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Acessibilidade nos caminhos preferenciais e vias de circulação e acesso aos

Foto 35 Abrigo localizado no pátio do Campus Anglo/UFPEL

4.3 ANÁLISE DA SATISFAÇÃO ESTRUTURAL DO ESTUDANTE COM

4.3.1. Acessibilidade nos caminhos preferenciais e vias de circulação e acesso aos

Em relação à acessibilidade nos caminhos preferenciais de acesso aos prédios do Campus Anglo e seus ambientes internos, dentre os entrevistados, três deles avaliaram como plenamente acessível (nota 7) o referido caminho por não encontrar dificuldades e nem obstáculos. Dos demais, três atribuíram uma avaliação tendendo a satisfação (notas 5 a 6) e quatro demonstraram propensão à insatisfação, atribuindo nota 4 no quesito. Para esses alunos, os maiores obstáculos são a ausência de sinalização horizontal de piso (pisos direcionais e de alerta) e desníveis de solo (buracos, pedras soltas ou mal assentadas no calçamento, etc.).

As sinalizações adequadas, segundo a NBR 9050, são as visual, tátil e sonora: “visual: é realizada através de textos e figuras; tátil: é realizada através de caracteres em relevo, Braille ou figuras em relevo e sonora: é realizada através de recursos auditivos.” (ABNT, 2004, p. 16).

Quanto aos tipos de sinalização, duas são extremamente importantes para a acessibilidade na universidade: a permanente e a direcional:

Permanente: Sinalização utilizada nas áreas e espaços cuja função já

esteja definida, identificando os diferentes espaços ou elementos de um ambiente ou de uma edificação. No mobiliário, deve ser utilizada para identificar os comandos.

Direcional: Sinalização utilizada para indicar a direção de um percurso ou a

distribuição espacial dos diferentes elementos de um edifício. Na forma visual, associa setas indicativas de direção, (...) a textos, figuras ou símbolos, (...). Na forma tátil, utiliza recursos como linha-guia ou piso tátil (...) (ABNT, 2004, p. 17).

São esses dois tipos de sinalização que faltam nas universidades, identificando os espaços e indicando possíveis percursos.

Por meio de uma placa com forma e cor características ou de um sinal luminoso, pode-se chamar a atenção, de uma forma rápida, para objetos e situações que podem provocar perigo ou indicar rotas e lugares.

A comunicação em sinalização engloba tudo o que influencia a informação, orientação e tomada de decisão por parte do usuário. A interação do homem e ambiente explica-se pelo recebimento de informação, sejam elas, visuais e/ou auditivas, para uma decisão segura e correta por parte do usuário (BAÚ, 2015).

Na pesquisa realizada nas dependências do campus não foram encontradas placas de sinalização em Braille ou de textos em relevo. A sinalização encontrada que indica espaço destinado a pessoas com deficiência está em forma de representação gráfica, representada pelo Símbolo Internacional de Acesso (figura 1). Este símbolo estava presente em vários locais como sanitários e estacionamento.

Nas pesquisas de Castro (2011), Guerreiro (2011), Santos (2013) e Corrêa (2014) foi identificada a falta de sinalização adequada para alunos com deficiência visual e auditiva, nas Instituições de Ensino Superior pesquisadas.

Com referência à travessia das vias internas do campus, a grande maioria se mostrou satisfeita com as condições oferecidas (seis estudantes). Dos restantes, três indicaram neutralidade no tema e um disse sentir insegurança neste aspecto.

Na Foto 5 pode-se observar o acesso externo ao Campus, cujo passeio público se encontra em má conservação, com desníveis pronunciados. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, Lei Federal nº 9.503/97, Anexo I:

[...] passeio público (calçada) é parte da via, normalmente segregada e em nível diferente, não destinada à circulação de veículos, reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins (BRASIL, 1997).

Foto 5 - Calçada externa de acesso ao Campus Anglo/UFPEL

Fonte: Foto do autor.

