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Absorção radicular de nutrientes

No documento Cafeicultura Sustentável (páginas 56-65)

10. NUTRIÇÃO DO CAFEEIRO

10.3. Absorção radicular de nutrientes

Os efeitos que interferem na absorção radicular de nutrientes podem ser classificados como externos e internos à planta. Dentre os externos cita-se influência de outros íons na absorção de um determinado elemento que pode se dar por antagonismo, inibição ou sinergismo, como apresenta no Tabela 10.

TABELA 10: Exemplos de efeitos interiônicos.

Íon Segundo íon presente Efeito

Cu+2 Ca+2 Antagonismo

Mg+2 K+ Inibição competitiva

K+ Ca+2(Alta concentração) Inibição competitiva

SO4-2 SeO4-2 Inibição competitiva

MoO4-2 SO4-2 Inibição competitiva

Zn+2 Mg+2 Inibição competitiva

Zn+2 Cu+2 Inibição competitiva

Fe+2 Mn+2 Inibição competitiva

Zn+2 H2PO4- Inibição competitiva

H2PO4- Mg+2 Sinergismo

K+ Ca+(Baixa concentração) Sinergismo

MoO4-2 H2PO4- Sinergismo

Fonte: Adaptado de Malavolta (1980).

O antagonismo ocorre quando a presença de um elemento no meio diminui a absorção de outro, de modo que a toxidez do segundo não se manifesta na planta.

Inibição é a diminuição na quantidade de um elemento absorvido devido à presença de outro. É chamada competitiva quando os dois elementos envolvidos se combinam com o mesmo sítio ativo do carregador. É chamada de não competitiva quando a ligação se faz com sítios diferentes. No caso da competitiva, a inibição é anulada pelo aumento da concentração do primeiro; já no caso da não competitiva, a inibição não é anulada ao se aumentar a concentração do elemento que está sendo inibido.

O sinergismo ocorre quando a presença de um dado elemento aumenta a absorção do íon em questão.

Essas relações entre íons, ou seja, esses efeitos interiônicos devem ser conhecidos para que, ao planejar ou executar uma adubação, não se cause um desequilíbrio que possa induzir a deficiência de alguns nutrientes por antagonismo ou inibição.

10.4. Análise de solo

A análise do solo é, sem dúvida, uma excelente ferramenta para que se chegue a uma recomendação racional de calagem e adubação de uma lavoura cafeeira. Porém, se mal utilizada, por meio de amostragens malfeitas ou interpretações incorretas, pode levar o técnico a cometer erros que comprometerão a produtividade, o estado geral da lavoura e, consequentemente, trará prejuízos financeiros.

Equilíbrio é uma palavra-chave, em se tratando de correção do solo, nutrição e adubação do cafeeiro, pois, tanto a falta quanto o excesso de corretivos e fertilizantes comprometem a produtividade e produção.

Algumas funções da amostragem de solos para análise: auxilia o técnico na avaliação do nível de fertilidade do solo; evita o emprego desnecessário e/ou antieconômico de corretivos e fertilizantes; auxilia numa melhor caracterização do solo, para uma melhor relação desse com a planta; possibilita ao técnico uma recomendação mais segura, equilibrada, racional e econômica de corretivos e fertilizantes.

O primeiro passo para uma amostragem correta do solo é a divisão da área a ser trabalhada em talhões de, no máximo, 6 hectares, que sejam uniformes quanto ao relevo, cor do solo, textura, histórico da área (adubações e resultados de análises de solo anteriores), drenagem, posição na encosta, cobertura vegetal (no caso de implantação de lavouras) ou idade, cultivar, produções anteriores, manejo adotado e uniformização da lavoura de café (no caso de lavouras já implantadas). Caso a lavoura seja relativamente grande e uniforme, recomenda-se dividi-la em áreas de amostragem de, no máximo, 6 hectares (GUIMARÃES, MENDES e SOUZA, 2002d).

