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Alcances e limites dos Conceitos Operacionais no processo de planejamento e projeto das Áreas e

753.26a: Planta do nível de embarques

QUADRO 3.1 OS 20 AEROPORTOS MAIS MOVIMENTADOS EM TODO O MUNDO EM 2005 (PRELIMINAR)

3.6 Alcances e limites dos Conceitos Operacionais no processo de planejamento e projeto das Áreas e

Terminais de Passageiros

Apesar da importância e da

condição estratégica dos conceitos operacionais, as questões envolvidas no processo mais completo de planejamento e projeto de terminais aeroportuários não se limitam, no entanto, às relacionadas apenas com o processo de seleção de um deles.

Os conceitos operacionais são prioritariamente relacionados com a função princi- pal e apenas expressam a melhor solução de compromisso entre os diversos fatores que principalmente influem e interagem em diferentes situações para o melhor equacionamento dessa função. E essa função, que consiste na transferência dos passageiros entre os meios de transporte terrestre e aéreo, não é, nos dias de hoje, uma função exclusiva. Há funções complementares, que embora tenham estado sempre presentes nos terminais, adquiriram com o passar do tempo e o desenvolvimento do transporte aéreo maior importância e, hoje, impõem ítens muito significativos aos programas e exigem considerações muito particulares nos projetos, a fim de proporcionar sua completa assimilação e integração nos terminais. Como não são tipos prontos e acabados de soluções, os conceitos operacionais não contêm respostas para todas as questões envolvidas nos projetos de terminais, nem mesmo para todas as questões funcionais. Os elementos considerados nos estudos que conduzem à busca do conceito operacional mais adequado apesar de muitos e complexos giram, principalmente, em torno daqueles fatores já mencionados nas páginas precedentes. Ainda que, por parte dos especialistas envolvidos nesses estudos haja consciência da existência e da importância de outros fatores relacionados com outras funções, na etapa de seleção do conceito operacional, estes outros fatores estarão sendo considerados num plano ainda secundário e apenas de maneira geral e incompleta. É sempre bom lembrar que, como em qualquer atividade de planejamento e projeto, nos estudos que visam conduzir a um conceito operacional, os avanços se dão por ciclos que se sucedem, caminhando do geral para o particular. Se, no início deve haver consciência e consideração do conjunto o mais amplo possível de elementos envolvidos, há que se reconhecer, porém, que, entre estes, há importâncias relativas. À medida que o processo avança, e as questões prioritárias vão sendo atendidas, o peso relativo dos fatores em jogo, em cada nova etapa, se altera e, o que era antes secundário,

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passa a ganhar, só então, a importância devida.

Quando se explicitam, no ciclo completo do processo de planejamento e projeto das áreas terminais de passageiros, as etapas principais através das quais se chega à definição dos conceitos operacionais, fica mais clara não só a importância dessa definição, em determinado momento, como também, suas limitações, em termos do que ainda falta decidir até a conclusão do ciclo.

O ciclo completo desse processo pode ser assim resumido:

Como primeira etapa, procede-se, como já afirmado, à seleção dos conceitos operacionais aplicáveis, com a conseqüente rejeição dos demais. Vale observar que entre os fatores importantes nessa seleção, alguns se destacam mais do que outros, em função de fatores específicos de cada caso. Nessa primeira etapa, a seleção se dá, principalmente, mediante a consideração de aspectos qualitativos que, geralmente, são suficientes para o pretendido descarte de soluções inapropriadas. Pelo fato das apreciações serem qualitativas, não significa que sejam simples. Ao contrário, exigem análises minuciosas e grande conhecimento da parte das equipes multidisciplinares para detectar, com toda abrangência, as implicações muitas vezes sutis, que cada fator tem ou poderá ter sobre as decisões a serem tomadas; Após essa primeira seleção, entram em cena outros fatores relacionados mais especificamente com cada sítio. Estes podem ser tanto fatores já previamente considerados e que deverão ser aprofundados, como fatores novos, ligados às condições físicas do local. A partir daí, com alguns avanços no detalhamento dos programas e dos dimensionamentos, e estudos mais elaborados de disposição física dos elementos integrantes da área terminal de passageiros em cada uma das alternativas de conceito pré-selecionadas, a definição do conceito operacional vai se delineando;

A seleção final só se dá após detalhados estudos comparando complexas relações benefícios X custos, em cada alternativa, em que os benefícios são referenciados a vantagens relativas ao desempenho operacional de cada setor e do conjunto e os custos resultam das obras preparatórias, das construções e dos equipamentos requeridos por cada alternativa. Há que considerar, ainda, questões como a do pessoal necessário às operações por parte tanto das companhias aéreas quanto das administrações e dos órgãos de inspeção e segurança, que pode variar muito de um conceito

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operacional para outro, como por exemplo, em função do grau de descentralização das instalações.

