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ALGUNS SENTIDOS SOBRE O AMOR A PARTIR DA VIDA SOCIAL: A

“As verdades do amor são [...] múltiplas. Nenhuma delas pode dizer o que é essencialmente o amor. O que pode acontecer [...] é que elegemos sempre uma ou outra descrição tendo em vista o que julgamos

mais desejável para nossas vidas. Isto é, o amor não se impõe a nós por força de sua ‘intrínseca verdade’, mas pelo valor que atribuímos a um de seus constituintes”.

Jurandir Freire Costa

A experiência do amor na vida social não acontece da mesma maneira para todos os sujeitos, que podem apresentar valores e desejos diferentemente evidenciados na construção de uma relação amorosa. Isso pode ser percebido a partir de falas dos telespectadores em relação às histórias de amor construídas pelas telenovelas. Estas promovem identificações e convidam a posicionamentos, incitando os sujeitos a falar sobre os sentidos instaurados por essas narrativas ficcionais e, com isso, a tematizar a forma como gostariam de vivenciar o amor em suas experiências concretas.

Conforme apontado no terceiro capítulo deste trabalho, a fim de buscar algumas dessas falas sobre o amor que emergem da sociedade, foram selecionadas cartas dos leitores publicadas em jornais e revistas, além de manifestações expressas em um fórum de discussão na internet. Esses discursos que integram o corpus da pesquisa ajudam a compor um universo de sentido sobre o amor e serão trabalhados conjuntamente — as cartas dos leitores e as manifestações do fórum de discussão — ao longo deste capítulo.137

O perfil da amostra exibe um maior número de comentários sobre os casais de Mulheres Apaixonadas. Entretanto, não consideramos que o objetivo da pesquisa ficaria

comprometido, já que o propósito não é analisar falas do público sobre relações amorosas

137 Nas citações das manifestações expressas no site, as palavras abreviadas ou sem acentuação foram corrigidas, a fim de garantir o entendimento das mesmas sem, entretanto, prejudicar o seu sentido original.

específicas, mas sim apreender alguns discursos sobre o amor que, suscitados por essas representações, colaboram na configuração desse valor na sociedade brasileira contemporânea.

As falas dos telespectadores se estenderam para além dos casais aqui analisados, incluindo outras relações amorosas apresentadas pelas telenovelas. Optamos por manter essas manifestações — situando, minimamente, as características do casal no enredo — já que elas ajudaram a configurar a riqueza do material analisado, ao criar contrapontos e ao ilustrar os valores resgatados pelo público na construção de um vínculo amoroso.

Essas manifestações dos telespectadores foram agrupadas em cinco núcleos de posicionamentos: como o amor é tematizado pelo público, bem como os elementos acionados em sua realização; como é estabelecido o diálogo entre ficção e realidade em relação à temática específica da pesquisa; como as narrativas ficcionais são acionadas pelos sujeitos na articulação com a experiência vivida por eles; qual é a leitura que as mulheres fazem sobre os homens retratados nas telenovelas; quais os julgamentos de atitudes e valores que emergem com as falas dos telespectadores.

5.1- Lendo o amor nas telenovelas: o posicionamento dos telespectadores

5.1.1- A tematização do amor: a força e os fundamentos desse valor

Neste núcleo de posicionamentos, foram agrupadas as manifestações em que os telespectadores tematizam o amor: definições e características desse valor, sua capacidade para enfrentar obstáculos, elementos e sentimentos acionados na realização amorosa e a força com que o amor emerge na argumentação dos telespectadores.

O amor é amplamente valorizado na fala do público. Ele emerge como um sentimento forte, capaz de superar conflitos e dificuldades até a sua concretização. Segundo

Priscylla, o amor precisa superar as investidas de uma mulher que se coloca como ameaça ao relacionamento amoroso e não deve ceder ao “golpe da barriga”, estratégia da mulher que usa a gravidez para manter uma relação: “o amor deve vencer tudo”.138

Para a mesma telespectadora, a novela deve dar exemplo dessa força que o amor possui para enfrentar obstáculos.

