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Início das atividades: janeiro/fevereiro

A pesquisa, com um enfoque qualitativo utilizou, além dos dados coletados durante a execução do projeto de extensão, diferentes instrumentos de recolha com o intuito de captar a participação e percepção dos sujeitos e de particularidades do cenário. Dessa forma, foram utilizados observações postadas nas plataformas TelEducMM e MoodleMM, filmagens, gravações de áudio, questionários semi- estruturados e entrevistas. Para análise exploratória dos indicadores advindos do pré- teste, pós-teste e avaliações continuadas realizadas em cada sessão didática, foi utilizado o software SPSS que propõe uma solução modular para análise estatística de dados. Inclui sistemas de gestão de dados e de aplicação de procedimentos estatísticos num ambiente gráfico, utilizando menus e caixas de diálogo de utilização simples.

5.1.1 A atuação do núcleo gestor

A primeira reunião com o núcleo gestor aconteceu no dia 04/01. Estavam presentes as auxiliares do projeto A1 e A2. Foram analisadas as principais barreiras, em 2006, evidenciando-se ao longo da conversa o crescente desinteresse dos professores em relação ao projeto e a necessidade de um espaço maior para o LIE. Perguntado aos gestores o que achavam do projeto, a diretora geral DG, assim se pronunciou:

- Achei que o projeto valeu, mas os professores não foram bem. Como podemos motivá-los? Seria bom se a gente achasse uma forma de envolver mais os professores, pois eu acho que o projeto deve continuar, sim. (Diretora geral DG, 04/01/2007).

Percebi que o núcleo gestor entendia que a continuidade do projeto aconteceria nos moldes do ano anterior, ou seja, no contra-turno, com sujeitos voluntários. Expliquei que os professores para utilizar o computador como recurso didático nas suas aulas precisavam internalizar a realidade de que o ensino, no momento atual, se tornou uma atividade um pouco mais complexa, em decorrência de vários aspectos, como as aceleradas mudanças no plano social, econômico e cultural. Reforcei a idéia de que essa compreensão, inclusive, se estabelecia além do corpo docente e que a escola, como um todo, estava convidada a repensar estratégias que conseguissem redefinir seu trabalho no contexto social.

Evidenciei, ainda, que os indicativos da pesquisa em 2006 apontavam que elementos mais consistentes sobre o uso do computador no ensino só poderiam ser melhor esclarecidos se fossem desenvolvidos em consonância com a proposta curricular. Lembrei ao núcleo gestor que, no final de 2006, os próprios professores confessaram que não conseguiram fazer um vínculo sobre os tópicos estudados no LIE e o que se passava na aula deles. Isso indicava que o projeto deveria acontecer no próprio horário letivo da escola. A coordenadora pedagógica CP demonstrou certa preocupação sobre como inserir o projeto no horário letivo, quando me fez diversas e aflitas perguntas:

- Mas como é que vai ser isso? Como vamos preparar os professores para essas aulas? E isso não vai atrapalhar os outros professores ou mesmo o conteúdo já definido? (Coordenadora pedagógica CP, 04/01/2007).

Expliquei que a efetivação do projeto no horário letivo solicitava uma adaptação ergonômica do LIE para receber o professor com toda sua turma, pois, na concepção do projeto, ao professor cabia a mediação das suas aulas e que os alunos tinham o direito de receber de forma síncrona os ensinamentos ministrados. Estava fora de cogitação desenvolver o projeto utilizando um LIE que recebesse apenas parte da turma.

A solução proposta pelo núcleo gestor foi a de reformar o espaço desativado e, mais amplo, de uma antiga biblioteca, para o funcionamento do novo LIE. A aquisição de mais computadores foi resolvida em decorrência de um projeto desenvolvido pela

escola, no início de 2006, e que se destinavam à inclusão digital dos alunos da escola com deficiências auditivas e mentais. Por meio desse projeto, a escola conseguiu cinco máquinas com sistema operacional Muriqui10 e nove com sistema operacional Kurumim11.

Uma vez acordado que o projeto continuaria, mas em conformidade com os parâmetros de que aconteceria no horário letivo, com base no currículo e configurando uma formação continuada em serviço, indicados pela equipe do projeto, foram tomadas as iniciativas para a preparação do curso para os monitores do LIE. Entrei em contato com os cinco alunos que apresentaram uma participação mais efetiva no projeto, em 2006.

