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Adaptação das atividades do Compass às vossas necessidades

Capítulo 4 – Compreender os Direitos Humanos

1. Introduzindo a Educação para os Direitos Humanos

3.5 Adaptação das atividades do Compass às vossas necessidades

Compass às vossas necessidades

As atividades do Compass foram testadas em vários contextos de educação formal e não-- formal e o feedback de quem as testou diz-nos que, como se diz que disse Abraham Lincoln: “podemos agradar sempre algumas pessoas ou até podemos agradar toda a gente algumas vezes, mas nunca podemos agradar sempre todos e todas”, o que é perfeitamente razoável! O Compass pretende ser um guia para ajudá-los no vosso trabalho; não é um livro de receitas nem está escrito na pedra.

As autoras e os autores do Compass afrontaram dois desafios principais. O primeiro é fazer com que as atividades sejam gerais o suficiente para que as questões elaboradas sejam relevantes para um grande público, mas ao mesmo tempo, detalhadas o suficiente para que atinjam o cerne das preocupações que alguns grupos específicos possam ter perante um problema. O segundo desafio é o inverso: apresentar atividades que aprofundem o su- ficiente as questões que são importantes para alguns grupos, mas que são irrelevantes ou demasiado sensíveis para ser levantadas noutros.

Por estas razões, as atividades terão quase de certeza de ser adaptadas ou desenvolvidas para responder às necessidades dos e das jovens com que estejam a trabalhar. Na página 61, há uma seção sobre os “métodos de base” que temos utilizado no Compass uma vez que entender como as diferentes técnicas funcionam pode ajudar na adequação das atividades.

Adaptação das atividades

As atividades são as ferramentas com que trabalhamos: por favor, certifiquem-se que a ati- vidade que escolheram trabalha as questões que pretendem abordar e que o método se ade-qua ao grupo.

É da responsabilidade da equipa de facilitação afinar, fazer ajustes e adaptar a atividade para que responda às necessidades das e dos jovens com quem trabalham.

Em termos práticos

Ao considerar a adequação do método devem pensar sobre os aspetos práticos:

Nível de complexidade: Se o nível for demasiado alto, considerem formas de tornar

a atividade mais simples, por exemplo, diminuindo os problemas, reescrevendo cartões de afirmação ou desenvolvendo outras perguntas para o debriefing e a discussão. Se acharem que existe o risco das pessoas poderem ficar entediadas ou sentirem que a sua inteligência é insultada por uma atividade com um baixo nível de complexidade, então apresentem a atividade como uma introdução breve e divertida a um tópico.

Dimensão do grupo: Se têm um grupo grande poderão precisar de ter facilitadores

e facilitadoras extras e dar tempo extra. Se permitirem tempo extra, tenham cuidado para que a atividade ou o debriefing e avaliação da atividade não se arrastem. Considerem dividir o grupo em dois para o debriefing e avaliação e, em seguida, deixem as e os participantes brevemente apresentar as conclusões em plenário. Se estão a fazer uma dramatização, cada papel pode ser desempenhado por duas pessoas, por exemplo.

Se tiverem um número reduzido de participantes e a atividade incluir trabalho em pe- quenos grupos, reduzam o número de pequenos grupos em vez de reduzir o número de pessoas em cada pequeno grupo. Desta forma mantêm a diversidade dos contributos dentro de cada grupo.

Tempo: Poderão precisar de pensar na hipótese de fazer a atividade em duas sessões.

Como alternativa, tentem organizar a execução da atividade numa altura em que tenham mais tempo, por exemplo, numa escola peçam o tempo de duas aulas no horário. Se traba- lham num clube de jovens, façam a atividade num fim de semana residencial.

Resumo: Aqui encontrarão uma breve descrição da técnica em que a atividade é basea-

da, incluindo dicas gerais sobre o uso do método.

Materiais: Improvisem! Se não tiverem papel de flipchart, comprem um rolo de papel

de revestimento de parede e cortem-no aos pedaços. Se o espaço que têm é pequeno ou está cheio de móveis, tendo pouco espaço para se movimentarem, podem dividir-se em pe- quenos grupos, ou tentar encontrar um outro espaço que seja grande o suficiente, ou se o tempo estiver bom, porque não ir lá para fora?

Preparação: Pensem de forma criativa! Se quiserem copiar alguma coisa e não têm aces-

so a uma fotocopiadora, mas têm um computador e uma impressora, tirem uma fotografia digital e imprimam cópias através do computador.

Instruções: Algumas atividades dividem-se em duas partes, avaliem se apenas a primeira

parte vos permite cumprir os objetivos.

Variações: Devem ter em consideração que as variações irão precisar de mais ou menos

tempo do que a atividade inicial.

Debriefing e avaliação: Se as perguntas sugeridas não se adequam às vossas necessida-

des, devem preparar outras. Utilizem as notas do Capítulo 5 como inspiração. No entanto, certifiquem-se sempre que mantêm a relação com as questões de Direitos Humanos explícitas.

Sugestões para atividades de seguimento: Se as sugestões recomendadas não são

adequadas, se forem irrelevantes ou se existem problemas de ordem prática, devem encon- trar outras sugestões. Utilizem o resumo das atividades na página 72 para encontrar uma atividade para dar seguimento.

