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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS LISTA DE FIGURAS

4. RELATOS DE CASOS ACOMPANHADOS

4.2 AFECÇÕES DO SISTEMA ÓSSEO

4.2.1 Afecção de Legg-Calvé-Perthes

4.2.1.1 Revisão de literatura

Também pode ser denominada como afecção de Legg-Perthes ou Calvé-Perthes, osteocondrite juvenil, necrose avascular, e coxa plana, a afecção de Legg-Calvé-Perthes é uma necrose asséptica não inflamatória da cabeça e colo femorais em cães de pequeno porte. A causa de tal necrose não é conhecida com certeza, mas tem sido proposta como isquemia resultante de compressão vascular e atividade hormonal sexual precoce. (PIERMATTEI e FLO, 1999).

Em todos os casos, o osso da cabeça e colo femorais sofre necrose e deformação durante as quais a dor é manifestada pelo animal. A cartilagem articular crepita, como resultado de colapso do osso subcondral. O osso eventualmente pode formar-se novamente na área necrótica, mas a cabeça e colo femorais estão deformados, com incongruência articular e instabilidade resultantes. Esta condição leva a graves mudanças degenerativas dentro de toda articulação coxofemoral e a desenvolvimento de acentuada ósteo-artrose. (PIERMATTEI e FLO, 1999).

Animais machos e fêmeas são igualmente afetados. O envolvimento bilateral tem sido relatado como 16,5%. Os animais de raças “toy” e terrier são os mais suscetíveis. O pico de incidência do aparecimento de sintomas é de 5 a 8 meses de idade, com a amplitude de 3 a 13 meses. (PIERMATTEI e FLO, 1999).

Freqüentemente, o primeiro sinal notado é a irritabilidade. O animal pode morder a área do flanco e coxal. A dor pode ser determinada na articulação

coxofemoral, particularmente na abdução, a crepitação pode estar presente, com taxa de movimentação restrita e encurtamento do membro. A atrofia dos músculos glúteos e quadríceps tornam-se aparente. A ocorrência de claudicação é geralmente gradual, e seis a oito semanas são necessárias para progressão até a incompleta impotência funcional. (PIERMATTEI e FLO, 1999).

As radiografias da articulação coxofemoral devem ser realizadas no posicionamento ventrodorsal. (Figura 10). Os sinais radiográficos são: deformidade e irregularidade de cabeça e colo femorais, depressões radioluscentes no osso subcondral da cabeça femoral, diminuição da radiopacidade de epífise e metáfise femorais, subluxação coxofemoral, fragmentação de cabeça femoral, fraturas patológicas (secundárias) e sinais de doença articular degenerativa secundária (principalmente osteofitose em colo femoral). (OLMSTEAD, 1998).

Apesar da afecção poder ocorrer bilateralmente, os sinais radiográficos podem não se apresentar simultaneamente. Uma alternativa para o diagnóstico é o uso da ressonância magnética com contraste. (OLMSTEAD, 1998).

O diagnóstico diferencial para animais jovens é a luxação patelar medial e para animais senis é a ruptura de ligamento cruzado cranial e a displasia coxofemoral. (CARPENTER, 2003).

Com base no tratamento, a excisão da cabeça e colo femorais produz resultados mais favoráveis do que o tratamento conservativo, que consiste de repouso e analgésicos. Com a técnica cirúrgica adequada, leve claudicação pode permanecer porque o membro é encurtado pela remoção da cabeça e colo femorais, e os músculos da coxa e articulações coxofemoral permanecem de alguma maneira atrofiados. Em raras circunstâncias onde as radiotransparências são vistas sem

colapso femoral, pode-se tentar aplicar bandagem de Ehmer por três a quatro dias.

(GAMBARDELLA, 1996).

FIGURA 10: RADIOGRAFIA DE PACIENTE COM NECROSE ASSÉPTICA DA CABEÇA FEMORAL, NO POSICIONAMENTO VENTRODORSAL

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

4.2.1.2 Caso Clínico 2

NOME: Snoopy ESPÉCIE: Canina RAÇA: SRD SEXO: Macho

RG Nº: 2064/06 IDADE: 7 meses PESO: 6,7 Kg DATA:08/08/2006

SETOR DE ATENDIMENTO: Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia (CCAC)

ANAMNESE

O paciente estava com claudicação no membro posterior esquerdo há mais ou menos 10 dias, às vezes apoiava o membro mas não soltava o peso, o proprietário nega qualquer tipo de trauma, e o animal tem momentos que parece melhor. Foi tratado com ¼ de comprimido de Voltarem® e depois mais ¼ de comprimido de Dorflex®, com isto apresentou vômito e suspendeu a medicação há uma semana. Comportamento dócil, vacinado, vermífugo foi administrado há 3 meses, come ração seca com comida caseira, vive em ambiente com piso de cimento, e não tem acesso à rua.

