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Abordagem Behaviorista

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CAPÍTULO IV – COMUNICAÇÃO E PSICOLOGIA SOCIAL

2. Abordagem Behaviorista

Vale destacar que há duas vertentes behavioristas, o Behaviorismo Metodológico e o Behaviorismo Radical, grande parte das críticas lançadas genericamente ao behaviorismo referem-se exclusivamente aos pressupostos e concepções do behaviorismo metodológico (MATOS, 1995, p.15).

O Behaviorismo Radical sobrepõem-se ao Metodológico30 por ter, como modelo, o

funcionalismo da biologia dos evolucionistas.31

Para o Behaviorismo Radical entender o comportamento humano é de fundamental importância numa sociedade, pois é através dessa análise que torna-se possível determinar práticas sociais, culturais e virtuais. A possibilidade de se intervir na cultura é o meio para se estabelecer um novo conjunto de valores que, para Skinner, poderiam ser divididos em três grupos:

• Valores individuais da cultura, • Valores estruturais da cultura e, • Meta valores.

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Todos esses conceitos serão explicados ainda nesse capítulo.

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O Behaviorismo metodológico, criado por J. B. Watson, estuda o comportamento humano baseado no realismo, teoria que contrasta com o pragmatismo (característico do behaviorismo radical) por sustentar que há um mundo real fora de nós que dá origem às experiências internas. Estudando somente o que pode ser publicamente observado, o behaviorismo metodológico exclui o estudo direto da consciência, dos sentimentos e dos pensamentos (KHOLENBERG et al, 2001).

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McLuhan também tinha uma visão histórico-evolucionista, por isso, e por outras evidências iremos nos reportar à esse teórico durante a explanação dessa abordagem

2.1. Valores Individuais da Cultura

Os valores individuais da cultura são baseados em elementos considerados indispensáveis e desejados por todos, pois tratam de:

Igualdade, ou seja, distribuição igualitária de reforçadores. Felicidade, que é o resultado de uma cultura baseada no uso exclusivo de reforçadores positivos e, finalmente, Liberdade que é o produto de contingências de reforçadores positivos e da ausência de privação exacerbada de reforçadores artificiais. (SKINNER APUD ANDERY, 1974, p. 494).

São os valores individuais que norteiam o comportamento do jovem. Busca o prazer ao se conectar ao mundo virtual, sem se dar conta que é falsa essa sensação de liberdade e igualdade ao se imaginar participante de uma comunidade virtual.

Verifica-se que tal ilusão era vivenciada por gerações anteriores. Antes da internet, também se buscava em tribos o ideal de liberdade e igualdade, já que a idéia de agrupamentos por interesses comuns existe desde a antiguidade.

Apesar deste viés distorcido, os valores individuais da cultura são necessários para promover a busca efetiva de sua autonomia.

2.2. Valores Estruturais da Cultura

Ao definir valores estruturais da cultura, Skinner caracterizou as instituições como reguladoras de amplas práticas sociais da cultura.

Baseou-se no modelo de seleção por conseqüências, de onde se pode extrair a necessidade de se dedicar ao planejamento, intervenção e avaliação sobre a cultura. Onde o impulso para o futuro é produto de contingências sociais que através dos resultados intermitentes de determinado comportamentos os mantêm e ainda transporta suas respostas contingênciais a outros comportamentos similares.(SKINNER APUD ANDERY, 1997, p. 495)

Um bom exemplo é o comportamento de um consumidor que troca de carro todo ano ou que tenha mais automóveis do que o necessário. A necessidade de aquisição deste bem, o automóvel, acaba sendo generalizada para outros tipos de necessidades vinculada ao consumo que se torne igualmente intermitentes, provocando no indivíduo o desejo de posse. Uma ramificação desta generalização é refletida na aquisição de computadores, com rede para a

Internet e banda larga, Ipod, celular, tecnologias em que não apenas os jovens, sobretudo da classe média, não consigam mais realizar suas atividades se não tiverem um celular no bolso, fato que ocorre também com os empresários, bem como com a dona de casa que não vai ao supermercado ou à feira livre sem seu celular.

Notamos o quanto a sobrevivência de uma cultura depende da possibilidade de educar seus novos membros para a reprodução de suas práticas com uma disposição para mudá- la sempre que necessário. Pode-se definir os valores estruturais da cultura proposto por Skinner no planejamento realizado anterior a necessidade de aquisição de posse que foi o momento da instalação dos recursos audiovisuais perante a sociedade e posteriormente a manutenção de repertórios intermitentes como foi a instalação nas gerações passadas através do rádio e mais propriamente da televisão. Que não estavam apenas sobre controle de conseqüências imediatas, mas, sim preparados para o novo mundo tecnológico que emergiu nas décadas seguintes.

Tanto quanto McLuhan, Skinner pontuou de forma distinta, porém, não menos significativa, a relação entre a evolução do homem e da cultura, e o quanto essas influenciaram nas mudanças comportamentais e tecnológicas que resultou na chegada da Internet.

2.3. Meta Valores

Skinner, ainda pontuou que cada um desses padrões culturais, os valores individuais e os valores estruturais da cultura, deverão estar submetidos ao critério de sobrevivência, o que corresponde ao Meta valores, ou seja, as práticas que promovem a sobrevivência do homem e do grupo em que vive são selecionadas como práticas culturais. (SKINNER APUD ANDERY, 1997, p. 495)

Assim, sobreviveriam as culturas que são capazes de produzir práticas culturais que se mostram adequadas à relação do grupo com o ambiente.

Retomando McLuhan, a evolução mediática deu-se em três períodos: A era da cultura oral e acústica que aprimorou no homem o sentido da escuta, depois surgiu a era da cultura tipográfica ou visual. Durante o período gutenbergiana as sociedades alfabetizadas ganharam valor, assim atribuiu- se à escrita e a leitura privilégios o que fortaleceu o sentido da visão. (MCLUHAN, 1962)

Surge então, a cultura eletrônica, determinada pela velocidade instantânea através dos meios eletrônicos de comunicação e pela integração sensorial. (WOLFE, 2005, P. 19-20)

A passagem de um estágio para outro é o que se pode definir como adequação social a novos Meta valores. No mundo dos jovens, observa-se que essa adaptação se dá de maneira mais rápida, devido ao repertório que foi instalado ter sido de forma multissensorial, que estimulou um comportamento mais rápido.

Até agora vimos alguns conceitos da abordagem psicológica Behaviorista que podem ajudar a entender como o jovem responde em seu comportamento às céleres mudanças provocadas pelas novas mídias digitais e pela internet. No próximo item iremos destacar conceitos sobre as mudanças e/ou assimilação cognitivas vivenciados por esses jovens que tem acesso a essas tecnologias.

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