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Resultados e discussão

5. Hematologia 4.1 Leucograma

4.2. Volume globular

Os resultados do volume globular (VG) dos animais dos quatro grupos, nos momentos avaliados, estão representados pelas médias na tabela 15 e figura 10.

As médias do VG nos grupos e momentos avaliados variaram de 35,2 a 41,4%. Jain (1986) relata 35% como valor médio para a espécie bovina. Em bovinos jovens da raça Nelore, Fagliari et al. (1998) e Paes et al. (2003c) relataram valores médios de 37 e 38%, respectivamente.

Segundo Jain (1986), os valores normais para o VG de bovinos variam entre 24 e 46%. Dos 40 bovinos submetidos ao experimento, um animal do GD7T permaneceu nos cinco momentos com valores de VG ligeiramente acima destes valores de referência. Outro animal, do mesmo grupo, apresentou valor de VG 56% no MD16T4. O VG dos outros 38 animais não superaram, em momento

algum, os valores inferiores ou superiores de referência, propostos por Jain (1986).

O peso médio dos animais variou de 136 a 171 Kg nos diferentes grupos (tabela 26). Conforme Jain (1986) o volume de sangue dos bezerros é em média de 66 a 77 mL/Kg do peso corporal. Portanto utilizando os menores valores, a média mínima de volume de sangue nos animais do experimento foi de aproximadamente 9.000 mL. Como em cada coleta de amostra foram retirados 30 mL de sangue, o total do sangue coletado foi de 150 mL, ou seja, no máximo 0,3% do volume de sangue total dos animais, insuficiente para qualquer alteração no hematócrito.

O VG dos animais do GL e do GD7T não apresentou variação significativa durante o experimento (p>0,05). No GD e no GDT, esta variável apresentou estatisticamente o mesmo comportamento de alteração, aumentando (p<0,05) do MD0T-12 para o MD12T0, seguido de retorno aos valores do MD0T-12 (p>0,05) no MD16T4 e de nova diminuição (p<0,05) no MD36T24, que permaneceu estável (p>0,05) no MD48T36. Entre os grupos foi observada diferença significativa apenas no MD36T24, quando a mediana do hematócrito dos animais do GD7T apresentou resultado superior (P<0,05) aos demais grupos.

O aumento do VG observado nas primeiras 12 horas do desmame (GD e GDT), provavelmente ocorreu em função do isolamento que os animais foram submetidos, permanecendo confinados no curral na primeira noite do desmame, e a conseqüente hemoconcentração. Nestes grupos, as diminuições observadas nesta variável nos momentos seguintes, indicam que o VG dos bovinos da raça Nelore submetidos ao regime de pasto diminui nos primeiros dois dias de desmame, já

que o VG do GL permaneceu estável. A ausência de alterações no GD7T permite concluir que na segunda semana o VG se estabiliza.

A ausência de alterações no VG do GD7T e a variação semelhante entre o GD e o GDT, permite concluir que o transporte rodoviário por quatro horas, nas condições do experimento, não altera o VG dos animais. Entretanto, Warris et al. (1995) relataram diminuição no VG de bovinos submetidos ao transporte por cinco, 10 e 15 horas.

Tabela 15. Medianas e análise estatística de cinco repetições do volume globular - VG (%) de

bovinos da raça Nelore de sete a oito meses de idade, dos grupos lactentes (GL), desmamados (GD), desmamados e submetidos ao transporte rodoviário por quatro horas (GDT), e desmamados na semana anterior às coletas de amostras e submetidos ao transporte rodoviário por quatro horas (GD7T), segundo os momentos avaliados.

Momentos Grupos MD0T-12 MD12T0 MD16T4 MD36T24 MD48T36 GL 38,7 Aa 38,6 Aa 37,1 Aa 36,5 Aa 37,0 Aa GD 38,2 Ab 40,4 Ac 38,0 Ab 34,8 Aa 36,5 Aa GDT 37,1 Ab 39,0 Ac 38,1 Ab 35,2 Aa 35,5 Aa GD7T 39,4 Aa 41,4 Aa 39,0 Aa 38,5 Ba 40,0 Aa

Letras minúsculas. Para cada grupo, momentos representados pelas medianas seguidas de letras iguais não diferem significativamente (p>0,05).

Letras maiúsculas. Para cada momento, grupos representados pelas medianas seguidas de letras iguais não diferem significativamente (p>0,05).