EXAME FÍSICO

Ao exame físico o animal apresentou temperatura retal de 39,1°C, freqüência cardíaca de 176 bpm, freqüência respiratória de 40 mpm, tempo de preenchimento capilar de 1”, boa hidratação, mucosas rosadas, pulso normal, nível de consciência alerta, estado nutricional normal, comportamento dócil, membro posterior esquerdo parcialmente flexionado e dor na extensão e flexão da articulação coxofemoral do membro posterior esquerdo.

EXAMES COMPLEMENTARES

Radiografia da região articular coxofemoral, hemograma + plaqueta, creatinina + proteínas totais.

Resultados:

Radiografia em posição ventrodorsal observou arrasamento da cabeça e colo femoral esquerdo, com áreas de osteólise em colo femoral.(Figura 11).

Creatinina 1,27 mg/dl Proteínas totais 8,5 g/dl Segmentados 49%

Linfócitos 49%

Eosinófilos 2%

FIGURA 11: CONTORNO IRREGULAR DE CABEÇA E COLO FEMORAL ESQUERDO DE PACIENTE COM NECROSE ASSÉPTICA DA CABEÇA FEMORAL

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

DIAGNÓSTICO

Necrose Avascular da Cabeça do Fêmur.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Fratura de colo femoral, fratura de acetábulo, luxação coxofemoral, ruptura do ligamento cruzado cranial, trauma, luxação patelar, displasia coxofemoral.

TRATAMENTO

Ostectomia ou Artroplastia por excisão da cabeça e colo do fêmur.

PROTOCOLO ANESTÉSICO

O paciente foi pré-medicado com Neozine® na dose de 0,15 mg/ Kg (0,2 ml/kg) de peso pela via intramuscular. Após indução anestésica com propofol, volume de 4 ml pela via intravenosa, o paciente foi mantido em plano anestésico com isofluorano, volume total de 10 ml, pela via inalatória. Foi feito anestesia epidural com lidocaína 1 ml/Kg mais morfina na dose 0,2 mg/Kg.

DESCRIÇÃO DA TÉCNICA OPERATÓRIA

Animal em decúbito lateral. Acesso dorso-caudal, com uma incisão de pele e subcutâneo em meia lua, tendo como referência o trocanter maior. Incisou-se a fascia lata, afastando os músculos glúteos superficiais e bíceps femoral e do nervo ciático, incisão dos músculos gêmeos expondo a cápsula articular, incisando a cápsula articular, extravasando o líquido sinovial. Com uma leve rotação do membro

luxou-se a cabeça do fêmur, com isso a cabeça fica exposta promovendo-se a artroplastia por excisão da cabeça e colo femorais, com auxílio de um osteótomo e martelo, em seguida retirou-se esquírolas ósseas através de uma goiva. Lavou o local com solução fisiológica. Em seguida, sutura do subcutâneo com cushing e fio nylon 0,25, sutura da pele com pontos simples contínuo e fio nylon 0,25.

PÓS-OPERATÓRIO

Pós-cirurgia realizou-se uma radiografia em posição ventrodorsal, para constatar o sucesso da artroplastia. (Figura 12).

FIGURA 12: RAIO-X PÓS-OPERATÓRIO EM POSIÇÃO VENTRODORSAL, AUSÊNCIA DE CABEÇA E COLO FEMORAL ESQUERDO

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

O paciente ficou internado por dois dias com as seguintes medicações e cuidados: Cefalexina® na dose 30mg/Kg - 1 ml, SC, TID, Cetaprofeno® na dose 1 mg/Kg - 0,14 ml, SC, SID, Tramal® na dose 1 mg/Kg - 0,14 ml, SC, TID, gelo por 10 minutos, BID, curativo com PVPI nos pontos, SID, e fisioterapia com movimentos de flexão e extensão, BID. A prescrição para o paciente em casa foi Cefalexina 250mg, um comprimido, VO, TID, Meloxicam 0,5 mg, um comprimido, VO, SID, manter a fisioterapia, gelo e curativo e colar protetor até retorno.

