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A responsabilização no modelo OS: considerações sobre controle social e

4. CARACTERÍSTICAS DO MODELO DE ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

5.5. A responsabilização no modelo OS: considerações sobre controle social e

Após discorrer sobre as definições de controle social e e os mecanismos de controle adotados pelas OS, pretende-se demonstrar a interface entre os primeiros e os últimos, os quais integram o modelo de contratualização de resultados entre o Estado e o terceiro setor.

Iniciando a análise do modelo sobre o enfoque do controle social, verifica-se que o mesmo apresenta a utilização desse mecanismo, primeiramente quando o Estado realiza o pacto, denominado contrato de gestão, com uma organização da sociedade civil que passa a assumir a prestação de determinado serviço público integrante de uma política pública. Essa participação social, que se manifesta de certo modo como um controle, já que os representantes da sociedade que integram a organização passam a negociar com o Estado os parâmetros que farão parte dessa política quando de sua implementação.

Uma outra fase do controle social no modelo OS é a fase de monitoramento e avaliação. Apesar do monitoramento da execução da política pública ser realizado pelos servidores públicos integrantes da entidade supervisora, que é a entidade que firma o contrato de gestão com a OS, o seu resultado é submetido à avaliação de uma comissão formada por

representantes do Estado e da sociedade, que tenham relação com a política pública objeto da contratualização.

Há ainda o controle direto da sociedade através de pesquisas de satisfação dos usuários e também avaliação de impacto social. Esse controle se dá em estruturas não formalizadas dentro do Estado, mas em um espaço em que a sociedade (cidadão) avalia a própria sociedade (entidade do terceiro setor prestadora do serviço). O resultado desse controle sobre os resultados das atividades da OS se somam aos demais controles realizados pelo Órgão Estatal e a tomada de decisão sobre a manutenção ou não daquele Contrato de Gestão.

O mecanismo de no modelo OS verifica-se com a responsabilização dos dirigentes da entidade qualificada como OS, que respondem pela gestão dos serviços públicos sob sua responsabilidade com seus bens pessoais, além da permanente prestação de contas que se dá nos aspectos da aplicação do recurso financeiro no objeto pactuado e, especialmente, na verificação dos resultados alcançados em comparação com o pactuado no contrato de gestão.

Os mecanismos de controle criados para o monitoramento das atividades de uma Organização Social perpassam todas as atividades da entidade e vão de uma análise procedimental até uma avaliação dos resultados. No que se refere aos controles clássicos, estes podem ser verificados na análise da regularidade da organização no que se refere aos processos de contratação, aquisições e gestão patrimonial e financeira. Da mesma forma, o monitoramento dos resultados é estabelecido no Contrato de Gestão quando são construídos os indicadores para acompanhar o atingimento das metas acordadas entre o Órgão Estatal e a OS. Além disso, pode-se verificar que passa a existir o controle pela competição administrada, quando se compara os resultados das OSs com os de outras organizações prestadoras de serviços da mesma natureza, tanto públicas como privadas, além de outras OSs.

A partir desse estudo analítico, é possível estabelecer algumas constatações sobre como os mecanismos de e controle social, instituídos a partir do movimento de reforma do Estado recente, podem ser verificados nos modelos de contratualização entre Estado e Sociedade Civil.

De fato, as inovações introduzidas na gestão pública à luz da com a criação de mecanismos de controle que vão além dos procedimentais e passam a monitorar os resultados da ação pública estatal também estão presentes no modelo Organizações Sociais. Os princípios da administração pública gerencial também se concretizam nos modelos de parceria firmados com a Sociedade Civil. Assim, os mecanismos de responsabilização, o controle social, a avaliação dos resultados podem ser identificados desde a figura jurídica do Contrato de Gestão até nas estruturas de acompanhamento e fiscalização criadas para avaliar as atividades e os resultados das Organizações Sociais.

Mais do que isso, a própria característica organizacional de uma entidade do terceiro setor, que assume os princípios de uma administração privada, permite que esses mecanismos de controle sejam incorporados de uma maneira mais eficaz. A estrutura não burocrática de uma Organização Social que goza de maior flexibilidade e autonomia para a realização de suas atividades possibilita o aprimoramento das ferramentas de controle e uma maior transparência na sua administração e na demonstração dos resultados.

O desafio que se lança para o sucesso desse modelo é a adequação do Órgão Estatal a esse novo cenário e a incorporação dessas inovações na sua estrutura para exercer de maneira mais eficiente suas novas funções de monitoramento e avaliação das atividades agora realizadas por parceiros.

Apesar de todo o aparato de mecanismos e formas de controle mais gerenciais que perpassam o modelo OS, os órgãos de controle insistem na transposição pura e simples das regras gerais da administração pública para a gestão das Organizações Sociais. Nesta pesquisa serão abordadas as tentativas burocratizantes que surgiram desde o início do modelo OS no nível Federal, assim como as reações da gestão para tentar neutralizar o ímpeto enrijecedor dos órgãos de controle.

Dado esse fato, no qual se sustenta a hipótese deste trabalho, de que a adoção do modelo de Organizações Sociais propiciou a necessária flexibilidade de gestão aos serviços sociais e científicos, mas gerou uma sobreposição de controles burocráticos e gerenciais, acumulando então, o controle tradicional dos meios com os controles finalísticos e de resultados previstos na reforma gerencial, foi realizada pesquisa para levantar os dados que comprovem esse comportamento e os seus efeitos imediatos na gestão das OS.

A discussão da pesquisa realizada dar-se-á inicialmente com a fundamentação da metodologia utilizada, para em seguida passar à análise dos dados coletados.

6. O MÉTODO QUALITATIVO PARA A PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO