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3.2 – A REUNIÃO DE EQUIPE

No documento No litoral da Casa e do Serviço (páginas 116-170)

CAPÍTULO III O TRABALHO DO CUIDADOR

3.2 – A REUNIÃO DE EQUIPE

A supervisão da equipe, a reunião que conta com todos os cuidadores

da casa para falar sobre o trabalho, ganha destaque na estrutura e na dinâmica

do SRT. É o espaço privilegiado onde as situações e intervenções podem ser

recolhidas e trabalhadas, dando consequencia ao que se faz dentro do

serviço/casa.

Nesse sentido, tentamos afastar a ideia de que a supervisão é uma

“visão superior” ou um mecanismo de controle do trabalho. Para tanto, o

supervisor não deve encarnar uma posição de “quem tudo sabe”, mas enfatizar

o saber que advém da prática, dando suporte, inclusive teórico, para que o

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transmitir a posição de ‘saber não saber’ e não ocupar o lugar de

mestre/senhor.

Assim convocamos os cuidadores a operarem a partir de uma lógica em

que o saber é construído a partir dos efeitos recolhidos do cotidiano. “O que

falta a cada um não é o saber que está em um outro, mas o espaço e o tempo

posteriores para poder falar sobre o que ainda não sabe, mas que ocorreu a

partir de suas intervenções. Este espaço e este tempo posterior são o tempo

da supervisão”. (Elia, 2005).

Temos então na supervisão um tempo que não busca uma antecipação,

mas é marcado pelo a posteriori e uma forma de operar que não busca suturar

os incômodos através de significações, mas, construir um saber que siga o

lastro do ‘saber fazer’.

Di Ciaccia (2005) aponta a reunião de equipe como um dos eixos

fundamentais do trabalho de psicanalistas em instituições. Seguindo seus

passos, podemos extrair algumas funções estratégicas desse espaço.

A primeira função da reunião é ser um lugar onde se fala do morador.

Nesse ponto, ele não deve ser tomado como um objeto de estudo ou um

“caso”, mas é necessário recolher os elementos de sua fala ou ação como

pistas para construir uma direção de abordagem e permitir ou oferecer

possibilidades de subjetivação a partir do que foi recolhido nas situações

aparentemente inusitadas. Demarcar junto à equipe que a reunião é um lugar

para se falar do morador pode parecer uma coisa banal, mas facilmente o

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acha que o outro deveria ter feito isso ou aquilo, e até acusações sobre quebra

de combinados facilmente tomam a pauta. Relembrar a todos os integrantes o

primeiro objetivo da reunião recoloca as questões de outra forma: como

ocorreram as coisas, o que levou o cuidador a ceder ou não uma demanda,

como os outros membros da equipe sustentaram o combinado que foi

quebrado pelo outro cuidador, entre outros.

Assumir que a reunião é, antes de tudo, um lugar para se falar do

morador, faz um corte delicado entre os efeitos imaginários do que é uma

equipe, tornando cada um responsável por suas ações, mas promovendo

parcerias indispensáveis para o trabalho. Temos, por exemplo, o caso de uma

reunião de equipe convocada pelos cuidadores onde a pauta era sobre a

ausência da moradora em um exame clínico importante. A moradora em

questão tinha uma dificuldade em digerir certos alimentos e frequentemente

recusava-se a comer. A marcação de um exame após a consulta médica era

essencial para averiguar o problema. Porém no dia de se fazer o exame a

cuidadora de plantão não conseguiu levar a moradora. Segundo a equipe, a

cuidadora determinada para executar a tarefa havia sido “mole”, já que todos

sabiam que a moradora recusava sempre e de forma contundente qualquer

oferecimento que lhe era feito. Durante a reunião a cuidadora pôde dizer que a

moradora se recusou de um modo “diferente” e por isso não a levou. Afirmava

que “dessa vez ela não falou daquele jeito birrento, ela disse que não

conseguiria ir naquele dia, disse que até toparia comer para não fazer o exame,

pediu que eu a escutasse nesse pedido”. Depois de algumas acusações

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cuidadores puderam tomar a recusa da moradora ao exame dentro de uma

série mais ampla de recusas que foram reconhecendo em diferentes situações.

Ao invés de julgar a atitude da outra cuidadora, passaram a se perguntar sobre

o que poderiam fazer com aquilo. Ao invés de uma busca de sentido do tipo

“ela se recusa por isso ou por aquilo” colocando uma pedra de saber em cima

de um ato, buscaram reconhecer que houve uma mudança. Depois disso,

novas e diferentes tentativas foram empenhadas e descobriu-se que a

moradora tinha um problema leve de digestão, que poderia ser corrigido e que

não justificava sua recusa alimentar. Logo, a questão não se encerrava

naquela situação.

É possível afirmar que a reunião de equipe serviu para implicar os

cuidadores no caso, e falar do caso buscando, dentro das relações e diálogos

estabelecidos com cada um, uma nova forma de se posicionar diante da recusa

daquela moradora. Di Ciaccia (2005, p 52), ao escrever sobre o trabalho

desenvolvido em uma instituição para jovens autistas e psicóticos, faz a

seguinte afirmação: “Trata-se de um trabalho onde cada um opera em nome

próprio, mas cada um não sem os demais.” E conclui dizendo que “o

intercâmbio é o segredo dessa prática e sua diferença em relação às outras,

como trabalho em equipe”.

A segunda função é poder sustentar um ‘saber não saber’. Destacamos

que esse ‘saber não saber’ se aproxima de uma posição de ‘vazio de saber’,

mas que não se equivalem. Em qualquer disciplina ou ciência, espera-se o que

o operador esteja um tanto esvaziado de saber, ou seja, que ele não busque

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disse que depois de buscar o morador na chuva travou o seguinte diálogo:

“está quente hoje, né? Não dá para ficar sem sentir um pouco de água”, ao que

o morador respondeu: “mas água que não fala com a gente”. A insistência de

que o morador tomasse banho deu lugar a uma nova abordagem, e então,

junto com o morador, puderam construir novas formas de tomar banho sem ser

com “água que fala com a gente”. As reuniões se seguiram e todas as formas

de banho “sem água falante”, como jocosamente passaram a chamar o banho

do morador, foram trocadas entre eles como estratégias: “ele conseguiu tomar

banho de torneira” ou “eu coloquei um balde lá fora, ele tirou a roupa e usou

até sabonete!”. Essa operação onde não se busca encontrar o que já se sabe,

mas encontrar o novo dentro do conhecido está relacionada a uma posição de

‘saber não saber’. É preciso deixar em suspensão certo saber sobre o sujeito,

seja um saber em relação àquele sujeito em particular ou um saber teórico que,

colocado no lugar da escuta, serve ao mesmo propósito de validar o que já se

sabe. Foi necessário para equipe assumir que o sintoma em relação a ouvir

vozes que vinham da água tinham um sentido para o morador, por mais que

fosse insuportável para todos, e que essa construção tão peculiar tinha alguma

função. Não adiantaria ser questionada em razão da vontade de todos que ele

tomasse banho. Por outro lado se passassem a operar tomando a alucinação

ou o delírio somente como parte de uma forma de solução construída pelo

morador, não escutariam as infinitas possibilidades de abordar a questão.

Curiosamente as fases sem banho diminuíram e, a cada vez que outro caso

parecido surgia, a preocupação dos cuidadores insidia sobre a certeza de

acolher aquilo e a possibilidade de criar, junto com o morador, soluções, ainda

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Como nos ensina Zenoni “encontrar o sujeito psicótico no processo de

seu autotratamento e de poder nos apoiar sobre o que ele próprio inventa, seja

para prolongar isso, seja para deslocá-lo” (2000, p 42). Como já indicamos,

Freud em seu texto “Perda da realidade na neurose e na psicose” (1976 [1923-

24]) afirma que todo delírio é uma tentativa de cura. Saber disso abre mais

possibilidades para operar com o que emerge do sujeito. ‘Saber não saber’

