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II. Terminologia Massorética Tiberiense

3. Abreviaturas

A terminologia massorética nas três tradições (babilônica, palestina e tiberiense) não possui sinais vocálicos e nem acentos de cantilação. A grande maioria dos termos da massorá é abreviada por apenas uma, duas ou três letras iniciais, porém, há alguns com as quatro primeiras letras e cada abreviatura é finalizada, normalmente, com um ponto no último caractere (ex.:$tyrw', $tyb $pl',$Syl,$hndm,$brvm,$'ybn,Ogylp etc.). O sistema nunca foi uniforme e surgiram vários métodos para se abreviar cada unidade terminológica massorética, desenvolvida e utilizada pelos diversos grupos de massoretas, inclusive, os de Tiberíades.7

Abaixo, há exemplos de termos e abreviaturas mais freqüentes encontrados tanto na massorá do Códice L como também na de outros manuscritos tiberienses.

'otyÕy‡rOw' (aram. ’ôrāyyǝṯā’): Pentateuco, Torá; abreviaturas:$rw',Oyrw',$tyrw'.

'otyEGb 'opŸla' (aram. ’alpā’ bêṯā’): 1. alfabeto hebraico; 2.Salmo 119; abreviaturas:$tyb $pﭏ,$tyb $pl'. dax §em rGab (aram. bar menḥaḏ): com a exceção de um caso; abreviatura:$' $m $b.

rEsox (hebr. ḥāsēr): escrita defectiva; abreviatura:$sx.

7 Cf. BHK, p. XXXII e XLVIII; BHS, p. XXXII e XXXVII; BHQ Mg, p. LV; Weil, 1968, p. XXII e XXVI; Frensdorff,

1864, p. XII; Díaz Esteban, 1975, p. LXXVII; Dotan, 1972b, col. 1419 e 1422; Yeivin, 1980, p. 64 e 81; idem, 2003, p. 60 e 72; Levias, 1916b, p. 365; Kelley, Mynatt e Crawford, 1998, p. XI-XII; Revell, 1992a, p. 592; Ginsburg, 1968, p. 139; Wonneberger, 1990, p. 62; Mynatt, 1994b, p. 17-18; Francisco, 2002, p. 42; idem, 2004, p. 48; idem, 2005a, p. 88 e idem, 2005b, p. 112.

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£avaX (hebr. ṭa‘am): acento massorético de cantilação; abreviatura:$vX.

tƒw¯Gk(aram. kǝwāṯ): 1. semelhante a, similar a; 2. igual a; 3. a mesma; abreviatura:$twk. byitG¯k(aram. kǝṯîḇ): ketiv ([o que está] escrito); abreviatura:$tk.

§yibyit¸Gk(aram. kǝṯîḇîn): os Escritos; abreviatura:$bytk.

'ƒnoKHyil(aram. lîššānā’): 1. língua; 2. significado; 3. forma similar; 4. gênero; abreviatura:$Syl. tyEl (aram. lêṯ): hapax legomenon; abreviatura:$l.

yE'AxÕnËdam(aram. maḏnǝḥā’ê): massoretas orientais; abreviaturas:$dm, $xndm.

'Elom (hebr. mālē’): escrita plena; abreviatura:$lm.

yE'abËr‹vam (aram. ma‘ărḇa’ê): massoretas ocidentais; abreviaturas:$vm,$brvm.

qFwsoLp 'ovyicŸm (hebr. mǝṣî‘ā’ pāsûq): meio de versículo; abreviaturas:qwsp $vcm,$qwsp $cm. £yi'yibÕn (hebr. nǝḇî’îm): Profetas; abreviaturas:$'ybn,Oybn,$bn.

qFwsoLp •Ows (hebr. sôp̄ pāsûq): final de versículo; abreviaturas:$sp $pws,$sp Ows. 'flrŸpyis (aram. sîp̄ǝrā’): livro bíblico; abreviatura:$pys.

