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Para representar de forma democrática as intenções da Secretaria e buscar instrumentos que possibilitassem aos professores condições de trabalho que lhes permitissem melhores resultados, a equipe optou por realizar uma pesquisa por meio de um questionário sobre as reais necessidades da escola. Os professores da rede municipal de ensino responderam questões relacionadas ao processo de construção do conhecimento dos alunos63.

A avaliação reflete a aprendizagem, procura estimular a auto-avaliação docente, a gestão municipal e o nível de desempenho dos alunos da rede municipal. As avaliações de desempenho e de qualidade com ênfase na 2ª e 4ª séries do Ensino Fundamental buscam criar uma cultura da avaliação no município, constituindo importante conjunto de

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informações para a escola nas decisões, permitindo à comunidade acompanhar o nível de aprendizagem oferecido aos seus filhos.

Os instrumentos de avaliação externa fornecem aos educadores um ponto de referência a fim de fixar os objetivos da aprendizagem em escala municipal, e manter a sustentação política da Secretaria Municipal de Educação sobre a rede escolar, avaliando a qualidade do ensino em cada escola da rede. A tendência do processo de ensino recai na avaliação para aprimorar os resultados escolares e estimular a escola. As provas são organizadas por um grupo de professores, que compõe a Comissão de Avaliação do Trabalho Pedagógico, nomeado em Portaria pelo poder executivo para organizar as avaliações, contemplando as atividades de Língua Portuguesa e Matemática, de acordo com os planos de ensino, corrigidas na escola pelo mesmo grupo e coordenadores. Num primeiro momento, os resultados servem de referência para a aplicação de novas estratégias corretivas das dificuldades e lacunas deixadas pelo processo de ensino e aprendizagem. A rotatividade é uma característica dessa comissão. Os professores são substituídos todos os anos, permitindo o distanciamento da figura do professor com o aluno.

As médias de acertos individuais e por sala são comunicados aos professores, aos pais dos alunos e à Secretaria Municipal de Educação, que analisa e estuda os resultados, para depois discutir com o corpo docente medidas que venham suprir as deficiências do processo para decisões cabíveis e viáveis de acordo com as necessidades elucidadas.

A avaliação aprimora a educação e a atuação dos professores. À medida que as necessidades surgem são implantados cursos de capacitação profissional voltado para a correção das distorções elencadas. O conhecimento dos resultados da avaliação incita, de alguma forma, o professor a rever e refletir sobre sua própria prática64e aprimorar e modificar as práticas de sala de aula, para atingir um melhor desempenho.

O paradigma reflexivo em educação propõe uma reflexão sistemática sobre o fazer educativo, de modo que as práticas pedagógicas possam passar por ele como horizonte facilitador de um processo que torna possível a construção de novas realidades e métodos educativos. O caminho da reflexão é o meio pelo qual se poderia propor outra forma de cognição, desfazendo-se determinados modelos tradicionais impostos como única alternativa de percepção da educação. A reflexão como estratégia educacional exige um ato de vontade e um ato de coragem gerador e impulsionador de mudança. Para os autores “Frente a situações

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Quando um profissional reflete sobre uma anomalia tendo como referência a sua experiência, ocorrem três situações: o conhecimento na ação, a reflexão na ação, a reflexão sobre a ação. As reflexões na ação consistem em um diálogo com a situação, no exato momento em que os imprevisíveis e incertos fenômenos são encontrados.

novas que extrapolam a rotina, os profissionais criam novas soluções, novos caminhos, o que se dá por um processo de reflexão na ação” (PIMENTA, 2002, p. 20).

Nessa perspectiva, a avaliação orienta a Secretaria Municipal de Educação, nas decisões, na direção dos trabalhos e nas políticas públicas educacionais a serem implantadas, para revitalizar a forma de gestão, e adquirir equipamentos suscetíveis de aprimoramento da aprendizagem escolar, além de ter como objetivo melhorar as práticas e a competência do cotidiano escolar. Para D´ambrosio (1999, p.89-90), “[...] a aprendizagem deve ser compreendida como a aquisição de capacidade de explicar, de aprender e compreender, de enfrentar, criticamente, situações novas.” O grande desafio para que a aprendizagem se constitua em um processo é “[...] justamente sermos capazes de interpretar as capacidades e a própria ação cognitiva não na forma linear, estável e contínua que caracteriza as práticas educacionais mais correntes [...]”. Para Demo (2000, p. 49), “[...] a aprendizagem não pode aludir, nunca, a uma tarefa completa a um procedimento acabado ou a uma pretensão totalmente realizada; ao contrário, indica vivamente a dinâmica da realidade complexa [...].”

