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ProJovem Urbano

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3. O PROGRAMA NACIONAL DE INCLUSÃO DE JOVENS – PROJOVEM

3.1. ProJovem Urbano

A partir de 2008, com a sanção da Lei 11.629, o Programa se reorganizou e passou a ser chamado de Programa Integrado da Juventude, incorporando ações e propostas de programas já existentes direcionadas a juventude como: o Agente Jovem, o ProJovem Adolescente, Campo e Trabalhador, o Saberes da Terra, o Consórcio Social da Juventude, o Juventude Cidadã e o Escola de Fábrica (CORROCHANO, 2011, p. 63). Permanecendo com os objetivos de “elevar o grau de escolaridade visando ao

desenvolvimento humano e ao exercício da cidadania, por meio da conclusão do ensino fundamental, da qualificação profissional e do desenvolvimento de experiências de participação cidadã” (RIBEIRO et al., 2009, p. 75).

A integração dos programas proporcionou a ampliação da faixa etária de atendimento para até 29 anos, desde que os jovens sejam alfabetizados, mas sem ter concluído o ensino fundamental e sem a exigência do mínimo de séries cursadas, bastando apenas saber ler e escrever. Tal medida está em consonância com a nova definição de juventude do país, o Estatuto da Juventude. Segundo Relatório da OIT sobre a Juventude no Brasil, a ampliação da faixa etária de atendimento para 29 anos “apresenta novos desafios, uma vez que, especialmente em relação ao trabalho e à escola, as diferenças são muito significativas” (OIT, 2009, p. 13).

Foi permitida também, a entrada de jovens com carteira de trabalho assinada. A duração do curso também foi ampliada para 18 meses. A ampliação da duração do Programa tem como objetivo facilitar a conciliação entre estudo e trabalho pelo jovem. “A carga horária do Projovem Urbano é de duas mil horas, sendo 1.560 presenciais e 440 não presenciais. Está dividida da seguinte forma: 1.092 horas de formação básica; 390 horas de qualificação profissional; 78 horas de participação cidadã”. Com o aumento da carga horária, a formação básica foi dividida em seis Unidades Formativas: I – Juventude e Cultura, II – Juventude e Cidade, III – Juventude e Trabalho, IV – Juventude e Comunicação, V – Juventude e Tecnologia e VI – Juventude e Cidadania (BRASIL, 2010, p. 12).

Outra mudança foi a definição do valor do auxílio mensal de R$ 100,00 reais para todas as modalidades. De acordo com a lei que sanciona a integração dos Programas, as mudanças propostas visam atender ao “objetivo maior do novo Programa, que é reintegrar esses jovens ao processo educacional, promover sua qualificação profissional e inseri-los em ações de cidadania, esporte, cultura e lazer”. Baseado nesse discurso, a integração dos Programas visa um melhor atendimento das questões juvenis (RIBEIRO et al., 2009, p. 75).

O novo Programa visa proporcionar ao jovem a “sua reinserção na escola e no mundo do trabalho, de modo a propiciar-lhes oportunidades de desenvolvimento humano e exercício efetivo da cidadania”. Essa nova versão do Programa se caracteriza por apresentar

(i) propostas inovadoras de gestão inter setorial, compartilhada por quatro ministérios, e de implantação em regime de cooperação com os Estados, Municípios e DF envolvidos; (ii) projeto pedagógico integrado (PPI) que representa um novo paradigma de formação [...]; (iii) materiais pedagógicos especialmente produzidos para atender a essas características do Programa [...] (BRASIL, 2008, p. 14-5).

As novas propostas do ProJovem Urbano que aprimoram as bases da primeira versão do ProJovem são:

Tratar a inclusão social no contexto do desenvolvimento humano e dos direitos de cidadania [...]. Desenvolver um currículo integrado, interdisciplinar e interdimensional, em que o jovem atue como sujeito, construtor de um todo que faça sentido para ele. Formar educadores para planejar e agir cooperativamente e a capacidade de considerar as diferentes facetas do aluno como ser humano (BRASIL, 2008, p. 16-7).