Um dos relacionamentos citados em que a força do amor foi capaz de vencer todas as dificuldades é o de Edwiges e Cláudio, em Mulheres Apaixonadas. Os dois formam um dos casais mais queridos da novela. Eles são jovens e bonitos, e a representação construída exibe a descoberta do amor e do sexo: Edwiges preservou sua virgindade até se casar com ele no último capítulo. Para Sueli, “eles são um casal perfeito. Pena que entre eles tem uma Gracinha sem graça nenhuma. Adoro a história [...]”.139 O sentimento que une esse casal foi capaz de vencer os obstáculos: outra mulher (Gracinha), que chegou a engravidar do jovem, e a mãe de Cláudio, que era contra a união devido à desigualdade social entre eles.

A força do sentimento amoroso também é acionada para legitimar relações polêmicas ou pouco convencionais. O relacionamento entre os primos Luciana e Diogo é aprovado por vários telespectadores, sendo o casal classificado entre os melhores de Mulheres Apaixonadas. Não se discute o fato de eles serem da mesma família — argumento utilizado

pelos pais ficcionais para separá-los, mas apenas por um tempo, já que o amor entre eles falou mais alto. De qualquer forma, o amor entre primos é legitimado e tematizado como um sentimento forte, verdadeiro,140 que é impossível de esquecer141 e é para sempre.142 Assim, o peso do amor neutraliza o impedimento e legitima a relação amorosa entre primos. Os telespectadores que tematizam a eternidade desse sentimento fazem emergir um dos traços configuradores do amor romântico.

138 Priscylla, em 04/07/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 29 de julho de 2003.

139 Sueli, em 02/06/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 29 de julho de 2003.

140 T, em 22/07/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 29 de julho de 2003.

141

Renata e Manu, em 21/07/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 29 de julho de 2003.

O amor aparece como um valor acima de tudo na aprovação do relacionamento entre um padre e uma socialite. Nas manifestações, não aparece a discussão sobre o fato de ele ser padre, apenas a afinidade entre Estela e Padre Pedro, bem como a beleza do casal. Parece haver na aprovação desse casal uma identificação com a personagem Estela, já que ela é bonita, jovem, rica e glamourosa. A telespectadora Catarina é uma das que torceu pela concretização dessa relação: “Lavínia Vlasak está de parabéns por sua atuação em Mulheres Apaixonadas. A atriz está arrasando na pele da perua Estela. Por falar nisso, torço para ela conquistar o coração de padre Pedro [...]. Eles têm tudo a ver!”.143

A força do amor é também capaz de vencer os preconceitos. As lésbicas Clara e Rafaela, de Mulheres Apaixonadas, tiveram que enfrentar a hostilidade de familiares e colegas de escola para ficar juntas. Entretanto, o amor que as une falou mais alto que o preconceito em relação à opção sexual delas.

Segundo alguns telespectadores, que desaprovam o relacionamento entre Lorena e Expedito, em Mulheres Apaixonadas, o preconceito em relação a casais cujos parceiros apresentam idades bastante discrepantes prevalece. Essas pessoas concordam, portanto, com a mãe ficcional do jovem, a qual era contra o romance. Entretanto, a maioria dos que fizeram referência a esse casal legitima o relacionamento entre a mulher mais velha e o homem mais novo: a diferença de idade não deve ser empecilho para a constituição de uma relação.

O telespectador Andrew também se manifesta contra o preconceito em relação à disparidade de idade entre os parceiros que constróem um relacionamento amoroso, ao comentar o desfecho de Raquel e Fred, em Mulheres Apaixonadas. Para ele, o “amor não tem idade”.144 Fred lutou tanto para ficar com a mulher que ama, enfrentou a violência de Marcos, aceitou ser apenas amigo de Raquel, apesar de amá-la, e merece, por tudo isso, terminar a novela feliz ao lado da professora. Na visão de Andrew, é preciso lutar para satisfazer o desejo, realizar o amor e

