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Com efeito, a consciência de condições ambientais óptimas que passam por um ambiente limpo, menos poluído e sem guerra é preocupação das crianças urbanas

susceptível de ser integrada na literacia ambiental cultural

"tem muita poluição"

"o ambiente para mim (... ) é não haver poluição "

Também a imputação de responsabilidades humanas para com o ambiente, através de leis/medidas proibitivas e castigos é proferida, por parte das crianças urbanas, cujos discursos apontam para a literacia ambiental crítica:

"Eu inventava uma lei em que quem fizesse algo contra a natureza seria preso "

"Diria a todas as pessoas para não sujarem as ruas e pouparem água senão ficavam um ano de prisão "

"Todas a fábricas deveriam ter filtros nas chaminés, haver cuidado com a água e não poluir " "eu fazia uma polémica para as pessoas e vitarem poluir a vida "

Acção pedagógica cidadã baseada na consciência dos impactos ambientais, pelas crianças urbanas que reflecte sobre a vivência nos meios urbanos cada vez mais poluídos, inscrevem-se na literacia ambiental crítica:

"Mandava por um filtro no tubo de escape dos carros para o ar não ser poluído e também para não deitarem lixo para o chão "

"Dizia ás pessoas para não poluir "

"As pessoas por lixo no caixote que seja depor lixo. E deviam plantar muitas arvores, etc. " Eu tomaria a medida de exigir ás pessoas para não poluir o meio ambiente "

"Punha tudo limpo "

Crítico inviável, nas chanças urbanas, mas que também reflecte sobre as preocupações ambientais, em especial a poluição do ar e sonora:

"Eu tomaria a medida de proibir a venda de carros e por a venda em vez de carros as bicicletas"

Como se revela a competência para a acção cívica baseada na consciência dos impactos ambientais e a necessidade de evitar esgotar o stock dos recursos da natureza que contribuem para um ambiente menos poluído preconizando-se uma sustentabilidade ambiental que induz a literacia ambiental crítica, pelas crianças rurais:

"Organizava pessoas para recolher os caixotes do lixo e punha um anúncio para não cortar árvores"

"não deixava cortar as árvores"

"Não aver polição e não cortarem as árvores" "Não estragar nada não votar coisas para o chão " "Não fazer poluição"

"Não destruir a natureza"

".. não deitar lixo para o chão e não sujar o ambiente " "não deitar lixo para o chão "

"Dizia para não fazer poluição "

Também o uso do poder repressivo e multas aos infractores ambientais, pelas crianças rurais, que pensamos inscrever-se na literacia ambiental crítica.

"Proibia de poluir o planeta e quem poluísse eu punha nas masmorras. "

"senhoras e senhores, meninos e meninas a partir de hoje ninguém pode p/u/r a terra senão, pagam de multa 100 contos"

"Eu não deixava que estragassem o planeta se não eu ponho aquele que fizer issolO anos num quarto escuro sem comer "

Apresentamos seguidamente as literacies ambientais que pudemos deduzir:

Poluição Poluição

Urbano Rurais

Literacia ambiental funcionai 43 43

Literacia ambiental cultural 6 ~5

Literacia ambiental crítica » ti

"Quadro 2 1 "

Estas crianças, independentemente do local a que pertencem, apercebem-se dos problemas ambientais que ocorrem sob o efeito da poluição, também o reflexo do poder económico e cultural. Apontam, assim, para medidas que visam minorar

Apresentam, ainda algumas soluções, com base na lei e/ou no seu poder repressivo, que objectiva minorar os efeitos desses agentes e inibi-los por forma a impossibilitar novos abusos, mais visíveis nas frases das crianças do meio urbano. Apresentam, também, soluções baseadas nas práticas quotidianas (não deitar lixo/proibir deitar lixo) que contribuem para que a poluição dos solos e da água não se agrave dificultando a emergência das diferentes formas de vida e simultaneamente, perca a beleza de um ambiente limpo. Apelam ainda para não se destruírem os agentes que contribuem para despoluir o ar e simultaneamente invocam para que se plante mais árvores denotando consciência crítica face ao contributo destas na manutenção de um ambiente mais limpo.

Se considerarmos os dois meios onde o estudo se efectuou, verificamos que os habitantes do rural são expostos a níveis de poluição relativamente fraca. O mesmo não acontece com as populações do meio urbano, que diariamente se confrontam com os problemas da poluição ambiental. Verificamos, contudo, que as preocupações e conhecimentos convergem nos dois meios. No entanto, os meninos rurais apresentam maior número de literacia crítica. Também não encontramos explicação para este facto.

Dilema da fábrica que polui e dá emprego à família (ver questionário em Anexo)

Considerando que este dilema se afasta deliberadamente e significativamente da directriz imprimida às questões que temos vindo a tratar, na medida em que este nos fornece elementos que pressupõem tomadas de decisão pró ambientais, optámos por tratá-lo em separado. Pretendemos com esta questão auscultar a sensibilidade das crianças para as questões ecosociais. A partir dele procuramos, também, auscultar a representatividade das literacias ambientais em especial a literacia ambiental crítica.

