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Resultados e discussão

5. Bioquímica clínica 1 Albumina sérica

5.2. Uréia e creatinina

5.5.1. Alanina aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST).

Os resultados das determinações da atividade sérica da alanina aminotransferase (ALT) e da aspartato aminotransferase (AST) dos animais dos quatro grupos, nos momentos avaliados, estão representados pelas medianas nas tabelas 22 e 23 e figuras 16 e 17.

As medianas da atividade da ALT do presente experimento variaram dentro da faixa de normalidade para a espécie bovina (11 a 40 U/L) proposta por Kaneko et al. (1997). As medianas da AST foram superiores aos valores de referência (78 a 132 U/L) de Kaneko et al. (1997) e as médias obtidas por Fagliari et al. (1998) e Morais et al. (2000) em bovinos Nelore.

A atividade sérica da ALT não apresentou diferença significativa (p>0,05) entre os grupos e entre os momentos do GL. Já no GD e no GDT, a ALT aumentou significativamente (p<0,05) em dois momentos e, no caso do GDT, retornou aos valores iniciais (p>0,05) no último momento. No GD7T a ALT aumentou significativamente (p<0,05) no MD12T0, e posteriormente manteve-se estável (p>0,05).

Apesar da determinação da atividade sérica da ALT ter pouca utilidade como marcador de lesão hepática, em função da sua baixa atividade na espécie

(TENNANT, 1997), a estabilidade, nos animais lactentes, e a diferença observada, nos animais desmamados, na atividade desta enzima, sugerem, à princípio, lesão hepática no desmame, já que, segundo Tennant (1997), para que ocorra aumento da atividade da ALT em função de lesão muscular, esta precisa ser de alta magnitude.

Como a ALT, a atividade sérica da AST não diferiu (p>0,05) entre os grupos. Entretanto, no GL, diferente do resultado de estabilidade da atividade da ALT, a atividade da AST aumentou significativamente (p<0,05) no MD12T0, manteve-se estável (p>0,05) no MD16T4 e retornou aos valores iniciais (p>0,05) no MD36T24, estabilizando-se (p>0,05) no MD48T36. As alterações da atividade da AST no GL podem ser atribuídas, inicialmente, às lesões musculares provocadas pela contenção dos animais, já que tiveram comportamento de alterações semelhante à da atividade da CK e não foram acompanhadas por mudança na atividade da ALT, quando de acordo com a localização nos hepatócitos, espera-se primeiro o aumento da ALT e por menor alteração no metabolismo hepático. Entretanto, no caso de uma lesão hepática de menor extensão, a ALT pode não se elevar em função da sua baixa atividade sérica nos bovinos, ao passo que a AST, preconizada como marcador para a espécie, se eleva significativamente. Neste caso, o aumento da AST do GL estaria correlacionado com lesão hepática resultante do estresse de contenção dos animais.

Esta última possibilidade pode justificar o fato das atividades da AST e da CK do GL aumentarem concomitantemente no MD12T0, e a AST retornar aos níveis iniciais no MD36T24, ao passo que a atividade da CK diminuiu apenas no MD48T36, já que segundo Tennant (1997), na lesão muscular aguda, a atividade sérica da CK aumenta e declina antes da AST.

No GD, a atividade da AST aumentou (p<0,05) no MD12T0, concomitante ao aumento da ALT e da CK, o que não permite maiores conclusões sobre a origem da sua elevação sérica. No MD16T4, as atividades da AST e ALT aumentaram novamente (p<0,05), enquanto a CK permaneceu estável (p>0,05). Este segundo aumento da AST, portanto, sugere origem hepática e/ou ao maior tempo necessário para o aumento da AST muscular em comparação à CK. No MD36T24, entretanto, a ALT e a CK permaneceram estáveis (p>0,05) e a AST retornou aos valores iniciais (p>0,05). Ao contrário da ordem de diminuição da atividade da AST em relação à CK, quando a AST tende a diminuir por último, a atividade da AST, segundo Meyer et al. (1995), tende a diminuir antes da diminuição sérica da ALT. Estas alterações sugerem que a elevação da atividade da AST nos momentos anteriores tenha origem principalmente hepática e que, em função do estresse do desmame, tenha sido acompanhada por elevação da ALT, o que é diferente do observado no GL, quando o estímulo do estresse foi proveniente apenas da contenção dos animais no tronco.

