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Agenda Nacional de Trabalho Decente para a Juventude

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2. JUVENTUDES E A POLÍTICA PÚBLICA DE INCLUSÃO DE JOVENS NO BRASIL

2.2. Agenda Nacional de Trabalho Decente para a Juventude

A juventude é o momento da vida, no qual enfrentamos diversas crises, inclusive no âmbito social e na atualidade, principalmente no mundo do trabalho. “As condições culturais e biológicas específicas dos e das jovens os/as tornam mais expostos/as aos dilemas sociais, deixando-os mais visíveis para a sociedade como um todo” (BRASIL, MTE, 2010, p. 3).

As transformações que ocorreram no mundo do trabalho a partir dos anos de 1970 e que foram refletidas na sociedade assalariada, “ao lado da crescente escolarização e da simultânea dificuldade de inserção no mercado de trabalho enfrentada por muitos jovens” e as transformações nos arranjos familiares, mudaram os aspectos que durante décadas, demarcavam a passagem da juventude para o mundo adulto (BRASIL, MTE, 2010, p. 3).

A convivência familiar ou o ingresso no mercado de trabalho, ou a falta deles, não são mais quesitos que separam os indivíduos entre jovens e adultos. Diante disso, podem ocorrer casos em que a escolarização se estende e não há ingresso no mercado de trabalho, pode até haver casos de independência financeira, mas sem a saída da casa dos pais ou a formação de uma nova família. Atualmente, é comum que a juventude “seja marcada por imprevisibilidades e reversibilidades, levando hoje a se falar em ‘percursos não-lineares’ (ou ‘trajetórias ioiô’)”(PAIS, 2001 apud BRASIL, MTE , 2010, p. 3 – destaques do autor).

Recentemente a juventude se tornou um problema político, passando a integrar a Agenda Nacional, provocando o aumento de iniciativas em diferentes esferas governamentais e na sociedade. As ações destinadas a esse público foram, principalmente, iniciativas destinadas à geração de trabalho e renda (BRASIL, MTE, 2010, p. 3, 10). É nesse contexto que surge a Agenda Nacional de Trabalho Decente para a Juventude.

Entende-se que o trabalho decente seja “uma condição fundamental para a superação da pobreza e a redução das desigualdades sociais”. Não se resume ao “trabalho produtivo e adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, capaz de garantir uma vida digna”. A OIT define o Trabalho Decente baseada em quatro pilares estratégicos:

1) MAIS E MELHOR EDUCAÇÃO: elevação do acesso e qualidade em todos os níveis de ensino para os/as jovens, com igualdade de oportunidades e tratamento de gênero e raça, elevação da escolaridade [...]; 2) CONCILIAÇÃO DE ESTUDOS, TRABALHO E VIDA FAMILIAR: ampliar as oportunidades e possibilidades de conciliação entre os espaços do trabalho, dos estudos e da vida familiar[...]; 3) INSERÇÃO ATIVA E DIGNA NO MUNDO DO TRABALHO:[...] a) ampliação das oportunidades de emprego assalariado e melhoria de sua qualidade; igualdade de oportunidades e de tratamento; promoção da saúde do/a trabalhador/a; combate às causas da rotatividade; acesso à terra, trabalho e renda no campo; b) melhorias na qualidade dos empregos, com ampliação das oportunidades no campo dos “empregos verdes”; c) geração de trabalho e renda através da economia popular e solidária, associativismo rural e do empreendedorismo. 4) DIÁLOGO SOCIAL: ampliar e fortalecer o debate sobre as alternativas e condicionantes para a melhor inserção juvenil no mercado de trabalho; [...] (BRASIL, MTE, 2010, p. 24).

Atualmente, os “jovens experimentam um mundo do trabalho em mutação e sobre eles recai o maior peso do desemprego e do trabalho precário”. De acordo com a Agenda, variáveis como “sexo, cor/raça, renda familiar, posição na família, escolaridade e região de moradia, entre outras” (BRASIL, MTE, 2010, p. 5), proporcionam ainda mais desigualdades para a juventude, mais desigualdades no acesso ao trabalho decente.

Mesmo com todas as dificuldades, pesquisas apontam que a juventude brasileira é uma juventude trabalhadora. Em 2009, 34 milhões de jovens (de 15 a 29 anos) estavam trabalhando ou procurando emprego. E que vem tentado cada vez mais conciliar estudo com trabalho (BRASIL, MTE, 2010, p. 7).

Ainda, de acordo com a Agenda, a faixa etária de ingresso no mercado de trabalho varia de acordo com a classe social. Os jovens das classes menos favorecidas, em muitos casos, acabam ingressando no mercado de trabalho antes da idade considerada como legal para trabalhar e sem concluir o ensino fundamental. Os jovens das classes mais favorecidas, normalmente, ingressam no mercado a partir da maior idade, a partir dos dezoito anos, em trabalhos formais e com o ensino médio concluído. Estudos apontam, que nesse momento a desigualdade entre as classes sociais “se expressa muito mais nas chances de encontrar trabalho e no tipo de trabalho encontrado: os jovens de renda mais elevada estão sujeitos a menores índices de desemprego e a uma inserção mais protegida no mercado de trabalho” (BRASIL, MTE, 2010, p. 7-8).

Diversos estudos apontam que a chamada “inatividade juvenil”, atinge de forma mais intensa as jovens mulheres negras, que são em maior número no grupo dos jovens que não estudam e nem trabalham. Nos casos em que a escolaridade feminina é maior que a masculina, elas têm menos acesso ao mercado de trabalho formal. No caso masculino, a diferença se dá pelo quesito cor/raça, já que o jovem negro demora mais

tempo para conseguir um trabalho decente em relação ao jovem branco. Mesmo em momento de crescimento econômico, a taxa de desemprego juvenil, de informalidade e de postos precários permanecem mais elevada que as taxas de desemprego e informalidade dos adultos, principalmente para os jovens com menor renda, escolaridade, homens e mulheres negros. Apenas crescimento econômico não resolve a equação (BRASIL, MTE, 2010, p. 8-9).

Os jovens, principalmente de setores sociais mais organizados, deixam claro que “educação e trabalho tem assumido centralidade em suas reinvindicações” (BRASIL, MTE, 2010, p. 6). Não é qualquer trabalho ou educação, os jovens estão em busca de educação e trabalho de qualidade e começam a exigir dos seus governantes, atitudes que possam resolver essas questões. Na tentativa de promover o acesso dos jovens ao trabalho decente, o governo Lula implanta a sua linha de ação em 2003, com a adoção de alguns Programas que oferecem qualificação profissional concomitante com a educação básica, com o objetivo de facilitar a inserção do jovem no mercado de trabalho, estimulando as empresas a contratá-los. Dentre esses programas destacamos o Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE) e posteriormente o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (PROJOVEM).

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