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5 ROMPIMENTO DO PARADIGMA DA FORMALIDADE ESTRITA E A

5.2 A UNIFORMIZAÇÃO PROCEDIMENTAL NO PAÍS – PAPEL DO CNJ E O

A reforma do Poder Judiciário firmada pela Emenda Constitucional nº 45/2004 criou o Conselho Nacional de Justiça – CNJ como órgão encarregado do controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. Instituído em 31 de dezembro de 2004 e instalado em 14 de junho de 2005, composto

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SILVA JUNIOR. Op. cit., p. 456. 248

MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Op. cit., p. 501. 249

de quinze conselheiros e dirigido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, o CNJ é o órgão que controla o Judiciário brasileiro, exercendo uma fiscalização externa desse Poder.

De início houve muita resistência à sua criação, sendo implementadas várias ações para impedir a sua aprovação pelo Congresso Nacional, questionando-se, inclusive, a sua constitucionalidade.

A despeito da oposição quanto à criação de um órgão de controle do Judiciário, em pouquíssimo tempo, a situação reverteu-se e a importância deste Órgão passou a ser reconhecida, sobretudo nos seus dois primeiros anos, pela atuação memorável no combate às mazelas que assolavam o Judiciário, como, por exemplo, instituição de teto salarial, proibição de contratação de parentes, e fixação de voto aberto para promoção dos juízes, provando, assim, sua força proeminente.

Nesse processo de informatização dos atos judiciais e uniformização procedimental no país, o CNJ tem sido imprescindível e não tem medido esforços para tanto, notadamente por se encarregar de adotar as providências necessárias ao fornecimento de auxílio técnico- científico aos tribunais na elaboração e na gestão de estratégia.

É que em razão da unicidade do Poder Judiciário, o Órgão vem exercendo papel singular no sentido de implementar diretrizes nacionais para nortear a atuação institucional de todos os seus órgãos, inclusive com a elaboração de Resoluções e criação de um Núcleo de Estatística e Gestão Estratégica.

Citem-se, oportunamente, as Resoluções nºs 46 e 49, ambas de 18 de dezembro de 2007; 70, de 18 de março de 2009; 90, de 29 de setembro de 2009; 91, de 29 de setembro de 2009; 99, de 24 de novembro de 2010; 100, de 24 de novembro de 2009 e 105, de 6 de abril de 2010, esta última dispondo especificamente sobre a documentação dos depoimentos por

meio do sistema audiovisual e realização de interrogatório e inquirição de testemunhas por videoconferência.

Cabe, nessa toada, ao CNJ constatar os gargalos, monitorar os estrangulamentos e estabelecer medidas que sirvam de fórmulas a serem seguidas pelas instâncias do Poder Judiciário, não somente no acesso profissional, tramitação, chaves de segurança, senhas e códigos, como também de todos os demais subsídios que implementem em sua plenitude a lei do processo eletrônico.250

A estratégia do Poder Judiciário traçada pelo CNJ tem por missão o fortalecimento do Estado Democrático de Direito e o fomento à construção de uma sociedade livre, justa e solidária, por meio de uma efetiva prestação jurisdicional, notadamente com credibilidade e reconhecimento por parte da sociedade, enquanto Poder célere, acessível, responsável, imparcial, efetivo, justo e garantidor do pleno exercício dos direitos de cidadania.

A implantação do processo eletrônico e a modernização e uniformização do fluxo de trabalho das secretarias e gabinetes visando à organização e à racionalização fazem parte das ações sugeridas ao plano estratégico traçado pelo CNJ, inclusive, no âmbito cível e criminal.

Nesse rumo, uma questão há de ser enfrentada: a resistência à nova forma.

A missão do Conselho Nacional de Justiça não tem sido das mais fáceis, especialmente quando o foco é vencer a resistência de alguns operadores do direito quanto ao processo eletrônico. Há um sentimento de incerteza por parte de alguns quanto ao avanço tecnológico e por ainda predominar no meio jurídico um conservadorismo quanto às mudanças, sobretudo as virtuais.

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ABRÃO, Carlos Henrique. Processo eletrônico: Lei 11.419 de 19 de dezembro de 2006. 2ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p.108-109.

Nesse Brasil de extensão continental, é imprescindível, portanto, o desprendimento por parte de todos os envolvidos com o processo, além de esforço e seriedade no trato da questão pelo Poder Público, especialmente pelo Judiciário, que precisa continuar adotando alternativas para realizar tal escopo com o planejamento de políticas públicas de prestação jurisdicional efetiva e célere, levando a efeito o quanto antes a informatização do processo, nos termos da Lei n° 11.419, de 19 de dezembro de 2006 com medidas que: a) viabilizem a gravação do maior número possível de audiências; b) proporcionem segurança e comodidade aos interessados habilitados, por meio do acesso aos dados 24 horas, sem a necessidade do deslocamento aos fóruns para encaminhar petições ou consultar os autos; e c) imprimam a efetividade do direito à informação por parte da sociedade, pela via eletrônica, acerca de dados que não tramitem em segredo de justiça.

6 O PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO

As novas tecnologias de comunicação proporcionam um estilo de vida diferente do que se costuma ver e permitem potencializar as habilidades do indivíduo diante de uma nova linguagem do conhecimento, o que não significa dizer que as relações humanas estão sendo enfraquecidas pelas relações tecnológicas.

Ao contrário, o que se tem é uma nova forma de expressão e desenvolvimento completamente distintos do padrão que se tinha, até porque as máquinas não possuem um desenvolvimento independente do homem, apenas respondem a uma necessidade de evolução

da própria sociedade, a informática não diz respeito simplesmente a computadores, mas a vida das pessoas. 251

Nessa perspectiva, a tecnologia foi eleita não somente o mais importante instrumento de modernização do Poder Judiciário brasileiro, como também a parceira principal de fóruns e tribunais na busca pela otimização, desburocratização dos trâmites judiciais e ferramenta de auxílio ao trabalho dos que operam com o processo judicial. Foi escolhida a utilização da tecnologia notadamente pelos benefícios que seu desenvolvimento traz para a transparência dos procedimentos jurisdicionais, para a celeridade processual e para uma melhor gestão das informações. 252