30,0 32,0 34,0 36,0 38,0 40,0 42,0 MD0T-12 MD12T0 MD16T4 MD36T24 MD48T36 Momentos % GL GD GDT GD7T

Figura 10. Medianas e análise estatística de cinco repetições do volume globular - VG (%) de

bovinos da raça Nelore de sete a oito meses de idade, dos grupos lactentes (GL), desmamados (GD), desmamados e submetidos ao transporte rodoviário por quatro horas (GDT), e desmamados na semana anterior às coletas de amostras e submetidos ao transporte rodoviário por quatro horas (GD7T), segundo os momentos avaliados.

4.3.Hemoparasitos.

Dos 40 bovinos jovens da raça Nelore utilizados no presente experimento, 26 (65%) resultaram positivos para Anaplasma sp. e/ou Babesia sp. em pelo menos um exame de esfregaço sangüíneo.

Na tabela 16 estão discriminados os resultados da pesquisa de hematoparasitos, por grupo de animais.

Tabela 16: Distribuição, por grupos, dos animais positivos para presença de hemoparasitos em

esfregaço sangüíneo em pelo menos um dos momentos avaliados.

Animais positivos Grupos Anaplasma sp Babesia sp Anaplasma sp e Babesia sp Hematozoários GL 4 1 1 6 GD 6 1 1 8 GDT 2 3 2 7

GD7T 4 1 0 5

Como dos 10 animais positivos para Babesia sp., em nenhum a presença do protozoário se repetiu pelos outros quatro exames, supõe-se que vários animais negativos no exame do esfregaço sangüíneo estivessem também infectados. Este resultado é compatível com os resultados obtidos por Osaki et al. (2002) no Estado do Paraná, com 64,2% de 642 amostras de soro positivas para anticorpos contra B. bovis, e Souza et al. (2000), que relataram 69,7% de soropositividade para B. bigemina em 532 amostras de soro de bovinos da região norte do Estado do Rio de Janeiro.

Diferente da observação de Babesia sp. em esfregaço sangüíneo, a confirmação da presença de Anaplasma sp. depende, no mínimo, de um bom padrão de coloração da lâmina. De qualquer modo, 20 dos animais do experimento (50%) resultaram positivo para a presença de Anaplasma sp. Destes, os exames de dois animais resultaram positivo em todos os momentos, enquanto a maioria dos casos ocorreram em um ou dois momentos isolados.

A presença de hematozoários em 65% dos animais, levou a realização de outra coleta de amostras, 10 dias após o MD48T36, para realização do hematócrito e nova pesquisa de hematozoários em esfregaço sangüíneo. Nesta coleta, os exames foram realizados nas amostras de sangue de 14 animais que permaneceram na propriedade, resultando em 100% de exames negativos para a presença de hematozoários, e hematócrito semelhante ao observado nos momentos do experimento.

Apesar da alta prevalência de presença de hematozoários, nenhum animal, no presente experimento, apresentou hematócrito abaixo da faixa de normalidade,

mesmo após 12 a 19 dias do desmame e transporte. Segundo Gaunt (2000), os bezerros com menos de um ano de idade são resistentes aos efeitos patogênicos da

A.marginale. Para Guglielmone (1995), os riscos de ocorrência de perdas

relevantes são mínimas em rebanhos mantidos com altas ou baixas taxas de inoculação de Babesia sp. O maior problema ocorre em rebanhos expostos a uma taxa intermediária de inoculação de babesia, sendo que o clima, o tipo de solo e o biotipo do gado modulam a capacidade da região em suportar as populações de

Boophilus microplus e, portanto, a taxa de infecção de Babesia sp.

Entretanto, Valeska et al. (2001) estudaram a dinâmica das infecções naturais por A.marginale em bezerros da raça Holandesa criados no Estado de Minas Gerais, relatando que animais nascidos entre março e julho sofreram infecção entre outubro e novembro, independente da idade, enquanto os que nasceram no período de setembro e dezembro adquiriram a infecção nos primeiros dias de vida, com parasitemia patente a partir dos 30 dias de idade e, durante o período patente, o hematócrito reduziu na primeira semana de infecção, variando entre 20 e 23%.

Conclui-se que o desmame e o transporte no mês de agosto não têm efeito sobre a manifestação clínica da babesiose e anaplasmose em bovinos da raça Nelore criados em regime de pasto na região norte do Estado do Espírito Santo.

5. Bioquímica clínica

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