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Foto 35 Abrigo localizado no pátio do Campus Anglo/UFPEL

3.2 ORGANIZAÇÃO METODOLÓGICA

O Quadro 6 aponta de forma sintética os procedimentos metodológicos utilizados nesta investigação científica:

Quadro 6 - Procedimentos metodológicos da dissertação

Natureza Aplicada.

Abordagem Qualitativa e Quantitativa.

Objetivo Descritiva e Exploratória.

Procedimentos Pesquisa Bibliográfica e Documental Estudo de Caso

Técnicas de coleta de dados Aplicação de questionário semiestruturado com 30 discentes com deficiência da UFPEL

Técnica de análise dos dados Análise dos dados por triangulação (TRIVINOS, 1987). Fonte: elaborado pelo autor.

Pesquisa é, portanto, o caminho para se chegar à ciência, ao conhecimento. Nesse contexto, Rosa e Arnoldi (2006) referem-se à pesquisa como uma atividade de investigação capaz de oferecer e, portanto, produzir um conhecimento novo a respeito de uma área ou um fenômeno, sistematizando-o em relação ao que já se sabe. Minayo (1993) é enfática ao tratar do assunto dizendo que esta atividade é:

[...] uma atitude e uma prática teórica de constante busca, que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade, que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados. É por meio dela que utilizamos diferentes instrumentos para se chegar a uma resposta precisa (MINAYO, 1993, p. 23).

Ribeiro (2008) aponta ainda que a escolha do instrumento para atingir resultados ideais é prerrogativa estipulada pelo pesquisador. Nesta premissa, a pesquisa tem uma abordagem qualitativa-quantitativa, com ênfase na primeira, pois se busca utilizar investigações que contemplem o dinamismo da vida individual e coletiva em toda a sua riqueza de significados (MINAYO, 2002).

Para Minayo (2002), esse delineamento, expressará o curso analítico e sistemático presentes na pesquisa qualitativa, e deve permitir a objetivação, ou seja, a produção de uma análise tão sistemática e profunda quanto possível a fim de minimizar o subjetivismo, a suposição e a espontaneidade, de um tipo de conhecimento cujas matérias-primas são as opiniões, crenças, valores, representações, relações e ações humanas e sociais na perspectiva dos atores, as quais não podem ser quantificadas e reduzidas à operacionalização de variáveis.

Nesse caso, por apresentar a percepção dos envolvidos acerca de situações vivenciadas no cotidiano de uma instituição educacional.

Dessa forma, Marconi e Lakatos (2010) explicam que a abordagem qualitativa se trata de uma pesquisa que tem como premissa, analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano e ainda fornecendo análises mais detalhadas sobre as investigações, atitudes e tendências de comportamento. Assim, na leitura das informações coletadas para interpretar os dados é relevante considerar os diversos jogos de linguagem (OLIVEIRA, 2000), pois, o "não-dito" pode revelar aspectos importantes a ser desvelados.

Quanto aos objetivos a pesquisa se caracteriza como descritiva, pois, de acordo com Gil (2008), descreve características de determinadas populações ou fenômenos e, também, como exploratória, segundo o mesmo autor, pois possibilita aumentar o conhecimento do pesquisador sobre os fatos, permitindo a formulação mais precisa de problemas, criar novas hipóteses e realizar novas pesquisas mais estruturadas. Sob esta ótica, tais conceitos se aproximam com a presente investigação.

Por se tratar de investigação em uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES), optou-se por realizar um estudo de caso que, segundo Triviños (1987), é classificado como um exemplo típico de pesquisa descritiva, por abordar aspectos inerentes a uma instituição específica em seus procedimentos. O autor Fonseca (2002, p. 33) evidencia que o estudo de caso "visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico". Neste caso específico, ainda que tenha semelhança com outros casos, busca compreender a acessibilidade física dos alunos (as) no contexto dos Campi que integram a UFPEL.

O procedimento escolhido para a realização da pesquisa foi a aplicação de questionário semiestruturado, com preenchimento presencial e por meio eletrônico, com discentes com deficiência física, visual ou auditiva matriculados na UFPEL. Foram perquiridos todos os alunos com deficiência (visual, auditiva e/ou física), que buscaram apoio e assistência especializada junto ao Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) e que aceitaram livremente participar da pesquisa. Foi fornecido o documento de consentimento livre e prestado os devidos esclarecimentos aos mesmos.

Assim, aplicou-se um instrumento de pesquisa, questionário semiestruturado (Apêndice A), contendo questões fechadas e abertas, que respondem aos objetivos da pesquisa, conforme demonstra o Quadro 7. Para a coleta de dados utilizou-se adaptação do questionário “Escala de Satisfação e Atitudes de Pessoas com Deficiência - ESA”, criado por Guerreiro (2011), testado e validado por Corrêa (2014) e Baú (2015). O instrumento foi modificado pelo autor para atender os objetivos propostos neste estudo.

Quadro 7 - Correlação Objetivos x Questionário Google Forms

OBJETIVOS QUESTÕES

Objetivo Geral:

O presente trabalho visa avaliar a inclusão e satisfação do discente com deficiência física, visual ou auditiva na Universidade Federal de Pelotas.