Apesar de todo o conjunto exaustivo e detalhado de pesquisas, estudos, análises e elaborações, com base nos quais foi possível definir um conceito operacional, não se terá chegado, ainda, a um projeto, mas, apenas, à conclusão de uma etapa, importante, e decisiva, porque traça o rumo correto a ser dado às etapas seguintes. Estas deverão contemplar, necessariamente, novos estudos e elaborações, cujos passos seguem, aproximadamente, o seguinte caminho:

Detalhamento minucioso dos programas, com o dimensionamento das áreas e demais requisitos necessários, abrangendo os diversos setores dos terminais e envolvendo todas as funções, inclusive as que, até então, estiveram sendo consideradas apenas marginalmente. O comércio e os serviços são funções que vêm ganhando peso e sua importância e influência nos projetos dos terminais não se limitam aos espaços cada vez maiores que essas atividades ocupam, mas devem-se, também, à qualificação requerida por esses espaços em termos de localizações privilegiadas e a diferentes e convenientes combinações de tipos de lojas e de serviços. Os eventuais conflitos entre as atividades comerciais e de serviços com os fluxos principais de passageiros nos embarques e nas transferências, devem ser considerados e, tanto quanto possível, eliminados. Além do comércio e serviços, há outras funções também importantes a considerar, que são ligadas à administração, aos órgãos de segurança e às companhias aéreas. Cada uma dessas funções tem requisitos muito especiais de espaços e localizações que devem ser devidamente atendidos. Com relação às companhias aéreas, por exemplo, há que saber, quantas deverão operar no terminal, ao longo do tempo, e essa é uma questão sempre cercada de incertezas. Além disso, as companhias aéreas necessitam instalações próprias, de muitos tipos, e em diversos setores do terminal: além dos balcões de check-in ou das máquinas de auto-serviço que cumprem parcialmente essa função e que podem ser de uso exclusivo ou compartilhado, há os balcões de informações e vendas de bilhetes, os escritórios administrativos e os chamados escritórios de rampas, e locais para depositar diferentes tipos de materiais.

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arquitetônicos iniciados já durante as etapas de seleção e definição do conceito operacional, devem prosseguir em direção à formulação e definição de um quase “partido”, com novas definições, como por exemplo: quanto a manter as operações de embarque e desembarque em um único nível, ou separa-las, assim como os meio-fios correspondentes; quanto à estratégia de localização das concessões comerciais e de serviços disseminando-as entre vários locais ou concentrando-as preferencialmente em um setor ou pavimento específico; quanto às áreas de estacionamento e as ligações entre estas e o terminal; quanto à localização de terminais de transporte público, quando for o caso e se próximos ou no próprio interior do terminal; quanto à disposição das áreas administrativas e dos escritórios das companhias aéreas; quanto à disposição das áreas de triagem e demais instalações do sistema de bagagens; quanto á disposição das áreas e equipamentos dos sistemas de instalações prediais; quanto aos vãos e à modulação estrutural para obtenção da necessária flexibilidade; quanto às formas de ampliações do terminal e de cada uma de suas instalações; e muitos outros detalhes, de maior ou menor importância, em cada caso, tendo em vista um resultado final desejado. Mais uma vez, cabe observar que, como em qualquer projeto, a partir de determinado porte e complexidade, todas as decisões envolvem a participação de diversos especialistas. Cabe à disciplina arquitetura, no entanto, generalista por natureza, o papel funda- mental de, ao dar o devido atendimento aos diversos requisitos, tentar fazê- lo de maneira integrada submetida à “rédea curta” de uma concepção – a essa altura já quase um partido – que não pode ser desfigurada.

Definido e consolidado o partido, seguem-se os anteprojetos, os projetos básicos e executivos, nos quais a arquitetura, como em qualquer projeto, além de suas tarefas específicas, deve prosseguir na coordenação e nas compatibilizações técnicas de decisões derivadas de disciplinas diversas; no caso, de um conjunto enorme de disciplinas, para viabilizar a implantação e operação de complexos sistemas de instalações e equipamentos. Cronogramas e esquemas financeiros, geralmente rígidos, são inerentes ao problema, não raras vezes impõem alterações que implicam em reduzir ou retardar etapas, ou até mesmo obrigar a mudanças, mais ou menos significativas nos projetos.

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