As aprendizagens construídas pelos alunos são o objeto de conhecimento e competência considerada como:

uma capacidade de produzir hipóteses, até mesmo saberes locais que, se já não estão “construídos”, são “constituíveis” a partir dos recursos do sujeito. Logo, trabalhar a competência equivale a formar para competências mais do que para apenas conhecimentos. A verdadeira competência pedagógica consiste, de um lado, em relacionar os conteúdos a objetivos e, de outro, a situações de aprendizagem. A competência requerida hoje em dia é o domínio dos conteúdos com suficiente fluência e distância para construí-los em situações abertas e tarefas complexas [...].(PERRENOUD, 2000, p.26-27-69).

A eficácia da avaliação tem um efeito positivo, ainda que exija mais recursos e formulação de reformas educativas mais rigorosas.

O papel dos municípios na política educacional é reverter o quadro educacional de baixo desempenho dos alunos para a constituição de um sistema educacional de boa qualidade. O conceito de qualidade varia de acordo com a ideologia dos governantes e gestores municipais, e cada momento histórico corresponde a um padrão de qualidade, que vem ao encontro dos anseios e exigências da sociedade atual.

O desafio da Secretaria Municipal de Educação é elevar, de forma mensurável, mas qualitativa, o nível de desempenho escolar dos alunos da rede municipal, por meio dos resultados dos testes do SAREM, comparando-os com outros instrumentos de

avaliação externa (SARESP, PROVA BRASIL, SAEB...), os quais indicarão a tendência crescente ou decrescente das séries avaliadas em Língua Portuguesa e Matemática.

A preocupação com a qualidade de ensino proposta na rede municipal abrange o tipo de material didático-pedagógico oferecido aos alunos, a formação continuada do corpo docente, a infra-estrutura, os projetos desenvolvidos e a gestão democrática.

O envolvimento da rede municipal com a prática e a cultura da avaliação permite acreditar que a mudança é possível, e que seu papel não é de constatar o nível de desempenho dos alunos e também de intervir enquanto sujeito da prática pedagógica e da gestão a fim de mudar a realidade de forma concreta e real. É tarefa da educação, por meio da avaliação, realizar uma intervenção, uma transformação do ensino, que implica ir além do simples ato de ensinar. Significa discuti-la enquanto prática social do cotidiano da escola, descortinar as falhas e/ou lacunas deixadas pelo processo de ensino-aprendizagem, sair da fragmentação teoria e prática, tendo como finalidade uma aprendizagem real que responda aos desafios do momento.

É nessa perspectiva de trabalho que a Secretaria Municipal de Educação se organiza, certamente com caráter provisório, sujeito a mudanças e de acordo com as novas exigências e tendências da sociedade. Partindo de questões provenientes da prática pedagógica e das políticas educativas implementadas, busca o referencial de qualidade necessário à formação do futuro cidadão.

Sua tarefa é ampliar a cultura específica dos alunos, dos conteúdos socialmente construídos, acreditando nas possibilidades de transformação permanente das políticas públicas e pedagógicas, nas implicações metodológicas destas e na alteração pedagógica de transmissão do conteúdo escolar. Objetiva com base na prática pedagógica dos resultados do desempenho escolar dos alunos, desnudar a escola de valores arraigados e engessados, que a distanciam dos processos de construção de um ensino de qualidade impedindo a sistematização e legitimação do saber escolar. Acredita ainda que essa pesquisa iluminará o caminho a ser trilhado pedagogicamente e administrativamente, possibilitando a formação de sujeitos capazes de vincular os processos de ensino-aprendizagem às situações problemáticas.