143 Catarina Teófilo. Minha Novela, 14/07/03, p. 44

alcançar a felicidade eterna. A superação do preconceito para a realização do amor entre Raquel e Fred também é tematizada por outro telespectador. Para Henrique,

Fred e Raquel devem acabar juntos como toda bela história de amor. Matar o Fred é coroar todas as atitudes do Marcos, os preconceitos em relação ao casal. O autor só vai reforçar na cabeça daqueles que são medíocres, que só se deve amar mocinhas de família e livres. Como se o amor tivesse endereço.145

O amor não tem endereço; nem sempre se ama uma pessoa livre; nem sempre se ama alguém dentro das correspondências aceitas socialmente (idade, nível social, relacionamento heterossexual); não se escolhe quem amar. Os argumentos acionados nessa manifestação também exibem a valorização do amor, assim como a liberdade dos sujeitos para conduzir os relacionamentos seja com quem for, legitimando, assim, a relação entre Raquel e Fred. Em nome do amor que sentem um pelo outro, independente da disparidade de idade entre eles e do fato de serem professora e aluno, eles merecem ficar juntos, como também argumenta Julia: “por que um aluno não pode ficar com uma professora? Isso é o que mais tem por aí.... Fred ama a Raquel e deve ficar com ela no final de Mulheres Apaixonadas. [...] Seria bom se a Raquel ficasse grávida dele no final”.146

Para essa telespectadora, o relacionamento amoroso entre aluno e professora parece estar naturalizado na sociedade e deve, inclusive, ser coroado com a gravidez dela no fim da narrativa.

Para esses telespectadores, a força do amor entre Raquel e Fred neutraliza outros aspectos da relação amorosa, como a diferença de idade entre eles e o fato de ela ser professora e ele, aluno. Entretanto, há alguns que não vêem esse sentimento forte sustentando a relação entre eles. Para um telespectador, Raquel e Fred constituem um dos piores casais da novela: “não apenas pela idade, mas simplesmente não combinam”.147

145 Henrique, em 06/10/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 11 de outubro de 2003.

146 Julia, em 06/10/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 11 de outubro de 2003.

O amor também pode apresentar a capacidade de mudar o comportamento das pessoas, tematizada por Fabiana. Essa telespectadora relata o seu choque ao ver César bater no filho para defender a amante, em Mulheres Apaixonadas, e faz emergir a importância da família e dos filhos na vida dos sujeitos:

a revolta de Rodrigo para com o pai, César, vai durar por muito tempo? Fiquei chocada com a cena em que o médico dá diversos socos no filho porque ele xinga a sua amante, Laura. Será que, se arrumar uma namorada, o jovem tem chances de deixar a vida do pai de lado e cuidar mais de si?148

Assim, o amor aparece, na maioria das manifestações, como um sentimento forte o suficiente para enfrentar obstáculos e preconceitos e até mesmo mudar o comportamento e a postura das pessoas. Além disso, o amor é um sentimento que precisa ser demonstrado. Uma telespectadora não gosta de ver que um homem “não quer provar seu amor” pela mulher amada.149 Não basta simplesmente dizer que se ama; é preciso provar isso ao outro através de gestos e atitudes. O amor é visto, assim, como experiência vivida, construída e renovada na prática cotidiana dos sujeitos.

Na fala de duas telespectadoras, o amor emerge como uma busca que não é fácil de realizar: para Ana, todas as mulheres procuram o amor150 e, para Ruth, o amor é algo muito difícil de encontrar.151 Esse desejo (ou necessidade) de manter um vínculo amoroso é tão grande que solidão chega a ser castigo: “acho que o César e a Helena devem ficar sozinhos [...], os dois merecem o castigo da solidão”152

— é o que emerge em outra manifestação, que comenta a história de Helena e César, em Mulheres Apaixonadas. A telespectadora Raquel também faz emergir em sua fala a solidão como um castigo. Ao comentar o comportamento de Vidinha, na mesma novela, ela defende que “uma pessoa que tanto atrapalhou um

148 Fabiana Vianna. Tititi, 24/03/03, p. 12.

149 Tamara, em 05/07/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 29 de julho de 2003.

150

Ana, em 03/10/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 11 de outubro de 2003.

