• Nenhum resultado encontrado

3. O palco dos sonhos – O ponto de partida

5.1 A alegria do 2º ano de escolaridade

No período entre dezoito de janeiro e vinte e um de junho realizou-se uma atividade extra proposta pelo PC em que se pretendia iniciar mais um grande e interessante desafio, dar aulas ao 2º ano de escolaridade. Para tal, era necessária uma deslocação a uma escola diferente da EC, embora seja situada no mesmo concelho e faça parte do mesmo agrupamento. As minhas expectativas eram um pouco elevadas no que diz respeito ao trabalho que podia realizar com os alunos do 2º ano, mas, no que diz respeito às capacidades motoras dos alunos, esperava encontrar alunos com algumas dificuldades em realizar movimentos e exercícios básicos devido a tudo o que a sociedade atual critica, como por exemplo, os telemóveis, computadores, jogos, entre outros, que diminuem as hipóteses de as crianças praticarem exercício físico. Então, o que é que eu esperava?

Em primeiro lugar, esperava uma turma com alunos irrequietos, curiosos e bastante empenhados. Esperava isto porque tenho experiência em trabalhar com crianças destas idades, mas noutro contexto, num clube de futebol, e geralmente, as crianças são bastante mexidas e gostam de praticar desporto. Por isso, esperava que nesta turma acontecesse o mesmo, ainda que fosse um contexto completamente diferente. Em segundo lugar, esperava ter algumas dificuldades em controlar toda esta irrequietude, assim como, em adaptar a minha linguagem à idade. Isto, porque vinha habituado a dar aulas ao 7º ano de escolaridade e isso podia trazer-me alguns problemas na comunicação com uma turma muito mais nova e infantil. Por fim, esperava poder contribuir para que os alunos gostassem de desporto e de o praticar e que no final do ano existissem mudanças positivas nos padrões motores da turma.

Na altura de conhecer a turma, encarei a experiência como um desafio interessante e enriquecedor, até porque uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida!

As primeiras impressões foram muito boas, tanto da professora, como dos alunos e do espaço. Em primeiro lugar, a professora pareceu-me muito simpática, prestável e paciente (algo imprescindível quando se trabalha com

crianças). Os alunos gostavam dela e respeitavam as suas indicações, tornando as aulas tranquilas. Em segundo lugar, os alunos surpreenderam-me pela positiva. Para além de apresentarem níveis de desempenho motor elevados, pode-se dizer que o comportamento deles era melhor do que esperava. Em terceiro lugar, o espaço era agradável e suficientemente grande para as nossas aulas. Relativamente ao material, era variado e existia em quantidades consideráveis. No entanto, notei que existia apenas um banco sueco, o que foi tido em conta na planificação das aulas.

Ao longo das aulas estas primeiras impressões foram-se alterando. Os alunos começaram a ter confiança comigo o que, por um lado, tornou as aulas mais ricas, mas também mais barulhentas. A professora, por motivos pessoais, teve de sair da escola e, com isso, os alunos tiveram mais duas professoras diferentes durante o ano. Parece que não tem qualquer ligação com a minha experiência, mas, percebi que isso tinha muito mais preponderância do que eu imaginava. Desde logo teve repercussões no comportamento e na atitude dos alunos que, ao terem de se adaptar a uma (duas, na realidade) nova forma de estar na sala de aula, sentiram muitas dificuldades nesse aspeto. Depois, por não estarem tão à vontade com as novas professoras, eles viam-me como a pessoa de maior confiança ao seu redor e partilhavam comigo alguns do seus segredos, medos e sucessos. Isto tocou-me de certa forma, pois de um momento

para o outro passei de um completo desconhecido a “melhor amigo”, mesmo

quando passava apenas uma hora semanal com eles. Relativamente ao espaço, este pareceu ser cada vez mais pequeno para aquilo que eu desejava fazer com os alunos. No entanto, a enorme diversidade de atividades realizadas na escola e no espaço de recreio, veio também condicionar as próprias aulas.

No cômputo geral, este meio ano que estive com o 2º ano de escolaridade teve uma enorme importância na minha formação como professor. Para além de poder lecionar num ciclo de ensino com características bastante especiais, tive a oportunidade de o fazer com crianças excecionais. Aproveitei esta experiência para aprofundar o meu conhecimento acerca da temática do desporto e da Educação Física em idades mais jovens, algo que foi pouco abordado ao longo de toda a minha formação. Como tal, senti necessidade de passar pelo contexto,

de vivenciar o ambiente do 1º ciclo para estar mais preparado como professor. Em síntese, considero que é bastante gratificante dar aulas a crianças destas idades porque não estão habituados a ter este tipo de estímulos e, quando os têm, são empenhados e transbordam felicidade à mais pequena coisa. Para além disso, o nosso futuro próximo enquanto professores passa por aqui, pelas AEC’S e, por isso, acho que esta experiência no 2º ano foi muito boa: para mim, enquanto professor, porque tive um primeiro contacto com aquilo que poderei encontrar nos próximos anos e, para os alunos, porque têm outros estímulos e têm aulas de Educação Física com professores que estão a acabar a formação na área, algo que não tinham devido à inexistência da disciplina naquela escola. Por fim, algo que me deixou surpreso foi o facto de uma aluna, na segunda aula que lecionei, vir falar comigo no final de uma aula e dizer que a mãe não se acreditava que iam ter “aulas de Educação Física a sério”, espelhando muita felicidade quando se referia às aulas de Educação Física e à sua existência neste ano letivo. Ainda há muita coisa a mudar…