Ideias para a ação: Se as sugestões recomendadas são inadequadas, irrelevantes ou se

apresentam problemas de ordem prática, devem encontrar outras. Consulte o Capítulo 3 sobre “Agir pelos Direitos Humanos”.

Desenvolver atividades

Desenvolver uma atividade é um exercício mais extremo do que a adaptação de uma ativi- dade que já existe. Podem gostar do conteúdo, por exemplo, dos cartões de afirmação ou cartões de dramatização que são apresentados numa atividade, mas podem encontrar outro método que é mais adequado. Por exemplo, poderão usar alguns dos cartões da atividade “Só um minuto”, na página 199 e usar o método elaborado na atividade“ Qual é a tua posi- ção?” na página 329.

Em alternativa, podem querer trabalhar nas questões sobre asilo e pessoas refugiadas e gostar das ideias na atividade “Posso entrar?”, mas sentir, por alguma razão, que uma dramatização não é apropriada. Neste caso, podem dividir o grupo em pequenos grupos, conforme descrito, e distribuir os cartões, mas, usar a técnica do “Aquário” descrita na pá- gina 64 e permitir que duas pessoas refugiadas e dois ou duas oficiais de imigração a dado momento discutam os seus casos. Outra opção, especialmente para os e as docentes que

trabalham com uma turma grande, é realizarem um debate (ver página 64) ou deixar toda a gente receber informação sobre as questões lendo os cartões da dramatização e, criar um debate aprofundado com o tema, por exemplo, “Esta turma acredita que todas as pessoas refugiadas devem ser bem-vindas no nosso país”.

Conselhos gerais

Incentivem as e os jovens a serem conscientes do que está a acontecer no mundo ao seu redor, local e globalmente, e tomem as questões que lhes interessam como ponto de partida para o vosso trabalho - o trabalho em conjunto. Tentem sempre envolver os e as jovens na decisão de como e o que eles e elas querem aprender. De que forma, na prática, é que os e as jovens estão envolvidos e envolvidas depende de vários fatores: da equipa de facilitação, do estar a trabalhar num ambiente educativo não-formal ou formal, das idades dos e das participantes, do tempo disponível e dos recursos. No entanto, sempre que possível envolvam os membros do grupo na decisão sobre que tipo de atividades gostariam de fazer.

Enfrentem as questões controversas ou provocantes com premeditação e cuidado. Se um problema é um tabu na vossa sociedade e é provável que provoque resistência das pessoas em posição de autoridade, considerem abordar a questão de outra maneira, que não diretamente, ou colocá-la num contexto diferente. Por exemplo, levem as pessoas a refletir sobre os direitos relacionados com a liberdade de expressão, usando um exemplo histórico. Perguntas sobre reli- gião, direitos das pessoas LGBTI e os direitos ao casamento e família são tratados desta forma na atividade “Quem acredita” (página 105) ou “ Daqui a nada estará desatualizado” (página 272).

Enfrentar a realidade que vivemos num mundo onde certas questões são controversas ou dividem o grupo é uma parte importante da EDH. No entanto, ao abordar os direitos relacionados a temas polémicos ou provocadores, quem facilita precisa de garantir que os membros do grupo se sentem seguros e que não se sentem envergonhados ou forçados a revelar mais do que desejam sobre si mesmos ou sobre as suas crenças. Métodos como o exercício de afirmação ou estudos de caso são bons métodos que criam uma certa distância entre a pessoa e o tópico. Outra abordagem pode ser a de incentivar as e os participantes a investigar diferentes pontos de vista, convidando, por exemplo, alguém com uma perspetiva minoritária para falar com o grupo.

Se as pessoas do vosso grupo estão divididas sobre uma questão, por exemplo, se uma minoria pensa que uma determinada questão não é importante ou relevante para as suas vidas, peçam-lhes diretamente que expliquem e justifiquem as suas opiniões. Vão ter de os e as cativar e avivar a curiosidade de modo a que estejam abertos e abertas à ideia de explorar o assunto, nomeadamente, através de um filme, de uma visita (a um centro de pessoas refu- giadas, a um centro para pessoas em situação de sem-abrigo ou a uma loja étnica ou café) ou convidando uma pessoa externa para falar.

Quando os e as jovens estão a pensar em agir, a equipa de facilitação terá de estar pron- ta para os e as aconselharem sobre as consequências do que se propõem a fazer. Devem estar plenamente conscientes dos possíveis ou prováveis resultados pessoais, sociais e polí- ticos da ação. Incentivar as e os jovens a pensar por si mesmas e por si mesmos e assumir a responsabilidade é um objetivo importante da EDH. Assim, deverão descrever as dificuldades que preveem, dar as razões para as vossas opiniões e sugestões. Se precisarem de convencer o grupo de que algumas formas de ação são desaconselháveis devem sugerir alternativas (vejam o capítulo 3 em “Agir para os Direitos Humanos” onde há ideias sobre diferentes formas de agir).

Os e as participantes não devem sentir-se constrangidos ou constrangidas ou forçados ou forçadas a revelar mais do que eles e elas desejam sobre si mesmo e si mesma ou sobre as suas crenças.

3.6 Notas especiais para professoras