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4. Sistemas de Informação

4.4 Tipos de sistemas de informação

4.4.2 Sistemas de apoio à decisão

4.4.2.4 Abordagens para o desenvolvimento de Sistemas de Apoio

4.4.2.4.1 Abordagens tradicionais.

Até poucos anos atrás os SAD estavam baseados, principalmente, em teorias estatísticas, em técnicas de pesquisa operacional e testes com protótipos, entre outros. Assim, os processos de tomada de decisão se fundamentavam basicamente em processos quantificáveis, devido ao não reconhecimento da necessidade de inclusão de fatores subjetivos na análise. Os fatores subjetivos são os que não podem ser expressos em unidades numéricas, como valores, riscos, etc. Segundo Bana e Costa (1995), a realidade não estava sendo representada de forma

adequada, pois não eram incorporados todos os fatores que influenciam na decisão, o que certamente induzirá a uma tomada de decisão inadequada. Neste sentido, muitas técnicas levaram em conta critérios únicos ou fundamentais, desconsiderando outros de significativa importância na tomada de decisão. Como exemplo disto, podemos citar as abordagens mono-critério e econômicas (Bana e Costa, 1995).

Nas abordagens reducionistas monocritério, procura-se construir um único critério que leve em consideração todos os aspectos relevantes de um problema, estabelecendo de imediato uma preferência global, o que, na maioria das vezes, não reflete de forma adequada a problemática em estudo.

Por outro lado, a teoria econômica e outras metodologias semelhantes estão tão atreladas aos valores econômicos, que não têm condições de lidar com valores que não possuem implicações monetárias. O tomador de decisão geralmente enfrenta um complexo sistema de componentes correlacionados. Assim, quanto melhor ele entender este sistema, melhor será a sua previsão ou decisão.

Posteriormente, quando foi reconhecida a necessidade de considerar os fatores subjetivos e múltiplos critérios, surgiu uma enorme dificuldade em trabalhar, representar e incorporar estes fatores e critérios ao processo decisório. Em resposta, foram desenvolvidas diversas abordagens, sendo as mais bem sucedidas as abordagens denominadas de multicritério.

Baseados nas colocações anteriores pode-se concluir que os processos decisórios englobam variáveis de naturezas distintas, bem como múltiplos objetivos, geralmente conflituosos entre si. Um processo decisório multicritério, é aquele que considera variáveis de diferente natureza, assim como múltiplos objetivos ou critérios no processo decisório.

4.4.2.4.2 Abordagens multicritério.

Atualmente, são muito utilizados os métodos multicritério. Estes métodos, em contraste com as abordagens clássicas de pesquisa operacional, facilitam a aprendizagem sobre o problema e sobre os cursos de ação alternativos, por permitir que as pessoas possam refletir sobre seus valores e preferências segundo diversos pontos de vista( Bana e Costa, Stewart e Vansnick, 1995).

A abordagem multicritério, de acordo com Bouyssou (1990), caracteriza-se pela construção de vários critérios utilizando vários pontos de vista.

Estes pontos de vista representam os eixos pelos quais os diversos atores de um processo decisório justificam, transformam e questionam suas preferências

A abordagem multicritério, segundo Detoni (1996), aplica-se, principalmente, em problemas complexos de natureza multidisciplinar, com diversos fatores, qualitativos e quantitativos, a serem levados em conta na análise.

Rosenhead (1994) alerta para a necessidade da exploração sistemática das possibilidades de solução da problemática. Isso sugere que as metodologias de apoio à decisão devem considerar as diferentes perspectivas das múltiplas alternativas, facilitando a interação, gerando um maior aprendizado, promovendo um sentimento de participação por parte do decisor na formulação da problemática da decisão e, finalmente, transparência de todo o processo.

Principais técnicas multicritério

As principais técnicas utilizadas, atualmente, dentro da abordagem de multicritério, são AHP, MACBETH, MCDA e SODA.

1) AHP - Analytic Hierarchy Process.

O AHP é uma técnica de análise de decisão envolvendo múltiplos critérios desenvolvida por Saaty (1991). É a técnica mais utilizada atualmente pela sua facilidade e simplicidade.

A técnica reflete sobre a maneira pela qual a mente humana conceitualiza e estrutura um problema complexo. Quando a mente humana se defronta com um grande número de elementos dentro de uma situação complexa, ela tenta agregar esses elementos a grupos segundo propriedades comuns, isto é, quando o ser humano identifica alguma coisa, decompõe a complexidade encontrada; quando descobre relações, sintetiza; estes são os processos de decomposição e síntese. A técnica baseia-se no princípio de que para a tomada de decisão, a experiência e o conhecimento das pessoas é pelo menos tão valioso, quanto os dados utilizados.

