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CAPÍTULO II – CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENÇÃO

2. Plano Geral de Intervenção: Tema, Objetivos e Estratégias

A escolha do tema foi o reflexo de vários fatores, nomeadamente, a sugestão da orientadora cooperante no sentido de promover a autonomia das crianças, com base no seu conhecimento das necessidades da turma, a observação das suas aulas, a análise do perfil linguístico da turma, os objetivos do professor titular de turma, as orientações a nível (trans)nacional no que diz respeito à aprendizagem do Inglês e as minhas crenças enquanto aluna do Mestrado e professora de Inglês de adultos. Assim, o projeto procura articular duas dimensões da aprendizagem – a autorregulação e a cooperação –, partindo-se do pressuposto de que a autonomia implica a capacidade de gerir a aprendizagem individualmente e com os outros, não se restringindo a um trabalho independente e implicando também

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a construção de relações de interdependência entre os alunos. Como já foi referido antes, ambas as dimensões da aprendizagem fazem parte de orientações nacionais, nomeadamente do documento Aprendizagens Essenciais do Inglês no 4º ano (Ministério da Educação, 2018), de acordo com o qual o Desenvolvimento Pessoal e Autonomia e o Relacionamento Interpessoal são áreas de competência que devem ser trabalhadas na aprendizagem do Inglês.

Os objetivos do projeto foram os seguintes objetivos:

1. Conhecer as perceções e atitudes das crianças relativas à aprendizagem do Inglês. 2. Promover a aprendizagem autorregulada.

3. Promover a competência de aprender com o outro (aprendizagem cooperativa).

4. Avaliar o potencial da aprendizagem autorregulada e da aprendizagem cooperativa no desenvolvimento da autonomia dos alunos.

O quadro 2, elaborado na fase de desenho do projeto, apresenta a relação entre estes objetivos, as estratégias pedagógico-investigativas propostas e informação a recolher e analisar.

Objetivos Pedagógico-investigativas Estratégias a recolher e analisar Informação 1. Conhecer as perceções

e atitudes das crianças relativas à aprendizagem do Inglês. 2. Promover a aprendizagem autorregulada. 3. Promover a competência de aprender com o outro (aprendizagem cooperativa). 4. Avaliar o potencial da aprendizagem autorregulada e da aprendizagem cooperativa no desenvolvimento da autonomia dos alunos.

 Observação de aulas. (obj.1)  Conversas com as crianças e

professora. (obj.1 e 4)

 Questionário inicial (How do you learn English?) (obj.1)

- Pontos fortes e dificuldades das crianças na aprendizagem da língua;

- Preferências a nível de estilos de aprendizagem;

- Características das crianças; - Motivações das crianças para aprenderem o Inglês;

 Atividades didáticas focadas no desenvolvimento de competências relacionadas com a aprendizagem autorregulada e aprendizagem cooperativa. (obj.2 e 3)

 Instrumentos de autorregulação da aprendizagem (obj. 2, 3, 4)

- Envolvimento das crianças na aprendizagem.

- Perceções das crianças sobre as aprendizagens.

 Questionário final. (obj.4)  Análise de trabalhos realizados

pelas crianças. (obj. 4)

- Potencialidades e limitações do projeto na perspetiva das crianças. - Aprendizagens evidenciadas pelas crianças.

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O projeto foi desenvolvido na modalidade de investigação-ação, que favorece um desenvolvimento profissional reflexivo: “We think about what we do at present, then we do something to create change, then we think again about what we’ve done and its effects. Our thinking informs our practice; and our practice informs our further thinking” (MacNaughton & Hughes, 2009, p. 1). A investigação-ação pressupõe um “questionamento sistemático da prática com a finalidade de aprofundar a compreensão de situações educativas particulares e de contextos educativos mais latos, e de intervir naquelas situações para promover a mudança e inovação” (Carr & Kemmis, 1986, in Moreira, Vieira & Marques, 1999, p. 620). Para que a investigação-ação ocorra, é necessário que o professor assuma o papel de professor- investigador e esse é um dos papéis que muitos professores têm relutância ou dificuldade em assumir. No entanto, através desta metodologia, o professor tem a possibilidade de aprender com as reflexões, com os erros e com o novo conhecimento que esta metodologia aporta. Segundo Stenhouse (2012),