'ƒnƒyÃnyiv (aram. ‘înǝyānā’): passagem bíblica; abreviaturas:Onyv,Oynyv. xataKp (hebr. paṯaḥ): o sinal vocálico pata'; abreviatura:$tp. ¶emoq (hebr. qāmeṣ): o sinal vocálico qamets; abreviatura:$mq. y„r⁄q (aram. qǝrê): qerê ([o que é] lido); abreviaturas:$q,$rq.

qFwsoLp H'Or(hebr. rō’š pāsûq): início de versículo; abreviaturas:$sp $S'r,Owsp $'r. h‡rOwGt(hebr. tôrâ): o Pentateuco, Torá; abreviaturas:Owt,$rwt.

4. Acronímia

Segundo Alves (1994), a acronímia (gr. κρωνυµíα, akrōnümía) (palavra formada pela abreviação de cada um dos segmentos de uma locução ou denominação) é um dos tipos de neologismo sintático.8 Vários termos massoréticos tiberienses são formados por acrônimos.

Uma característica peculiar da massorá é que nem sempre as letras dos acrônimos são as iniciais da locução ou do nome. Às vezes, a letra é a segunda, a terceira ou mesmo a quarta. Outra especialidade do acrônimo massorético é que cada caractere possui um ponto acima. A maior parte dos acrônimos da massorá tiberiense revela preocupação com a exata redação de

determinados nomes, vocábulos ou expressões do texto bíblico hebraico. Existem, ainda, acrônimos referentes a determinados nomes de livros bíblicos etc. Abaixo, há uma sucinta lista contendo essa classe de anotação massorética encontrada no Códice L.

$t $S Oy: acrônimo que se refere aos seguintes livros bíblicos:avuHOwhÕy (hebr. yǝhôšu‘a, Josué),£yiX¸pOH (hebr. šōp̄ǝṭîm, Juízes) e£yiGlih¸Gt (hebr. tǝhillîm, Salmos).

$' $c $m $v Oy $p $t $k: acrônimo mnemônico referente à seqüência correta dos nomes de oito povos citados no texto de Esdras 9.1:y«n·v¬n¯Gkal (hebr. lak-kǝna‘ănî, para o cananeu),yiGtixah (hebr.

ha-ḥittî, o hitita), y«∑zÊrK¯pah (hebr. hap-pǝrizzî, o ferezeu), yisFwbÃyah (hebr. hayǝḇûsî, o jebuseu), y«nOGmavoh(hebr. hā‘ammōnî, o amonita),yibo'OGmah (hebr. ham-mō’āḇî, o moabita),yÊr¸ciGmah (hebr.

ham-miṣrî, o egípcio) eyÊrOm¤'ohÃw (hebr. wǝhā’ĕmōrî, e o amorreu).

Ow $m $x Ow $m: acrônimo que se refere à seqüência correta dos nomes das cinco filhas de Zelofeade na passagem de Números 26.33: hol¯xam (hebr. maḥlâ, Maalá),hovOnÃw (hebr. wǝnō‘â, e Noa), holÕgox(hebr. ḥoḡlâ, Hogla), hoGk¸lim (hebr. milkâ, Milca) ehocËritÃw (hebr. wǝṯirṣâ, e Tirza). $q $p $c: acrônimo referente à seqüência correta das seguintes três expressões no texto de

Deuteronômio 8.11: wyotOw¸cim (hebr. miṣwôṯāyw, seus mandamentos), wyoXoKp¯HimFw (hebr.

ûmišpāṭāyw, e suas normas) e wyotOGquxÃw (hebr. wǝḥuqqōṯāyw, e seus estatutos).

$q $m $d $t: acrônimo referente aos seguintes quatro livros bíblicos: raWœv y„rŸJt (aram. tǝrê ‘ăśar, os Doze Profetas), £yim√Fyah y„r¸bÊGd (hebr. diḇrê hay-yāmîm, Crônicas [1Cr e 2Cr]), yEl¸Him (hebr.

mišlê, Provérbios) e telehOq (hebr. qōheleṯ, Eclesiastes).