De acordo com as análises de Gonzales (2009), mesmo com a unificação, os Programas ainda continuam sendo geridos “quase de maneira independente pelos diferentes Ministérios”. Sinaliza que outros Programas de emprego do governo federal destinados aos jovens ficaram de fora do Programa Integrado da Juventude, como os Contratos de Aprendizagem e os Parceiros da Aprendizagem. Fato que aponta a falta de integração das ações governamentais dirigidas aos jovens (GONZALES, 2009, p. 126).

No que se refere à inserção do jovem participante do Programa no mercado de trabalho e o tipo de atividade que exercem enquanto participam do Programa, ainda permanecem sem resposta (BRASIL, MTE, 2010, p. 15).

Conforme avaliação do ProJovem Urbano realizada com os jovens e Professores participantes do Programa em 2010, as expectativas dos alunos se concentram nas chances de elevação da escolaridade e qualificação profissional, vislumbrando a inserção ou reinserção no mercado de trabalho. “No entanto, uma das principais lacunas do Programa pela perspectiva dos jovens relacionava-se ao eixo ‘qualificação profissional’ e as dificuldades de inserção após a participação no Programa” (BRASIL, 2010 apud CORROCHANO, 2011, p. 64 – destaque do autor).

É importante observar que as ações das políticas públicas se concentram “na elevação da escolaridade e manutenção dos beneficiados no sistema escolar, e a formação tornou-se seu principal foco”. Não podemos desconsiderar a importância das ações de qualificação profissional, mas como os próprios jovens apontam, precisam ser mais integradas com a inserção no mercado de trabalho (BRASIL, MTE, 2010, p. 15).

As dificuldades de participação dos jovens no Programa se devem, entre outros motivos, “a distância das escolas em relação aos locais de trabalho, os vários problemas de deslocamento entre a escola-trabalho e a casa e as intensas e extensas jornadas de trabalho que impediam a presença nos cursos” (BRASIL, 2010 apud CORROCHANO, 2011, p. 64). Isso se deve ao fato, de que o Programa é ofertado principalmente nas periferias e regiões metropolitanas das cidades, enquanto que os jovens trabalhadores exercem suas atividades nas capitais. O cansaço e as viagens ao trabalho prejudicam o jovem que tem interesse em participar do Programa.

Os questionamentos em relação à qualidade da inserção do jovem no mercado de trabalho, os tipos de atividades que exercem após concluírem o Programa, a conciliação entre o trabalho, escola e vida familiar, apontados pelos alunos, ainda permanecem sem resposta.

O foco da formação profissional do ProJovem são as necessidades de mão de obra locais; sendo assim, podemos considerar como um dos objetivos do Programa o ingresso do jovem no mercado de trabalho na sua cidade, mais próximo da sua residência, evitando as viagens extenuantes e lhes proporcionando uma maior qualidade de vida.

Pensando nisso, partimos do princípio que, após a conclusão do curso o emprego estaria garantido. Preparar o jovem para o ingresso no mercado de trabalho de acordo com as necessidades locais não é garantia de emprego. Terá um momento em que todos os postos de trabalho estarão preenchidos, o momento em que as necessidades profissionais serão outras ou até mesmo nem existirão mais. O indivíduo que foi preparado para desempenhar aquela função não terá emprego e o que fazer com o que aprendeu? Provavelmente, não terá muita utilidade. Programas alternativos de geração de renda não resolve o problema do desemprego juvenil, a criação de postos de trabalho para todos os cidadãos seria a solução, mas não é possível, devido às atuais e precárias políticas públicas destinadas aos jovens. As mesmas são observadas no momento em que os jovens participantes do Programa não conseguem o emprego tão desejado. Esses jovens buscam o Programa com um desejo de mudança da realidade em que vivem e me parece que essas expectativas ficam somente no campo dos desejos.

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