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3. Gerir o trabalho com a vida- Paciente; 4. Função;

5. Enfrentamento; 6. Dificuldade;

7. Entrevista. (enquanto situação de relação e convivência)

Destas categorias de primeira ordem resultaram as categorias de “segunda geração” e de “última geração”. A seguir, são descritas as subcategorias com maior relevância para o estudo, enquanto encontra-se o quadro geral de todas as categorias no Anexo M.

1. Administração

Esta primeira categoria refere-se a todos os aspectos alusivos à dimensão institucional quanto às relações de trabalho normativas da função pública, em conformidade com a política de atenção à saúde e segurança do trabalho do servidor público federal estabelecida pelo Governo (BRASIL, 2010a e 2010b).

Refere-se às questões de subordinação hierárquica, as relações conectadas com a gestão do trabalho em todas as interfaces de relacionamento e comunicação quanto às normas e regras laborais existentes. Ao longo das 6 entrevistas, foram surgindo alguns padrões, que levaram a criar as categorias de segunda e de última gerações, tendo sido incluídos os trechos que pautam os participantes neste item caracterizado como de maior relevância nos depoimentos e preocupações reveladas. Os fragmentos trazem incluso negrito em partes

específicas feitos pelas autoras, para apresentar maior relevância e atribuição ao dito enquanto a entrevista transcorria o seu curso, levando em consideração todas as alavancas existentes na relação que poderiam traduzir sensibilidade. Temos exemplo de um participante que demonstra haver disponibilidade dos funcionários no convívio em conjunto, mesmo subordinados a diferentes regimes de trabalho. Mas que igualmente, há restrita maleabilidade na preservação da privacidade e contrariedade na natureza de escuta das demandas solicitadas.

<Internas\\ENTREVISTAS\\Brasil\\Cesar> - § 19 references coded [11,02% Coverage]

Reference 5 - 0,54% Coverage

=Como houve esta determinação por causa da sindicância, por comissão, então o sr não tem nada aqui no meio...Então, eu não posso! Aí disse: Interessante, quando serve pra gestão eu ser médico do trabalho... Aí eu me afastei. Disse: Não, de maneira nenhuma.

E na sequência, da laboriosa análise faz-se a explanação de cada uma das subcategorias com maior peso e atenção dos participantes.

1.1 Gestão do trabalho

São todas as alusões às chefias, coordenações com uma carga bastante eloquente em todo o discurso, são passagens significativas em todo o processo da entrevista, com 6 participantes fazendo todo tipo de menção quanto ao tipo de relacionamento, os contatos para decisões sobre sua trajetória institucional, conexões com legislação, falta de pessoal muito falada no dia a dia além de responsabilização do setor organizacional como o de saúde ocupacional, por exemplo.

<Internas\\ENTREVISTAS\\Brasil\\Cesar> - § 6 referências codificadas [3,56% Cobertura]

Referência 2 - 0,56% Cobertura

=No momento que o médico do trabalho avalia uma situação do trabalhador, que a origem é doença relacionada a trabalho e 99% Gestão do Trabalho aí o Cesar não serve! Então eu prefiro ser um médico clínico com a minha formação em perícia trabalhista e saúde ocupacional.

Conforme se expressa, este discurso traz experiência vivenciada quanto às dificuldades em se falar sobre as relações no trabalho estarem conectadas com a dinâmica organizacional e estrutura quanto à organização do trabalho, sem haver qualquer tipo de espaço para a escuta ser quanto a nexo causal.

1.1.1 Horário

Resultou de relatos que demonstravam a importância de sua atividade de trabalho acima de qualquer questão contando com todas as interferências devido a carga horária estar dentro da ótica de produtividade e exigências da sociedade capitalista atual, sem permissão ao descanso devido ao atendimento ao número de horas mensal a ser atendido, já que esta estruturação é recebida automaticamente pelo sistema. Alguns trechos dos participantes trazem esta vivência diária como dificuldades recorrentes.

<Internas\\ENTREVISTAS\\Brasil\\Marcos> - § 3 referências codificadas [3,05% Cobertura]

