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CAPÍTULO II – CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENÇÃO

1. O Contexto

1.3 A Turma

A turma de intervenção era constituída por dezassete crianças com idades compreendias entre os oito e os dez anos, sendo que doze eram do sexo masculino e cinco do sexo feminino. Segundo o plano de turma, redigido pelo professor titular, no início do ano letivo de 2018/19 a turma apenas tinha catorze crianças, tendo recebido, em Janeiro de 2019, duas crianças oriundas do Brasil e uma oriunda da Noruega. De referir ainda que uma criança, que está institucionalizada, foi transferida e integrou a turma durante esse ano letivo, evidenciando bastantes dificuldades em todas as disciplinas. No decorrer do 2º período, ingressaram na turma uma criança oriunda da Suíça e outra da Venezuela. Entretanto, no 2º semestre do estágio, a turma, que passou para o 4º ano, manteve-se quase inalterada, com a exceção de dois alunos que deixaram a escola. Já no final do estágio, chegaram dois novos alunos a esta turma. Apesar de apresentar alguma heterogeneidade em termos de nacionalidades e de ter crianças que ingressaram a meio do ano letivo, a turma mostrava ser unida, com bastante sentido de humor e, apesar de haver crianças mais retraídas, todas pareciam estar felizes e sentir-se bem dentro da sala de aula, revelando espontaneidade, curiosidade e dinâmica. Durante as aulas que observei, percebi que a professora usava estratégias de ensino e aprendizagem variadas e potencialmente motivadoras, o que, aliás, acredito ser o melhor para as crianças, pois, como defendo no meu projeto, cada criança tem

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diferentes formas de aprender e a variedade de estratégias é algo que deve ser promovido. A professora

utilizou, por exemplo, canções, histórias, jogos, e atividades de arts & crafts. O manual adotado, New

Treetops (Oxford University Press) era utilizado sobretudo como um complemento às atividades de compreensão oral, uma vez que tem uma forte componente de exercícios de listening.

A sala de aula da turma apresentava muito boas condições de trabalho (ver fig. 8). As mesas estavam organizadas em cinco grupos, mas nas aulas que observei o trabalho em pares/grupo não foi utilizado, não sendo uma prática muito comum nas aulas de Inglês, pelo facto de o nível de autonomia dos alunos ser diminuto. Aliás, a temática do meu projeto foi-me sugerida pela orientadora cooperante, uma vez que ela acredita que os alunos deviam melhorar os seus níveis de autonomia dentro da sala de aula.

Em termos de avaliação, as crianças eram avaliadas em dois domínios, o cognitivo e o emocional. Existiam momentos formais de avaliação (testes escritos e de compreensão oral) e momentos informais de avaliação (trabalhos em sala de aula, fichas de trabalho,

comunicações orais, apresentações, debates, diálogos e participação). No que diz respeito ao domínio emocional, o objeto de avaliação eram atitudes e valores como a responsabilidade, organização e empenho, interesse, autonomia, cooperação, relacionamento interpessoal. Alguns destes valores foram promovidos no meu projeto, concretamente o relacionamento interpessoal, a autonomia e a cooperação. No final de cada período, as crianças faziam a sua autoavaliação numa ficha que lhes é entregue no início do ano e onde têm que refletir sobre a sua aprendizagem. Nessa ficha, refletem acerca das suas competências comunicativas e atitudes, obtendo no final do ano uma perceção global do seu progresso durante os três períodos.

No caso das aulas do professor titular, as estratégias definidas no plano de turma tinham como objetivo, entre outros, promover o desenvolvimento de dinâmicas de grupo, promover o autoconhecimento, estimular a capacidade de cooperação, incrementar e otimizar as relações interpessoais, objetivos esses que iam ao encontro dos do meu projeto de intervenção.

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Para conhecer melhor o perfil de aprendizagem das crianças, para além das minhas observações e de conversas informais com as crianças e a orientadora cooperante, usei o questionário “How do you learn English?” (anexo 3), que quinze crianças preencheram e onde refletiram sobre a aprendizagem do Inglês. Apresento aqui os resultados, ilustrados com um conjunto de slides que foram apresentados às crianças numa aula posterior para dialogarmos sobre alguns aspetos.

O objetivo de utilizar um questionário inicial era conhecer as perceções e atitudes que as crianças tinham relativamente à aprendizagem do Inglês, as suas

preferências e motivações.