Apresentamos no quadro, as soluções encontradas, para o dilema apontado pelas crianças dois meios:

Dilema do fábrica que polui Dilema do fábrica que polui

Urbano Rurais

Filtro na fábrica 14 1

Mudar local agente poluidor 1 8

Sair fábrica 1 Fechar fábrica 2 Construir barragem 1 S / soluções i 2 Total 15 15 "Quadro 22"

Nas crianças urbanas existem preocupações baseadas na prevenção e sustentabilidade ambiental, através de medidas técnicas e científicas de médio prazo que visam solucionar os problemas ambientais, que inserimos na literacia ambiental crítica

"Tinha de pedir aos donos da fábrica para tratar os esgotos e por filtros à saída dos esgotos" "Eu dizia ao dono da fábrica para fazer o tratamento dos esgotos"

"Colocar filtros nos esgotos para que não poluísse os rios"

"Teria de pedir ao chefe para colocar um filtro na saída dos esgotos"

"Eu ia falar com os proprietários da fábrica, para que pusessem filtros na saída dos esgotos para não poluir o rio. "

"Pedia ao dono da fábrica que pusesse nos tubos por onde sai a água um filtro para a água ir limpa: "

Punha um filtro nos esgotos da fábrica"

Pedia ao proprietário da fábrica para meter uns filtros quando a poluição saisse "

Tinha que pedir aos donos das fábricas para porem filtros à beira dos esgotos" "Pediria para porem filtros nos esgotos á beira da fábrica para não poluir o rio "

"Dizia aos homens da fábrica para tratarem os esgotos"

"Eu tomaria a resolução de pedir ao gerente da fábrica para fazer um tratamento pondo filtros

nos esgotos."

Uma acção que leva a uma mudança de local dos agentes poluidores onde os impactos não se façam sentir com tanta gravidade, pelas crianças urbanos, que inserimos na literacia funcional

"Eu ia à fábrica e dizia para porem a fábrica noutro lado "

Prevenção, através de medidas técnicas que objectiva minorar, a médio prazo, os efeitos dos agentes poluidores, pelos meninos rurais, que inserimos na literacia ambiental crítica

"Eu para resolver este problema tinha de avisar a fábrica para mudar o cano de gordura"

Mudança de local do problema para locais onde os seus impactos não se tornem tão maléficos para a biodiversidade e que são apenas pequenos e ténues resíduos da literacia ambiental crítica. Trata-se neste caso de uma prevenção a curto prazo, que tende a proteger a água e biodiversidade que nela existe, e que pensamos assinalar a literacia ambiental funcional r\as crianças rurais.

"Pedia para todas as pessoa me ajudassem a pedir ao presidente para tirar a fábrica daquele local"

"encontraria esta solução encontraria uma fabrica que não fosse perto de um rio " "Construir outra fábrica"

"Podemos por a fábrica noutro sítiu longe do rio " "Pomos a fabrica de queijo longe do rio "

"Mandava destruir a fabrica e depola noutro sitio " "Não faria fabricas ao pé dos rios "

"Eu fazia assim afastava a fabrica do rio assim nem matava os peixes nem as pessoas ficavam sem emprego "

Os factos são considerados isoladamente não se verificando as verdadeiras

dimensões do problema. Segundo Kohlberg este tipo de raciocínio é característico das crianças até aos 12 anos de idade e que caracteriza de nível pré- convencional, estádio 2: orientação ingenuamente hedónica e instrumental122

122 .

in CAMPOS, Bártolo Paiva (s/d) Psicologia do Desenvolvimento e Educação de Jovens. Lisboa: universidade Aberta. Vol.)II

Também é visível uma posição antropocêntrica nas crianças rurais, que aponta para uma literacia ambiental funcional, que demarca a posição que o homem tem vindo a desenvolver e que tem contribuído para o agravamento dos problemas ambientais e sociais:

"Mandava o meu pai sair daquela fábrica e depois fexavaia" "poderia fechar porque eu não gosto de queijo"

Dificuldade em dar uma solução a este dilema nas chanças rurais, mantendo-se o problema tal qual ele se apresentou, e que nos sugere a literacia ambiental funcional:

"Não fechara fábrica"(2respostas)

Apresentamos em seguida as literacias subjacentes à resolução do dilema

Dilema da fábrica que polui Dilema da fábrica que polui

Urbano Rurais

Literacia ambiental funcional 1 14

Literacia ambiental cultural

Literacia ambiental crítica 14 1

"Quadro 23"

A partir do exposto é possível concluir que as crianças do meio urbano anunciam soluções sustentáveis, de médio prazo, através de medidas técnicas, que visam minorar os efeitos da poluição emitida pela fábrica não colocando em hsco os postos de trabalho. Existe nelas uma consciência crítica face a este problema que, pensamos nós, se insere no seu quotidiano - vivenciado ou manifesto a partir de casos apresentados pelos meios de comunicação.

Verificamos que as crianças do meio rural têm mais dificuldade em dar solução a este problema. A ausência de convivência com este tipo de problema poderá ser uma das causas desta dificuldade.

Também a escola e a comunidade educativa têm aqui um papel primordial:

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