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No presente capítulo, é apresentado o modelo conceitual do sistema de informação para apoiar a operação, especificamente, a execução de manobras imprevistas e programadas, no sistema elétrico de transmissão da CELESC. Em primeiro lugar é apresentada uma proposta de mudança organizacional/ funcional na operação do sistema elétrico, posteriormente é discutido o modelo conceitual de sistema de informação de apoio à operação do sistema. Este modelo visa apoiar a operação do sistema elétrico com o Sistema Digital de Supervisão e Controle fornecendo procedimentos, informações operativas e orientando os operadores do sistema. Finalmente é validado o modelo e formuladas as respectivas conclusões.

9.1 Introdução.

A implantação de um sistema de informação e de uma nova filosofia de operação exige, também, uma reorganização do trabalho que consiste, principalmente, em definir as atribuições dos postos de trabalho, a estrutura e relações de trabalho e as fronteiras de responsabilidade das partes envolvidas.

Todo processo de mudança tem uma situação transitória, onde vão sendo realizados os ajustes e adaptações necessárias para chegar a uma situação mais estável que podemos chamar de “situação definitiva”.

Com relação à organização, a partir de um esquema organizacional inicial, este pode ir sendo aperfeiçoado durante a situação transitória através de acompanhamento, análise e retroalimentação da situação de trabalho, até chegar a uma organização do trabalho mais estável ou “definitiva”.

A principal sustentação das atividades de operação do sistema é a informação. As informações são obtidas, principalmente, do próprio sistema elétrico, do ambiente, da empresa e outras empresas, material técnico – científico, etc. (Ver figura 9.1: Informação: sustentação da operação do sistema elétrico)

Para realizar as diversas atividades de operação do sistema elétrico não é suficiente ter toda a informação disponível (Nonaka e

Takeuchi, 1997). É necessário gerenciar, processar e transmitir essa informação. Para isto é necessário desenvolver atividades denominadas de “apoio à operação” que consistem em classificar, ordenar, validar, processar e filtrar as informações para ser disponibilizadas ampla e adequadamente para as atividades de operação.

Retroalimentação

Figura 9.1 - Informação: sustentação da operação do sistema elétrico.

Ainda, é necessário acompanhar os processos para fazer a manutenção e otimização dos sistemas de informações. Esta função é muito importante principalmente nos primeiros estágios da implantação de novas tecnologias.

A primeira parte do modelo conceitual propõe um modelo de gestão funcional/organizacional da área de operação que envolve a definição das funções e relações de trabalho e comunicação. Nesta parte foram importantes os resultados da

análise das situações de referência.

SISTEMA ELÉTRICO (características, operação, manutenção, etc) OUTRAS FONTES DE INFORMAÇÃO ( Ambiente, empresa, conhecimentos, relatórios) I N F O R M A Ç Ã O

OPERAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO

ATIVIDADES DE OPERAÇÃO ATIVIDADES DE APOIO À OPERAÇÃO

As principais áreas ou postos de trabalho da operação, envolvidos na função de supervisão e controle na situação futura são : o Centro de operação do sistema COS, Centro de Operação de Área - COA, Centro de Operação de Distribuição - CODs, Postos de Atendimento - PA e Subestações - SEs.

A Segunda parte do modelo conceitual é a nível do sistema de informação, isto é, definir a estrutura do tratamento e utilização das informações e os módulos ou componentes do sistema de informação.

Com relação ao desenvolvimento do modelo conceitual temos que, além das técnicas de análise ergonômica do trabalho e da atividade cognitiva, o procedimento de concepção do modelo foi orientado e adaptado a partir das abordagens de Sérgio R. Bio (1996) e complementada com a de Rebouças de Oliveira (1993) e Laudon e Laudon (1991) na parte de levantamento e análise da situação existente. Na parte de concepção do modelo conceitual, utilizou-se a abordagem de F. Taylor(1995), além das mencionadas anteriormente.

As fases das abordagens mencionadas são resumidas a continuação:

Primeira fase: definição do sistema de informação - SI.

Nesta fase é necessário definir os seguintes aspectos: - motivo de realização do trabalho (justificativa); - recursos humanos e materiais disponíveis; - objetivos e políticas da empresa;

- levantamento genérico da situação existente e análise inicial: necessidades dos usuários, problemas existentes e principais fluxos de informação;

- definição preliminar do escopo e alcance do SI; - viabilidade do sistema;

- definir metodologia de desenvolvimento do SI.