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO

A escolha pele artroplastia por excisão da cabeça e do colo femoral foi a melhor, pois como já foi descrito este procedimento cirúrgico elimina o contato doloroso do osso com osso além de ter um prognóstico excelente. O tratamento conservativo só é realizado caso o proprietário não tenha condições de financiar a cirurgia, pois só amenizará a dor do animal e não resolverá o problema.

4.2.2 Displasia Coxofemoral

4.2.2.1 Revisão de Literatura

A articulação coxofemoral é uma articulação esferoidal em que a cabeça femoral hemisférica encaixe-se num receptáculo/cavidade elipsóide situado no interior do osso pélvico. A configuração anatômica desta articulação permite grande

amplitude de movimentos, ao mesmo tempo em que proporciona máxima estabilidade. (MANLEY, 1998)

A displasia coxofemoral é o desenvolvimento ou o crescimento anormal da articulação coxofemoral. Ela se manifesta por vários graus de frouxidão dos tecidos moles ao redor, instabilidade, malformação da cabeça femoral e acetábulo, e ósteo-artrose. (PIERMATTEI e FLO, 1999). (Figura 13)

Uma das afecções mais prevalentes na articulação coxofemoral, a displasia coxofemoral é a causa mais importante de ósteo-artrite coxofemoral do cão. A afecção raramente ocorre em cães que tem um peso corpóreo abaixo de 11 a 12 Kg, quando adultos. (PIERMATTEI e FLO, 1999).

FIGURA 13: À ESQUERDA UMA ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL NORMAL E À DIREITA UMA ARTICULAÇÃO ANORMAL

FONTE: FRATOCCHI E SOMMER, 2006

A transmissão pode ser hereditária, recessiva, intermitente e poligênica (alguns autores consideram 20 genes). Fatores nutricionais, biomecânicos e de meio ambiente (multifatorial), associados à hereditariedade, pioram a condição da displasia. Recomenda-se fundamentalmente evitar os traumas, sejam eles da obesidade, dos trabalhos precoces, dos exercícios forçados, dos locais escorregadios. (PIERMATTEI e FLO, 1999; FRATOCCHI e SOMMER, 2006).

Os achados clínicos da displasia coxofemoral variam com a idade do animal.

Há dois grupos clinicamente reconhecíveis : Os animais jovens entre 5 e 8 meses de idade e os animais adultos que apresentam a forma crônica da doença. Nos animais jovens é constatado um curso unilateral da doença que ocasionalmente se apresenta bilateralmente. Clinicamente observa-se claudicação, redução das atividades do animal, sensibilidade nos membros pélvicos, dificuldade de erguer-se, redução do desejo de andar, correr subir escadas, além do fato da maioria dos pacientes apresentarem sinal de Ortolani positivo (este sinal se apresenta como um

“clique” produzido pela cabeça femoral quando ela escorrega para dentro e para fora do acetábulo em conseqüência de movimentos de adução seguido de abdução). Os animais idosos apresentam um quadro clínico diferente devido à degeneração articular crônica. A claudicação pode ser uni ou bilateral após exercícios prolongados ou forçados, o seu andar se assemelha a requebros havendo freqüente crepitação e limitação na amplitude do movimento da articulação. O animal prefere sentar-se ao invés de posicionar-se em estação, apresentando dificuldade ao se levantar, e o faz lentamente. Visualiza-se atrofia muscular do membro afetado e hipertrofia dos músculos que envolvem a escápula e o úmero. (WALLACE e OLMSTEAD, 1995).

O exame clínico baseia-se na observação do animal em estação, caminhando e trotando, na constatação de aumentos de volumes e assimetrias nos membros e na busca da presença da dor, crepitação e amplitude do movimento articular, maior na fase aguda e menor na crônica, já que nesta última intensificam-se as alterações articulares degenerativas, tomando lugar à fibrointensificam-se capsular e muscular circundante. (FRATOCCHI e SOMMER, 2006)

O diagnóstico definitivo é obtido através do exame radiográfico, mediante posicionamento correto do paciente e imagens de qualidade. Este posicionamento

normalmente é alcançado através da anestesia geral, já que estamos frente a uma alteração muitas vezes dolorosas e de raças geralmente grande. (FRATOCCHI e SOMMER, 2006).

