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Aeromóvel, VLT e VLP

No documento CIDADES INTELIGENTES: (páginas 151-156)

2  CAPÍTULO – CIDADE INTELIGENTE: UMA ORIENTAÇÃO À

2.3  CARACTERÍSTICAS, SERVIÇOS E ALTERNATIVAS

2.3.3  MODOS MOTORIZADOS COLETIVOS

2.3.3.4  Aeromóvel, VLT e VLP

O  aeromóvel  é  um modo  de  transporte urbano automatizado  em  via  elevada  de  concepção,  valendo­se  de  um  singular  sistema  de  propulsão  pneumática que se utiliza de gradientes de pressão estabelecido no interior de  um  duto,  localizado  na  via  elevada  logo  abaixo  do veículo e  que  o  propele  através do empuxo fornecido a uma aleta solidária ao veículo, que se movimenta  sobre rodas de aço em trilhos tradicionais. O ar é insuflado pela ação de turbo­ ventiladores centrífugos comerciais de acionamento elétrico, dispostos em casas  de máquinas localizadas em pontos determinados no solo. 

Sob  o  ponto  de  vista  dos  impactos  ambientais,  este  modo  provou  ser  extremamente  silencioso,  uma  vez  que  as  fontes  de  vibração  se  encontram  afastadas dos veículos, em módulos facilmente isoláveis. Quanto à propulsão,  uma  vez  utilizando  motores  elétricos  industriais  e  corrente  alternada de  baixa tensão e potência  para  o  acionamento mecânico dos  sopradores,  a  emissão de poluentes gasosos é nula. Entretanto, grande parte da geração de  energia usada para mover os motores do sistema emite poluentes, sendo assim  um contraponto.  

O  aeromóvel  é  um  sistema  do  tipo  Automated  People  Mover  (APM)  baseado  em  conceitos  mais  próximos  da  tecnologia  de  aviação  do  que  da  engenharia  ferroviária.  O  conceito  do  sistema  totalmente  automatizado,  que  funciona  em  via  elevada  com  propulsão  a  ar,  estabelece  novos  padrões  de  mobilidade  sustentável  e  inovadora.  O  aeromóvel  apresenta  vantagens  importantes em relação a outros modos de transporte sobre trilhos. Cinco vezes 

vezes  mais  econômico  se  comparado  ao  metrô,  o  veículo  ganha  aos  poucos  mais espaço no Brasil e no mundo. 

O projeto­piloto em Porto Alegre, no Brasil, foi colocado em operação em  1983, mas não se estendeu. Apesar de ter sido concebido no Brasil, este modo  ainda só é realidade em Porto Alegre.  Inaugurada em 2013, na capital do Rio  Grande  do  Sul,  a  primeira  linha  liga  a  Estação  Aeroporto  até  o Aeroporto  Internacional Salgado Filho de Porto Alegre. Com 814 metros de extensão, é a  primeira  linha  deste  tipo  de  transporte  utilizada  comercialmente  no Brasil,  desenvolvida pelo Grupo Coester, de São Leopoldo/RS (AMES, 2011). 

  Figura 54: Aeromóvel em Porto Alegre/RS. 

Fonte: QUADROS, 2017. 

Considerado  uma  alternativa  inteligente,  rápida,  barata  e  com  elevada  capacidade de deslocamento de pessoas, o aeromóvel baseia­se no princípio de  redução  do  peso­morto  por  passageiro  transportado  (carga  útil).  Enquanto  a  maioria dos carros no país pesa uma tonelada e carrega uma pessoa, o veículo  movido a ar muda essa relação para 40 quilos para cada passageiro. O menor  peso gera economia de energia, mais segurança e maior eficiência no transporte  público.  Quanto aos Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs) e Veículos Leves sobre  Pneus (VLPs), ambos têm sido adotados em diversos países, inclusive no Brasil,  pela  combinação  de  suas  características:  atendimento  e  níveis  de  demanda 

elevados, custo de implantação menor do que os sistemas de alta capacidade,  capacidade  de  integração  aos  demais  modos  de  transporte  urbano  e  baixo  impacto ambiental.  

Ambos têm a mesma composição; o primeiro opera sobre dois trilhos e é  guiado  por  eles,  e  o  outro  sobre  pneus,  guiados  por  um  trilho.  Estes  podem  utilizar  veículos  articulados  e  biarticulados,  movidos  a  diesel,  eletricidade  ou  híbridos  e,  a  exemplo  do  transporte  sobre  trilhos,  alcançam  maior  ou  menor  eficiência  em  função  do  tratamento  que  recebem  na  sua  inserção  no  espaço  urbano e no sistema viário.  

Aparecem  com  diversas  tecnologias,  desde  simples  bondes  modernizados,  como  em  São  Francisco  nos  EUA,  até  sistemas  com  características muito próximas às dos metrôs, como em Guadalajara (México).  As condições do material rodante e da via é que vão determinar a velocidade  operacional, a capacidade de oferta e o custo de implantação.  

