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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O TEMA ENERGIA

É possível observar que o tema energia é estruturador no Ensino de Física e que segundo os documentos oficiais que estão em vigência, sua abordagem deve estar acompanhada de aspectos socioambientais envolvidos em todo o seu processo.

Neste sentido, o ensino baseado na perspectiva CTS nos auxilia a identificar tais problematizações para a abordagem do tema em questão nos LDF e nas questões do ENEM. O grande questionamento é como tornar todos esses aspectos reais no contexto de sala de aula.

Para responder essa questão apresentamos ao longo deste capítulo alguns autores que desenvolveram o tema energia com esta perspectiva, indicado aspectos positivos e negativos em diferentes abordagens.

Devemos considerar que as implicações éticas, ambientais, sociais e econômicas devem ser incluídas na abordagem do tema energia. Todo este processo contribui na formação para a cidadania.

No próximo capítulo apresentamos uma discussão sobre os livros didáticos com uma abordagem histórica das políticas públicas voltadas para a produção e distribuição e as possíveis articulações com a perspectiva CTS e o tema energia.

4 AS POLÍTICAS PÚBLICAS E O LIVRO DIDÁTICO: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA

A história da inserção do livro didático no Brasil se inicia no século XIX com obras advindas da França. Por volta do ano de 1925, com a expansão e massificação do processo escolar se inicia uma, ainda modesta, produção do que seria o livro didático brasileiro que, apesar de já apresentar diferenças do material tradicionalmente utilizado, ainda continha muitas traduções das obras francesas (GIOPPO, 1999).

Em 1929 políticas relacionadas ao livro didático são iniciadas. A primeira delas é a criação do Instituto Nacional do Livro (INL). O INL foi criado para desenvolver legislações acerca de livros didáticos. O INL também tinha a função de dar maior legitimação ao livro didático nacional e auxiliar no aumento de sua produção (BRASIL, 2012).

A relação Estado/Livro didático foi, ao longo do tempo, passando por diversas fases. No ano de 1938, o Decreto-Lei de número 1.006, de 30/12/38, instituiu a Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD) estabelecendo condições para a produção, importação e utilização do livro didático no Brasil (HÖFFLING, 1993).

Em 1945, através de um decreto-lei3 a CNLD foi redimensionada passando então, o Estado, o papel de assumir o controle sobre o processo de adoção de livros em todos os estabelecimentos de ensino no território nacional. Com o passar dos anos essa função do estado foi gradativamente se descentralizando em alguns estados com a criação de comissões estaduais do livro didático (HÖFFLING, 1993).

Em 1966, criou-se a Comissão do Livro Técnico e do Livro Didático (Colted). Esta Comissão desenvolveu um programa que tinha como objetivo distribuir livros a bibliotecas do ensino primário, médio e superior, e cursos de “treinamento” para professores de escolas primárias, no entanto a ênfase dos cursos estava sempre na melhor escolha e utilização adequada do livro (GIOPPO, 1999).

Em 1983 é criada a Fundação de Assistência ao Estudante (FAE), que incorpora o Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Fundamental (Plidef) criado em 1971 pelo INL. Na ocasião, o grupo de trabalho encarregado do exame dos problemas relativos aos livros didáticos propõe a participação dos professores na escolha dos livros

e a ampliação do programa, com a inclusão de todas as séries do ensino fundamental (BRASIL, 2012).

Em 1985 foi criado o Programa nacional do Livro didático (PNLD) em substituição ao Plidef, ampliando os objetivos no que se refere a políticas públicas envolvendo o livro didático. O PNLD Estabeleceu nos seus objetivos uma meta que era a distribuição gratuita de livros didáticos para todos os alunos do ensino fundamental ( antigo 1° grau) em todas as escolas publicas federais, estaduais e municipais do Brasil, tendo como prioridade disciplinas de linguagens e matemática.

O PNLD instituiu a indicação do livro didático pelos professores; a reutilização do livro (implicando a abolição do livro descartável); o aperfeiçoamento das especificações técnicas para sua produção, visando maior durabilidade e possibilitando a implantação de bancos de livros didáticos; extensão da oferta aos alunos de 1ª e 2ª série do Ensino médio das escolas públicas e comunitárias; fim da participação financeira dos estados, passando o controle do processo decisório para a FAE e garantindo o critério de escolha do livro pelos professores (BRASIL, 2012).

Em 1997 a FAE é extinta (BRASIL, 2012). A responsabilidade pela política de execução do PNLD é transferida integralmente para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O programa é ampliado e o Ministério da Educação passa a adquirir, de forma continuada, livros didáticos de alfabetização, língua portuguesa, matemática, ciências, estudos sociais, história e geografia para todos os alunos de 1ª a 8ª série do ensino fundamental público.

A avaliação do livro didático pelo PNLD se inicia em 1996 (BRASIL, 2012), sendo publicado o primeiro guia do livro didático para o primeiro ciclo do ensino fundamental, com critérios previamente discutidos. Os livros que apresentam erros conceituais, indução a erros, desatualização, preconceito ou discriminação de qualquer tipo são excluídos do Guia do Livro Didático. Este processo é aplicado até hoje e é constantemente aperfeiçoado.

Em 2005, o MEC institui o Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM), iniciando a distribuição de livros didáticos de matemática e português para a 1° série do ensino médio nos estados das regiões norte e nordeste. Em 2006, a distribuição é ampliada para todos os estados do Brasil, para todas as séries do ensino médio.

Atualmente o PNLD também atende aos alunos que são público-alvo da educação especial. São distribuídas obras didáticas em Braille de língua portuguesa, matemática, ciências, história, geografia e dicionários (BRASIL, 2012)

A distribuição de Livros Didáticos de Física (LDF) para o ensino médio se inicia no ano de 2009 e aconteceu de forma integral, incluindo todos os estados do Brasil (MEC, 2012). No ano anterior, em 2008, o PNLEM avaliou títulos de LDF, gerando o primeiro guia do LDF, selecionando seis títulos para a distribuição em todo o Brasil no ano de 2009.