2 CAPÍTULO – CIDADE INTELIGENTE: UMA ORIENTAÇÃO À
2.3 CARACTERÍSTICAS, SERVIÇOS E ALTERNATIVAS
2.3.3 MODOS MOTORIZADOS COLETIVOS
2.3.3.4 Aeromóvel, VLT e VLP
O aeromóvel é um modo de transporte urbano automatizado em via elevada de concepção, valendose de um singular sistema de propulsão pneumática que se utiliza de gradientes de pressão estabelecido no interior de um duto, localizado na via elevada logo abaixo do veículo e que o propele através do empuxo fornecido a uma aleta solidária ao veículo, que se movimenta sobre rodas de aço em trilhos tradicionais. O ar é insuflado pela ação de turbo ventiladores centrífugos comerciais de acionamento elétrico, dispostos em casas de máquinas localizadas em pontos determinados no solo.
Sob o ponto de vista dos impactos ambientais, este modo provou ser extremamente silencioso, uma vez que as fontes de vibração se encontram afastadas dos veículos, em módulos facilmente isoláveis. Quanto à propulsão, uma vez utilizando motores elétricos industriais e corrente alternada de baixa tensão e potência para o acionamento mecânico dos sopradores, a emissão de poluentes gasosos é nula. Entretanto, grande parte da geração de energia usada para mover os motores do sistema emite poluentes, sendo assim um contraponto.
O aeromóvel é um sistema do tipo Automated People Mover (APM) baseado em conceitos mais próximos da tecnologia de aviação do que da engenharia ferroviária. O conceito do sistema totalmente automatizado, que funciona em via elevada com propulsão a ar, estabelece novos padrões de mobilidade sustentável e inovadora. O aeromóvel apresenta vantagens importantes em relação a outros modos de transporte sobre trilhos. Cinco vezes
vezes mais econômico se comparado ao metrô, o veículo ganha aos poucos mais espaço no Brasil e no mundo.
O projetopiloto em Porto Alegre, no Brasil, foi colocado em operação em 1983, mas não se estendeu. Apesar de ter sido concebido no Brasil, este modo ainda só é realidade em Porto Alegre. Inaugurada em 2013, na capital do Rio Grande do Sul, a primeira linha liga a Estação Aeroporto até o Aeroporto Internacional Salgado Filho de Porto Alegre. Com 814 metros de extensão, é a primeira linha deste tipo de transporte utilizada comercialmente no Brasil, desenvolvida pelo Grupo Coester, de São Leopoldo/RS (AMES, 2011).
Figura 54: Aeromóvel em Porto Alegre/RS.
Fonte: QUADROS, 2017.
Considerado uma alternativa inteligente, rápida, barata e com elevada capacidade de deslocamento de pessoas, o aeromóvel baseiase no princípio de redução do pesomorto por passageiro transportado (carga útil). Enquanto a maioria dos carros no país pesa uma tonelada e carrega uma pessoa, o veículo movido a ar muda essa relação para 40 quilos para cada passageiro. O menor peso gera economia de energia, mais segurança e maior eficiência no transporte público. Quanto aos Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs) e Veículos Leves sobre Pneus (VLPs), ambos têm sido adotados em diversos países, inclusive no Brasil, pela combinação de suas características: atendimento e níveis de demanda
elevados, custo de implantação menor do que os sistemas de alta capacidade, capacidade de integração aos demais modos de transporte urbano e baixo impacto ambiental.
Ambos têm a mesma composição; o primeiro opera sobre dois trilhos e é guiado por eles, e o outro sobre pneus, guiados por um trilho. Estes podem utilizar veículos articulados e biarticulados, movidos a diesel, eletricidade ou híbridos e, a exemplo do transporte sobre trilhos, alcançam maior ou menor eficiência em função do tratamento que recebem na sua inserção no espaço urbano e no sistema viário.
Aparecem com diversas tecnologias, desde simples bondes modernizados, como em São Francisco nos EUA, até sistemas com características muito próximas às dos metrôs, como em Guadalajara (México). As condições do material rodante e da via é que vão determinar a velocidade operacional, a capacidade de oferta e o custo de implantação.