Como no GD, a atividade da AST do GDT aumentou no segundo e terceiro momentos (p<0,05), sugerindo a mesma origem da enzima. No quarto momento (MD36T24), entretanto, a atividade da AST no GDT permaneceu elevada (p>0,05), ao passo que a CK retornou aos valores pré-transporte (p>0,05) e a ALT teve novo aumento (p<0,05), o que, neste momento, sugere que a origem da alta atividade da AST seja hepática e muscular. No MD48T36, a atividade da AST do GDT retornou aos níveis iniciais (p>0,05).

No GD7T a atividade da AST, teve um comportamento semelhante à observada no GDT, inclusive no MD48T36, quando, em função do carbúnculo sintomático, ocorreu aumento estatístico (p<0,05) da CK.

Apesar da dificuldade em precisar a origem das elevações das atividades da ALT e AST, os resultados obtidos sugerem lesão hepática por estresse na contenção dos animais no tronco, no desmame e no transporte rodoviário.

Tabela 22. Medianas e análise estatística de cinco repetições da atividade sérica da aspartato aminotransferase - AST (U/L) de bovinos da raça Nelore de sete a oito meses de

idade, dos grupos lactentes (GL), desmamados (GD), desmamados e submetidos ao transporte rodoviário por quatro horas (GDT), e desmamados na semana anterior às coletas de amostras e submetidos ao transporte rodoviário por quatro horas (GD7T), segundo os momentos avaliados.

Momentos Grupos

GL 1⎦ 185,5 a 237,0 b 290,0 b 148,5 a 107,0 a

GD 123,5 a 157,5 b 187,5 c 133,5 a 117,5 a

GDT 125,0 a 153,5 b 181,0 d 170,0 c 101,0 a

GD7T 153,0 a 177,0 b 170,0 b 201,0 b 151,0 a

1⎦

Não se verificou diferença significativa entre os grupos dentro de cada momento.

Letras minúsculas. Para cada momento, grupos representados pelas medianas seguidas de letras iguais não diferem significativamente (p>0,05).

0 50 100 150 200 250 300 350 MD0T-12 MD12T0 MD16T4 MD36T24 MD48T36 Momentos U/ L GL GD GDT GD7T

Figura 16. Medianas de cinco repetições da atividade sérica da aspartato aminotransferase - AST (U/L) de bovinos da raça Nelore de sete a oito meses de idade, dos grupos

lactentes (GL), desmamados (GD), desmamados e submetidos ao transporte rodoviário por quatro horas (GDT), e desmamados na semana anterior às coletas de amostras e submetidos ao transporte rodoviário por quatro horas (GD7T), segundo os momentos avaliados.

Tabela 23. Medianas e análise estatística de cinco repetições da atividade sérica da alanina aminotransferase - ALT (U/L) de bovinos da raça Nelore de sete a oito meses de

idade, dos grupos lactentes (GL), desmamados (GD), desmamados e submetidos ao transporte rodoviário por quatro horas (GDT), e desmamados na semana anterior às coletas de amostras e submetidos ao transporte rodoviário por quatro horas (GD7T), segundo os momentos avaliados.

Momentos Grupos

GL 1⎦ 20,0 a 22,0 a 23,5 a 20,0 a 21,5 a

GD 21,0 a 22,0 b 22,5 c 24,0 c 23,0 c

GDT 21,0 a 23,0 b 24,0 b 24,5 c 20,5 a

GD7T 20,5 a 22,0 b 22,0 b 23,0 b 24,0 b

1⎦

Não se verificou diferença significativa entre os grupos dentro de cada momento.

Letras minúsculas. Para cada momento, grupos representados pelas medianas seguidas de letras iguais não diferem significativamente (p>0,05).

10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0 26,0 MD0T-12 MD12T0 MD16T4 MD36T24 MD48T36 Momentos U/ L GL GD GDT GD7T

Figura 17. Medianas de cinco repetições da atividade sérica da alanina aminotransferase - ALT (U/L) de bovinos da raça Nelore de sete a oito meses de idade, dos grupos lactentes

(GL), desmamados (GD), desmamados e submetidos ao transporte rodoviário por quatro horas (GDT), e desmamados na semana anterior às coletas de amostras e submetidos ao transporte rodoviário por quatro horas (GD7T), segundo os momentos avaliados.

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