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4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.1.4 Absolvição e condenação em 1º grau de jurisdição

Como elemento que circunda o tema, é pertinente observar o número de absolvições e condenações em primeiro grau de jurisdição, considerando o meio de prova

29% 27% 3% 23% 6% 2% 1% 1% 7%

1% Auto de constatação dossinais de embriaguez Etilômetro

Testemunha Testemunha policial Exame clínico (laudo médico IGP)

Relatório em pronto atendimento

Exame clínico (exame de sangue IGP)

Vídeo Confissão

utilizado, conforme segue nos itens 4.1.4.1 e 4.1.4.2. Assim sendo, mais à frente podemos ter uma melhor compreensão quando compararmos estes resultados com os obtidos após julgamento pelo Tribunal de Justiça (vide gráfico 10, p. 63).

O gráfico 4 representa o número de absolvições e condenações pelo crime de embriaguez ao volante conforme julgamento advindo de 1º grau de jurisdição.

Gráfico 4. Absolvição e condenação em 1º grau de jurisdição.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Pelo gráfico 4 constata-se que em 1º grau de jurisdição, 91 vezes (91%) dos processos resultaram em condenação pelo crime de embriaguez ao volante, enquanto 9 vezes (9% ) restaram em absolvições.

4.1.4.1 Meios de prova nas absolvições de 1º grau

Considerando os julgados com sentença absolutória em 1º grau de jurisdição (9 julgados), passaremos a uma breve abordagem qualitativa referente aos motivos expressados pelo magistrado a quo nas absolvições, após, o gráfico 5 demonstrará os meios de prova utilizado.

Em 1º grau de jurisdição, 3 (33%) processos (0000071-51.2014.8.24.0039; 0000632-41.2015.8.24.0039; 0002299-95.2015.8.24.0125) em que se utilizou-se o auto de constatação dos sinais de embriaguez como meio de prova restaram absolvidos. Segundo o magistrado a quo, no processo nº 0000071-51.2014.8.24.0039:

(...) as provas documentais e testemunhais produzidas em juízo, percebe-se que não há a certeza da existência de sinais de embriaguez apta a alterar a capacidade psicomotora do acusado no momento do acidente. (...) Ademais, os relatos de vestes

9%

91%

Absolvição Condenação

desalinhadas e olhos vermelhos não podem ensejar a responsabilidade automática do condutor do veículo, visto que tais caracteres são dotados de generalidades, acarretando a aplicação do princípio in dubio pro reo. (LAGES/SC, 2016)

No caso acima, o magistrado considerou a falta de clareza no ACSE, bem como que alguns sinais são dotados de generalidades, não possibilitando certeza quanto ao ilícito de embriaguez.

No processo nº 0000632-41.2015.8.24.0039:

(...) verifico que os indícios obtidos durante a fase policial não foram confirmados sob o crivo do contraditório, pois apenas um dos policiais militares recordou-se dos fatos em comento, contudo, divergiu de suas declarações na fase pré processual. (...) o tipo penal exige que a conduta do agente coloque em risco a segurança da coletividade. Julgo IMPROCEDENTE a denúncia. (LAGES/SC, 2017)

No processo nº 0002299-95.2015.8.24.0125:

(...) percebe-se certa dúvida quanto às circunstâncias em que foi lavrado o Auto de Constatação de Sinais de Embriaguez (...) foi confeccionado no local, antes de encaminhar o réu à Delegacia, demonstrando a inconsistência da linha temporal traçada pelas testemunhas. JULGO IMPROCEDENTE a Denúncia oferecida para o fim de ABSOLVER o réu. (ITAPEMA/SC, 2018)

Em 2 (22%) casos, o meio de prova utilizado foi o Etilometro, processo nº 0007842-89.2014.8.24.0036 e 0010841-40.2013.8.24.0039, sendo absolvidos pelos seguinte motivos.

No processo nº 0007842-89.2014.8.24.0036:

O teste de alcoolemia, por sua vez, também indicou que a capacidade psicomotora do acusado estava prejudicada, pois possuía concentração de álcool por litro de sangue superior a seis decigramas. Contudo, ainda que caracterizada a embriaguez, não há provas nos autos de que o acusado, estando nessa condição, tenha dirigido o veículo automotor. Absolvo com fulcro no art. 386, VII, do Código de Processo Penal. (JARAGUÁ DO SUL/ SC, 2017)

No processo nº 0010841-40.2013.8.24.0039:

A autoria, por sua vez, não restou quantum satis demonstrada, posto que o plexo probatório conquistado durante a marcha processual revela a míngua de elementos que pudesse identificar com plena certeza a prática do delito em comento. (...) é preciso haver prova judicializada apontando o acusado como autor do fato ou, pelo menos, corroborando os elementos probatórios colhidos na fase investigatória, sob pena de ser impositiva a absolvição do réu, por insuficiência de provas. (LAGES/SC 2017)

Em 2 (22%) casos, o meio de prova utilizado foi o ACSE cumulado com o testemunho policial , processo nº 0003819-91.2014.8.24.0039 e 0009222-88.2016.8.24.0033, sendo absolvidos pelos seguinte motivos.