diante do morador, é operar com saberes sobre a psicose e sobre os

moradores, deixando-os um pouco de lado, em suspenso, para que uma

abertura a invenção, dentro da contingencia que o morador estabelece seja

possível. Por mais que estratégias de ação sejam combinadas na reunião, só

podemos recolher efeitos de uma intervenção em ato se o cuidador se autoriza

a partir do que construiu junto à equipe, priorizando seu estilo e não a simples

prescrição de uma conduta. Assim, trabalha-se mais na tentativa promover um

ato de inscrição do que surge em cada encontro mais do que um ato a partir de

um saber prescrito. Sustentar o ‘saber não saber’ é uma forma de localizar o

saber para que não tampone uma possibilidade de invenção. De acordo com

Baio (1999, p.93) a função da reunião de equipe é sustentar que cada um

possa “se manter na posição de um Outro regulado, ou seja, de um Outro que

sabe não saber”.

Assim, ‘saber não saber’ não significa abrir mão do que já se sabe, mas

poder ocupar outro lugar, que não seja a partir de condutas prescritivas. E vale

lembrar que essa indicação serve tanto para o supervisor quanto para o

cuidador. Diz também de uma posição onde os membros da equipe também

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pode portar o excesso de gozo do Outro. Assumir uma posição consistida de

saber não é indicado para o acompanhamento de psicóticos. Zenoni (2000,

p.20) afirma que este esvaziamento de saber prévio redobra a dispersão do

sujeito suposto saber, e anuncia essa prática a partir do sujeito suposto não

saber: “(...) na psicose o saber não é suposto, mas realizado pelo próprio

sujeito (...). É por isso que quando o Outro se apresenta como o Outro do

saber, ele pode ser encontrado sob uma forma de erotomania ou persecutória.

Enquanto que a posição do sujeito suposto não saber deixa principalmente ao

sujeito a iniciativa de saber”. Espera-se que todos operem a partir de um saber

incompleto, não todo, que saibam não saber para que o que advém do sujeito

possa ser ouvido.

Uma terceira função da reunião de equipe é ser um lugar de autorização

e de legitimação, onde se considera o que qualquer membro da equipe tenha a

dizer. Isso tem um duplo efeito de elevar os ditos à responsabilidade de um

sujeito e de não colocar a fala a serviço de um gozo dos próprios membros da

equipe. Aqui a figura do técnico de referência ou supervisor é fundamental, pois

nas operações de grupos frequentemente uma cola imaginária tenta fazer da

equipe um único bloco, e as intervenções, se não forem recolhidas e

trabalhadas, se perdem. Cabe ao técnico de referência devolver a possibilidade

de intervenção à equipe, colocando-se também em uma posição de ‘saber não

saber’, pois é uma operação que se dá a partir da falta, vazio que promove um

outro arranjo que desfaz essa cola imaginária. Se ao contrário, ocupa o lugar

de mestre, favorece que a equipe se coloque em bloco, como antagonista e

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Assim, num primeiro ponto temos a quebra dessa relação amalgamada

pelo imaginário, onde a quebra de hierarquia de saber não dê lugar a um

caráter de “igualdade” dentro da equipe. Cada um na equipe é diferente e tem

algo a dizer. Como afirma Figueiredo (2005), a reunião de equipe não deve ser

um “coletivismo da organização democrática”, mas sustentar que todos tem

algo a dizer.

Ainda de acordo com Figueiredo (2005) temos duas configurações

bastante comuns nas reuniões de equipe de saúde mental: a hierárquica e a

igualitária. Na primeira, há uma hierarquia entre as profissões e os saberes; já

na segunda as especialidades estariam implodidas, mas partindo da negação

das diferenças. Procuramos então nas reuniões de cuidadores apostar na

configuração de “coletivo não todo”. Cada um opera em nome próprio, mas

dentro de uma direção comum, desconstruindo a ideia de uma unidade no

coletivo. Não somos todos iguais, mas as diferenças não precisam ser

hierarquizadas. Desloca-se assim a ideia de equipe como algo que retira as

diferenças, para a ação de creditar a autoria de cada ato, recolhendo, no

conjunto de cuidadores, estratégias, combinados, direções em comum. Assim o

caráter imaginário de “igualdade” dentro da equipe vacila, e pode ser aplicada

aos moradores, já que ninguém é igual, tudo deve ser tomado no um a um.