Quando implantados com baixa segregação, os veículos operam em superfície, compartilhando o sistema viário com o tráfego local, pelo menos em alguns trechos, o que exige a operação manual e sistemas de sinalização semafóricos, impedindo que atinjam velocidades mais altas (entre 12 e 22 km/h) e reduzindo a sua capacidade de transporte, normalmente em torno de 18 mil passageiros/hora/sentido.
Esse sistema consegue manter velocidades entre 15 e 30 km/h e atinge capacidade para transportar mais de 25 mil passageiros/hora/sentido, quando implantado com alto grau de segregação, isto é, com poucos cruzamentos em nível – onde tem prioridade absoluta de passagem, pontos de parada fechados para permitir a cobrança fora do veículo e veículos articulados (BENVENUTO et al., 1996). VLTs e VLPs compartilham o que há de mais moderno nos sistemas de transporte, associando recursos e tecnologias que disponibilizam viagens dentro de padrões de horário e qualidade. WiFi, rádio, Global Positioning System (GPS), redes ópticas e dispositivos inteligentes de localização, interligados a
a movimentação do veículo dentro de padrões de regularidade e de atendimento eficientes à demanda de transporte.
Como esse veículo normalmente interage com o ambiente urbano, é típico o seu compartilhamento com outros veículos, principalmente em cruzamentos viários. No tocante ao conceito de cidade inteligente, utilizase de sistemas semafóricos que lhe oferecem prioridade de passagem, o que permite fluidez e pontualidade em sua movimentação. Implantar os veículos leves é bem mais fácil e barato que o metrô. O VLP leva até 400 pessoas, enquanto o VLT leva até 600. O VLT é um pouco mais caro, por conta da instalação dos trilhos e do sistema de alimentação de energia por baixo do solo. Mas além de transportar mais vagões, sua manutenção é um pouco mais acessível que a do VLP. O VLT está entre as opções mais procuradas pelas cidades que optam por modernizar o seu sistema de transporte coletivo. Tratase de uma versão moderna dos antigos bondes, agora mais leves, econômicos e silenciosos.
É uma boa opção de integração com o metrô, já que algumas cidades optam por um sistema híbrido de trilhos, onde o metrô é capilarizado em longas distâncias e os corredores são compartilhados com o VLT na região central. Assim, as cidades que já têm o sistema subterrâneo podem usar o VLT como uma opção funcional. Outro benefício é o baixo custo de manutenção e vida útil longa, cerca de três vezes maior que a de um ônibus. Por não ter motor que faça a queima de combustível, há menos peças e menor necessidade de trocar esses insumos, o que prolonga a durabilidade do veículo. Mas, uma das suas principais vantagens é o impacto ambiental, que é muito menor do que a queima de combustíveis fósseis, razão pela qual substituir ônibus a diesel por esses veículos é um ganho sustentável importante.
No entanto, o VLT não tem movimentos lentos. Isso faz com que o espaço entre os veículos nos horários de pico não possa ser acelerado além do limite de segurança, o que poder gerar gargalos. Além de não ter uma via exclusiva, é
comum que o veículo seja freado para outros veículos ocuparem a via. Por não possuir o trânsito livre, é indicado especialmente para regiões centrais, onde se têm velocidade reduzida. Mas o principal problema é o custo: a implantação deste sistema é mais cara que a do BRT e não oferece a mesma capacidade de transporte. Diversos exemplos recentes de operação de corredores estruturais em via segredada em Curitiba/PR, Goiânia/GO, São Paulo/SP, entre outros no Brasil e em outros países do mundo demonstram potencial. Figura 55: VLT de Cuiabá/MT. Fonte: SILVA, 2015.
A implantação de sistemas estruturais com veículos leves exige investimentos iniciais expressivos em infraestrutura urbana, inferiores se comparados aos exigidos pelos sistemas de metrô, mas superiores se comparados ao sistema de BRT. O Estado, nas três esferas de governo, tem papel fundamental a desempenhar na captação de recursos, seja diretamente, por meio de recursos orçamentários, ou criando condições de captação de recursos na iniciativa privada por meio de concessões, parcerias público privadas, operações urbanas e outros instrumentos de financiamento.