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1. Noções de Administração

1.1 Abordagens da Administração

1.1.3 Abordagem Sistêmica

Por volta da década de 1950, o biólogo Ludwig von Bertalanffy elaborou uma teoria interdisciplinar para transcender os problemas exclusivos de cada ciência e proporcionar princípios gerais (sejam físicos, biológicos, sociológicos, químicos etc.) e modelos gerais para todas as ciências envolvidas, de modo que as descobertas efetuadas em cada uma pudessem ser utilizadas pelas demais. Essa teoria interdisciplinar – denominada Teoria Geral dos Sistemas (TGS) - demonstra o isomorfismo das ciências, permitindo a eliminação de

suas fronteiras e o preenchimento dos espaços vazios (espaços

brancos) entre elas. A TGS é essencialmente totalizante: os sistemas não podem ser compreendidos apenas pela análise separada e exclusiva de cada uma de suas partes. A TGS se baseia na compreensão da dependência recíproca de todas as disciplinas e da necessidade de sua integração. Os vários ramos do conhecimento - até então estranhos uns aos outros pela especialização e conseqüente isolamento - passaram a tratar os seus objetivos de estudo (sejam físicos, biológicos, psíquicos, sociais, químicos etc.) como sistemas. E inclusive a Administração.

A abordagem clássica havia sido influenciada por três princípios intelectuais dominantes em quase todas as ciências no início do século passado: o reducionismo, o pensamento analítico e o mecanicismo.

a. Reducionismo. É o princípio que se baseia na crença de que todas as coisas podem ser decompostas e reduzidas em seus elementos fundamentais simples, que constituem as suas unidades indivisíveis. O reducionismo desenvolveu- se na Física (estudo dos átomos), na Química (estudo das substâncias simples), na Biologia (estudo das células), na Psicologia (estudo dos instintos e necessidades básicas), na Sociologia (indivíduos sociológicos), e na Administração (Taylorismo é um exemplo clássico do reducionismo).

b. Pensamento analítico. É utilizado pelo reducionismo para explicar as coisas ou tentar compreendê- las melhor. A análise consiste em decompor

o todo, tanto quanto possível, nas suas partes mais simples, que são mais

facilmente solucionadas ou explicadas, para, posteriormente, agregar essas soluções ou explicações parciais em uma solução ou explicação do todo. O conceito de divisão do trabalho e de especialização do operário são manifestações típicas do pensamento analítico.

c. Mecanicismo. É o princípio que se baseia na relação simples de causa-e-efeito entre dois fenômenos. Um fenômeno constitui a causa de outro fenômeno (seu efeito), quando ele é necessário e suficiente para provocá-lo. Como a causa é suficiente para o efeito, nada além dela era cogitado para explicá-lo. Essa relação utiliza o que hoje chamamos sistema fechado: o meio ambiente era subtraído na explicação das causas. Além disso, as leis de causa-efeito não prevêem as exceções. Os efeitos são totalmente determinados pelas causas em uma visão determinística das coisas.

Com o advento da Teoria Sistêmica, os princípios do reducionismo, do pensamento analítico e do mecanicismo passam a ser substituídos pelos princípios opostos do expansionismo, do pensamento sintético e da

teleologia.

a. Expansionismo. É o princípio que sustenta que todo fenômeno é parte de um fenômeno maior. O desempenho de um sistema depende de como ele se relaciona com o todo maior que o envolve e do qual faz parte. O expansionismo não nega que cada fenômeno seja constituído de partes, mas a sua ênfase reside na focalização do todo do qual aquele fenômeno faz parte. Essa transferência da visão focada nos elementos fundamentais para uma visão focada no todo denomina-se abordagem sistêmica.

b. Pensamento sintético. É o fenômeno visto como parte de um sistema maior e é explicado em termos do papel que desempenha nesse sistema maior. Os órgãos do organismo humano são explicados pelo papel que desempenham no organismo e não pelo comportamento de seus tecidos ou estruturas de organização. A abordagem sistêmica está mais interessada em juntar as coisas do que em separá-las.

c. Teleologia. É o princípio segundo o qual a causa é uma condição necessária, mas nem sempre suficiente para que surja o efeito. Em outros termos, a relação causa-efeito não é uma relação determinística ou mecanicista, mas simplesmente probabilística. Enquanto na concepção mecanicista o comportamento é explicado pela identificação de suas causas e nunca do seu efeito, na concepção teleológica o comportamento é explicado por aquilo que ele produz ou por aquilo que é seu propósito ou objetivo produzir. A relação simples de causa-e-efeito é produto de um raciocínio linear que tenta resolver problemas através de uma análise variável por variável. A lógica sistêmica procura entender as inter- relações entre as diversas variáveis a partir de uma visão de um campo dinâmico de forças que atuam entre si.