151 Ruth, em 19/09/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 11 de outubro de 2003.

casamento deveria ficar sozinha”.153

A solidão é, para esses telespectadores, um instrumento de punição para aquelas personagens cujo comportamento não é bem aceito pelo público.

Para uma telespectadora — que torce pelo romance entre Gracinha e Cláudio —, vale tudo nessa busca por amor: “Edwiges é muito chatinha, e perdeu a graça todo o joguinho água com açúcar dela. A Gracinha tem muito mais garra e luta pelo que quer ao invés de ficar chorando”.154

Segundo ela, é preciso ter força para lutar por amor e conseguir conquistar o que se deseja, seja contra quem for; não se deve chorar e esperar que as coisas aconteçam, é preciso correr atrás. Essa fala vai contra a opinião de outra telespectadora, que apresenta limites nessa luta por amor, como o respeito aos outros: “é uma tremenda falta de respeito Marina [...] dar em cima de Expedito [...]. Será que ela não tem nenhuma consideração por Lorena [...]? Se eu fosse a ricaça, dava um chega-pra-lá na ex-nora, que está passando dos limites”.155

Ao se colocar no lugar da personagem, a telespectadora cobra o respeito às pessoas próximas e comprometidas e aos limites dos outros.

Em muitas manifestações, o amor aparece como fundamento da relação: os casais que não se amam de verdade devem se separar. O elo amoroso não pode ser mantido por outros fatores, como uma gravidez indesejada. Além disso, deve haver reciprocidade no amor, não basta que apenas uma das partes ame a outra. Esse sentimento mútuo que garante a sustentação da relação deve ser sincero, e algumas representações construídas nas telenovelas devem ajudar a “mostrar que ainda existe amor verdadeiro”.156

Para o telespectador Tião, o vínculo entre Helena e César, em Mulheres Apaixonadas, é sustentado por um amor de verdade.157 Em outra fala, também emerge a aprovação dessa história de amor, ao eleger esse

153 Raquel Gardasz, em 10/10/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 11 de outubro de 2003.

154 Danizinha, em 03/07/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 29 de julho de 2003.

155

Luciana Fardin. Minha Novela, 11/08/03, p.37.

156 Bel, em 07/06/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 29 de julho de 2003.

casal como o mais lindo da novela.158 Para Paulo, a protagonista está certa em viver esse grande amor, e seu final feliz ao lado de César deve ser coroado com uma gravidez no fim da narrativa.159

O sentimento que une Raquel e Fred também é visto como verdadeiro e merece ser coroado com um happy end para o casal, na visão de vários telespectadores.160 Para Lu, a professora amava o menino de verdade, ao contrário de Marcinha, que dizia ser apaixonada pelo colega, mas “se engraçou com o primeiro que apareceu”.161

Ao comentar a cena em que Raquel anuncia sua gravidez na festa de formatura da Escola Ribeiro Alves, a telespectadora manifesta o desejo de um final feliz para o casal:

Raquel sim demonstrou seus sentimentos por ele, e isso ficou claro no momento em que anunciou sua gravidez. Ela disse que sempre levaria dentro dela mais do que boas lembranças e saudade. Levaria o fruto desse amor. Embora a cena tenha sido bonita, preferia mil vezes que o Fred estivesse lá, ao lado de sua amada e do filho que nunca chegará a conhecer... 162

O amor verdadeiro merece ser realizado, e é preciso ser leal a esse sentimento, na visão de Débora. Essa telespectadora manifesta seu descontentamento com o desfecho de Raquel e Fred, mas, para ela, o menino merecia viver, mesmo que não ficasse ao lado da professora. De qualquer forma, ela cobra o happy end para o mocinho: um menino inteligente, jovem, com um futuro brilhante pela frente merece a felicidade.