Cada um o fará ao seu estilo e, em comum, teremos que todos estão

submetidos ao Outro regulado em relação ao gozo.

Acentuando o que é diferente, o estilo de cada um dos cuidadores e

dando crédito a uma forma de cada um fazer, chegamos na equação onde

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Além de garantir que todos têm algo a dizer, legitimando as diferentes

falas dentro da reunião, também é necessário uma espécie de autorização,

algo que favorece o reconhecimento da implicação solitária de cada um em seu

ato ou intervenção.

O supervisor ao recolher as falas pode lhes conferir um status de

“intervenção” que muitas vezes é tomado como algo banal pelo próprio

cuidador. Autorizamos no cuidador esse saber, um certo ‘saber fazer’ onde o

cuidador opera com um ‘saber não saber’. A autorização do técnico não é a

autorização do ato do cuidador, já que por este, só ele poderá se

responsabilizar. O que o técnico ‘autoriza’ é que o cuidador possa operar em

seu estilo, e intervir a partir de um ‘saber não saber’. Não sabe onde pensa que

sabe, sabe onde não pensa no que sabe. Esse é uma forma de saber fazer

(savoir-faire), que antecipa uma responsabilidade por um ato, mesmo não

sabendo seus efeitos anteriormente. “Só se é responsável na medida de seu

savoir-faire. Que é o savoir-faire? É a arte, o artifício, o que dá à arte da qual se

é capaz um valor notável, porque não há Outro do Outro para operar no juízo

final”. (Lacan,2007 [1975-76], p 59). O que Lacan nos indica é que o saber

fazer é uma arte pela qual se deve responder pela autoria. Não há garantias,

não há Outro do Outro, cada um deve responder por sua condição de sujeito e

pelos artifícios a que recorre. É possível reconhecer um ‘saber fazer’ dos

cuidadores que se autorizam ao encontro com o que transborda do sujeito sem

colocar um saber a priori na tentativa de barrar o Outro invasivo. É nesse

sentido que operar a partir de um ‘saber não saber’ pode ser uma forma de

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de algum modo esvaziada e pode ajudar o sujeito a dar contorno a esse gozo

desmedido do Outro.

Partimos do ‘saber não saber’ para então sustentar que há algo na

intervenção dos cuidadores que faz efeito, e esse efeito não é demarcado por

um saber, mas por um ‘saber fazer’. Um savoir-faire que pode favorecer o

savoir-y-faire (saber fazer com isso) dos moradores. O ‘y’ acrescentado por

Lacan em seu seminário “O Sinthoma” (2007 [1975-76]) marca a incidência do

real nessa operação, já que saber fazer aí, com isso, é um saber fazer com

algo que não pode ser recoberto pelo simbólico, que escapa.

Os moradores tem um saber fazer com o mal-estar que as vezes

funciona, as vezes fracassa. Poder suportar o que não se articula, o que não

dá para fazer com o saber, mas somente com o ‘saber fazer’ é o que

convocamos dos cuidadores.

Esse é um dos grandes valores da escolha cuidadores leigos, pois

desprovidos de um saber técnico, ou até mesmo por isso, não recuam, na

maior parte do tempo, diante daquilo que emerge do sujeito e que não sabem

do que se trata. De algum modo, fazem alguma coisa com isso. Tentam,

arriscam direcionados para os efeitos no sujeito e pelo que pode ajudar a parar

aquilo que também não entendem. Ou desistem. Não possuem apego à função

a não ser que causados por ela. E os que prosseguem vão construindo uma

posição no trabalho, decantando inquietações e arriscando uma invenção pela

qual são responsáveis. Possuem um ‘saber fazer’ que, se recolhido por ao

menos um analista, podem auxiliar na construção de soluções contingentes,

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Outro recorte interessante: uma moradora afirma que não pode ir ao