5.1.2 o curso de monitoria

No Laboratório Multimeios, juntamente com as auxiliares do projeto A1 e A2, planejei um curso de hardware e software (apêndice, 04) com duração de uma semana e que ocorreu em tempo integral, no horário diurno, no período de 22/01 a 26/01. Esse curso de capacitação aconteceu no laboratório de Informática, nomeado como Sala Multimídia (SAMIA) da FACED/UFC. Esse laboratório na época estava equipado com 16 computadores, com sistema operacional Windows XP, todos ligados à Internet. Para maior acompanhamento dos monitores nas suas atividades durante toda a pesquisa em 2007, providenciei um curso no ambiente TelEducMM e, para uma organização interna das etapas da pesquisa, abri, no dia 01/01, um curso no ambiente MoodleMM. É importante esclarecer que, apesar do curso no TelEduc ter sido aberto no dia 22/01/2007 e se prolongar ato o dia 17/12/2007, esse momento da pesquisa se refere exclusivamente ao período do curso de hardware e software realizado pelos monitores, do dia 22/01 a 26/01/2007.

10 O sistema operacional Muriqui Linux, desenvolvido pela empresa DoctumTec, pautado na filosofia do software livre, foi lançado como versão 100% brasileira, em 2005. Disponível em http://www.muriquilinux.com.br/folder.2006-10-31.6803913679/news_item.2006-11-01.7069908424. Acesso em 02/04/2008.

11 O Kurumin Linux foi desenvolvido pela equipe do Guia do Hardware e colaboradores, tornando-se em pouco tempo uma das versões Linux mais usadas no Brasil. Todos os componentes são abertos, favorecendo seu uso, redistribuição e modificação dos scripts, que são descrições de programas escritos em linguagens não compiladas de configuração. Disponível em http://www.guiadohardware.net/gdhpress/kurumin/. Acesso em 02/04/2008

O comportamento tímido, receoso e contemplativo dos cinco alunos monitores em relação à tecnologia digital, durante o mês de janeiro, indicou que possíveis mudanças no locus escolar, como o uso da máquina, de forma mais natural, caso acontecessem, deveriam ser lentas e graduais. Como os monitores representavam parte da escola pesquisada, na condição de alunos, serviam de indicativos dos valores, conceitos e comportamentos próximos dos demais participantes da pesquisa, como alunos e professores. Isso pode ser comprovado em decorrência da pouca participação dos monitores no TelEducMM durante o curso de capacitação, pois somente a monitora M3 participou na ferramenta Diário de Bordo, com o seguinte comentário

- Nesta manhã, tiramos algumas dúvidas com o professor (o técnico), ele nos fez algumas perguntas e depois passou uma atividade, pesquisar sobre o hardware ex: a placa-mãe, processador , memória ram, memória de vídeo então cada um fez sua atividade e anotações. (Monitora M3, 26/01/2007)

O curso foi pensado de forma que pudesse dar uma formação sobre a conduta do tipo de mediação que o monitor deveria ter junto aos usuários do LIE, com enfoque prioritariamente de orientação, desestimulando qualquer iniciativa em assumir atividades de digitação, pesquisas de terceiros ou trabalhos afins. Outro aspecto ressaltado foi relativo à gestão do LIE, quanto ao funcionamento e manutenção física e virtual das máquinas, limpeza do ambiente, horário das atividades e atualização dos informes diários. O terceiro ponto focou a necessidade do diálogo permanente entre as equipes atuantes nos três turnos do LIE, pois os monitores assim se dividiram: pela manhã, ficariam os monitores M1, M2 e M3, à tarde, os monitores M4 e M5 e à noite, de forma voluntária, as monitoras M2 e M3 se colocaram à disposição para eventuais atividades.

As dúvidas mais freqüentes dos monitores durante o curso foram relativas à instalação de softwares livres, como GeoGebra, Torre de Hanói, Balança e cartas interativas e da ambientação no TelEducMM. Constatei que a quantidade de informação era grande e que os monitores, mesmo com toda boa vontade, só conseguiriam internalizar o que lhes era apresentado, na prática quando da gestão do LIE. O curso terminou com uma freqüência de 100% dos monitores e com o acordo de que continuariam estudando os materiais impressos que receberam até o funcionamento do novo LIE da escola.

Em fevereiro, iniciei, juntamente com as auxiliares do projeto A1 e A2, a elaboração da macro-Engenharia Didática, que resultou neste trabalho de tese, bem como a catalogação e classificação de softwares (apêndice 07) GeoGebra, Tangran Virtual, Torre de Hanói, seminários e revisão bibliográfica por meio do grupo de estudo, Fedathi. Mantive contato semanal com a escola, no intuito de saber do avanço da reforma do LIE, da lotação dos professores e das turmas formadas até então. Nenhum professor de Matemática foi lotado pela SEDUC nesse mês.