O tratamento poderá ser medicamentoso ou cirúrgico. Neste último relacionam-se várias possibilidades, desde as mais simples, tais como, por exemplo, a pectineotomia e a ressecção de cabeça e colo femorais (artroplastia excisional), até as mais complexas, como as correções de desvios do tipo geno valgo e antiversão, a denervação da cápsula articular, a acetabuloplastia extracapsular, a osteotomia tripla de pelve, a osteotomia intertrocantérica, o alongamento de colo femoral, a prótese total coxofemoral, mais recentemente a sinfisiodese púbica juvenil, etc. e as associações cirúrgicas, como a osteotomia tripla de pelve com o alongamento de colo femoral. Modernamente tem-se tratado a displasia coxofemoral, mediante produtos com a propriedade de proteger e regenerar (anabolizar) a cartilagem articular danificada, produzindo analgesia natural. A associação dos antiinflamatórios só deve ser preconizada na fase inicial do tratamento. A ação anabolizante dos produtos pode resultar ainda melhor se acompanhada de medidas apropriadas de manejo, tais como manter o animal em locais restritos para que o mesmo reduza sua atividade física, assim como evitar a obesidade do paciente e os locais escorregadios. Hidroginástica e natação também são recomendadas. (FRATOCCHI e SOMMER, 2006).

4.2.2.2 Caso Clínico 3

NOME: Mickey ESPÉCIE: Canina RAÇA: Pastor Alemão SEXO: Macho

RG Nº: 0291/04 IDADE: 14 anos PESO: 34 Kg DATA:23/09/2006

SETOR DE ATENDIMENTO: Clínica Cirúrgica de Animal Companhia (CCAC)

ANAMNESE

O proprietário observou que o animal estava bem apático, só ficava deitado, e só se levantou com muita dificuldade para comer, e hoje pela manhã não queria se movimentar, se cansa muito fácil, urina mesmo deitado, não é castrado. Foi atropelado há uns 5 anos atrás e depois desse episódio sempre claudica um pouco com o membro posterior direito. O animal apresenta uma infestação de carrapato, olhos avermelhados com secreção, comportamento dócil, alimentado com ração seca (pacote fechado), vacina nacional comprada em agropecuária, o vermífugo é administrado duas vezes ao ano, vivem em ambiente que tem jardim e piso de cimento, juntamente com uma cadela, só tem acesso à rua junto com o proprietário.

EXAME FÍSICO

O animal apresentou temperatura retal de 39,8°C, f reqüência cardíaca de 92 bpm, freqüência respiratória de 72 mpm, e TPC 1”, hidratação normal. Pulso arterial

normal, mucosas rosadas, nível de consciência alerta, estado nutricional normal, comportamento dócil. Animal com infestação de carrapato, ao se movimentar tem muita dor no membro posterior esquerdo, não foi possível a palpação pois sentia muita dor. Muito tártaro na cavidade oral.

EXAMES COMPLEMENTARES

Raios-X, hemograma + plaqueta, glicose, creatinina + proteínas totais.

Resultados:

Raios-X em posição ventrodorsal, observa-se perda da profundidade acetabular bilateral com remodelamento de colo e cabeça femoral severa, com proliferação de osteófitos em articulação coxofemoral bilateral, compatível com displasia coxofemoral com DAD (doença articular degenerativa) avançada. (Figura 14)

Glicose: 80 mg/dl Creatinina: 0,8 mg/dl Proteínas totais: 6,7 mg/dl Plaquetas: 940 m/mm³ Segmentados: 69%

Eosinófilos: 5%

Linfócitos: 26%

FIGURA 14: RADIOGRAFIA EM POSIÇÃO VENTRODORSAL – PERDA DA PROFUNDIDADE ACETABULAR COM REMODELAMENTO DE COLO E CABEÇA FEMORAL SEVERA, COM PROLIFERAÇÃO DE OSTEÓFITOS EM ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL BILATERAL, COMPATÍVEL COM DISPLASIA COXOFEMORAL

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

DIAGNÓSTICO

Displasia coxofemoral bilateral com DAD.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Luxação coxofemoral, fratura do colo femoral, fratura de pelve, artrite.

TRATAMENTO

Denervação da cápsula articular coxofemoral.