A amostragem correta do solo consiste na retirada de uma amostra composta de cada talhão ou gleba homogênea; essa é feita pela mistura de 15 a 20 amostras simples retiradas por todo o talhão, em pontos aleatórios que representem toda a área. A amostra simples pode ser retirada com um simples enxadão, capinando-se levemente o local, para, em seguida, ser aberta uma fenda que pode ter a profundidade de 20cm ou mais, dependendo da finalidade da análise. Podem também ser usados outros equipamentos, como a pá reta e os trados. Quando for o caso, as amostras de 0 a 20cm e de 20 a 40 cm devem ser coletadas na mesma perfuração. Para a amostra de 20 a 40 cm basta a solicitação ao laboratório para análise de Ca, Al, pH e m% (saturação de alumínio), tornando o processo mais barato, sem comprometer a qualidade da interpretação. (GUIMARÃES, MENDES e SOUZA, 2002d)

Quanto ao local de retirada da amostra, deve estar na "faixa de adubação", no caso de lavouras já implantadas, ou aleatoriamente em todo o terreno no caso de implantação, desde que sejam evitados locais como grandes formigueiros, montes de calcário ou esterco e proximidade de trilhas ou estradas e debaixo de árvores. Também deve ser observado o período mínimo de 60 dias após a última adubação de solo ou que se faça a amostragem após o espalhamento das “leiras” produzidas pela “arruação” feira antes da colheita.(GUIMARÃES, MENDES e SOUZA, 2002d)

Após retiradas, as amostras devem ser identificadas e enviadas ao laboratório.

10.5. Algumas considerações sobre fertilidade e interpretação de análises de solos (LOPES et al 19__)

10.5.1. Leis da fertilidade

Entre outros fatores, o crescimento e o desenvolvimento normais das plantas dependem da quantidade e da proporção em que os nutrientes essenciais são fornecidos. Para maior compreensão dos efeitos de adubações desequilibradas citar-se-ão algumas leis da fertilidade.

10.5.2. Lei do mínimo ou de Liebig: O nível da produção agrícola não pode ser maior que o possibilitado pelo mais limitativo dos fatores essenciais ao crescimento vegetal. Ou seja, uma adubação com N e K não traria aumento algum na colheita se o nutriente limitante fosse o P. Somente após a aplicação de P haveria a possibilidade de resposta ao N e K.

10.5.3. Lei dos rendimentos não proporcionais ou de Mitscherlich: Quando se aplicam ao solo doses crescentes de um nutriente, os acréscimos de rendimentos obtidos são cada vez mais fracos, à medida que as quantidades aplicadas se elevam.

10.5.4. Lei da restituição: É indispensável, para manter a fertilidade do solo, fazer a restituição não só dos elementos assimiláveis levados pelas colheitas, mas também dos elementos assimiláveis desaparecidos após as aplicações de adubos. O termo "desaparecidos" refere-se a elementos que entraram em mínimo, em função de um desequilíbrio de adubação.

10.5.5. Lei do máximo: O excesso de um elemento assimilável no solo reduz a eficiência de outros elementos e, por consequência, a produção.

O equilíbrio ideal é, teoricamente, aquele que permite aumentar os rendimentos sem prejudicar a qualidade biológica do produto e produzir resultados econômicos.

10.6. Calagem (GUIMARÃES et al., 1999)

A acidez elevada e altos teores de alumínio ou manganês são fatores que influenciam negativamente na produtividade dos cafezais. A calagem é uma prática imprescindível ao cultivo racional, favorecendo o desenvolvimento e a produção por meio dos seguintes benefícios: neutralização do alumínio (Al+3); insolubilização do manganês; fornecimento de cálcio e magnésio;

maior eficiência das adubações químicas, pela elevação do pH; elevação da capacidade de troca de cátions (CTC).

Na Tabela 11 é apresentada a estimativa da variação percentual de assimilação dos principais nutrientes pelas plantas em função do pH do solo.

Tabela 11 : Estimativa de variação percentual de assimilação dos principais nutrientes pelas plantas em função do pH do solo.

Nutrientes PH 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 Nitrogênio (%) 20 50 75 100 100 100 Fósforo (%) 30 32 40 50 100 100 Potássio (%) 30 35 70 90 100 100 Enxofre (%) 40 80 100 100 100 100 Cálcio (%) 20 40 50 50 83 100 Magnésio (%) 20 40 60 50 80 100 Média (%) 26,7 46,2 64,2 73,3 93,8 100

Adaptado de Alcarde, 1983, citado por Lopes (1984).

10.6.1. Causas da acidificação dos solos: Lixiviação de bases ao longo dos anos (Ca, Mg e, em menor grau, o potássio), que são substituídas por íons de H+ e Al+3; processo de absorção radicular (troca de cátions como K+, Ca+2 e Mg+2 por íons de H+); os adubos nitrogenados não

nítricos (sulfato de amônio, nitrato de amônio e uréia) geram H+ ao serem nitrificados no solo; o

cloreto de potássio (KCl) aumenta no solo o teor de dois componentes da acidez (alumínio (Al) e o manganês (Mn).

