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alguns segmentos industriais

No documento LOGÍSTICA EMPRESARIAL (páginas 109-114)

As embalagens tradicionais da indústria de bebidas são de vidro e repre- sentam ativos da organização produtora. Essa natureza das embalagens foi responsável pela criação de um sistema de fluxo reverso nesse segmento.

A logística do futuro

A entrega pulverizada em diversos Centros de Distribuição (CDs) e para clientes era controlada tanto em volumes de vasilhames quanto em incidên- cia de quebras, para a devida reposição do item e para a operação do canal de distribuição e coleta de vasilhames.

O sistema de distribuição foi desenhado com rotas de abastecimento e de coleta integradas, visando a otimização do transporte para que os custos não se tornassem exacerbados.

A gestão desse sistema obrigou ao desenvolvimento de uma inteligência específica de planejamento logístico, com atividades elaboradas e comple- xas, pois a rede de clientes se espalhava em toda a extensão territorial. Muito embora as unidades produtivas sejam instaladas em pontos estratégicos, os custos decorrentes dessa capilarização de distribuição, com entregas e retor- nos de vasilhames dos clientes às unidades produtivas, é considerável.

É fato que o advento das embalagens PET para refrigerantes mudou essa dinâmica, mas a embalagem de vidro ainda é utilizada em larga escala na indústria cervejeira, requerendo essa inteligência para a gestão dos reabas- tecimentos de unidades produtivas e clientes.

A proliferação do uso do PET nas embalagens trouxe mais um campo de atuação para a logística reversa em virtude de sua natureza reciclável. A gestão desse fluxo ainda não ocorre com a efetividade necessária, mas as oportunidades e desafios estão no mercado.

A indústria de bebidas também utiliza intensamente a lata de alumínio, que é um material caro, mas altamente reciclável. Essa reciclagem é muito interessante e financeiramente atrativa para as organizações consumidoras desse material.

A Tomra Latasa Reciclagem, localizada no Rio de Janeiro, desenvolveu um projeto-piloto pioneiro de logística reversa no Brasil, que consiste numa rede de coleta instalada em estacionamentos de uma rede de supermercados, equipada com máquinas Reverse Vending Machines (RVM), para a coleta de embalagens de alumínio e PET. Antes da fusão com a Tomra (norueguesa), a

A logística do futuro

O sucesso desse centro de coleta levou à criação de outros no país. As cargas formadas pelas latas de alumínio seguem para a cidade de Pindamo- nhangaba, no interior de São Paulo, onde existe uma operação de fusão e reciclagem do alumínio em lingotes e até mesmo na forma líquida, para a realimentação de matéria-prima na produção.

O processo para o fluxo reverso do PET também ocorre, porém, em vir- tude de seu valor agregado muito mais baixo do que o do alumínio, exige maior eficiência em custos e ainda não tem a mesma representatividade em reciclagem.

Outro segmento que também desenvolveu iniciativas importantes em lo- gística reversa é o setor elétrico. A Rio Grande Energia (RGE) possui um pro- jeto para o gerenciamento dos materiais e equipamentos que são retirados de operação em suas atividades.

O projeto visa resultados econômicos e ambientais e seu principal foco é a reciclagem de postes de madeira e de concreto, isoladores, condutores e fusíveis. Além destes, o projeto abrange os resíduos administrativos, Equipa- mentos de Proteção Individual (EPIs) e resíduos relacionados à sua frota de veículos.

Se superficialmente analisada, uma empresa como a RGE, que compra energia de outras empresas geradoras e a leva aos consumidores, não apre- senta impactos ambientais. No entanto, as instalações elétricas e demais operações da RGE utilizam recursos naturais que devem ser ecologicamente administrados.

Para exemplificar, desde políticas de reflorestamento para as áreas des- campadas para a instalação de linhas de transmissão e de redes de distribui- ção de energia até exigências de certificações ambientais de seus fornece- dores de postes de madeira, existem preocupações e regras nessa empresa. O quadro a seguir mostra a destinação de resíduos relacionados às ativida- des da RGE.

A logística do futuro

Quadro 1 – Gerenciamento de resíduos da RGE

Material O que é feito?