Segunda fase: levantamento e análise detalhada da situação existente

- estrutura organizacional do departamento;

- necessidades dos usuários e restrições das atividades; - problemas existentes;

- processos de tratamento da informação: fluxos de informações, tratamento de informação algorítmica e heurística, processos decisórios;

- definição de objetivos e políticas do SIG congruentes com os da empresa;

- definição do escopo e amplitude do sistema;

- definição de equipes, recursos empregados, cronograma.

Terceira fase: modelo conceitual

- características dos dados: padronização, propósito, modo e formato da transmissão;

- reestruturação organizacional .

- decomposição do sistema em subsistemas; - fluxos de informação;

- necessidades de processamento da informação.

Por outro lado, para ajudar no desenvolvimento das duas partes do modelo conceitual (modelo de gestão funcional e de sistema de tratamento da informação), usou-se como estratégia a análise de situações de referência (outras empresas elétricas), que foram importantes como modelo a seguir e como campo de teste de hipóteses.

9.2 Modelo de gestão funcional da área de operação do sistema elétrico

9.2.1 Considerações gerais

Um modelo de gestão funcional é aquele que representa o funcionamento de um sistema e seu gerenciamento operativo, geralmente, além da estrutura hierárquica da empresa, tentando formalizar estruturas auto organizadas, dinâmicas e flexíveis baseadas em conhecimento e que visam otimizar o desempenho do sistema como um todo.

A base para a formulação de um modelo de gestão funcional da área de operação foi dado pelos resultados da análise ergonômica do trabalho, principalmente a nível cognitivo e a modelagem cognitiva dos processos no trabalho, considerando, também, conceitos fundamentais da engenharia do conhecimento como força - tarefa, criação de conhecimento e organização baseada em conhecimento.

Especificamente foram considerados os objetivos e políticas da área de operação, a análise das situações de referência, as características de funcionamento do sistema técnico, o plano diretor de automação, manuais de organização e competência, as restrições impostas pelas condições de trabalho e disponibilidade de recursos e a modelagem dos processos a nível cognitivo. Numa primeira fase, estes aspectos foram analisados em relação a sua adequação a modelos de estrutura funcional de operação automatizada de outras empresas do setor elétrico. A partir desta análise foi adaptado e proposto um novo modelo chamado de gestão funcional, pois visa gerir os esforços e recursos de operação do sistema. Posteriormente, o modelo foi retroalimentado e reformulado através de debates e entrevistas com profissionais direta e indiretamente envolvidos com a operação automatizada do sistema que manifestaram as diversas visões e interpretações sobre como deveria ser a gestão funcional.

Para o melhor entendimento do modelo inicialmente é explicado brevemente o funcionamento da empresa como um todo, identificando a área funcional, objeto deste estudo no contexto da empresa. A seguir é esboçado o modelo de gestão funcional propriamente dito apresentando uma proposta de estrutura funcional para a área, também, um modelo de gerenciamento operativo do atendimento às subestações, missão principal do sistema automatizado, e finalmente, são levantadas e/ou adaptadas as atribuições funcionais dos Centros de Operação do Sistema.

9.2.2 Estrutura funcional e administrativa da Empresa.

Com relação à estrutura administrativa operacional da CELESC temos como orgãos principais (a nível de relacionamento com o SDSC) : a Diretoria de Engenharia e Operação – DEO, subordinada a esta o Departamento de Operação – DPOP, a Divisão de operação do sistema DVOS, as Agencias Regionais, a Divisão de Operação e Manutenção – DVOM, Centro de Operação de Distribuição - COD, entre outros (ver anexo 1.a: organograma da Administração Central).

A partir do modelo funcional da empresa podemos entender e definir melhor as funções da Divisão de Operação do Sistema (DVOS). O modelo funcional está baseado na classificação das atividades que devem ser exercidas para que a empresa cumpra sua missão e atinja os seus obejtivos.

O Modelo Funcional é apropriado para a concepção de sistemas de informação em vista de ser quase imutável e não sofrer as constantes mudanças dos modelos baseados na estrutura administrativa. O princípio da Modelagem Funcional