10.6.2. Método de recomendação de calagem pela elevação da saturação de bases (GUIMARÃES et al.,1999)

Esse método tem a vantagem de ajustar a diferentes culturas e suas exigências. Porém, por considerar também a neutralização do hidrogênio ligado a radicais orgânicos (não prejudicial ao desenvolvimento da planta), pode superestimar a necessidade de calcário.

É calculado pela seguinte fórmula: N.C.= (V2 - V1) X T / 100, em que: V2 = saturação em bases desejada V1 = saturação em bases atual T = CTC do solo a pH 7,0

Ainda há que se considerar a correção para profundidade de incorporação do calcário e para o PRNT.

10.6.3. Calagem complementar na cova/sulco de plantio: deve-se também complementar a calagem com a adição de calcário na cova ou sulco de plantio, aplicando-se a seguinte fórmula para a recomendação (GUIMARÃES et al.,1999):

2 cov . . / cov / 3 dm em sulco ou a da vol V ha t NC a g QC  em que:

QC = quantidade de calcário a aplicar em g/cova ou metro de sulco. NC = recomendação feita mediante análise de solo por hectare. V = volume da cova ou sulco em dm3.

10.6.4. Observações importantes sobre a calagem:

- manter no solo a relação 9: 3: 1 entre cálcio, magnésio e potássio. Em casos de desequilíbrio, poderão ser usados o calcário calcítico, óxidos de magnésio ou sulfato de magnésio para as devidas correções.

- Fazer amostragens de 0 a 20 cm de profundidade e de 4 em 4 anos, também de 20 a 40 cm na faixa de adubação, para se verificar a necessidade da gessagem e, ainda, de 0 a 20 cm nas entrelinhas.

- No caso de lavouras velhas com suspeita de super calagem na camada superficial, devido à impossibilidade de incorporação ao longo do tempo, é recomendada uma amostragem também a ± 7cm de profundidade para tal constatação.

- Para lavouras plantadas em espaçamentos largos, recomenda-se a calagem na faixa de adubação; já para a calagem em lavouras adensadas, a calagem deve ser feita em área total.

10.7. Gessagem (GUIMARÃES et al., 1999)

No caso de cafezais já implantados, a calagem geralmente não atua em profundidade, pois é inviável a incorporação. No caso do gesso, o íon acompanhante do cálcio (Ca+2) é o SO

4-2 que,

ao contrário do CO3-2, não se perde por volatilização e é capaz de descer no perfil do solo

acompanhado pelo cálcio. Assim, a saturação do cálcio em profundidade é aumentada e o alumínio tóxico "neutralizado".

Cuidados devem ser tomados, porém, com doses pesadas de gesso que podem promover lixiviação de potássio e magnésio. Porém, quando o gesso é aplicado com critério, nas doses recomendadas para cada solo, não é observada movimentação de potássio e magnésio no perfil do solo em níveis que possam trazer problemas de perdas desses nutrientes.

O gesso agrícola (CaSO4. 2H2O - sulfato de cálcio) é um subproduto da indústria de

fertilizantes fosfatados, que ocorre também de forma similar em jazidas. Quando aplicado ao solo, após dissolução, tem grande mobilidade na camada arável, fixando-se abaixo desta e favorecendo o aprofundamento das raízes. Assim, permite que as plantas superem veranicos e usem com mais eficiência os nutrientes aplicados ao solo, desde o de maior mobilidade (nitrogênio, que é muito lixiviado e, portanto, pouco aproveitado pelas raízes superficiais), até o de menor mobilidade (o fósforo).

É importante lembrar que a gessagem não é substituta da calagem, pois não altera pH. Enquanto a calagem corrige a acidez da superfície, a gessagem satura o solo em cálcio e

"neutraliza" o excesso de alumínio. Gesso também é eficiente fonte de cálcio e enxofre como nutrientes.

Para a recomendação de gesso deve-se retirar amostras de solo nas profundidades de 20 a 40cm, ou 40 a 60cm, encaminhando as amostras para análise química e solicitando também a análise do teor de argila. De posse dos resultados, se a saturação de alumínio for maior que 30%, ou o teor de cálcio for menor que 0,4 cmolc/dm3, ou ainda o Al+3 superior a 0,5 cmolc/dm3, há

probabilidade de resposta ao gesso e este deve ser aplicado ao solo (GUIMARÃES et al. , 1999). Para determinação da quantidade de gesso a aplicar, deve-se levar em consideração o teor de argila encontrado pela análise do solo, ou o valor do “fósforo remanescente-Prem” do resultado das análises de solo. Sugestões de cálculo da quantidade de gesso a ser utilizada por hectare são apresentadas pela Comissão de fertilidade dos solos de Minas Gerais (GUIMARÃES et al., 1999).