Quando  implantados  com  baixa  segregação,  os  veículos  operam  em  superfície, compartilhando o sistema viário com o tráfego local, pelo menos em  alguns  trechos,  o  que  exige  a  operação  manual  e  sistemas  de  sinalização  semafóricos, impedindo que atinjam velocidades mais altas (entre 12 e 22 km/h)  e reduzindo a sua capacidade de transporte, normalmente em torno de 18 mil  passageiros/hora/sentido.  

Esse sistema consegue manter velocidades entre 15 e 30 km/h e atinge  capacidade  para  transportar  mais  de  25  mil  passageiros/hora/sentido,  quando  implantado com alto grau de segregação, isto é, com poucos cruzamentos em  nível – onde tem prioridade absoluta de passagem, pontos de parada fechados  para permitir a cobrança fora do veículo e veículos articulados (BENVENUTO et  al., 1996).  VLTs e VLPs compartilham o que há de mais moderno nos sistemas de  transporte, associando recursos e tecnologias que disponibilizam viagens dentro  de  padrões  de  horário  e  qualidade.  Wi­Fi,  rádio,  Global  Positioning  System  (GPS),  redes  ópticas  e  dispositivos  inteligentes  de  localização,  interligados  a 

a movimentação do veículo dentro de padrões de regularidade e de atendimento  eficientes à demanda de transporte. 

Como esse veículo normalmente interage com o ambiente urbano, é típico  o  seu  compartilhamento  com  outros  veículos,  principalmente  em  cruzamentos  viários.  No  tocante  ao  conceito  de  cidade  inteligente,  utiliza­se  de  sistemas  semafóricos que lhe oferecem prioridade de passagem, o que permite fluidez e  pontualidade em sua movimentação.  Implantar os veículos leves é bem mais fácil e barato que o metrô. O VLP  leva até 400 pessoas, enquanto o VLT leva até 600. O VLT é um pouco mais  caro, por conta da instalação dos trilhos e do sistema de alimentação de energia  por baixo do solo. Mas além de transportar mais vagões, sua manutenção é um  pouco mais acessível que a do VLP.  O VLT está entre as opções mais procuradas pelas cidades que optam  por  modernizar  o  seu  sistema  de  transporte  coletivo.  Trata­se  de  uma  versão  moderna dos antigos bondes, agora mais leves, econômicos e silenciosos.  

É  uma  boa  opção  de  integração  com  o  metrô,  já  que  algumas  cidades  optam por um sistema híbrido de trilhos, onde o metrô é capilarizado em longas  distâncias  e  os  corredores  são  compartilhados  com  o  VLT  na  região  central.  Assim, as cidades que já têm o sistema subterrâneo podem usar o VLT como  uma opção funcional.   Outro benefício é o baixo custo de manutenção e vida útil longa, cerca de  três vezes maior que a de um ônibus. Por não ter motor que faça a queima de  combustível, há menos peças e menor necessidade de trocar esses insumos, o  que prolonga a durabilidade do veículo. Mas, uma das suas principais vantagens  é  o  impacto  ambiental,  que  é  muito  menor  do  que  a  queima  de  combustíveis  fósseis, razão pela qual substituir ônibus a diesel por esses veículos é um ganho  sustentável importante.  

No entanto, o VLT não tem movimentos lentos. Isso faz com que o espaço  entre os veículos nos horários de pico não possa ser acelerado além do limite de  segurança,  o  que  poder gerar gargalos.  Além de  não  ter  uma  via  exclusiva,  é 

comum que o veículo seja freado para outros veículos ocuparem a via. Por não  possuir o trânsito livre, é indicado especialmente para regiões centrais, onde se  têm  velocidade  reduzida.  Mas  o  principal  problema  é  o  custo:  a  implantação  deste sistema é mais cara que a do BRT e não oferece a mesma capacidade de  transporte.    Diversos exemplos recentes de operação de corredores estruturais em  via segredada em Curitiba/PR, Goiânia/GO, São Paulo/SP, entre outros no Brasil  e em outros países do mundo demonstram potencial.    Figura 55: VLT de Cuiabá/MT.  Fonte: SILVA, 2015.   

A  implantação  de  sistemas  estruturais  com  veículos  leves  exige  investimentos  iniciais  expressivos  em  infraestrutura  urbana,  inferiores  se  comparados  aos  exigidos  pelos  sistemas  de  metrô,  mas  superiores  se  comparados  ao  sistema  de  BRT.  O  Estado,  nas  três  esferas  de  governo,  tem  papel fundamental a desempenhar na captação de recursos, seja diretamente,  por  meio  de  recursos  orçamentários,  ou  criando  condições  de  captação  de  recursos  na  iniciativa  privada  por  meio  de  concessões,  parcerias  público­ privadas, operações urbanas e outros instrumentos de financiamento.  

No documento CIDADES INTELIGENTES: (páginas 151-156)