Realmente, ninguém esperava um final desses para Fred. Estou decepcionada e com quem converso, ninguém acredita que Fred teve esse fim. Um menino tão inteligente, novo, com um futuro brilhante... Não precisava ficar com a Raquel, bastava Fred dar uma oportunidade a Marcinha que sempre foi fiel ao seu amor. Agora Raquel levará mais esse peso durante a vida. Um fim muito infeliz Manoel Carlos.163

158 Helena e César pra sempre, em 06/10/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 11 de outubro de 2003.

159 Paulo, em 07/10/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 11 de outubro de 2003.

160 Anjo, em 30/06/2003, e Ana, em 22/07/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 29 de julho de 2003.

161

Lu, em 11/10/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 11 de outubro de 2003.

162 Lu, em 11/10/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 11 de outubro de 2003.

Na fala de outra telespectadora,164 o amor verdadeiro aparece associado à maturidade: um jovem de 18 anos, como Fred, ainda não pode conhecer esse sentimento. Essa visão contraria o discurso de Andrew, que diz ter encontrado “a mulher de sua vida” com a mesma idade.165 Contraria, ainda, a visão daqueles que defendem que o sentimento que une Raquel e Fred é um amor de verdade.

Para alcançar a felicidade e a realização plena do amor, é preciso que o sujeito tenha qualidades que façam com que ele mereça alcançá-las. Essa articulação entre amor, merecimento e felicidade também pode ser vista na fala de Henrique, que manifesta a esperança de ver no fim da telenovela “o amor de um jovem sério e correto contemplado com um final feliz”.166 A telespectadora Anita também articula amor e felicidade, ao comentar sobre Rodrigo, de Mulheres Apaixonadas: “amo o tipo de Leonardo Miggiorin e queria que o rapaz achasse a felicidade ao lado de uma paixão”.167

O desfecho das personagens queridas pelo público deve ser coroado com um happy end no amor.

A articulação entre amor e felicidade emerge, ainda, em manifestações que comentam o desfecho da história de Heloísa e Sérgio, em Mulheres Apaixonadas. Para Márcia, eles “se amam e merecem um final feliz juntos”.168

Na visão de Lana e sua família, o casamento deles deveria ser sustentado porque eles se amavam muito no início da narrativa e merecem um final feliz.169

Além do sentimento sincero e verdadeiro, outro elemento importante na constituição dos relacionamentos é a afinidade entre os parceiros. Os telespectadores torcem por aqueles casais que combinam: “estou torcendo muito para que o romance de Helena [...] e César [...] comece de uma vez. Ele não combina nem com a Luciana [...], nem com a

164 Ana, em 07/10/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 11 de outubro de 2003.

165

Andrew, em 13/09/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 11 de outubro de 2003.

166 Henrique, em 06/10/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 11 de outubro de 2003.

167 Anita Calderon. Tititi, 07/04/03, p. 10.

168

Márcia, em 10/10/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 11 de outubro de 2003.

169 Lana, em 09/10/2003, e Márcia, em 10/10/2003. Disponível em <http://globoforum.globo.com>. Acesso em: 11 de outubro de 2003.

Laura”.170

Outra manifestação também exibe a afinidade entre Helena e César, ao constatar a infidelidade de ambos: “o que o autor quis mostrar hoje através da conversa da Helena com o Téo é que ela é exatamente igual ao César. Ambos não conseguem ser fiéis de jeito nenhum, portanto, é melhor que fiquem ‘juntos’ mesmo”.171

O sexo sem a afinidade entre os parceiros não é visto com bons olhos por Jacqueline: “nada a ver a Luciana [...] transar com o César [...] em Mulheres Apaixonadas. Eles não combinam. César tem de ficar com a Helena”.172

O desejo também é falado por telespectadores como componente importante de uma relação amorosa. Para a telespectadora Luciana, Helena e César “são os mais apaixonados da novela... aquele olhar fulminante cheio de desejo que ele dá pra ela entrega tuuuuuuuudo!”.173 Patty também aponta esse casal como o melhor de Mulheres Apaixonadas, pois “só com eles tem paixão de verdade, tem fogo”.174

Nessas manifestações, a atração física, o desejo, o fogo e a

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