PROTOCOLO ANESTÉSICO

O paciente foi pré-medicado com Neozine® na dose de 0,15 mg/ Kg de peso pela via intramuscular. Após indução anestésica com propofol na dose de 5mg/Kg de peso pela via intravenosa, o paciente foi mantido em plano anestésico com isofluorano, volume total de 25 ml, pela via inalatória. A respiração por circuito semi-fechado e espontâneo.

DESCRIÇÃO DA TÉCNICA OPERATÓRIA

Animal em decúbito lateral direito. Acesso cranial ao trocanter maior, incisão da pele de 3 a 4 cm, seguida da fascia muscular para divulsionar entre o bíceps e tensor da fascia lata e glúteos, tendo acesso à articulação coxofemoral. Realizando em seguida a raspagem do periósteo em meia lua crânio dorsal ao acetábulo.

Lavagem do local com solução fisiológica, para que não fique fragmentos de periósteo. Sutura-se a fascia muscular com pontos simples isolados, a fascia gordurosa em padrão contínuo, o subcutâneo com cushing e a pele com contínua simples, todas as suturas com fio nylon 0,30. O mesmo procedimento foi realizado do lado oposto.

PÓS-OPERATÓRIO

O paciente permaneceu internado por 6 horas, assim que retornou da anestesia recebeu alta assistida a pedido do proprietário. O tratamento prescrito foi Cefalexina® 1000mg, na dose 30mg/Kg - 1 ml, VO, TID, até novas recomendações, Previcox® um comprimido, VO, SID, por dez dias, colar protetor, caminhadas leves e curativo dos pontos com PVPI, SID.

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO

O paciente foi submetido ao procedimento de denervação da cápsula articular coxofemoral para somente aliviar a dor, pois as mudanças degenerativas continuaram, mas foi o tratamento de escolha e de melhor eficácia para este caso, por que o paciente está com uma displasia coxofemoral muito avançada e juntamente com uma doença articular degenerativa, e pela avançada idade de 14 anos.

Não foi possível o acompanhamento do paciente, pois este não voltou para o retorno.

4.2.2.3 Caso Clínico 4

NOME: Falcão ESPÉCIE: Canina

RAÇA: Mestiço Pastor Alemão SEXO: Macho

RG Nº: 1431/06 IDADE: 1 ANO PESO: 27 Kg DATA:17/08/2006

SETOR DE ATENDIMENTO: Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia (CCAC)

ANAMNESE

Proprietário relata que há dois dias o animal “gritou” e depois ficou com o membro posterior esquerdo suspenso, apático e em bradipnéia. O paciente está em tratamento para uma dermatite, está sendo administrado Meticortem® e shampoo Alerdog®. Não é castrado, comportamento dócil, come ração seca de boa qualidade, vacina nacional de agropecuária, vermífugo Drontal®, no ambiente em que vive tem piso de lajota, com dois degraus e depois cimento. Não tem acesso à rua. Os proprietários não viram o que aconteceu, dizem que o animal é muito ativo e corre muito, por isto não descartam a possibilidade de ter se machucado no quintal.

EXAME FÍSICO

Ao exame físico o animal apresentou temperatura retal de 38,6°C, freqüência cardíaca de 112 bpm, freqüência respiratória com taquipnéia, tempo de preenchimento capilar de 1”, boa hidratação, mucosas rosadas, pulso normal, nível de consciência alerta, estado nutricional normal, comportamento dócil, não apóia o membro posterior esquerdo, apresenta pontos de eritema na pele, já está sendo tratado, impotência do MPE e está rotacionado para fora.

EXAMES COMPLEMENTARES

Raios-X, hemograma + plaquetas e creatinina + proteínas totais

Resultados:

Na radiografia em posição ventrodorsal se percebe perda de profundidade acetabular com remodelamento e cabeça e colo femoral e proliferação e osteófitos em articulação coxofemoral bilateral, com luxação da articulação coxofemoral à esquerda – imagem compatível com displasia coxofemoral à esquerda com DAD avançada. Presença de fragmentos ósseos em área de projeção de espaço articular coxofemoral esquerdo, em vista ventrodorsal – fratura de osteófito. (Figura 15)

Creatinina: 1,07 mg/dl Proteínas totais: 4,6 g/dl Segmentados: 63%

Linfócitos: 37%

FIGURA 15: RADIOGRAFIA EM POSIÇÃO VENTRODORSAL – PRESENÇA DE FRAGMENTOS ÓSSEOS EM ÁREA DE ESPAÇO ARTICULAR COXOFEMORAL ESQUERDO

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

DIAGNÓSTICO

Displasia Coxofemoral bilateral com DAD avançada e luxação da articulação coxofemoral à esquerda.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Fratura de pelve, ruptura do ligamento cruzado, luxação de patela, neoplasias.