Referência 2 - 1,95% Cobertura

= Sim, quando eles, o pessoal da PROGEPE, o pessoal da Reabilitação veio trouxeram um horário...eu falei pra eles assim...olha, eu preciso que seja...que eu trabalhe de manhã e que eu faça o curso à tarde, porque daí os horários seriam compatíveis. Eles, mesmo que eu entre muito cedo aqui, à tarde eu consigo sair, aí também num horário mais cedo. Eles quando vieram, tentaram entrar em contato com o pessoal do curso...como o pessoal do curso não recebeu eles, eles assim tipo..o pessoal...não é que o pessoal não recebeu eles...eles, eles não tiveram a resposta da PROGEPE que eles esperavam ter...aí, num primeiro momento é...até eles...ligarem, olha, a gente precisa que o Cesar volte aqui ao trabalho dia primeiro...tem como ele...ele mudar o horário de curso dele? Sabe, como era uma imposição deles...eles passaram para o pessoal da escola uma imposição... o pessoal falou: não, não tem a possibilidade de mudar o horário do curso. Isso, que eles fizeram...foram lá, e colocaram isso, ah, beleza, vc vai trabalhar da 13 às 19h, sabe?...Sabe, eu tinha colocado que pra mim, eu queria trabalhar de manhã, sabe? Pra mim era primordial que eu fizesse, eu faria as 6 horas aqui, ia para o curso e conseguiria sair.

1.1.2 Assédio Moral:

Após o estabelecimento de uma relação de confiança e ser plenamente garantida proteção a identidade, os participantes relataram experiências de assédio moral vivenciado no trabalho E essas vivências foram possíveis de ocorrerem mediante o transcurso longo e interativo da entrevista. Eram depoimentos que traziam uma carga emocional bastante sinalizadora de sofrimento durante a jornada de trabalho institucional, já identificada como de trabalhadores com tempo de casa acima de 10 anos, na sua maioria. Passagens essas que afetaram de forma considerável a saúde do trabalhador no espaço institucional e no ambiente interpessoal com seu grupo de pares.

<Internas\\ENTREVISTAS\\Brasil\\Antonio> - § 2 referências codificadas [29,69% Cobertura]

Referência 1 - 8,71% Cobertura

Mas esse não é o problema maior. Não foi isso que provocou a recolocação dentro da minha unidade UNIR e no setor de Tomografia. Estava no RX Geral e tinha contatos com outras pessoas de difícil convivência e o serviço era mais pesado. Estas duas coisas resultaram no que chama de “stress insuportável”. Isso aconteceu recentemente. O que aconteceu é resultado de que há 6 anos era Supervisor de Técnico em Radiologia. Nesta função, não podia permitir práticas incorretas no setor, devido a ser Supervisor. Tendo que tentar fazê-los entender que o serviço deveria ser feito de forma diferente do que faziam, por exemplo, cobrança com o material de pacientes, todo de cobranças. Tinha muito pouco apoio de um médico do setor, Dr. A. E a administração do hospital mudou ao mesmo tempo. Aí se tornou um “assédio moral”, automaticamente, segundo ele.

1.1.3 Quase fui Aposentado:

As questões derivadas do vínculo institucional ser da função pública também trazem a pressão pela resposta da manutenção da ordem ou regra. A pressão constitui a fala habitual para conversão a aposentadoria caso o trabalhador ainda deseje ter atenção à saúde garantida após concessão da licença, recebendo recados diretos e vultosos dos riscos econômicos a que estarão submetidos caso continuem na condição de fora do trabalho. A flexibilidade da ausência por motivos de saúde não pode extrapolar limites da ordem da lotação atribuída, número de ausências ao trabalho e a falta de pessoal que impera em todo o contexto institucional. Ou seja, é utilizado como instrumento de pressão para retorno ao trabalho causando constrangimentos e mal-estar ao trabalhador.

<Internas\\ENTREVISTAS\\Brasil\\Cesar> - § 3 referências codificadas [1,24% Cobertura]

Referência 1 - 0,47% Cobertura

nestes 2 anos eu quase fui aposentado por invalidez permanente por doença não prevista em lei, ou seja, proporcional ao tempo trabalhado, que ia ocasionar uma influência orçamentária na minha família quase...muito grave.

1.2 Colegas de trabalho

No tocante às relações interpessoais estas se articulam com toda a ambiência laboral ao repercutir no bem-estar ou no mal-estar que estas ocasionam no trabalhador. É um dos modos que se tornaram principal forma de sentimentos de reconhecimento ou sua inversão, além da subordinação mais direta com as chefias.

Referência 1 - 3,57% Cobertura

Comenta que sente-se bem em seu setor, é tranquilo. Mas deseja pedir logo Aposentadoria para cuidar da sua saúde. Diz que alguns professores não são amigáveis, é como “se sentissem que são superiores” aos outros, não tratam bem os técnicos.

1.3 Movimentação

As questões envolvendo relação com o trâmite para saída dos setores de lotação e vislumbrar estar em outros segue todo um jogo entre os personagens que nem sempre se apercebem desta trama e ficam à mercê de jogos de poder, consideramos, do que se avizinha como possibilidades.

