosse. Também seria importante um curso sobre como aplicar um processo de avaliação, como articular e conseguir isso, como conseguir com muitos alunos.”(E5)

“formações pós-laborais ou intensificadas, mas em períodos de menor compromissos individuais, mas é difícil, porque cada um sabe o seu calendário. Tinha que ser uma coisa da reitoria, talvez a níveçl de departamento seja mais fácil a gestão.”(E7)

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Fomentar a interdisciplinaridade foi um dos aspectos salientado por um docente como algo que deve ser privilegiado nestes cursos de formação pedagógica, segundo as suas palavras:

“A formação deveria fomentar ao máximo a interdisciplinaridade. Acho que isto seria um dos aspectos fundamentais. Depois avaliar a formação de uma forma coerente para detectar os erros, onde podemos melhorar para poder corrigir, para fazer ajustamentos.”(E3)