• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO III FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

6. Aprendizagem cooperativa e ensino profissional

6.1. Aprendizagem cooperativa

6.1.3. Alguns métodos de aprendizagem cooperativa

Apesar dos princípios básicos da AC não se alterarem, existem algumas variantes do modelo que dependendo da natureza das atividades a desenvolver, do espaço físico da sala, dos conteúdos a lecionar, das caraterísticas da turma com quem se irá trabalhar, do tempo disponível para a realização das tarefas, entre outros fatores, deverão fazer parte do repertório do professor e serem cuidadosamente escolhidos e planificados.

Atendendo à bibliografia consultada apresenta-se na tabela 1 alguns dos métodos associados aos seus criadores ou principais difusores. Há que referir que a sua ordem de apresentação não reflete qualquer critério de importância.

Método Criador/Difusor Tempo

Aprendendo juntos e sozinhos Johnson & Johnson Início dos anos 60

Investigando em grupo (grupos de investigação) -

Group-Investigation) Sharan & Sharan

Meados dos anos 70

Controvérsia académica (Academic Controversy) Johnson & Johnson Meados dos anos 70

22 TGT (método dos torneios em equipa) - Teams-Games

Tournaments Slavin Início dos anos 70

STAD (grupos de trabalho para o sucesso) - Student Team-Achievement Divisions)

Slavin &

Colaboradores Fim dos anos 70

TAI – (Team Assisted Individualization) Slavin Início dos anos 80

CIRC (Cooperative integrated reading and composition) Slavin & Stevens Fim dos anos 80

Instrução complexa Elisabeth Cohen Início dos anos 80

Estruturas de aprendizagem cooperativa ou Abordagem

estrutural Spenser Kagan Fim dos anos 80

Tabela 1-Diferentes Métodos de Aprendizagem Cooperativa, adaptado de Freitas & Freitas, 2003, p. 46)

Face à grande diversidade de métodos/atividades de aprendizagem cooperativa que vão desde os muito prescritivos e concretos até aos muitos conceptualizados e flexíveis” (Freitas & Freitas, 2003, p.45) apresenta-se apenas uma súmula destes métodos, dando especial enfase aos utilizados na PES.

Arends (2008) indica, algumas das abordagens que deverão fazer parte do reportório dos professores no seu processo de ensino aprendizagem. São elas a Student Team Achievement Divisions (STAD) que foi desenvolvido por Robert Slavin e seus colaboradores, na década de setenta, e que é a abordagem à AC mais simples e mais direta. Os professores apresentam todas as semanas informação nova aos grupos e os alunos são divididos em grupos de aprendizagem de 3 a 5 elementos. Os alunos trabalham em conjunto criando formas de interdependência que os tornam responsáveis pelo sucesso da sua aprendizagem e também pela dos outros. Individualmente, os alunos realizam testes sobre as matérias escolares mas a sua classificação “não se baseia na cotação absoluta mas sim no grau em que a cotação excede as classificações médias anteriores do aluno” (p.352).

Já a abordagem Jigsaw ou quebra-cabeças foi desenvolvido por Aronson (1978) e pelos seus colaboradores na década de 70, no universo escolar americano, como consequência da eliminação da segregação racial nas escolas. Os grupos deverão ser heterogéneos de 5 ou 6 elementos e cada aluno é responsável por aprender uma parte da matéria e ensinar a sua parte aos restantes elementos do grupo. Todos os alunos necessitam uns dos outros e são obrigados a cooperar porque cada um deles apenas dispõe de uma parte do tema em estudo.

A cooperação entre os membros estabelece-se mediante a divisão das tarefas de aprendizagem. Dá-se uma interdependência de fins e de meios. Todos os

23

estudantes dependem dos seus colegas de grupo, para obter a informação necessária. Inicia-se a atividade colocando a informação em cartões, que são distribuídos pelos estudantes. Cada elemento do grupo deve receber um cartão diferente e só devem ter acesso à informação dos cartões, através dos colegas. De seguida, os estudantes, com cartões semelhantes, agrupam-se (grupos de especialistas), para analisarem essa informação, de forma a garantir que todos compreenderam os conceitos. Após essas atividades, cada estudante regressa ao seu grupo original e apresenta o que aprendeu. Analisam o tema em conjunto e asseguram-se que todos perceberam. Deste modo, os estudantes são, não só responsáveis por aprenderem, como por ensinarem. Neste método, os estudantes dependem efetivamente uns dos outros para aprenderem. O professor tem um papel muito importante, sobretudo na fase de planificação. Não pode, contudo, deixar de estar atento ao desempenho de cada grupo para, se tal se revelar necessário, intervir.

O Jigsaw II surgiu através de algumas alterações introduzidas por Hopkins (1986), ao método inicialmente criado por Aronson. A diferença reside no número de elementos por grupo, que deverá ser de 3 ou 4 alunos, bem como no facto de poderem ser utilizados os materiais habituais da disciplina, não havendo a necessidade de se realizarem textos específicos. A pontuação de cada aluno integrará a pontuação global do grupo, sendo os resultados expostos, posteriormente, num jornal de parede ou boletim informativo. De acordo com Slavin (1991)este método é mais vantajoso de aplicar nas ciências sociais onde é possível discutir e interpretar temas mais amplos.

A Investigação em grupo combina tarefas individuais por pares e em grupo, oferecendo recompensas ao grupo, com base nas realizações de cada elemento.

A Abordagem Estrutural foi desenvolvida por Spencer Kagan (1994) e apesar de ter muito em comum com as outras abordagens, “ enfatiza a utilização de estruturas específicas para influenciar os padrões de interação dos alunos (…) e destina-se a ser alternativa às estruturas de sala de aula mais tradicionais”. Os alunos trabalham em grupo de forma interdependente e as recompensas são para o grupo e não individuais. Esta estrutura tem como objetivo a “aquisição de competências técnicas mas também sociais e de equipa” (p.354).

Foi utilizada a "abordagem Jigsaw II", a "investigação em grupo" e a "abordagem estrutural" nas experiências de AC na turma cooperante, por serem

24

aquelas metodologias que melhor se aplicavam aos conteúdos abordados no Módulo 9 - Itinerários e Circuitos Turísticos.Com estes métodos utilizados na PES, os alunos tiveram obrigatoriamente a responsabilidade de partilharem as ideias uns com os outros, para que todos os elementos da equipa fossem capazes de dar resposta ao trabalho solicitado.

6.1.4. Implementação da aprendizagem cooperativa na sala de aula: Eu