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Agosto, setembro e outubro – em análise

5.4 Em tempo de incertezas – agosto/setembro/outubro

5.4.4 Agosto, setembro e outubro – em análise

O segundo curso dos monitores ampliou a compreensão das questões técnicas e pedagógicas. Na questão técnica, ajudou a indicar as dificuldades dos monitores, possibilitando ajustes e maior aprofundamento na instalação de softwares. A questão pedagógica reforçou a posição “mão no bolso”, além do tratamento relativo a sites como Orkut e MSN no ambiente escolar. O término do curso culminou com uma apresentação individual dos monitores sobre os conhecimentos aprofundados e montagem de uma escala de previsão que conseguisse disponibilizar horários para todas as turmas da escola.

Com relação aos docentes, dois aspectos me chamaram a atenção no reinício dos planejamentos, em agosto. O primeiro foi com o fato de que as etapas da Seqüência Fedathi, após três sessões didáticas, ainda não representarem valor significativo aos professores. O segundo foi relativo ao posicionamento da mediação tradicional na apresentação dos conteúdos, pelos professores, em outras aulas.

Esse fato apresentou indicativo de que os novos conhecimentos e valores didáticos que estavam sendo apresentados aos professores, caso fossem aceitos, seriam adquiridos a partir da experiência pessoal dos professores com as temáticas propostas. A tradição configurada nas atitudes dos docentes ditou seu comportamento no primeiro semestre letivo.

A crença na aula expositiva, que busca manter a atenção dos alunos por intermédio da própria figura, apresentada pelos professores do projeto, se mostrou forte, enraizada e difícil de ser reformulada. Quando em uma sala de aula, a atividade básica diária consiste sistematicamente em que os alunos tomem nota dos registros do professor, na perspectiva de Floriani (2000, p. 68) “significa que o grau de engajamento na imitação interior da atividade realizada pelo docente é muito baixo, consistindo, praticamente, em manter uma atenção suficiente para não cometer erros graves de cópia”. Isso indicou a necessidade de estimular os professores a refletirem sobre atividades que estimulassem os alunos a um engajamento maior com o objeto matemático, além da cópia da resolução das questões resolvidas.

Durante os momentos de planejamento e execução das sessões didáticas, foi possível identificar elementos de que o projeto contribuiria no sentido de ampliar o conhecimento do fazer didático do professor, pois as reflexões acerca da mediação eram constantes nos planejamentos, com o intuito de mostrar-lhes outras possibilidades de ensino e de mediação, mas que dificilmente influenciaria radicalmente ou poderia ser revertido em apenas um ano letivo de execução.

Essa constatação pode fortalecer a linha de ação do projeto de acontecer no próprio ambiente de trabalho do professor, imerso e diluído na sua práxis. Possivelmente atitudes como as apresentadas pelos docentes desta pesquisa ajudem a explicar por que cursos de capacitação ofertados aos professores longe do ambiente escolar resultem muito pouco, na prática, no seu retorno à escola.

A concepção que o docente tem de si mesmo como um prático ajuda a compreender por que os professores sentem tanta dificuldade de realizar atividades que envolvam componentes de reflexões como as propostas nas fases da Seqüência Fedathi, com base na mediação no momento das sessões didáticas.

Essas dificuldades foram responsáveis pela alteração na configuração entre os planejamentos e a realização das sessões didáticas. Em conseqüência das dificuldades apresentadas pelos professores na compreensão de uma mediação diferenciada, as

sessões didáticas 04, 06 e 08 precisaram de três planejamentos prévios, em vez de apenas dois, como ocorreu no primeiro semestre. Isso ressaltou a necessidade do componente da flexibilização do projeto no sentido de se adaptar às necessidades locais. O trabalho constatou que, em todo o Ensino Fundamental do 6º ao 9º ano da escola pesquisada, nenhum dos professores que estava ministrando Matemática tinha formação inicial nessa área. Dessa forma, a solução apresentada para ajudar na superação das dificuldades do professor P3, de compor um trabalho conjunto, se mostrou acertada, funcional, mas paliativa.

Isso indica a necessidade premente das Secretarias de Educação procurarem corrigir a falha da lotação de professores em áreas diferentes da sua formação, visto que, se há dificuldades na aprendizagem da Matemática pela própria natureza da abordagem da disciplina, os problemas se agravam muito quando não está o profissional especializado à frente do ensino.

Os planejamentos que envolveram a pesquisa na Internet ajudaram a verificar que os professores pesquisados não tinham o hábito de utilizar esse recurso como aliado na elaboração das suas aulas, pois não acreditavam que a Internet pudesse ter bons materiais didáticos. Os professores também deixaram subentendido que a Internet só servia para dispersar os alunos das aulas. Na medida, porém, que o planejamento da aula com o uso da Internet foi se constituindo, os professores divisaram as vantajosas possibilidades desse recurso nas aulas, sobretudo como aspecto motivacional.

A chegada da professora do LIE trouxe de imediato dois aspectos positivos ao uso da Informática no ensino da escola. O primeiro foi o de ajudar a expandir a experiência para outras áreas, como Português, Inglês e Geografia, dentro da concepção do planejamento prévio, e com isso favorecer que outros alunos de outras séries pudessem também terem a oportunidade de conhecer o espaço do LIE por meio de uma aula diferente. O segundo, relativo aos monitores, foi o de ajudar na conduta da uniformidade das ações entre os turnos da manhã e o da tarde, no que concerne ao tratamento com os alunos, com o bloqueio de sites inadequados ao momento da aula e na divisão das responsabilidades do LIE.

Com relação à mudança de comportamento nos alunos, é possível argumentar que a realização de projetos no horário letivo, coerente e organizado, passa a se tornar parte da rotina da escola. O aluno não apresenta indicativos de se tornar obstáculo à

realização de um projeto responsável e coerente. Essa evidência ajuda a fortalecer a concepção de projeto desenvolvido no próprio horário letivo.