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CONCEITOS OPERACIONAIS

3.2 Fatores com decisiva influência nos conceitos operacionais

3.2.8 Fatores Adicionais

Entre os fatores que podem se acrescentar aos anteriores, nas etapas de seleção e definição dos conceitos operacionais, estão questões como as da segurança, do comércio e serviços e das novas tecnologias disponíveis.

3.2.8.1 Segurança

A questão da segurança, desde a década dos anos setenta, quando ocorreram os primeiros seqüestros de aviões, passou a representar um fator da maior importância nos projetos dos terminais de passageiros. Os cuidados com a segurança, desde então, impõem, mesmo quando se trata de tráfego apenas doméstico, a completa divisão dos terminais em setores estéreis e não estéreis, em que, aos primeiros, as pessoas só têm acesso após passarem por algum tipo de inspeção. Alaistar

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Gordon, em seu livro “Naked Airport”, refere-se aos seqüestros aéreos e às conseqüências dos mesmos sobre os aeroportos e terminais, com muita ênfase e alguma dramaticidade, como se pode verificar nas frases reproduzidas, a seguir:

“Um incrível nível de ansiedade iria permear nas salas de embarque dos anos 1970, à medida que os seqüestros aéreos se tornaram mais comuns. A tendência não apenas mudou o clima das viagens aéreas, como teve um profundo efeito sobre os projetos de aeroportos” (p. 231) “Em resposta a esses assaltos, os aeroportos adotaram estritas medidas de segurança. ... “O espaço interior não fluía mais, ao contrario era interrompido por pontos de controle” (p. 234)

“O portão eletromagnético se tornou o novo ponto de transição proporcionando o sentido de portão que os aeroportos tinham perdido na era do jato jumbo.” (p. 234)

“Um novo defensivo estilo de arquitetura se fez presente para se ajustar ao clima de ansiedade reinante. “Lobbies” e “concourses” projetados para ser abertos e fluentes eram, agora, segregados em zonas estéreis e não estéreis, conforme prescrito pelos regulamentos federais. O perímetro das zonas estéreis deve ser protegido por barreiras físicas. Saídas foram seladas temporariamente, partições erigidas e vistas obscurecidas” (p.235- 236) ...”.Plantas livres e abertas deram lugar a partições, corredores estreitos, pontos únicos de entradas e iluminação artificial” (p.236)

Além dos efeitos sobre os terminais, como os comentados por Alaistar Gordon, outro tipo de efeito, de outra natureza, merece ser aqui particularmente considerado, por influir também sobre os conceitos operacionais. A inspeção de segurança demanda áreas e equipamentos específicos, além de pessoal especializado. Estes têm que ser distribuídos e estar a postos em diversos pontos ao longo da linha que divide os setores estéreis e não estéreis. Quanto mais descentralizados, os terminais de passageiros, mais esses postos de controle pesam nos investimentos e, principalmente, nos custos operacionais. Sob esse ponto de vista, esses requisitos

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figura 3.14: Instalações de comércio no

Aeroporto de Copenhague

de segurança, cuja necessidade foi mais recentemente confirmada pelos eventos de setembro de 2001, devem ser considerados como mais um dos fatores que contribui para a tendência de centralização dos terminais, que tem se verificado nas duas últimas décadas.

3.2.8.2 Comércio e serviços

A necessidade de desenvolver programas rentáveis de concessões, para gerar receitas capazes de contrabalançar custos crescentes das operações, tem levado a integrar especialistas em técnicas de comércio varejista às já numerosas equipes de profissionais que atuam no planejamento e projeto de terminais.

Um claro conflito entre duas maneiras opostas de encarar a acomodação de um programa importante e extenso de atividades comerciais nos terminais, repercute de alguma forma na seleção de conceitos operacionais aplicáveis. Uma corrente defende um conjunto de regras controladoras de concessões, para que as lojas interfiram o mínimo possível, não apenas nas operações, mas ainda, na qualidade e na expressão dos espaços internos dos terminais. Estas regras têm a ver principalmente com a localização das lojas, mas, também, com as frentes e com os elementos visuais de propaganda das mesmas. A corrente oposta defende que as instalações comerciais devem

ter maior liberdade, seguindo tendências aplicadas em shopping

malls e outras características do

comércio varejista, de modo a maximizar rendas e proporcionar oportunidades de entretenimento aos passageiros. Embora os reflexos de cada uma dessas correntes se faça sentir, principalmente nos projetos, não há como desconhecer que um ou outro ponto de vista pode ser mais, ou menos, favorecido com conceitos operacionais diferentes, como por exemplo, quanto ao grau maior, ou menor, de centralização.

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3.2.8.3 Novas tecnologias disponíveis

A internet e as possibilidades atuais de automação de várias das funções do termi- nal abrem novas possibilidades de interação entre passageiros, companhias aéreas e os terminais.

A compra e impressão de bilhetes pela internet, em casa ou no escritório, e os quiosques de auto-serviço, onde o passageiro pode, além disso, imprimir seu cartão de embarque e etiquetar sua bagagem em áreas externas e até afastadas do terminal, como estacionamentos ou estações ferroviárias ou de metrô, estabelece novos parâmetros para o planejamento das áreas terminais. Esses novos recursos proporcionados pela tecnologia afetam, além dos programas e dimensionamento de áreas, o projeto físico e a própria maneira de operar parte dos serviços. Nada mais natural, portanto, que isso se reflita sobre conjuntos de soluções, como os conceitos operacionais, que tentam, de maneira integrada, dar resposta adequada ao ciclo completo de operações vinculadas ao embarque e ao desembarque de passageiros.

Se, por um lado, essas novas tecnologias permitem dispensar parte considerável do pessoal necessário à execução de muitas das funções transferidas para as máquinas e equipamentos, neutralizando, sob esse ponto de vista, as desvantagens de graus maiores de descentralização, por outro, essa redução de pessoal deve ser vista, também e principalmente, como um imperativo da redução de custos tornada possível pelas máquinas. E estas, também, são melhor aproveitadas quando agrupadas em menor número de locais. A centralização, assim, volta a se impor como um importante fator de economia.