Com esses três princípios - expansionismo, pensamento

sintético e teleologia - a Teoria Geral de Sistemas (TGS) ou Abordagem

Sistêmica permitiu o surgimento da Cibernética. Foi uma verdadeira revolução no pensamento administrativo, que passou a pensar sistemicamente.

Um sistema, seja ele qual for, só tem sinergia quando o resultado da interação entre as partes é maior do que a mera soma dos componentes do sistema. Os componentes básicos de um sistema são:

• Objetivo: é a finalidade, a razão de ser do sistema;

• Entrada: obtida no meio ambiente onde o sistema está inserido, é o que alimenta o sistema;

• Processo de transformação: é a modificação feita pelo sistema no material inserido nele, podendo gerar um produto, serviço ou resultado (saída);

• Saída: é o resultado do processo de transformação, o resultado que será devolvido ao meio ambiente para influenciá-lo;

• Retroalimentação (feedback): é a re-introdução de informações geradas pelo próprio sistema como forma de avaliação do processo de transformação;

Ambiente: o meio onde o sistema está inserido;

Um sistema pode ainda ser classificado de acordo com a sua interação com o meio, podendo ser um sistema aberto (que interage com o ambiente) ou um sistema fechado (que não interage com o meio). Neste contexto, as empresas devem ser consideradas sistemas abertos, pois necessitam da constante interação com o meio no qual estão inseridas, como forma de se obter insumos para sua entrada e oferecer o resultado de sua saída para ser absorvido e consumido pelo meio. Nenhuma empresa sobreviveria se ela se transformasse em um sistema fechado, sem qualquer tipo de interação com o meio e com outros sistemas. Desta forma, a empresa é um sistema que pode ser visto como um todo e, ao mesmo tempo, como parte de um sistema maior e mais complexo, que é o ambiente externo no qual está inserida. Com isso, a atividade de qualquer segmento de uma organização afeta a atividade de outros segmentos, em maior ou menor grau.

Questões de Concursos

1 – (CEGÁS / Analista de Gestão / 2017) Na Teoria de Sistemas, aqueles que apresentam intercâmbio com o ambiente que os circundam por meio de entradas e saídas, deve ser caracterizado como:

a) Sistema mutante b) Sistema fechado

c) Sistema organizacional d) Sistema aberto

2 – (FSC / Técnico de Nível Superior / 2014) Na Teoria Geral dos Sistemas, o princípio segundo o qual a causa é uma condição

necessária, mas nem sempre suficiente ao surgimento de um efeito é o princípio: a) Da probabilidade b) Da teleologia c) Do expansionismo d) Da possibilidade contingencial e) Do pensamento sintético

3 – (AL-BA / Auditor / 2014) Dentre as teorias administrativas, uma delas se mostrou inovadora pelo fato de ter trazido à tona a idéia de que o ambiente externo possui influência direta no ambiente organizacional. Com isso, abandonou-se o antigo conceito de que a organização era um ambiente à parte do contexto social e que, apenas um aprimoramento dos processos internos garantiria o sucesso da empresa.

a) Teoria de Taylor b) Teoria Quântica c) Teoria dos Sistemas d) Teoria Comportamental e) Teoria da Burocracia

4 – (SABESP / Analista de Gestão / 2014) Seguem duas afirmações ligadas pelo conectivo explicativo “porque”:

A Escola Sistêmica, dentro das grandes teorias administrativas, define Administração como a coordenação de recursos em sistemas orgânicos e abertos, com elevada interação e interdependência entre as suas partes

PORQUE

os grandes teóricos dessa Escola percebem a necessidade de tratar da complexidade, isto é, dar conta do grande número de variáveis e suas inter-relações, que compõem e contextualizam as organizações e o ambiente onde atuam.

Neste caso,

a) As duas afirmações são verdadeiras e a segunda justifica a primeira. b) As duas afirmações são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira. c) A primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa.

d) A primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira. e) As duas afirmações são falsas.

5 – Segundo a Teoria dos Sistemas, a organização é vista como um sistema aberto porque

a) Interage com o ambiente interno, enfatizando a eficiência e a sinergia em que o todo é maior que a soma das partes.

b) Requer produtos e feedback que são recebidos do ambiente externo e transforma produtos em insumos.

c) Apresenta relações de intercâmbio com ambiente através de entradas e saídas e, para sobreviver, deve reajustar-se às condições do meio.

d) Busca a equifinalidade de caminhos que conduzem ao mesmo resultado, aplicando idéias e métodos para assim, desenvolver uma alternativa estratégica.

e) Apresenta natureza hermética em relação a qualquer influência ambiental e um comportamento totalmente determinístico e programado.

Gabarito

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