Assim, quando questionadas se gostam de aprender Inglês (gráfico 1), onze disseram que

sim, afirmando que acham que “é uma língua fascinante”, que lhes permite “falar com Ingleses”, e porque “as aulas são divertidas”, e quatro afirmaram gostar “mais ou menos”, porque, às vezes, não entendem o que a professora diz, ou então, porque “é muito difícil aprender Inglês”. Em relação à pergunta sobre se achavam que aprendem Inglês com facilidade, oito responderam “mais ou menos”, quatro responderam que não e apenas três acham que aprendem com facilidade. Aqui, as justificações foram variadas, mas a mais comum é não perceberem muitas coisas que são ditas em Inglês. Através destas respostas, consegui perceber que, apesar da maioria das crianças gostar de aprender Inglês, grande parte deles acha que tem dificuldades na aprendizagem da língua. Durante as observações, constatei que a maioria demonstrava vivacidade e vontade de participar na aula, mas algumas apresentavam uma atitude mais passiva relativamente às atividades propostas, demorando bastante tempo para realizarem uma tarefa. É de referir que existiam duas crianças cujo nível de Inglês era avançado: a criança oriunda da Venezuela, que nasceu e viveu nos EUA, e a criança oriunda da Noruega, que teve aulas de Inglês desde muito cedo. Algumas das crianças da turma haviam tido Inglês como atividade extracurricular, mas outras estavam a ter contato com o Inglês pela primeira vez, pelo que se verificava alguma heterogeneidade linguística na turma.

Quis saber qual era a relação que as crianças tinham com o momento de avaliação sumativa e perguntei-lhes se ficavam nervosos quando tinham um teste. Sete crianças responderam que sim, três

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responderam “mais ou menos”, enquanto cinco disseram que não ficavam nervosos. Das crianças que admitiram ficar nervosas, algumas afirmaram que têm “medo de errar”, que ficam nervosas e não conseguem escrever, ou então, porque é difícil. Pelo contrário, as crianças que não ficam nervosas acham que o “teste é fácil”. O facto de haver 10 crianças que se sentem, de alguma forma, nervosas quando fazem um teste de Inglês, fez com que, através da uma aula de revisões da Sequência 0, eu tentasse atenuar esse nervosismo, ao fazer uma compilação de exercícios das unidades previstas para o teste. O objetivo era dar-lhes

ferramentas para que eles

trabalhassem, não só na sala de aula, durante a aula de revisões, mas também em casa.

Na quarta pergunta, as crianças tinham que assinalar três das atividades que mais apreciavam nas aulas de Inglês (gráfico 2). Assim, “ver vídeos” foi a atividade mais popular, seguida de “fazer jogos” e a seguir “cantar canções” e “desenhar e colorir”. Estes resultados permitiram-me fazer algumas escolhas, em relação às atividades didáticas que apresentei nas minhas sequências.

Quanto às perguntas, acerca da aprendizagem cooperativa (gráfico 3), optei por perguntar de que forma preferem trabalhar na sala de aula. Aqui, as crianças podiam assinalar mais do que uma opção, no entanto, apenas um aluno admitiu gostar de trabalhar sozinho porque “não é muito confuso” e outro respondeu “não sei”. As restantes crianças afirmaram que preferem trabalhar em pares ou em grupo, pois desta forma podem “tirar dúvidas aos outros”, porque admitem aprender mais, “é mais divertido” e, também pensam mais rápido e têm mais ideias. Quis, igualmente, saber que ideias e sentimentos eles ligavam ao trabalho em pares ou em grupo (gráfico 4). Os resultados mostram que a “partilha de ideias” e a “ajuda entre colegas” são as ideias mais fortes que eles relacionam com este tipo de trabalho em pares ou em grupo.

Também o “divertimento”, a

“aprendizagem”, a “motivação” e a

Gráfico 3 Preferências quanto ao trabalho individual, par ou grupo

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“participação” foram referidos pela maioria das crianças. Curiosamente, a ideia de “confusão” foi também ligada a esta prática de trabalho. Estes resultados mostram que as crianças gostam de trabalhar com outros colegas e conseguem identificar as suas mais-valias, mas também admitem que, por vezes, pode ser algo confuso. Durante as minhas observações e já durante as aulas do projeto, constatei que alguns alunos eram mais sensíveis e tinham dificuldade em aceitar as opiniões dos outros, não gostando de ser contrariados. Isso foi visível durante os trabalhos de grupo que fiz com eles, em que tiveram dificuldade em comunicar entre eles e mostraram a sua frustração. Assim sendo, a implementação do meu projeto poderia melhorar as suas competências sociais.

Em jeito de conclusão sobre a análise do contexto, posso afirmar que o projeto se articulava com algumas orientações (trans)nacionais e com alguns objetivos do Projeto Educativo do Agrupamento e, a nível micro, respondia à necessidade de promover atitudes e valores que favorecessem uma maior cooperação e autonomia na turma.

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