10.8. Adubação do cafeeiro (GUIMARÃES et al, 1999)

A nutrição do cafeeiro pode ser realizada de diferentes formas, como adubação verde, orgânica e adubação química foliar e de solo, porém, esta última é indispensável.

10.8.1 Adubação verde

Quando se deseja melhorar as condições físicas, químicas e biológicas de solos de baixa fertilidade, a adubação verde é uma das práticas mais recomendadas. Ela pode ser feita de duas formas: aproveitando-se de plantas daninhas com o uso de roçadoras ou herbicidas, ou plantando- se material fornecedor de massa verde para ser incorporado por ocasião do florescimento.

Alguns cuidados devem ser tomados no plantio de culturas para adubação verde, devido aos riscos de competição com o cafeeiro por água, luz e nutrientes, como, por exemplo: número correto de plantas por área; adubação também da leguminosa; corte das plantas na época correta, observando os períodos de veranico (caso ocorra veranico, cortar antes mesmo do florescimento). As leguminosas mais utilizadas para a adubação verde são: mucuna anã (Stilizobium sp.) e labe-labe (Dolichos lablab). Para áreas com problemas de nematóides, a Crotalaria spectabilis é uma espécie de planta armadilha para esse parasita.

10.8.2. Adubação orgânica

A adubação química bem equilibrada dispensa a adubação orgânica, mas esta é importante, especialmente para solos depauperados, com teor de matéria orgânica inferior a 2%. Para sua utilização, deve-se analisar, comparativamente, a adubação química, a disponibilidade, a fonte e o custo por nutriente fornecido.

A fim de se diminuir os custos da adubação orgânica, deve-se procurar produzir e/ou aproveitar material orgânico da própria fazenda, como esterco bovino (bovinocultura de leite ou confinamentos), compostos orgânicos de palhadas e palha de café.

Na Tabela 12 nota-se a composição média de nutrientes de algumas fontes de matéria orgânica e recomendações de utilização no plantio e condução do cafeeiro.

Tabela 12: Composição média de nutrientes de algumas fontes de matéria orgânica e recomendações de utilização no plantio e condução do cafeeiro.

Fonte Teores aproximados% Recomendações

N P2O5 K2O Kg/cova L/cova

Esterco de galinha (gaiola) 2,0 2,0 1,0 1-2 4-10

Esterco de galinha (cama) 1,5 1,0 0,7 2-3 4-10

Esterco de curral curtido 0,6 0,3 0,6 3-5 10-25

Torta mamona ou algodão 5,0 2,0 1,0 0,5-0,8 1-2,5

Palha de café 1,7 0,1 3,2 2-3 2-5

Esterco de suíno 0,5 0,3 0,4 3-5 -

Esterco de eqüino 0,7 0,3 0,8 3-5 -

Fonte: Adaptado de Matiello (1991) e Malavolta (1993).

10.8.3. Adubação química foliar

Para uma adubação foliar (e de solo) eficiente é preciso que se conheça o estado nutricional da planta, principalmente em relação aos micronutrientes, por meio da análise foliar. Para que a análise foliar possa ser uma ferramenta útil na recomendação das adubações químicas de solo ou foliar, é preciso observar o seguinte:

Amostragem de folhas para análise (Guimarães et al.,1999): a) a época ideal é quando os frutos estiverem em pleno desenvolvimento (estádios entre chumbinho e chumbão), começando cerca de 30 dias após a primeira adubação (entre novembro e janeiro); b) Nunca se deve coletar amostras antes de 30 dias após adubações foliares; c) Amostrar os quatro lados das plantas, coletando o terceiro ou quarto par de folhas, a partir do ápice dos ramos plagiotrópicos, situados no terço médio das plantas, caminhando em ziguezague por todo o talhão; d) Amostrar cerca de 25 plantas em cada talhão (um par de folhas de cada lado do “renque”), que não deve ultrapassar 10 ha e enviar a amostra ao laboratório no mesmo dia. Caso não seja possível o envio para o laboratório no mesmo dia, as plantas devem ser acondicionadas em recipientes em baixa temperatura (caixas de isopor com gelo), no prazo máximo de 72 horas; e) todas as amostras devem ser colocadas em sacos de papel bem limpos. Essas amostras devem ser identificadas com etiquetas, inclusive dentro do saquinho.

