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SUMÁRIO

TESTES PRIMÁRIOS VALORES TOTAIS

2.4.3. Confronto entre a Lei NB e as análises de preços do TCU:

2.4.3.2. Aeroporto de Confins

O orçamento da reforma do Aeroporto de Confins em Minas Gerais, analisado no trabalho em tela, totalizava R$ 294.756.117,22 (valor inicial do edital, a preços de setembro de 2010).

No decurso de uma fiscalização do TCU na Infraero, foi recebida uma denúncia acerca de supostas irregularidades no edital de licitação da obra de Confins. A Corte de Contas, após exame da unidade técnica responsável, apurou, dentre outras irregularidades, um sobrepreço de 47,35%, em amostra de 48,56% do orçamento, acima em R$ 45.988.657,61 dos preços de referência.

Foi, então, suspendido cautelarmente o certame e promovida a oitiva da Infraero. Para dar seguimento à licitação, a estatal efetuou reduções na planilha orçamentária inicial e saneou as demais irregularidades atinentes ao instrumento convocatório.

O Testes Primários apontaram uma conformidade aceitável dos primeiros dígitos dos preços unitários e mostraram uma desconformidade para os segundos dígitos e para os dois primeiros dígitos avaliados conjuntamente.

Os preços totais se mostraram mais aderentes à distribuição da Lei de Benford do que os preços unitários, pois, de um modo geral, apresentaram uma conformidade aceitável nos Testes Primários.

Na análise dos dígitos dos preços unitários de forma individualizada, os dígitos 17 e 79 foram detectados no Teste dos Dois Primeiros Dígitos e no Teste de Soma. Constaram em quatro itens da Curva ABC, incluindo o serviço de maior valor da planilha, Administração Local e Manutenção do Canteiro (valor total = R$ 22.366.893,36). As reduções efetuadas pela Infraero nesses itens somaram R $6.488.518,03, incluso o BDI.

Além disso, foram identificados mais 17 serviços da Curva ABC que sofreram reduções nos preços. Somando-se todos os ajustes efetuados nos itens, cujos primeiros dígitos foram identificados nos testes da Lei NB, encontrou- se o valor de R$ 26.613.838,49, que representava 48,16% do total das reduções no orçamento promovidas pela Infraero.

Todos os dígitos identificados no Teste de Duplicação de Número, à exceção do 13 e do 14, foram identificados ou nos Testes Primários ou no Teste de Soma.

Na análise dos preços totais, percebeu-se que, dentre todos os testes da Lei NB, o Teste de Soma fora o mais efetivo, uma vez que mostrava a magnitude da soma de todos os valores com determinados primeiros dígitos em relação ao

valor total da planilha. Isso não aconteceu com os preços unitários, que poderiam não ser identificados pelo Teste de Soma quando muito baixos, mas, que poderiam, quando multiplicados pela quantidade, resultar em preços totais bastante relevantes. Assim, serviços com baixos preços unitários poderiam compor a Curva ABC.

Nessa análise coincidiram apenas os dois primeiros dígitos 79 nos Testes Primários e no Teste de Soma. O serviço que possuía tais características era o 03.01.260.01 - Caixilho especial e antichama (...), que foi suprimido do orçamento pela Infraero, resultando em uma diminuição do valor do contrato em pelo menos sete milhões de reais.

Já o Teste de Duplicação de Número identificou valores repetidos com os dígitos 20 e 79, os quais também tiveram grande destaque no Teste de Soma e contribuíram para a seleção da amostra a ser testada.

Observando-se alguns dos dois primeiros dígitos identificados nos Testes Primários, percebeu-se que, apesar de terem sido muito frequentes na planilha, possuíam baixa materialidade segundo o Teste de Soma. Dessa maneira, em uma análise expedita inicial, tais dígitos poderiam ser descartados, pois o esforço da análise não compensaria os resultados.

Identificaram-se 18 itens da Curva ABC, cuja redução de valor totalizou R$ 45.373.761,03, com BDI, que representava 82,11% do que havia sido alterado pela Infraero.

Contudo, cabe ressaltar que a Corte de Contas analisou apenas 48,56% da planilha orçamentária inicial do Aeroporto de Confins, que representava somente 44,67% do orçamento após os ajustes nos preços. O restante dos serviços, os quais não foram questionados e representavam mais da metade do valor total da obra, poderiam conter itens com sobrepreço.

O Teste de Segunda Ordem apontou uma conformidade aceitável dos dados dos preços unitários com a Lei de Benford, enquanto revelou uma conformidade aproximada da distribuição dos valores totais.

O Teste dos Dois Últimos Dígitos revelou picos nos dígitos múltiplos de 10, tendo se destacado o pico nos dígitos 00 para ambas as distribuições. Tal

fato não é preocupante, uma vez que, no mercado, essa característica nos preços é mais comum.

O Modelo Fator de Distorção mostrou que houve uma subestimação dos dados para os preços unitários e totais, que não foi significativa a um nível de 0,05 em ambos os casos.

A regressão linear que testou a uniformidade da distribuição das mantissas dos logaritmos das distribuições confirmou que as mantissas formavam uma linha quase reta quando ordenadas, confirmando essa propriedade da Lei de Benford em ambos os casos.

O Mantissa Arc Test também confirmou que as mantissas dos logaritmos dos valores em ambos os casos se distribuíam uniformemente, e mostrou que os preços unitários, no que se refere às mantissas, aproximavam-se mais da distribuição de Benford, uma vez que tiveram um desempenho superior no teste.

Ante todo o exposto, constatou-se: (i) que os custos unitários apresentaram uma conformidade aceitável dos primeiros dígitos e uma desconformidade do segundo e dos dois primeiros dígitos analisados em conjunto; (ii) que os custos totais mostraram uma conformidade aceitável com a Lei em tela; e (iii) que as análises de conformidade com a Lei NB foram assertivas na seleção de itens da planilha orçamentária de Confins com sobrepreço identificado pelo TCU.