1 a 128

a) Caracterizar o estudante com deficiência física, visual ou

auditiva da UFPEL, cadastrado no NAI; 1 a 18 b) identificar as condições de acessibilidade e permanência do

estudante com deficiência física, visual ou auditiva nos Campi da UFPEL;

20 a 113 c) identificar o grau de conhecimento dos estudantes com

deficiência física, visual ou auditiva com relação ao Desenho Universal (NBR 9050/2015);

20 114 a 128 d) comparar os espaços do Campus Anglo da UFPEL em relação

à proposta do Desenho Universal (NBR 950/2015);

21 a 59 63 a 68 83 91, 92 101 a 106 109, 110 113 a 128 e) propor melhorias e adaptações necessárias à UFPEL, para

atender as necessidades dos discentes com deficiência visual, deficiência auditiva ou deficiência física;

Não se aplica f) elaborar um check-list para a UFPEL, com vistas a identificar

as condições de acessibilidade para PCD, nos campi da Instituição. Não se aplica Elaborado pelo autor

Para ter acesso aos alunos (as), teve-se apoio do NAI que forneceu a melhor maneira de contato e forma adequada para a realização dos contatos, para que se pudesse adaptar a pesquisa às condições físicas e intelectuais dos participantes. Quando necessário, os encontros foram previamente agendados e o preenchimento dos questionários foram realizados presencialmente ou, então, por meio digital através do programa Google Forms e dos e-mails dos alunos (as). Realizou-se a coleta de dados nos meses de março e abril/2019.

Conforme Minayo (1993), na pesquisa qualitativa o interesse do pesquisador não está focalizado em quantificar uma ocorrência ou quantas vezes uma variável aparece, mas sim na qualidade em que elas se apresentam, ou seja, como as coisas acontecem. Dessa forma, entende-se que muitos dos aspectos envolvidos em uma pesquisa qualitativa não são controláveis, mas difíceis de serem interpretados, generalizados e reproduzidos, uma vez que os sujeitos participantes irão agir segundo seus valores, sentimentos, experiências, cultura e outros (TERENCE; ESCRIVÃO FILHO, 2006).

Freitas e Jabbour (2011, p. 9), enfatizam que:

Nada impede que o pesquisador, em estudo de casos, inicie a investigação com uma pesquisa qualitativa e não obstante, se necessário, finalize a investigação validando as evidências obtidas por meio de uma pesquisa quantitativa. (FREITAS, JABBOUR, 2011, p. 9)

Para Paschoarelli, Medola e Bonfim (2015), apesar da pesquisa trazer dados numéricos e percentuais, portanto, com características inicialmente quantitativas, se configura como uma pesquisa qualitativa, tendo em vista que a análise desenvolvida acerca dos dados auferidos foca na interpretação e não na quantificação; enfatiza a subjetividade; tem maior interesse pelo processo do que pelos resultados; o pesquisador exerce influência sobre a situação de pesquisa e também é influenciado por ela; a amostra é geralmente pequena; a análise dos dados é interpretativa e descritiva; os resultados são situacionais e limitados ao contexto.

Segundo Bruning, Godri e Takahashi (2018), a técnica de triangulação proposta por Triviños (1987) diferencia-se das demais estudadas por eles (EISENHARDT, 1989; MERRIAM, 1998; CRESWELL, 2007; DENZIN, LINCOLN E NETZ, 2007; FLICK, 2009; ANGROSINO, 2009; YIN, 2010; BLUHM et al, 2011; CORAIOLA et al, 2013), pois propõe uma triangulação por meio de diferentes níveis de análise que compõem um mesmo fenômeno. Para o autor, a técnica de triangulação:

[...] tem por objetivo básico abranger a máxima amplitude na descrição, explicação e compreensão do foco em estudo. Parte de princípios que sustentam que é impossível conceber a existência isolada de um fenômeno social, sem raízes históricas, sem significados culturais e sem vinculações estreitas e essenciais com uma macrorrealidade social. (TRIVIÑOS, 1987, p. 38).

Desse modo, Triviños (1987) propõe que a coleta e análise de dados sobre um determinado tema ou sujeito abordem três níveis distintos: (i) os processos e produtos elaborados pelo pesquisador e centrados no sujeito (p. ex.: entrevistas, questionários); (ii) os elementos produzidos pelo meio em que o sujeito está inserido (p. ex.: documentos institucionais, imagens); e (iii) os processos e produtos originados pela estrutura social, econômica e cultural do macro-organismo social do sujeito, aqui relacionados principalmente ao modo de produção vigente, suas forças e relações de produção (TRIVIÑOS, 1987).

Após todos esses procedimentos de tratamento dos dados coletados, procedeu-se à análise e interpretação dos mesmos com vistas a responder aos objetivos do presente estudo. Tais temas foram abordados nas Seções que se sucedem. A seção 3.3 aborda a sistemática de definição da população amostral, ou seja, como foi feita a seleção dos participantes.