O AHP, segundo Schmidt, A. (1995), é um método que caracteriza-se pela capacidade de analisar um problema de tomada de decisão, através da construção de níveis hierárquicos, ou seja, o problema é decomposto em fatores. O AHP parte do geral para o mais particular e concreto. Assim, os fatores são decompostos em um novo nível de fatores, e assim por diante até determinado nível.

Esses elementos, previamente selecionados, são organizados numa hierarquia descendente onde os objetivos finais devem estar no topo, seguidos de seus sub- objetivos, imediatamente abaixo, as forças limitadoras dos decisores, os objetivos dos decisores e por fim, os vários resultados possíveis, os cenários. Os cenários determinam as probabilidades de se atingir os objetivos, os objetivos influenciam os decisores, os decisores guiam as forças que, finalmente, causarão impacto nos objetivos finais.

A principal característica que leva o AHP a ter sucesso, é o poder de incluir e medir fatores qualitativos e quantitativos, sejam eles, tangíveis ou intangíveis, e a facilidade de uso. Também são consideradas as diferenças e os conflitos de opiniões. O problema da decisão está em escolher a alternativa que melhor satisfaz o conjunto total de objetivos, que traduzem de forma clara a preferência dos decisores, sem precisar construir descritores.

Entre as principais desvantagens deste método, temos:

- não estabelece as diferenças reais de valor entre os critérios; - é um procedimento rápido de ser feito mas perde em precisão;

- pode-se desenvolver de frente para trás e de trás para frente, portanto pode-se manipular o resultado.

Apesar de suas limitações é um método científico e amplamente aceito.

2) MACBETH

O MACBETH - "Measuring Attractiveness by a Categorical Based Evaluation Technique", é uma técnica de análise de decisão de múltiplos critérios desenvolvido por Carlos A. Bana e Costa e J. C. Vansnisck (1994).

O MACBETH é um método que permite a construção de uma estrutura flexível e compreensível através do raciocínio natural e sistemático, incorporando todas as variáveis que podem influenciar na decisão e na sua repercussão, não se limitando apenas em considerar os aspectos quantitativos do mesmo.

O MACBETH permite representar numericamente os julgamentos dos decisores sobre a atratividade global das ações, unindo a representação numérica da informação, com os critérios, dentro de um modelo de avaliação global. Neste sentido, o MACBETH é uma abordagem interativa que auxilia a construção de

juízos ou medidas cardinais de julgamentos sobre o grau de atratividade entre os elementos.

3) MCDA

A técnica Multiple Criteria Decision Aid (MCDA), segundo Roy e Vanderpooten (1996), é utilizada quando o problema é complexo e envolve muitos critérios. Também, recomenda-se o método quando o problema é crítico e com crescimento do conhecimento. Considera-se que um problema é crítico quando as consequências de um erro de decisão são graves.

A técnica MCDA é considerada a mais completa, em termos de estruturação do problema, mas, por outro lado, complexa na sua aplicação.

As principais características do método MCDA são as seguintes:

a) permite organizar a complexidade. O MCDA ajuda a gerenciar a sobrecarga de informações através da organização de um problema complexo em uma estrutura compreensível. O método funciona da forma como você pensa, ao invés de forçar você a pensar da forma como ele funciona.;

b) permite incluir considerações subjetivas na estruturação dos problemas. Assim, o MCDA, é capaz de unir os pontos de vista objetivos e subjetivos, dentro de uma medida global que permite identificar qual alternativa é a mais desejável.

c) permite sintetizar informações, julgamentos e uniformizar conhecimentos.

d) O MCDA considera todas as informações simultaneamente, avaliando-as de forma conjunta, de maneira que as conclusões alcançadas reflitam os sentimentos do decisor.

O MCDA, permite mostrar:

- quais critérios foram usados na tomada de decisão; - que critérios foram considerados mais importantes; - qual a importância relativa de cada critério;

- as diferenças reais de valor entre os critérios; - qual a melhor alternativa segundo cada critério.

4) Metodologia SODA

A análise e desenvolvimento de opções estratégicas( Strategic Options Development and Analysis- SODA) é uma abordagem para auxiliar, principalmente, a consultores ou facilitadores a ajudar a seus clientes envolvidos com problemas complexos. Para a estruturação destes problemas, segundo Rosenhead (1989), a principal ferramenta utilizada, nesta metodologia, são os “mapas cognitivos”.

A Metodologia SODA, segundo o mesmo autor, procura fazer com que o facilitador atue como um mediador eficaz para a tomada de decisão em grupo e que auxilie na construção de um modelo que pertença ao grupo, mas, que contenha todas as considerações individuais de cada decisor ou ator.

4.5 Sistemas de informação e organização.