Conforme o Código de Obras (Lei Municipal nº 5.528, de 30 de dezembro de 2008) e o Código de Posturas (Lei Municipal nº 5832, de 05 de setembro de 2011), em ruas que possuam meio fio, os proprietários de terrenos, edificados ou não, são responsáveis pela execução da pavimentação da calçada dentro dos padrões estabelecidos pelo Município. O proprietário do imóvel também é responsável pela manutenção, conservação e limpeza da calçada que é de extrema importância para garantir que todos tenham segurança ao utilizar o espaço público (PREFEITURA MUNICIPAL DE PELOTAS, 2008; 2011).

No espaço interno ao Campus, a Foto 6 retrata o trajeto de acesso ao prédio principal, evidenciando-se as motivações de queixas de SLS, que é cego, e GBK, deficiente visual com baixa visão, ambos frequentadores do Campus Anglo: “a dificuldade encontrada no Campus Anglo, [...] é a falta de marcação das calçadas que se confundem com o nível da rua, ficando complicada a diferenciação do caminho”.

Foto 6 - Calçada de acesso interno ao prédio principal – Campus Anglo/UFPEL

Fonte: Foto do autor.

No mesmo mote, ANN, estudante de Engenharia da Computação e cadeirante, destaca a insegurança que sente ao deslocar-se desde a calçada externa ao Campus até o acesso principal ao edifício, tudo por conta dos desníveis e irregularidades em todo o trajeto. Nesse aspecto, Castro (2011), Remião (2012) e Baú (2015) afirmam que construções inadequadas e, principalmente, a má conservação das calçadas e ruas comprometem significativamente a acessibilidade.

O estudante MGF (24 anos, oriundo do município de Pinheiro Machado, DF com dificuldade de locomoção e usuário de muletas, Bacharelado em Nutrição), destaca:

Minha crítica é no sentido de não termos um ambiente toldado para acesso ao prédio principal do campus, pois quando chove há necessidade de deslocamento muito rápido até a entrada, o que pode ocasionar acidentes (não consigo me locomover com rapidez ou correndo) (MGF, 2019).

Em contraparte, CARV, acadêmico de Processos Gerenciais e deficiente visual, ressalta a importância de existência de faixa de segurança no Campus, pois segundo ele, a travessia interna “tornou-se segura após a construção de faixas de pedestre e os guardas chamarem atenção de quem entra correndo de carro ou moto lá no prédio”. A Foto 7 corrobora tal evidência.

Foto 7 - Detalhe da faixa de pedestres – Campus Anglo/UFPEL

Fonte: Foto do autor.

Nos percursos, observou-se ainda a falta de continuidade entre os passeios e elementos que favorecem o deslocamento, constituindo-se em barreiras para as pessoas com deficiência física ou visual. Esses obstáculos também foram encontrados por Guerreiro (2011), Corrêa (2014) e Baú (2015) em suas respectivas pesquisas.

Observa-se na Foto 8 a existência de sinalização tátil de piso no trecho corresponde à calçada defronte o Restaurante Universitário do Campus, sem continuidade anterior ou posterior. Isso se deve ao fato de que o restaurante foi inaugurado em tempos recentes, cujo projeto contemplava o cumprimento das normas vigentes (Decreto nº 5.296/2004).

Foto 8 - Instalação de piso tátil defronte o RU – Campus Anglo/UFPEL

Ainda na mesma argumentação, detectou-se pequeno trecho com instalação de piso tátil direcional e piso tátil de alerta, que corresponde às proximidades da entrada principal da área acadêmica do campus. Esta sinalização encontra-se sobre a rampa existente e termina abruptamente ao encontro de uma parede de chapas metálicas que isola um espaço em obras (Foto 9).

Foto 9 - Instalação de piso direcional e de alerta no acesso às instalações acadêmicas – Campus

Anglo/UFPEL

Fonte: Foto do autor.