Dessa forma, a análise foliar poderá servir como monitoramento do estado nutricional da planta. Ela fornecerá os teores foliares dos nutrientes, em época que ainda permita ajustes na adubação inicialmente planejada, caso algum nutriente se encontre fora dos teores considerados adequados ao cafeeiro.

Dependendo dos resultados da análise das folhas, deve-se promover alguns ajustes na adubação de solo inicialmente planejada. Essa é a forma de se ajustar as adubações para condições específicas, tendo em vista que os métodos de recomendação são aproximações. Para tanto, Malavolta e Moreira (1997) citados por Guimarães e Reis (2010) sugerem ajustes na adubação de solo conforme o Tabela 13.

TABELA 13: Sugestão de ajuste na adubação de solo no terceiro e quarto parcelamentos em função dos teores foliares encontrados.

ELEMENTO TEOR FOLIAR AJUSTE

N < 2,5 % 2,5 – 3,5 % > 3,5 % + 50 % MANTER CANCELAR P <0,14 0,14 – 0,20 >0,20 + 50 % MANTER CANCELAR K < 1,75 % 1,75 – 2,5 % > 2,5 % + 50 % MANTER CANCELAR Mg <0,31 0,31 – 0,40 >0,40 + 50 % MANTER CANCELAR S <0,15 0,15 – 0,25 >0,25 + 50 % MANTER CANCELAR Fonte: Malavolta e Moreira (1997) citados por Guimarães e Reis (2010).

10.8.4. Adubações químicas de solo

As adubações químicas com nitrogênio e potássio devem ser parceladas em, pelo menos, três a quatro aplicações, durante o período chuvoso (outubro a março). Para os demais nutrientes, uma única aplicação via solo é suficiente. Assim, o cálcio e o magnésio devem ser aplicados via calagem, logo após a colheita e antes da esparramação do cisco. O fósforo deve ser aplicado no início do período chuvoso ou junto a primeira aplicação de nitrogênio e potássio. Também o boro e o zinco devem ser aplicados no início do período chuvoso, preferencialmente em solos leves.

O calcário deve ser esparramado pelo menos 60 a 90 dias antes das adubações de solo, seja no plantio ou nas adubações de cobertura.

A aplicação dos fertilizantes em cobertura (seja manual ou mecânica) deve ser dirigida para a projeção da copa, por meio da qual esses são esparramados para facilitar a absorção pelo sistema radicular.

No plantio, os fertilizantes devem ser misturados à terra de enchimento das covas ou sulcos.

10.8.4.1. Recomendação de adubações pelo método da adubação modular (Malavolta, 1993)

Nesse método um módulo é a quantidade de nutrientes necessários para a vegetação e produção de dez sacas beneficiadas por hectare. As doses são calculadas em kg/ha levando-se em conta a análise do solo e a carga pendente e os adubos são parcelados de duas a quatro vezes, sendo que os dois primeiros parcelamentos são fixos e os demais variáveis em função da análise de folhas e da reavaliação da carga pendente.

É recomendado um mínimo de um módulo para produção menor ou igual a dez sacas beneficiadas/ha e depois de recepa ou decote até 1,2m, e no máximo de oito módulos para produções iguais ou maiores que 80 sacas/ha.

A 3a e 4a aplicações são variáveis e podem ser anuladas ou alteradas para mais ou para

menos, de acordo com a nova previsão de colheita, vegetação e análise de folhas. Para N menor que 2,3% na folha, empregar 1,5 da dose; entre 2,3% e 3,0%, aplicar dose normal e, acima de 3,0%, cancelar o N. Para o K menor que 1,5%, aplicar 1,5 da dose; de 1,5% a 2,2%, dose normal e mais que 2,2%, não aplicar K.

Um mês depois do segundo parcelamento, feita a reavaliação da safra, são colhidas e analisadas amostras de folhas. Em função desses dados corrige-se ou não a terceira e, eventualmente, a quarta adubação.

10.8.4.2. Método de recomendação da adubação pela “5a aproximação da Comissão de

Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais

Esse método leva em conta os níveis de nutrientes no solo (no caso do fósforo, também é recomendado pelo método do fósforo remanescente), carga pendente e textura do solo Comissão de fertilidade dos solos de Minas Gerais (GUIMARÃES et al., 1999).

Outros métodos de recomendação são encontrados na literatura, recomendados por instituições de alguns estados brasileiros e cooperativas de cafeicultores.

No documento Cafeicultura Sustentável (páginas 56-65)

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