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Notas especiais para professoras e professores

Capítulo 4 – Compreender os Direitos Humanos

1. Introduzindo a Educação para os Direitos Humanos

3.6 Notas especiais para professoras e professores

O feedback dos e das docentes diz-nos que o Compass é usado em escolas por toda a Eu- ropa em aulas de línguas, de geografia, de história e de cidadania e em estudos políticos. Por exemplo, nas aulas de língua, as citações na atividade “Tod@s iguais - Tod@s diferentes” (página 97) podem ser usadas como textos para desenvolver vocabulário e compreensão e “Só um minuto” (página 199) pode ser usado para desenvolver capacidades de fala. As estatísticas, por exemplo, sobre o trabalho infantil, as diferenças entre os géneros e acesso à educação (que constam das diferentes secções de informação no Capítulo 5) podem ser usadas em aulas de matemática para substituir exemplos de livros didáticos e desta forma contribuir para consciencializar e aumentar o interesse nas questões de Direitos Humanos. A “Teia da vida” pode ser usada em aulas de biologia como uma introdução para lições sobre teias alimentares ou biodiversidade; “Conto das duas cidades” em estudos sociais; “Quem acredita” em educação religiosa; “A vida de Ashique” e “Cuidado, estamos a ver” para dar uma outra perspetiva sobre o comércio em aulas de Geografia e exemplos dos “Grandes ativistas” para aumentar o interesse em aulas sobre assuntos mundiais. As pos- sibilidades são infinitas.

É preciso reconhecer que existem alguns desafios fundamentais para alcançar os objeti- vos da EDH num ambiente de sala de aula. Por exemplo, um período de aula típico pode ser demasiado curto para concluir todas as atividades (menos as mais curtas) ou os e as estudan- tes podem não estar numa posição de influenciar as decisões sobre o que aprendem. Além disso, as opções para aplicar o que aprenderam podem ser mais limitadas, mas essas dificul- dades não são insuperáveis. Por exemplo, os professores e as professoras estão a encontrar formas de superar problemas como pressões de calendário, adaptando uma atividade para ser feita em duas aulas ou usando as oportunidades das “semanas temáticas”, quando o horário normal é suspenso.

Em alguns países, a EDH requer uma mudança na prática normal de sala de aula, afas- tando-se “do giz e da matéria” (o ou a docente que dá a informação que tem de ser deco- rada pelos e pelas estudantes) e evolui no sentido de incentivar o pensamento crítico e a aprendizagem mais independente. Em países onde as e os docentes normalmente não têm o papel de orientador ou orientadora ou facilitador ou facilitadora, as mudanças precisam ser introduzidas gradualmente, para que docentes e estudantes se sintam confiantes a tra- balhar num ambiente democrático onde o debate e a liberdade de expressão prosperam. Uma compreensão dos métodos e técnicas utilizadas no Compass ajuda as professoras e os professores a operar mudanças; os métodos e as técnicas são descritos mais a frente, na página 61 e incluem dicas sobre como organizar debates em turmas grandes. Outra maneira de desenvolver capacidades de facilitação é através do trabalho conjunto com alguém ex- periente nestas metodologias, por exemplo, convidando um formador ou uma formadora de uma organização local de Direitos Humanos a fazer uma sessão ou a formar uma equipa convosco para dinamizar a atividade.

Idealmente, os e as docentes de todas as disciplinas precisam de ser formados e for- madas, sistematicamente, em competências relevantes no âmbito da formação inicial e da formação em serviço. A publicação How all teachers can support Citizenship and Human

Rights Education: a framework for the development of competences pode fornecer mais

orientações sobre este assunto.13

Pode haver desafios funda- mentais para a consecução dos objetivos da EDH num ambiente de sala de aula.

Uma série de desafios práticos foram identificados num pequeno projeto de pesquisa sobre o uso das atividades do Compass e do Education Pack All Different – All equal nas aulas de língua nas escolas secundárias dinamarquesas.

