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A acção exercida pelo homem, pelas suas actividades, tem contribuído para a poluição das águas, e noutros casos para o desaparecimento da água em

determinadas zonas que, desta forma, se tornaram áridas, provocando a

desertificação. A desertificação é um processo natural na evolução de um

ecossistema terrestre, que tende para o estádio de deserto associado à falta de

água ou à irregularidade nas precipitações. O desenvolvimento de certas práticas

agrícolas como desflorestação (para a agricultura ou para o aquecimento), a

excessiva exploração dos solos (monocultura),

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o sobrepastoreio (cabras,

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Como exemplo podemos apontar o excessivo plantio do eucalipto que cresce muito rapidamente esgotando a água dos subsolos.

ovelhas, vacas, etc.) e a irrigação com águas salobras (desertos salgados), etc., têm vindo a acelerar este processo de desertificação. A China sofre de desertificação a um ritmo de 10 metros por ano (fonte: EuroNews). Para combater este processo lançou uma campanha de reflorestação, pois só assim é possível travar a erosão dos solos e a desertificação. Nesta campanha, para além da população envolveu, também, as escolas.

Já J-y. Cousteau dizia "destruir a água é um suicídio", um suicídio não só para a biodiversidade mas também para toda a humanidade.

Allègre, (1993: 115-116) identifica três causas, que podem surgir separadamente ou em combinação, que contribuem para a escassez da água:

1-0 clima. Em certas regiões, o clima é responsável. Uma diminuição de pluviosidade e uma evaporação estimulada por um aumento de temperatura são suficientes para esgotar as superfícies freáticas e secar o solo. Poder-se-á dizer que o homem não é responsável por estas flutuações meteorológicas, mas em alguns casos é a sua actividade que modifica os microclimas locais.

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2-A segunda causa reside na gestão deficiente do espaço e do subsolo. A sobreexploração do solo, a desflorestação (ou a substituição de folhosas com raízes penetrantes por resinosas de raízes curtas), a destruição dos solos, o alcatroamento excessivo nos caminhos rurais48 que favorece a escorrência e

dificultando a infiltração, são todos eles factores que reduzem o abastecimento dos lençóis freáticos. Porque, por mais paradoxal que possa parecer, é necessário estarmos conscientes que inundações e falta de água possuem uma causa comum. Quando a água escorre pode inundar, quando se infiltra vai abastecer as águas subterrâneas.

Também nos meios urbanos verificamos que existem,planeamentos descuidados que respeitem o natural percurso das águas. Por outro lado também assistimos a um excesso de alcatroamento das ruas. Como consequência as derrocadas e as inundações acontecem.

3-A terceira e mais recente, consiste na poluição (dos ribeiros, dos rios, dos lagos e dos lençóis freáticos). A poluição tem vária origens, desde a química de origem industrial, agrícola e doméstica, causada pelos detergentes até à poluição

biológica por via dos resíduos urbanos e hospitalares.

A atitude predominante, que actualmente subjaz ao comportamento humano, consiste numa visão antropocêntrica ou seja, « obtenho água, utilizo-a e deito-a fora». Prosseguindo este ciclo, em breve sobrevirá a escassez. Ora esta visão antropocêntrica, quando extravasa o «backyard», porque nas questões ambientais nada é de um e tudo é de todos, é fundamentalmente derrubada pelos argumentos provenientes das correntes do multiculturalisme, quando questionam o etnocentrismo cultural em que muitos povos e classes continuam a fundamentar as suas práticas de vida. Assim, quando contrapõem a lógica do «transnacional» e da «diluição das fronteiras físicas» mais não fazem do que fortalecer a voz daqueles que gritam a condição da «comunidade de destino terrestre» (Morin,1993) e ainda engrossam a fileira dos que postulam que «o nosso endereço é a Terra» (Carta da Terra)49, numa visão próxima ou inspirada recentemente nas

correntes biocêntricas .

Uma política de gestão da água deve ser pensada. Também a distinção entre água para beber, água para nos lavarmos, água destinada à rega e indústria, a preços diferentes, pode ajudar a reverter o processo de escassez da água. Daqui se infere também a necessidade de uma política transnacional para a educação: se educar é alimentar e conduzir, parece ser adequado, pensar-se em reverter o processo de escassez informacional de uns em detrimento de outros: coloca-se aqui a questão da solidariedade cultural e ambiental entre os humanos e entre estes e os não humanos, a questão da ética da responsabilidade entre povos que vivem em comum e o problema não menos importante da responsabilidade

presente em relação às gerações futuras e às outras formas de vida que ainda não estão presentes neste aqui e agora. As gerações futuras não deixam de ser uma preocupação tendo em vista a filosofia da sustentabilidade cultural e ambiental que lhes outorga o direito à existência sem lhes cobrar o direito do dever correlato, uma vez que ainda não existem e assim sendo, não se lhes requer o dever de compartilhar esta condição de contingência. Esta torna-se pois a exigência sustentável da nova condição do humano, extensiva ao não humano e por razões óbvias, do novo estatuto da biodiversidade por que se luta: é, em última instancia, o direito e o dever de viver, sem causar maiores danos, viver de forma integrada ou sustentada.

3-Alimentação

Os parâmetros alimentares através dos quais o homem tem subsistido tem

variado ao longo da história humana, variando também de cultura para cultura. Na influência de tais parâmetros alimentares estão factores climáticos, culturais, religiosos que se foram alterando substancialmente, sobretudo nas últimas décadas.

O homem de outrora alimentava-se essencialmente de espécies naturais que retirava do seu ecossistema. Fruto do aumento da população, o homem teve necessidade de domesticar plantas e animais, para poder responder às necessidades impostas pelas necessidades emergentes. Dos alimentos biológicos mais comuns do homem rural, que vivia em simbiose com a natureza, podemos destacar as frutas, os legumes, a carne, o peixe, lacticínios, os cereais extraídos e consumidos directamente sem necessidade de produtos químicos para aumentar a produção ou conservação. Actualmente estes padrões tendem a modif icar-se e a homogeneizar-se. O desenvolvimento dos meios de comunicação permitiram às

zonas rurais introduzir na sua dieta alimentar produtos frescos fora da época de

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