5. Bilingüismo

Muitas anotações massoréticas de tradição tiberiense apresentam uma forma bilíngüe, com elementos lexicais tanto do aramaico como do hebraico. Existem notas somente com termos aramaicos, enquanto há outras unicamente com unidades terminológicas hebraicas. Na tradição babilônica, que é anterior à tiberiense, a terminologia massorética é somente calcada no aramaico.9 Tal língua era de uso cotidiano dos massoretas, os quais usaram esse idioma para

desenvolver a maior parte das observações textuais sobre o texto da Bíblia Hebraica. Abaixo, há uma anotação da masora magna do Códice L com termos de ambos os idiomas.

9 Cf. Kahle, 1959, p. 62-63; Yeivin, 2003, p. 93 e 96; Dotan, 1972b, col. 1419, 1423 e 1425; Weil, 1972, p. 12, 13

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Nota massorética para a locução | ho=qFwlœval (hebr. la‘ălûqâ, para a sanguessuga) com o acento disjuntivo de cantilação ’azlá legarmêh, na passagem de Provérbios 30.15.

(...)§whnmysw £vX dxb £yrps hSlSb $qwsp $S'rb §ylym $h

Significado: “cinco palavras em inícios de versículos (na parte “a” do versículo) nos três livros (poéticos: Salmos, Jó e Provérbios) com um mesmo acento massorético (o acento disjuntivo de cantilação ’azlá legarmêh) e suas referências bíblicas são (...)”: As referências fornecidas pela anotação da masora magna do Códice L são as seguintes: Sl 2.2; 5.11; 87.5; Pv 6.14 e 30.15.10

Termos aramaicos: §yiGlyim (mîllîn, palavras), (y)E$S'flroGb (bārā’š[ê], em inícios), (§y)i$qFws¸Kp (pǝsûq[în], versículos), daxoGb (bāḥaḏ, com um), £av¸X (ṭǝ‘am, acento) e §OwhÕnoïmyisÕw (wǝsîmānǝhôn, e suas referências bíblicas são [...]).

Termos hebraicos: hoH»l¸KHaGb (baš-šǝlōšâ, nos três) e £yÊrop¸s (sǝp̄ārîm, livros). Número:$h (cinco). A letra representa o numeral 'oH¯max (aram. ḥamšā’, cinco).

6. Elipse

Uma característica típica da massorá é a utilização constante da elipse (gr. λλειψις,

élleipsis) na redação das anotações massoréticas. Tal recurso é devido, principalmente, ao curto espaço físico em que as notas eram escritas nos fólios dos códices medievais da Bíblia Hebraica. As anotações eram escritas em um tamanho pequeno de letra, sendo colocadas no curto espaço entre as colunas que continham texto bíblico e nas margens laterais, superior e inferior dos fólios. As anotações das margens superior e inferior deveriam obedecer, tanto quanto possível, à largura de uma, de duas ou de três colunas.11

Segundo os lingüistas, a elipse é naturalmente utilizada em frases caracterizadas pela concisão ou pela rapidez. Nesse tipo de situação, determinados elementos (vocábulos, verbos, partículas gramaticais etc.) podem deixar de ser expressos sem prejuízo ou perda da compreensão. Em frases elípticas, os elementos ausentes devem sempre ser subentendidos.12 A

massorá é caracterizada pela extrema concisão e pelo demasiado uso da elipse em sua redação,

10 Cf. Weil, 2001, § 654, p. 397 e Francisco, 2005a, p. 92-93.

11 Cf. Beit Arié, Sirat e Glatzer, 1997, p. 114-115; Yeivin, 1980, p. 74-75; idem, 2003, p. 66; Dotan, 1972b,

col. 1419 e 1424; Dukan, 2006, p. 94-95; Levias, 1916b, p. 365; Kristianpoller, 1942a, p. 401; Kelley, Mynatt e Crawford, 1998, p. 1; Würthwein, 1995, p. 28; Tov, 2001, p. 73; Brotzman, 1994, p. 52; Deist, 1981, p. 53 e Francisco, 2005b, p. 112 e 153.

tanto em códices bíblicos e em obras massoréticas quanto em determinadas edições acadê- micas da Bíblia Hebraica.13 Abaixo, são dadas duas exemplificações do emprego da elipse em

anotações massoréticas encontradas no Códice L.

