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Sem dúvida, a FGV neste ponto vai trazer um caso prático, na qual contará uma história e você deverá aplicar o direito ao caso concreto.

Imaginemos que Gertrudes, advogada da Caixa Econômica Federal há mais de 10 anos, decide fazer um novo concurso público para auditor fiscal do município. Na sequência, foi aprovada e nomeada. Questiona-se o seguinte:

Comentários

A Resposta é negativa. Mas essa é a regra, como toda regra, existem exceções que deverão ser estudadas com mais detalhes.

Primeiro é importante lembrar que é vedada a acumulação de cargo, inclusive quando aposentado. Por exemplo, determinado professor de uma universidade pública federal, está aposentado e decide fazer novo concurso para auditor, após a nomeação, decide fazer concurso novamente para professor, poderia neste caso acumular? Não, porque a aposentadoria conta como cargo público, sendo vedada esta hipótese no nosso exemplo.

Permite-se a acumulação de dois cargos voluntários. A vedação que estamos tratando neste momento, refere-se à acumulação remunerada.

Para o Prof. José dos Santos Carvalho Filho, a regra da vedação é com o intuito de não prejudicar a eficiência do servidor:

O fundamento da proibição é impedir que o acúmulo de funções públicas faça com que o servidor não execute qualquer delas com a necessária eficiência. Além disso, porém, pode-se obpode-servar que o Constituinte quis também impedir a acumulação de ganhos em detrimento da boa execução das tarefas públicas. Tantos são os casos de acumulação indevida que a regra constitucional parece letra morta; quando se sabe que o caos que reina nas Administrações sequer permite a identificação correta de seus servidores, afigura-se como grotesca a proibição constitucional, pois que será praticamente impossível respeitar o que se estabelece a respeito. (FILHO, 2018)

Como falamos anteriormente, a acumulação de cargos públicos remunerados é vedada em regra, mas existem certas exceções.

Para que seja permitida a acumulação de cargos o cargo, faz-se necessário observar alguns requisitos essenciais dispostos constitucionalmente, tais como a compatibilidade de horário, serem dois cargos de professor ou um cargo de professor e outro técnico ou científico ou dois cargos de profissionais de saúde.

O artigo que trata do tema é o art. 37, inciso XVI, da CF/1988: Art. 37.

Acumulação de cargo público

Regra: Vedada Exceção: Dois cargos de Professor Profesor + cargo técnico ou científico 2 Profissionais da saúde

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI (teto remuneratório, que será tratado posteriormente): (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001)

A hipótese dos dois cargos de professores é bem simples de entender, caso um determinado professor de uma universidade pública federal, seja aprovado em concurso em outra universidade pública estadual por exemplo, poderá - desde que exista compatibilidade de horários - acumular esses dois cargos.

Já, no que tange aos cargos privativos de saúde, não alcança os servidores de áreas administrativas que estejam lotados em órgãos onde se presta serviço de saúde, tais como hospitais, clínicas ou ambulatórios. Poderão acumular os cargos, apenas quem exercer profissão privativa da área da saúde, com as profissões regulamentadas pelos órgãos respectivos, como por exemplo, médicos, enfermeiros, odontólogos, fisioterapeutas, etc.

Pode surgir a dúvida, na alínea “b”, que trata da acumulação dos cargos técnicos ou científicos com um de professor. Importante, portanto, elucidar o que seria “cargo técnico ou científico”, para tanto, nos

auxiliamos das lições do Prof. José dos Santos Carvalho Filho:

O conceito de cargo técnico ou científico, por falta de precisão, tem provocado algumas dúvidas na Administração. O ideal é que o estatuto fixe o contorno mais exato possível para sua definição, de modo que se possa verificar, com maior facilidade, se é possível, ou não, a acumulação. Cargos técnicos são os que indicam a aquisição de conhecimentos técnicos e práticos necessários ao exercício das respectivas funções. Já os cargos científicos dependem de conhecimentos específicos sobre determinado ramo científico. Normalmente, tal gama de conhecimento é obtida em nível superior; essa exigência, porém, nem sempre está presente, sobretudo para os cargos técnicos. Por outro lado, não

basta que a denominação do cargo contenha o termo “técnico”: o que importa é que suas

funções, por serem específicas, se diferenciem das meramente burocráticas e rotineiras. Seja como for, nem sempre será fácil atribuir tais qualificações de modo exato. As soluções adequadas normalmente são adotadas ao exame da situação concreta.

Neste sentido, existe jurisprudência do STJ, vejamos:

1. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria de servidores civis ou militares com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os acumuláveis na atividade, os cargos eletivos ou em comissão, segundo o art. 37, §10, da Constituição Federal.

2. O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que cargo técnico ou científico, para fins de acumulação com o de professor, nos termos do art. 37, XVII, da Lei Fundamental, é aquele para cujo exercício sejam exigidos conhecimentos técnicos específicos e habilitação legal, não necessariamente de nível superior. (…) (RMS 20.033/RS, Rel.

Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 15/02/2007, DJ 12/03/2007, p. 261)

E professor, a vedação de acumular cargo público, é apenas para a Administração Pública Direta?

Não. A proibição se estende a empregos e funções e abrange tanto as autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e as sociedades controladas direta ou indiretamente pelo poder público.

É a regra expressa no artigo 37, inciso XVII, da CF/1988: Art. 37.

XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, 1998).

Lembram do nosso exemplo anterior, da advogada da Caixa Federal? Pois bem, a resposta está fundamentada neste inciso acima citado, devendo se estender a proibição, por força desta previsão constitucional.

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