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Nas interpretações dos discursos dos futuros professores de Física, per- cebemos que as vozes que defendem a introdução da FMC na educação básica não tem sido ouvidas pelo professores formadores, haja vista esta não ser uma questão tratada nas aulas para futuros professores de Física. Isso contraria a tendência mundial de que a FMC faça parte dos currículos

da educação básica, conforme demonstram Ostermann e Moreira (2000) e Greca e Moreira (2001).

Além disso, a estrutura curricular do curso frequentado pelos professores entrevistados e as próprias aulas contemplando a FMC para os futuros professores foram pautadas em preceitos da racionalidade técnica, conforme especifi cações de Rosa Schnetzler (2003), como também as pró- prias aulas e avaliações elaboradas pelos professores formadores.

Sem pretender generalizar as considerações acima, questionamos até que ponto os demais cursos de formação de professores de Física estão tra- balhando a FMC em uma perspectiva que possibilite ao futuro professor introduzir aquela na educação básica, em uma perspectiva crítica em rela- ção à ciência, à tecnologia, bem como quais as consequências sociais delas. Até que ponto as universidades, enquanto espaços de formação e difusão do saber, estão possibilitando que os professores de Física em exercício reela- borem seus saberes acerca do ensino da FMC e conduzam suas práticas em uma perspectiva dialógica? Para a FMC adentrar as salas de aula da educa- ção básica, certamente faz-se necessário que os pesquisadores considerem as reais condições dos professores da educação básica, como destacado por Almeida (2003), como também a própria estrutura curricular dos cursos de formação distanciem-se da racionalidade técnica. Conceitos da racionalida- de comunicativa habermasiana e da ação comunicativa freireana mostram- se como uma alternativa viável para iniciar-se esse debate.

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