Nota na masora parva para a locução verbal hAW·v¬n (hebr. na‘ăśâ, feita, preparada) na passagem de Levítico 7.9.

$b $m $b $twkd $Smwx lkw $x

Significado da nota massorética: “a locução verbal hAW·v¬n (hebr. na‘ăśâ, feita, preparada) aparece oito vezes na Bíblia Hebraica e sempre nas Meguillot há uma forma semelhante a esta, com a exceção de dois casos”. Literalmente, a anotação diz o seguinte: “oito e sempre Meguillot que é semelhante dele exceção de dois”.

Nessa observação, composta em aramaico, uma partícula gramatical e um termo massorético são omitidos: G¸b (aram. bǝ, no, na) e 'ƒnKoHyil (aram. lîššānā’, forma). Além desse dado, uma unidade terminológica possui abreviação: $Smwx ('oH¯mFwx [aram. ḥûmǝšā’, Meguillot]). Uma expressão é também abreviada: GhyEtƒw¸kGÊd (aram. diḵǝwāṯêh, que é semelhante dele) que possui a seguinte abreviatura: $twkd. A frase “com a exceção de dois (casos)” é sintetizada por unicamente três letras ($b $m $b), as quais referem-se a §y„rG¯t §em rGab (aram. bar men tǝrên, com a exceção de dois [casos]). Os caracteres $m $b são os iniciais de §em rGab (aram. bar men, com a exceção de) e o outro caractere $b representa o numeral §y„rG¯t (aram. tǝrên, dois). A letra 'et com um ponto ($x) representa o número 'ƒyÃnoïmG¯t (aram. tǝmānǝyā’, oito).

Nota na masora magna para o nome próprio masculino/substantivo 'flr≈Fg (hebr. gērā’, Guerá) na passagem de Juízes 3.15.

:o:' 'rbwg $tk yh hryvbw 'lqtm

Significado da nota massorética: “o nome 'flr≈Fg (hebr. gērā’, Guerá), como medida de peso (óbolo) e como nome de animal de pasto (animal ruminante) é escrito com a letra hê; como nome próprio masculino, é escrito com o caractere ’alef ”. Literalmente, a nota diz o seguinte: “peso e animal de pasto letra hê é escrita; homem é letra ’alef”.

13 Cf. Weil, 1968, p. VII e XXII; Yeivin, 1980, p. 64; idem, 2003, p. 60; Dotan, 1972b, col. 1419 e 1424; Hyvernat,

1903, p. 537, 548 e 549 e Francisco, 2005a, p. 88. Elias Levita, no prefácio de sua obra Massoreth ha-Massoreth (Venezia, 1538) fez o seguinte comentário sobre a evidente brevidade da linguagem da massorá:

£wtxh rpsh yrbdk ‚£wts 'wh rS' ‚hnwSl rwcqw (...) (“[...] e concisão da forma, que é fechada, como palavras de um livro selado”), cf. Ginsburg, 1968, p. 93.

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Nessa anotação composta em aramaico, percebe-se a ausência de determinados elementos gramaticais e de termos massoréticos que poderiam ser necessários a uma redação mais completa e menos prolixa, tais como: byitG¸k (aram. kǝṯîḇ, é escrita), 'flr¸bFwFg £FwH (aram. šûm gûḇǝrā’, nome próprio de homem, nome próprio masculino), to' (aram. āṯ, letra, caractere) e Õw

(aram. wǝ, e). Além de tal característica, a nota possui, ainda, um termo abreviado ($tk [aram. byitG¸k, kǝṯîḇ, é escrita]) e a letra ’alef é citada pelo próprio caractere (') e não pelo seu nome por extenso (•alo' [aram. ’ālap̄]), ao contrário da letra hê (h), que é mencionada pelo seu nome por completo (yEh [aram. hê]).