(…) we shall only teach better if we learn intelligently from the experience of shortfall, both in our grasp of the knowledge we offer and of our knowledge of how to offer it. That is the case for research as the basis for teaching. (p. 134)

A metodologia de investigação-ação tem como principais objetivos melhorar e transformar a prática do professor; tornar a prática mais efetiva e reflexiva; tornar o conhecimento mais objetivo e explícito; transformar a teoria em prática e testar as ideias em ação (Carr, 2019, p. 14). É um processo que inclui diferentes fases, nomeadamente a Planificação, a Intervenção, a Observação e a Reflexão, conforme representado na figura 9 de acordo com Kemmis e McTaggart, adaptado por Burns (2009, p. 290).

O professor-investigador começa por identificar um problema ou um tema que pretende compreender e explorar, desenvolve um plano de ação através de estratégias didáticas e investigativas, e observa os resultados do plano. Por último, reflete acerca desses resultados, retirando conclusões finais ou iniciando um novo ciclo de ação-investigação. A investigação-ação é especialmente útil para efetuar mudanças educativas em direção a práticas de ensino e aprendizagem mais produtivas, justas e inclusivas:

It is important to plan a change in the interests of making our practices and their consequences more rational and reasonable, more productive and sustainable, and more just and inclusive. It is important to enact changes and to observe what happens. It is important to pause and to reflect, individually and with others in the public sphere of your critical participatory action research initiative and to re-plan in the light of what you have discovered. (Kemmis, McTaggart & Nixon, 2014, p. 113)

Propus-me, então, a desenvolver e a implementar um plano de ação para melhorar determinadas características do meu contexto de intervenção, observando e refletindo acerca dos resultados atingidos

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através das estratégias implementadas. As estratégias utilizadas dividiram-se em três fases. Numa primeira, fase delineei as seguintes estratégias para recolha de informação:

 Observação de aulas.

 Questionário inicial How do you learn English?  Conversas com as crianças e professoras

Numa segunda fase, a estratégia implementada foi a seguinte:

 Atividades didáticas focadas no desenvolvimento de competências/estratégias relacionadas com a aprendizagem autorregulada e a aprendizagem cooperativa.  Instrumentos de autorregulação da aprendizagem.

Numa terceira fase, utilizei as seguintes estratégias:  Questionário final.

 Análise de trabalhos feitos pelas crianças.

Com a implementação destas estratégias pedagógica-investigativas pretendi recolher informação e, em cada fase, analisar essa informação e refletir sobre a prática de forma a conseguir ter um impacto

Figura 9 Ciclo de Investigação-Ação de Kemmis e McTaggart, adaptado por Burns (2009)

The

Action-Research

cycle

PLANNING Develop a plan of critically informed action to improve what

is already happening. ACTION Act to implement the plan. OBSERVATION

Observe the effects of the critically informed action in the context in which it

occurs.

REFLECTION

Reflect on these effects as the basis for further planning, subsequent critically informed action

and so on, through a succession of stages.

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positivo na vida das crianças, aumentando o seu conhecimento relativamente ao processo de aprendizagem e, também, mostrando-lhes os benefícios que existem em aprenderem cooperativamente. Foram usados vários instrumentos e estratégias promotores da reflexão sobre a aprendizagem, que descreverei no início do capítulo seguinte e a que irei fazendo referência na descrição das sequências didáticas. Saliento aqui um deles - My Learning Passport -, por ter sido usado com alguma regularidade para promover a reflexão sobre a aprendizagem, assumindo um lugar central na experiência. Este material didático foi construído a partir dos objetivos do projeto e foi muito bem recebido na turma, constituindo uma espécie de ‘portefólio de reflexão sobre a aprendizagem.

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