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2.6. Alimentação suplementar

2.6.2. Alimentos protéicos

Alimentos protéicos eficientes para as abelhas devem ter um bom consumo e conter a quantidade de proteínas, lipídeos, vitaminas e minerais requerido para o crescimento e desenvolvimento e reprodução (STANDIFER et al., 1977). Nenhuma dieta testada para substituir o pólen foi completamente eficiente (COUTO, 1998), entretanto, as pesquisas realizadas até o momento só se preocuparam com o teor de proteína bruta contida no alimento, não havendo um balanceamento de outros nutrientes.

Rações com todos os aminoácidos essenciais e outros ingredientes necessários em sua fórmula pura podem ter um custo proibitivo, entretanto, muitos alimentos disponíveis no mercado para homens e animais podem ser testados (CREMONEZ, 1998).

Taber (1996) recomenda que as abelhas sejam suplementadas com uma mistura de pólen, açúcar granulado, levedura de cerveja e água. Alimentos suplementares adicionados com pólen são mais aceitos que alimentos sem pólen. Quanto maior a quantidade de pólen presente na ração, melhor é o resultado. Entretanto, o armazenamento do pólen reduz suas propriedades nutritivas, sendo que a melhor forma de estoque é o congelamento (DIETZ, 1975; SANFORD, 1996). Herbert Jr. & Shimanuki (1982) compararam o desempenho de colméias alimentadas com pólen armazenado por mais de um ano e pólen fresco e verificaram que nas colméias que receberam o pólen armazenado o consumo do alimento e produção de cria foi menor, pois o processo de secagem e estocagem em freezer reduz as vitaminas ou aminoácidos do pólen.

É importante também saber a origem do pólen e se certificar que ele não esteja contaminado, evitando que este seja vetor de doenças nas colméias (STANDIFER et al., 1977; SANFORD, 1996). A simples exposição do pólen ao meio ambiente já pode contaminá-lo com mercúrio ou outros metais pesados, podendo ser letal para as abelhas (SANFORD, 1996).

Para usar o pólen em rações pastosas é necessário, primeiramente, diluí-lo em água para desfazer os pellets, pois os mesmos não se desmancham em xarope (STANDIFER et al., 1977).

Couto (1998) recomendou para fornecimento de alimento protéico 10% de pólen seco e moído, 25% de açúcar, 50% de farelo de soja e 15% de mel. A essa mistura pode- se acrescentar água até que fique com a consistência de massa de pão. O apicultor deve fornecer 100 a 200 g/semana/colméia.

Entretanto nem sempre é possível o apicultor dispor de pólen para fornecê-lo puro às suas abelhas ou misturado na composição de alguma ração.

Haydak (1933, citado por HAYDAK, 1945) estudando a substituição do pólen por levedura seca, farinha de centeio, leite integral e leite desnatado em pó, ovo, gema de ovo e clara de ovo, verificou que as abelhas novas conseguem um desenvolvimento corporal aproximadamente normal com esses alimentos. A farinha de centeio não obteve o resultado satisfatório no desenvolvimento do corpo e na produção de cria. A maior mortalidade foi observada com este alimento (52%) e a menor com levedura (15%).

As abelhas têm um desenvolvimento corporal normal quando alimentadas com farinha de carne e caseína comercial. O fornecimento de farinha de semente de algodão, farinha de carne, farinha de trigo integral e farinha de aveia integral causam um desenvolvimento corporal lento e a alimentação das colméias com farinha de milho, farinha de peixe e farinha de ervilha resultam em um desenvolvimento ainda mais lento. Desses alimentos somente a farinha de carne e farinha de semente de algodão forneceram condições para produção de cria nas colônias (HAYDAK, 1936). Embora o consumo da farinha de milho seja alto, as colméias que recebem esse alimento possuem abelhas agitadas e alta taxa de abandono (HAYDAK, 1936). O fubá de milho é usado por vários apicultores como alimento protéico, contudo, esse alimento possui baixo teor de proteínas, triptofano e lisina, aminoácidos essenciais para as abelhas (CREMONEZ, 1996).