7. Neologismo Sintático

Algumas unidades terminológicas utilizadas pelos massoretas de Tiberíades que apresentam neologismo sintático ou neologismo de forma são os vocábulos •ox¯cim (hebr. miṣḥāf) que significa códice e roGt¯pfiGd (hebr. dap̄tār) que significa livro. Tais termos constituem empréstimos vindos da língua árabe e aparecem com freqüência nos colofões dos manuscritos massoréticos.14 Outros

termos que apresentam situações de neologismo sintático são os nomes de determinados sinais diacríticos, tais como: 'oHÕgyGÊd (aram. dîḡǝšā’) ou H≈gG‡d (hebr. dāgēš) que têm origem no siríaco, significando daguesh (sinal colocado em algumas letras hebraicas ou aramaicas, indicando o som plosivo ou oclusivo [duro] e o som geminativo [duplicado]) e 'ƒw¸H (hebr. šǝwā’), que tem origem aramaica, significando a semivogal shewá (sinal que indica o fonema “ǝ” no início da palavra e também imediatamente após outro sinal shewá e fonema “ø” no meio de palavra).15

14 Cf. Lebedev, 1998, p. XXVI; Beit-Arié, Sirat e Glatzer, 1997, p. 26, 27, 42 e 43; Dotan, 1972b, col. 1416;

Yeivin, 1968b, col. 418; Weil, 1971, p. 4; Dukan, 2006, p. 63-65; Breuer, 1992, p. IX; Loewinger e Kupfer,

1972, col. 903; Minkoff, 1991, p. 24; Goshen-Gottstein, 1960, p. 30; Ben-Zvi, 1960, p. 1, 7 e 8; Gamble, 1992, p. 1067-1068; Williams, 1962, p. 656 e Francisco, 2005b, p. 272.

15 Cf. Jouön e Muraoka, 1993, p. 51 e 56; Gesenius, 1980, p. 51 e 55; Weingreen, 1959, p. 8, 9 e 14 e Hyvernat,

1903, p. 543-544. Gesenius e Joüon/Muraoka comentam que a unidade léxica 'ƒw¸H (hebr. šǝwā’) é uma forma antiga e já presente no tratado massorético Diqduqê ha-$e‘amim, de Aarão ben Asher (séc. X). Sua origem, segundo alguns estudiosos, remontaria ao siríaco, o qual possui um sinal fonêmico denominado shewayyá ('Fƒy¬w¸H,

šǝwayyā’) e tendo uma forma gráfica similar ao shewá massorético (Å ), cf. Morag, 1973/1974, p. 62 n. 33 e

Dotan, 1972b, col. 1448. Além da forma 'ƒw¸H (hebr. šǝwā’), existe, também, a forma 'ob¸H (hebr. šǝḇā’), usada na Espanha desde o tempo de Menaḥem ben Saruq (séc. X), cf. Gesenius, 1980, p. 51 n. 1; Jouön e Muraoka, 1993, p. 51 n. 1 e Dotan, 1972b, col. 1449. Em duas passagens da masora magna do Códice L constam as seguintes grafias para o sinal shewá: 'wS (cf. 1Cr 24.13) e 'whS (cf. Sl 26.3), cf. L, fól. 341a, p. 693 e fól. 370a, p. 751 e Weil, 2001, § 3239, p. 357 e § 4114, p. 446. O Códice Sassoon 507 (S5 ou S) registra a grafia hwwS em sua

De acordo com um breve estudo baseado em dicionários de hebraico e de aramaico que cobrem os períodos bíblico e talmúdico, aparentemente, situações de neologia sintática podem ser percebidas nos nomes de sinais de vocalização e nos nomes de acentos de cantilação elaborados pelos massoretas de Tiberíades. Uma pesquisa mais profunda e específica sobre possíveis situações de neologismos sintáticos na massorá mereceria ser desenvolvida. Abaixo, constam alguns possíveis exemplos.

