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Programa Nacional do Primeiro Emprego – PNPE

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2. JUVENTUDES E A POLÍTICA PÚBLICA DE INCLUSÃO DE JOVENS NO BRASIL

2.3. Programa Nacional do Primeiro Emprego – PNPE

O Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego para Juventude (PNPE) começou a ser formulado no momento em que não havia se definido uma política clara para a juventude, sendo uma das primeiras ações do governo Lula, direcionadas a juventude com os objetivos a criação de postos de trabalhos e qualificação do jovem para o mercado de trabalho.

Art. 1o Fica instituído o Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego para os Jovens - PNPE, vinculado a ações dirigidas à promoção da inserção de jovens no mercado de trabalho e sua escolarização, ao fortalecimento da participação da sociedade no processo de formulação de políticas e ações de geração de trabalho e renda, objetivando, especialmente, promover: I - a criação de postos de trabalho para jovens ou prepará-los para o mercado de trabalho e ocupações alternativas, geradoras de renda; e II - a qualificação do jovem para o mercado de trabalho e inclusão social (BRASIL, 2003).

Os objetivos do PNPE seriam desenvolvidos por meio de ações de subvenção econômica, consórcios sociais da juventude, juventude cidadã, empreendedorismo e responsabilidade social, e ações de reformulação da aprendizagem. A estrutura do programa visa à articulação entre “ações para o fomento à geração de vagas para jovens no mercado de trabalho, intermediação de mão-de-obra, qualificação e preparação para o trabalho, e estímulo a formas alternativas de geração de trabalho e renda” (CUNHA e SILVA, 2006, p. 81).

A princípio, o PNPE era destinado aos jovens com idade entre dezesseis a vinte e quatro anos, que estivessem desempregados e que atendiam cumulativamente aos seguintes requisitos:

I - não tenham tido vínculo empregatício anterior; II - sejam membros de famílias com renda mensal per capita de até meio salário mínimo; III - estejam matriculados e frequentando regularmente estabelecimento de ensino fundamental ou médio, ou cursos de educação de jovens e adultos, ou que tenham concluído o ensino médio, não sejam beneficiados por subvenção econômica de programas congêneres e similares. Serão atendidos, prioritariamente, pelo PNPE, os jovens cadastrados no Sistema Nacional de Emprego - SINE (BRASIL, 2003).

A partir de 2004, os critérios de elegibilidade do Programa foram alterados. O indivíduo deveria ter uma renda mensal de até meio salário mínimo, mas considerando no cálculo da renda os benefícios de Programas congêneres e similares, e a escolaridade foi ampliada para os jovens que já tinham concluído o ensino médio. O diferencial do PNPE naquele momento seria a inserção do jovem no mercado de trabalho por meio de ações de subvenção econômica, já que até aquele momento as ações se destinavam apenas a oferta de qualificação profissional (OIT, 2009, p. 74).

Mesmo que as propostas de subvenção econômica tenham sido diferenciadas daquelas que existiam no momento, as mesmas duraram apenas quatro anos, já que não tiveram os efeitos esperados nas empresas. A ineficiência da linha de subvenção econômica promoveu “mudanças de ênfase das ações do lado da demanda para ações do lado da oferta no mercado de trabalho, em especial aquelas direcionadas à elevação da escolaridade e da qualificação profissional” (OIT, 2009, p. 76).

Posteriormente o Programa se limitou a adoção da oferta de qualificação profissional por meio dos Consórcios Sociais da Juventude (CSJ). Os CSJ são uma parceria entre o governo e a sociedade, onde organizações sociais desenvolveriam ações de qualificação profissional, em locais onde supostamente o Estado não consegue

alcançar. E assim promover a inserção do jovem no mercado de trabalho, complementando as ações de subvenção econômica (OIT, 2009, p. 77-8).

A OIT aponta algumas hipóteses que justificariam a baixa eficiência do Programa, “como a baixa qualificação dos jovens que se inscreviam no Programa, o que dificulta sua contratação mesmo com a oferta de subsídio”. O pouco interesse das empresas em contratar esse tipo de mão de obra e as diversas dificuldades enfrentadas pelas empresas para a contratação de um jovem por meio do programa. “Sobretudo no caso das pequenas e médias empresas, que demonstravam interesse em aderir ao programa, ou até já haviam contratado algum jovem e queriam contratar outros”, mas encontravam grandes dificuldades como a obtenção da documentação exigida, entre outras (CUNHA e SILVA, 2006, p. 95).

Independente dos motivos que favoreceram a baixa eficiência do Programa, o próprio governo que deveria ser o agente facilitador do processo, em alguns momentos, era justamente quem impedia a eficiência do Programa, como nos casos de empresas que queriam aderir ao Programa, mas não conseguiam.

De maneira geral, um Programa que tem como foco a redução de gastos com o trabalhador, não me parece ser a melhor solução para o desemprego juvenil. [...] “Ao lado do encerramento das ações de subsídios, as intervenções em âmbito do governo federal no mundo do trabalho permanecem prioritariamente concentradas na elevação da escolaridade e da qualificação profissional” (CORROCHANO, 2011, p. 63).

Podemos dizer que, a não consideração da diversidade da condição juvenil aponta a ineficiência de políticas que tem como foco apenas, as medidas de qualificação profissional. “Mesmo em cenários de baixo crescimento econômico, quando se trata de construir saídas para as jovens gerações, a centralidade na educação parece ser muito mais forte” (BRASIL, MTE, 2010, p. 12).

O PNPE apostou na redução de custos das empresas para estimular a contratação de jovens, mas não teve o resultado esperado, pois mesmo com os estímulos financeiros, os jovens não detinham a formação que as empresas julgavam necessária para a contratação e apenas uma parcela pequena dos jovens desocupados foram beneficiados por suas ações. Assim, como em outros programas destinados aos jovens e, principalmente, destinados a promover a inserção do jovem no mercado de trabalho o

investimento em educação, em qualificação profissional, se tornou o foco principal. Na mesma linha de investimento em educação e qualificação profissional, as próximas ações governamentais destinadas a inserção dos jovens no mercado de trabalho, baseadas nos Consórcios Sociais da Juventude temos o ProJovem.

3.

O PROGRAMA NACIONAL DE INCLUSÃO DE JOVENS –

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