TRATAMENTO

Ressecção da cabeça e colo femorais + orquiectomia

PROTOCOLO ANESTÉSICO

O paciente foi pré-medicado com Neozine® na dose de 0,15 mg/ Kg de peso pela via intramuscular. Após indução anestésica com propofol na dose de 5mg/Kg e Diazepam® na dose 0,3 mg/Kg de peso pela via intravenosa, o paciente foi mantido em plano anestésico com isofluorano, volume total de 25 ml, pela via inalatória. A respiração foi por circuito fechado. Foi feito epidural com lidocaína mais morfina.

DESCRIÇÃO DE TÉCNICA OPERATÓRIA

Animal foi colocado em decúbito lateral esquerdo, após anti-sepsia padrão.

Foi realizada uma incisão cutânea, em torno de 8 cm, na região craniolateral centralizada sobre a articulação coxofemoral, incisou-se o subcutâneo, a hemostasia de pequenos vasos foi feita com pinças hemostáticas. Afastando os músculos bíceps do fêmur, o tensor da fascia lata e o músculo glúteo médio que foi trasionado (figura 16) para expor a cabeça femoral esquerda, como pode ser observado nas figuras 17 e 18. Com auxílio de um osteótomo e um martelo foi realizada a ressecção da cabeça e colo femoral, e com uma goiva foram removidas as protuberâncias ósseas remanescentes(Figura 19). A sutura da musculatura na cápsula articular foi com fio vicryl 3-0, padrão interrompido simples. Reposicionou-se os músculos vasto lateral e o glúteo profundo e se suturou com fio nylon 0,30, padrão interrompido simples. A sutura do subcutâneo com fio nylon 0,30 com padrão cushing modificado e pele com fio nylon 0,30, em padrão interrompido simples.

A orquiectomia foi realizada com o animal em decúbito dorsal. Acesso pré-escrotal, incisão de 4 cm em pele e subcutâneo. Com uma pressão mecânica ocorre a exposição do testículo, incisou-se a cápsula do testículo, pinçou o cordão espermático, com três pinças hemostáticas, ligadura dos vasos com fio nylon 3-0, o mesmo procedimento foi realizado no outro testículo, sutura com fio nylon 0,30 o subcutâneo com padrão cushing modificado e a pele com nylon 0,30 em padrão interrompido simples.

FIGURAS 16, 17, 18 e 19: PROCEDIMENTO CIRÚRGICO - Ressecção da cabeça e colo femorais

16: AFASTAMENTO DOS MÚSCULOS 17: EXPOSIÇÃO DA CABEÇA FEMORAL

18: EXPOSIÇÃO DA CABEÇA FEMORAL 19: REMOÇÃO DAS PROTUBERÂNCIAS ÓSSEAS

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

PÓS-OPERATÓRIO

O paciente permaneceu internado por dois com as seguintes prescrições, Cefalexina® na dose 30mg/Kg - 4 ml, SC, TID, Tramal® na dose de 1mg/Kg - 0,54 ml, SC, TID, curativo dos pontos com PVPI, SID e gelo por 10 minutos, BID.

Manteve a seguinte medicação, Tramal® gotas na dose 11 gotas, VO, TID, por 5 dias, Cafalexina 500mg, na dose 1 ½ comprimido, VO, TID, por 10 dias, PVPI tópico para os pontos, colar protetor, e foi sugerido ao proprietário o uso de Osteo Syn® ou Condroton® ou Condromax® .

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO

Com base no diagnóstico de displasia coxofemoral que pode ser confirmada através dos sinais clínicos e dos achados radiográficos, frente ao caso a conduta do tratamento cirúrgico é a correta, assim como sugere a literatura.

4.2.3 Fratura de fêmur

4.2.3.1 Revisão de literatura

As fraturas femorais geralmente são causadas por trauma. Lesões por alta velocidade são o tipo mais comum de trauma com fraturas femorais em pacientes

As fraturas femorais geralmente são causadas por trauma. Lesões por alta velocidade são o tipo mais comum de trauma com fraturas femorais em pacientes

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