£elOwx (hebr. ḥôlem): nome do sinal vocálico para representar o fonema “o” longo. qyÊryix (hebr. ḥîrîq): nome do sinal vocálico para representar o fonema “i” breve. xoGtKap (hebr. pattāḥ): nome do sinal vocálico para representar o fonema “a” breve. y„rEc (hebr. ṣērê): nome do sinal vocálico para representar o fonema “e” longo. ¶FwGbuq(hebr. qubbû): nome do sinal vocálico para representar o fonema “u” breve ¶emoq (hebr. qāmeṣ): nome do sinal vocálico para representar o fonema “a” longo.

•FwXox ¶emoq (hebr. qāmeṣ ḥāṭûp̄): nome do sinal vocálico para representar o fonema “o” breve. qÂrFwH (hebr. šûreq): nome do sinal vocálico para representar o fonema “u” longo.

8. Neologismo Semântico

Outro tipo de neologismo constatado na terminologia massorética desenvolvida em Tiberíades é o semântico. Tal recurso da neologia constitui a parte central dessa pesquisa, analisada de maneira pormenorizada no seguinte capítulo: “Neologismo Semântico na Massorá Tiberiense”, item 2. Análise.

9. Metalinguagem

As notas massoréticas de tradição tiberiense, calcadas no aramaico e no hebraico, exercem uma função de metalinguagem, pois observam e comentam outro texto escrito, em sua maior parte em hebraico, isto é, o texto da Bíblia Hebraica. Enquanto a massorá exerce a função de metalinguagem, o texto bíblico hebraico passa a ser a linguagem-objeto, analisada pelos corpora de anotações massoréticas (masora parva, masora magna, somatório massorético e listagens massoréticas no final das três divisões principais da Bíblia Hebraica).16

16 Cf. Ilari e Geraldi, 2002, p. 89; Ilari, 2003, p. 101; Dubois et alii, 2001, p. 411-412; Michaelis, 1998, p. 1365

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10. Glossário

O sistema tiberiense de anotação massorética é o mais conhecido do que os sistemas anteriores, o babilônico e o palestino. Além disso, é o mais estudado de todos e tornou-se definitivo.17 Outra característica típica dos termos massoréticos é que os mesmos não são

vocalizados, ao contrário dos vocábulos e expressões do hebraico bíblico.

A quantidade de termos massoréticos varia de manuscrito para manuscrito. De acordo com o levantamento feito para este trabalho, a partir da massorá (masora parva, masora magna, somatório massorético e listagens massoréticas referentes ao Pentateuco, aos Profetas e aos Escritos) do Códice L, este documento possui 500 unidades terminológicas, aproximadamente. Tal número inclui: termos, locuções, expressões verbais, nomes próprios de massoretas, nomes de livros bíblicos, nomes de blocos da Bíblia Hebraica, nomes de códices massoréticos, nomes de letras, nomes de sinais vocálicos, nomes de acentos de cantilação, títulos divinos, numerais, sinais especiais e acrônimos. Para determinados termos ou expressões, existe uma variedade de abreviaturas distintas que, por sua vez, refletem diversas tradições massoréticas.18 Um glossário

contendo os 90 itens léxicos massoréticos de tradição tiberiense do Códice L, que são analisados neste estudo, encontra-se no Apêndice 1: Glossário das Expressões e Termos Massoréticos Analisados.

17 Cf. Tov, 2001, p. 76; Yeivin, 1980, p. 1; idem, 2003, p. wX (p. 15) e Francisco, 2005b, p. 248-249. 18 Cf. Díaz Esteban, 1975, p. XXX;Rubinstein, 1961, p. 131; idem, 1965, p. 26 e Francisco, 2005a, p. 88.

III. NEOLOGISMO SEMÂNTICO

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