A pesquisa revelou que as atividades em si foram muito apreciadas e os professores e as professoras notaram que os e as estudantes estavam envolvidos e envolvidas. No entanto, foram identificadas algumas dificuldades nas fases de debriefing e avaliação. Os alunos e as alunas acharam difícil sair da sua forma normal de estar na sala de aula e dirigiam os seus comentários para o professor ou a professora, em vez de o fazer para o grupo, o que sig- ni-fica que não havia muito diálogo, troca livre de ideias ou aprendizagem entre pares. As e os estudantes esperavam um comentário ou uma correção da professora ou do professor e esperavam que ela ou ele os e as convidasse a falar. O resultado foi que as alunas e os alunos tinham a tendência de usar o seu tempo a pensar sobre o que queriam dizer, em vez de ouvir o que estava ser dito e debater em conjunto. Além disso, revelou-se difícil mudar a dinâmica da sala de aula normal pelo que o aluno ou a aluna dominante dominava e o engraçado ou a engraçada fazia de pateta.

As conclusões foram que a utilização das atividades em sala de aula pode ser valiosa pois envolvem as e os estudantes no tópico, mas é possível que existam limitações na resposta aos objetivos da EDH, especialmente os do desenvolvimento e cooperação e capacidades para as- sumir a responsabilidade e agir. No entanto, as escolas podem dar contribuições significativas para o desenvolvimento de algumas das competências que estão listadas na página 36 como resultados da EDH, por exemplo, escuta ativa e capacidades de comunicação, pensamento crítico e curiosidade. Da mesma forma, à primeira vista passar à ação pode parecer proble- mático num ambiente escolar. No entanto, agir pode significar muitas coisas diferentes e, na sala de aula, pode significar uma melhoria no comportamento geral, mais consideração pelos e pelas pares, ter os alunos e as alunas a decidirem por si mesmos e por si mesmas descobrir mais sobre os heróis e as heroínas dos Direitos Humanos, ou adotarem uma abordagem em que põe mais em questão a história. Há mais ideias sobre como agir no Capítulo 3.

Se é difícil para as professoras e para os professores usar muitas das atividades do Com-

pass devem ter em mente que a EDH é também sobre o desenvolvimento de conhecimento e

compreensão, por exemplo, o conhecimento sobre o que são os Direitos Humanos, a evolução histórica dos direitos, os instrumentos jurídicos, a pertinência dos Direitos Humanos para o desen- volvimento da sociedade civil e da paz no mundo. Todos estes elementos podem ocupar o seu lugar no sistema de educação formal. As informações básicas sobre Direitos Humanos e os temas globais (capítulos 4, 5 e os apêndices) é material de ensino e aprendizagem valioso por si só.

Os professores e as professoras que trabalham com crianças com idades dos 7 aos 13 tam- bém podem debruçar-se sobre o Compasito, o manual para a Educação para os Direitos Hu- manos com crianças, cujas atividades podem encaixar melhor na estrutura de aulas da escola.

Por fim, um comentário sobre o ensino que pretende ser EDH, mas que, por causa da forma como é fornecido, não se qualifica para ser reconhecido como Educação para os Di- reitos Humanos. Há muitas formas de providenciar Educação para os Direitos Humanos, mas, tal como explicámos no início deste capítulo, o processo é importante. Assim, para qualquer ensino/aprendizagem relacionado com os Direitos Humanos ser reconhecido como EDH deve acontecer duma forma respeitadora dos alunos e das alunas e que lhes permita respeitar e valorizar os Direitos Humanos. A EDH não pode ser imposta ou ditada. Além disso, a EDH não pode ser vista como algo que tem um lugar isolado na sala de aula; deve estender-se a toda a escola e à comunidade em geral.

EDH não pode ser imposta ou ditada.

3.7 Métodos base em que assentam