Haydak (1945) observou que a maioria das larvas dos núcleos de Apis mellifera alimentadas com leite em pó e farinha de soja na proporção de 1:4 morriam antes de 2,5 dias após a eclosão. No mesmo experimento o autor verificou que embora a farinha de soja pura não seja um alimento eficiente para as abelhas, a mistura de farinha de soja, levedura e gema de ovo em pó obteve melhor resultado que o pólen. O autor atribuiu os

resultados negativos do leite em pó e da farinha de soja à deficiência de algum nutriente importante para o desenvolvimento larval.

Estudando a infestação do ácaro Varroa jacobsonii com diferentes alimentos protéicos, Garcia et al. (1986), verificaram que fornecimento de ração enriquecida com lisina e metionina não afetou a área de cria e a infestação. Couto (1998) recomenda a mistura de 70% de farelo de trigo e 30% de farelo de soja, perfazendo 25% de proteína bruta. Para aumentar a aceitação pode-se acrescentar 3 partes de mel para cada parte da mistura.

Segundo Azevedo-Benitez & Nogueira-Couto (1998) o pólen pode ser substituído por uma dieta artificial à base de 25,93% de glutenose de milho e 74,07% de farelo de polpa de citrus, sem comprometimento do desenvolvimento da glândula hipofaringeana e da produção de geléia real.

Lengler et al. (2000a) compararam o uso de pólen apícola e farinha láctea e observaram maior produção de mel nas colméias que receberam dieta contendo 60% de açúcar refinado, 20% de açúcar invertido, 10% de água, 5% de pólen e 5% de farinha láctea. Para Lengler et al. (2000c) o uso de terneron, alimento usado no desmame de bezerros, é recomendado por apresentar melhor resultado e menor custo que a farinha láctea.

Algumas empresas vêm tentando desenvolver ração comercial para as abelhas. Lengler et al. (2000b) testaram ração comercial e não verificaram diferença significativa na produtividade entre as colméias que receberam a ração pura ou misturada com açúcar invertido e as colméias que receberam somente o açúcar invertido.

Standifer et al. (1977), recomendam o fornecimento de 1,5 libras (0,6804 kg) de alimento protéico a cada 10 ou 14 dias. Estudando o requerimento de pólen em colméias de Apis mellifera, Crailsheim et al. (1992) observaram a necessidade de 13,4 a 17,8 kg/ano, entretanto, Bitioli & Chaud Netto (1992) verificaram que o consumo de alimento é proporcional à população.

O consumo diário de alimentos protéicos fornecidos para abelhas Apis mellifera pode variar de 22,2 a 67,8 g (CREMONEZ, 1996). Cremonez et al. (1998) testaram diversos alimentos para Apis mellifera, verificaram que a pasta contendo farinha de soja, caldo de cana fermentado e açúcar, nas proporções de 4:1:5, respectivamente, foi a mistura que mais se aproximou do pólen apícola fresco.

Testando novas dietas para Apis mellifera Cremonez (2001) verificou que a pasta de farinha de soja e levedura de cana-de-açúcar promove produção de cria nos mesmos

níveis do pólen. Em outro experimento a autora concluiu que tanto esta dieta como a mistura de farelo de soja com levedura de cana-de-açúcar e açúcar (3:1:6) podem ser fornecidos como alimento protéico pois provocam a síntese de proteína em níveis normais.

Para manutenção dos enxames após a colheita é recomendado fornecer 250 a 500 g de alimento com, no mínimo, 12% de proteína bruta. Em colméias debilitadas em cria pode ser fornecido 1 kg de alimento. Para estimular o crescimento dos enxames, pode-se fornecer 300 a 500 g de alimento com 25% de proteína bruta por 4 a 6 semanas antes da florada. Após o fortalecimento das colméias, em floradas com baixo teor de pólen, fornecer 200 a 300 g de alimento por semana, com 12% de proteína bruta Maldonado (1999).

Raad (2002) observou que ao fornecer alimento protéico às abelhas, o consumo pode chegar a 100 g/dia nos primeiros quatro dias. Após este período o consumo é reduzido para 20 a 40 g/dia. Contudo, segundo o autor, é a regularidade do fornecimento, e não a quantidade, que promove o desenvolvimento do enxame. Lengler (1999, 2000) observou o consumo do alimento energético-protéico em 100g/dia/colméia, entretanto, alimentos pastosos de consistência mais líquida são mais consumidos (LENGLER et al., 2000d).