<Internas\\ENTREVISTAS\\Brasil\\Alice> - § 1 referência codificada [0,69% Cobertura]

Referência 1 - 0,69% Cobertura

Aí eu disse que futuramente se eu precisasse sair pra algum lugar ou pedir alguma coisa, que eles não me neguem, pois já me pedem tanta coisa, né? Vcs me pedem muita coisa! Na verdade, eu fazia pra direção, fazia pra comissão, pro departamento de anatomia, de especialização, eram 4 atividades totalmente diversas.

1.4 Fluxo

Sentimentos de hipersolicitação na relação de trabalho em função das demandas quanto à clientela, número de clientes e possibilidades de trabalho que surgem. Denota-se aqui um grande questionamento quanto à utilização do tempo que possuem, estando implicados em compromissos no trabalho, que pouco deixa espaço para cuidado com os familiares e inclusive, quanto à sua própria saúde física e mental. Há correlações desse diálogo com a percepção contumaz de que são operários para conclusão de objetivos institucionais, mesmo que à custa de sua saúde e zelos consigo na apreensão de sua vida enquanto integralidade.

<Internas\\ENTREVISTAS\\Brasil\\Maria II> - § 1 referência codificada [1,24% Cobertura]

Referência 1 - 1,24% Cobertura

Aí a pessoa chega pra você atender, entende? Então, não tem tempo. Você chegar e dizer: Olha, doutor, será que... Então, tem umas vagas, o doutor tirou. Mas é muito paciente. Ele atende 8, a doutora B. atende 12! A outra mais 5 pacientes, cada psicóloga atende 5. Parece pequeno, mas a quantidade de atendimento é grande. Então, pra você só tirar isso, antigamente pra mim isso saía... e foi com essa visão que eu cheguei. Ah, isso aí é pouco serviço, porque no ambulatório dos funcionários a gente tinha 13 médicos.

1.5 Saúde grave associado ao trabalho

Estas são algumas das narrativas que deixam de forma clara e inequívoca a correlação do trabalho como potencial instigador do estado de saúde prejudicado no trabalhador. Se a questão de nexo causal não tem o mesmo registro nas classificações do código internacional de doenças (CID), ocorre inteira perspicácia das interações e acometimentos entre padrões da atividade de trabalho e algumas consequências no campo da saúde advindo destas estruturações. Referências dos participantes quanto à percepção da correlação contígua entre a organização do trabalho e estado de saúde de si, enquanto participantes. Ou seja, abordam como sendo “problemas relacionados ao trabalho”, que são portanto, de diversas ordens e no nosso entender, provavelmente o mais emblemático de todos, dando origem e tensionamento afetivo desta tese.

<Internas\\ENTREVISTAS\\Brasil\\Cesar> - § 2 referências codificadas [0,45% Cobertura]

Referência 1 - 0,29% Cobertura

Mas eles foram e fizeram concurso para o programa casa. Por que eles saíram? Por problemas relacionados ao trabalho e com as chefias, sabe?

1.6 Sindicatos

Referências dos participantes quanto a percepção da instância institucional de associações, sindicatos, ordens ou estruturas com possibilidades de ajuda e responsabilidade por sua condição laboral.

<Internas\\ENTREVISTAS\\Brasil\\Alice> - § 3 referências codificadas [1,56% Cobertura]

Referência 3 - 1,41% Cobertura

Inclusive, recursos para ajudar nos cursos podiam ser usados, daí até teve uma discussão minha no Sindicato uma época: Ah, mas o pessoal está fazendo curso, tá

pagando o incentivo à qualificação agora. É da nossa gestão, graças a Deus. O incentivo à qualificação veio de nossa reunião de diretores, coordenadores de carreira, veio pra dentro da PROGEPE esta discussão o incentivo. Se tem lá, eu também quero aqui. Tem em Minas Gerais, quando o diretor, reitor lá de minas gerais falou que tinha esse incentivo à qualificação lá: Ah, por que não temos aqui? É pago pelo governo federal, então, veio a discussão e foi implantado com sucesso.

1.7 Ajudar

Referências dos participantes quanto a percepção dos setores ligados à esfera organizacional serem órgãos de proteção e resguardo de sua condição laboral.

<Internas\\ENTREVISTAS\\Brasil\\Maria II> - § 3 referências codificadas [3,43% Cobertura]

Referência 3 - 0,86% Cobertura

Ela dizia: Olha, Maria, às vezes, o funcionário vem aqui não por nada, vem com a pressão alta, mas ele quer é um acolhimento aqui, uma escuta. Então às vezes, falta muito Psicólogo na universidade. Não devia ter só 1, tinha que ter muito mais. Porque eu acho que quem trabalha numa UTI muito mais...assim de alta complexidade tinha que ter um acompanhamento.