(Disponív el em: <w w w .rge -rs .c om.br/gestao_ambien tal/set or_eletr ic o/set or_eletr ic o.asp>. A

cesso em: 10 jul

. 2008.) Ec oL og ic . Cartuchos de impressoras

São recolhidos pela empresa fornecedora e encaminhados para recarga. Vieir a S ol . Papel

O papel utilizado em formulários e blocos é do tipo Ecograf, ou seja, não sofre branqueamento com cloro; com isso, diminui o impacto ao meio ambiente.

Partes dos resíduos de papel são vendidos para empresas que efetuam sua reciclagem e são licenciadas para essa atividade.

Divulgação:

Tr

amasul

.

Poste de madeira

Os postes substituídos são serrados e reutilizados principal- mente em construções rurais.

Pedr

assani.

EPI e EPC

Os equipamentos de proteção retirados de operação são ava- liados e, quando possível, são recuperados por fornecedores especializados. Divulgação A rt eche . Isoladores de cerâmica

São triturados e armazenados, posteriormente são encaminha- dos para aterro de resíduos de construção civil. Eventualmente são utilizados como pedrisco em sub-base de pavimentação ou na confecção de artefatos de concreto sem responsabilidade estrutural.

e.

A logística do futuro

O setor de pneus também merece uma observação sobre seus proces- sos em relação à logística reversa. Os pneus sucateados são normalmente utilizados como combustível, na tentativa de que, ao fim de sua vida útil, gerem o menor impacto ambiental possível, pois não são compostos de itens biodegradáveis.

Existem portarias na legislação que obrigam os produtores à coleta e des- tinação de pneus sem uso, pois, além do passivo ambiental, ainda consti- tuem riscos de epidemias e danos à saúde pública.

Algumas aplicações de pneus sucateados em outros ciclos produtivos têm sido estudadas, como, por exemplo, o uso na produção do asfalto ecoló- gico ou asfalto de borracha, como também é conhecido. Mas o custo ainda é restritivo para a aplicação desse processo em larga escala. No Brasil, algumas prefeituras e concessionárias de rodovias já utilizam o asfalto ecológico em alguns trechos.

Os principais players desse segmento, presentes e conhecidos pelo mundo todo e, portanto, obrigados ao cumprimento de normas rígidas de gestão ambiental, possuem em suas políticas de gestão ambiental aspectos que incluem a logística reversa como prática.

A Goodyear, por exemplo, em seu site <www.goodyear.com> relata que avalia todos os resíduos potenciais de seu processo, focando na redução destes, seguida da reutilização e reciclagem antes da destinação para ater- ros sanitários que impactam o meio ambiente. Acrescenta ainda que já re- duziu, globalmente, em 31% a quantia de resíduos depositados em aterros sanitários por tonelada do produto. Além disso, investe em pesquisas para o desenvolvimento de soluções para a reutilização dos pneus sucateados.

As aplicações podem ocorrer em qualquer segmento de mercado, até mesmo em prestadores de serviço. Os prestadores de serviços de alimen- tação, por exemplo, gerenciam o fluxo de óleo e gorduras comestíveis já utilizados, pois esses resíduos não podem ser descartados aleatoriamente em virtude de seus impactos ambientais. Existem empresas terceirizadas es- pecializadas na coleta e tratamento desses óleos para a correta destinação. Já se verifica a existência de serviços similares em grandes centros urbanos voltados à coleta de óleos em residências com a finalidade de reversão dos benefícios obtidos com essa atividade para a comunidade.

A logística do futuro

evitando custos de reposição tanto em seus próprios processos produtivos como para seus clientes. Não é apenas a redução dos custos que chama a atenção, há que se observar os aspectos ambientais relacionados à menor utilização de recursos naturais para a fabricação das embalagens, plásticas ou de vidro.

Algumas lojas de um dos grandes fabricantes e comerciantes de cosmé- ticos do Brasil já possuem sistemas de coleta das embalagens sem condi- ções de reutilização para a devida destinação; sistema similar ao de coleta de pilhas e baterias, tão comuns em locais de grande circulação de pessoas. Se a indústria cosmética ainda não pratica a logística reversa em sua plenitude, ao menos já iniciou um movimento nesse sentido.

As possibilidades estratégicas certamente não se limitam às que as práti- cas implementadas já verificaram, pois a logística reversa ainda é um vasto campo de pesquisas e aplicações. As incessantes exigências do mercado, as- sociadas às questões ambientais, forçam o meio empresarial a uma intensa busca de soluções que devem ser eficazes e, ao mesmo tempo, economica- mente viáveis.

No documento LOGÍSTICA EMPRESARIAL (páginas 109-114)