Não obstante demonstrada a materialidade e a autoria do delito em apreço, há que se reconhecer, in casu, a absorção do crime de embriaguez ao volante (CTB- art. 306 – classificado como crime de perigo) pelo delito de lesão corporal culposa (CTB- art. 303, parágrafo único – classificado como crime de dano), pelo qual o réu também foi denunciado, sendo aplicável ao presente caso o princípio da Consunção. (...) absolvido, com base no artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal. (LAGES/SC, 2017).

No processo nº 0009222-88.2016.8.24.0033:

Vistos, etc. Ante o exposto oralmente e tudo mais que dos autos consta, JULGO IMPROCEDENTE a peça vestibular e, em consequência, ABSOLVO o réu (...), já qualificado, pela prática do crime previsto no art. 306 da Lei n. 9.503/97, o que faço com fulcro no art. 386, VII, do CPP. (ITAJAÍ/SC 2018)

Em 1 vez (11%), foi o auto de constatação dos sinais de embriaguez em cumulação com o relatório de pronto atendimento no processo nº 0004164- 83.2015.8.24.0019:

(...) é imprescindível a constatação da alteração da capacidade psicomotora do agente por meio de exame próprio ou sinais que indiquem a alteração. No caso em apreço, não há prova suficiente da embriaguez. (...) não constam no exame clínico quais sinais apresentava o denunciado, apenas menção genérica. Além disso, não atestou alteração da capacidade psicomotora o auto de constatação de sinais de alteração da capacidade psicomotora elaborado pela polícia. Ante o exposto,

ABSOLVO o acusado nos termos do art. 386, VII, do CPP. (CONCÓRDIA/SC,

2017)

Também se pode verificar que em 1 vez (11%) foi utilizado o ACSE + Exame clínico IGP, no processo nº 0043217-30.2013.8.24.0023:

(...) analisando as provas colhidas, certo é que existem versões contrapostas para os fatos, a da acusada, confortada pelo exame clínico, no sentido de que ela não se encontrava com a capacidade psicomotora alterada, e a dos agentes apontando a embriaguez. (...) a duvida acerca da ocorrência do delito e que deve ser solvida em benefício da acusada, na esteira do princípio do in dubio pro reo. (FLORIANÓPOLIS/SC 2017)

Gráfico 5. Meio de prova na sentença absolutória de 1º grau.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019. 22% 33% 22% 11% 11% Etilômetro ACSE ACSE + Testemunha policial ACSE + Relatório de pronto atendimento ACSE + Exame clínico IGP

Como exposto no gráfico 5, de 9 (9%) dos processos de primeira instância que ensejaram recurso, restaram com sentença absolutória.

4.1.4.2 Meio de prova nas condenações de 1º grau

Considerando os julgados com sentença condenatória em 1º grau, o gráfico 6 mostra os meios de prova utilizado.

Gráfico 6. Meio de prova na sentença condenatória de 1º grau.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

O gráfico 6 mostra os meios de prova utilizados em sentenças condenatórias de 1º grau (91 processos), é possível observar que o meio de prova aparece tanto de maneira

24% 16% 18% 12% 2% 7% 5% Etilômetro

Etilômetro + testemunha policial Etilômetro + testemunha

Etilômetro + testemunha policial + confissão Etilômetro + testemunha + confissão Etilômetro + ACSE + testemunha policial ACSE

ACSE + testemunha policial ACSE + testemunha ACSE + confissão

ACSE + confissão + testemunha policial

ACSE + testemunha policial + relatório em pronto atendimento + confissão + depoimento da vítima ACSE + testemunha policial + relatório em pronto atendimento + confissão

Exame clínico

Exame clínico + testemunha policial Exame clínico + ACSE + tetemunha policial

Exame clínico + ACSE + tetemunha policial + confissão Exame clínico + ACSE + testemunha

Exame clínico + ACSE

Exame clínico + ACSE + relatório em pronto atendimento

cumulada com outro, quanto de maneira isolada nas seguintes combinações e proporções: etilômetro 22 vezes (24%); etilômetro + testemunho policial 15 vezes ( 16%); ACSE 16 vezes (18%); ACSE + testemunha policial 11 vezes ( 12%); ACSE + confissão 2 vezes (2%); ACSE + confissão + testemunha policial 6 vezes ( 7%); exame clínico 5 vezes (5%); exame clínico com amostra de sangue 1 vez ( 1%) . As demais constatações aparecem conforme legenda, na proporção de 1 vez (1%).

É possível visualizar que o testemunho policial, bem como o auto de constatação dos sinais de embriaguez (ACSE), são os meios de prova quantitativamente mais utilizados e que mais gera dúvida nas condenações, de maneira isolada ou cumulada com outro meio de prova, bem como corrobora para esta informação o gráfico 5 (p. 58). Sendo assim, algumas considerações devem ser feitas sobre tais meios de prova em relação às condenações, e assim será mais adiante, quando trabalhamos os meios de prova utilizados nas condenações em 2 º instância (vide gráfico 12, p. 66). Visto que a mesma informação poderá ser utilizada sob o mesmo enfoque, evita-se aqui que mais adiante a abordagem se torne enfadonha.

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