dentista pois se curar seu dente, uma guerra entre o dente do Brasil e o dente

da Ásia aconteceria. Essa fala era constante e era tomada como uma coisa

engraçada, algo da moradora que escapava a uma lógica formal. Até o

momento em que a moradora começou a sentir dor de dente. Reclamando

muito da dor, recusava-se a ir ao dentista em função da “guerra” que poderia

acontecer. O cuidador então afirmou “você já esta em guerra, já foi. Agora

temos que dar um jeito de fazer isso parar”. Essa frase disparou uma

possibilidade, permitindo que a moradora, com muita dificuldade, se

submetesse ao tratamento de canal.

O cuidador não sabia o que o havia levado a dizer isso, e ficou meio

encabulado de assumir isso na reunião. Afirmou que achava que havia entrado

no delírio da moradora, e que se fosse para “pirar com ela” não via sentido em

seu trabalho. Elevar essa fala ao estatuto de intervenção permitiu que o

cuidador se autorizasse a seguir acompanhando o tratamento da moradora.

Pudemos recolher isso com todos e a conclusão a que se chegou é que na

residência não é necessário saber exatamente tudo, saber antes o que vai se

fazer, mas saber que depois será necessário lidar com o que fez junto aos

moradores. Temos então um exemplo do que é sustentado dentro da equipe:

um saber fazer que deve ser elaborado a posteriori.

Podemos sustentar que a possibilidade deste dispositivo clínico dentro

de um SRT é ancorado no que é chamado de “segunda clínica” de Lacan, ou

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o que temos presente em seu terceiro seminário “As psicoses” (Lacan, 1988

[1955-1956]). De forma sucinta podemos dizer que nesse momento da obra de

Lacan temos a ausência do Nome-do-pai, função destinada prioritariamente ao

simbólico no cerne da psicose e da invasão do Outro vivida pelo sujeito. Como

efeito, temos que o Outro não é barrado, descompletado pelo Nome-do-pai,

operação que faz advir o desejo no neurótico a partir da falta no Outro. É uma

clínica ancorada nas estruturas e faz uma distinção clara entre neurose e

psicose, bem ao modo freudiano, sendo o mais importante como o sujeito

constrói sua realidade, e não tanto a forma como faz isso, como amarra sua

estrutura.

Já na chamada “segunda clínica” a primazia está no registro do Real,

que não abdica da interpretação, mas que está alicerçada pelo ato.

“Colocamos aqui em evidencia o que há em comum a todas as estruturas

subjetivas, ou seja, essa falta no Outro, que é, em resumo, o problema com o

qual cada ser falante está confrontado porque a linguagem não pode dizer

tudo, a linguagem não pode seguir com o sujeito até o momento do seu ato,

sua responsabilidade” (Zenoni, 2000, p.33).

Se em um primeiro momento do ensino de Lacan a ênfase é na

forclusão do Nome-do-pai nas psicoses, no segundo tempo o Nome-do-pai

passa a ser apenas mais um sintoma dentre os outros, uma forma de

amarração possível, mas não a única. (Lacan, 2007 [1975-76]). A psicose não

é mais vista como um déficit no simbólico, e Nome-do-pai uma solução

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Trata-se de uma clínica que opera nas modalidades de gozo, e que pode

ser vista de modo mais contínuo em relação às neuroses, não opondo as

estruturas, mas demonstrando que as formas de amarração do sintoma é que

definem a posição subjetiva. Se num primeiro momento do ensino temos o

desejo como um dos norteadores da clínica, nos momentos posteriores temos

as operações com gozo como marca; como um excesso. A partir dessa

perspectiva, não se trata de perguntar o que a psicanálise pode fazer diante da

psicose, mas o que a psicose tem a ensinar para psicanálise. Com essa ideia,

podemos afirmar que todos podem se colocar como aprendizes da clínica,

desde que operem segundo algumas indicações como já demonstramos.

De acordo com Zenoni a segunda clínica “não é simplesmente uma

No documento No litoral da Casa e do Serviço (páginas 116-170)

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