• Nenhum resultado encontrado

Alterações Psicológicas durante o Tratamento

O câncer de mama é considerado como a neoplasia mais temida pelas mulheres, onde esse fato se deve à ocorrência da doença que promove grande impacto na questão psicológica, funcional e também social, atuando assim de forma negativa nas questões que estão relacionadas à autoimagem e também à percepção da sexualidade (PINHEIRO et al., 2013). De acordo com Almeida et al., (2015), a palavra câncer carrega consigo um estigma considerado muito forte, e quando se trata do câncer de mama torna-se ainda mais temido pelo fato de acometer uma parte considerada de grande valor para o corpo da mulher, onde em muitas culturas apresenta uma função significativa no que tange a sexualidade e a identidade.

É considerado que as mulheres jovens conseguem sofrer um alto impacto psicossocial pelo diagnóstico e apresentam uma depressão mais elevada e pior qualidade de vida quando são comparadas com as mulheres de meia-idade por causa dos efeitos do tratamento, onde a retirada do seio resulta em sentimentos negativos, principalmente na mulher mais jovem (ALMEIDA et al., 2015). Muitas pesquisas apontam que as mulheres mais jovens que passam pelo processo de mastectomia são acometidas com problemas mais intensos com relação à sexualidade, fornecendo assim indícios de que essas mulheres possuem um risco maior para desenvolvimento de estresse psicológico, disfunção sexual e uma dificuldade mais elevada para conseguir se adaptar à nova imagem corporal (GAZOLA et al., 2017).

O câncer de mama é considerado o câncer mais temido entre a população feminina, Pereira et al, (2019), explicam que isso acontece pois o mesmo desencadeia trauma psicológico no que se refere à doença, ao tratamento e mais ainda ao medo da mutilação com consequente distorção da autoimagem, comprometendo assim o aspecto físico, psicológico e social da mulher. Isso se deve ao fato de que a mama apresenta grande importância e significado para o corpo da mulher, representando uma parte simbólica para a imagem feminina, fazendo-se relação com a sexualidade e com a função de mulher. Ocorrência de depressão, de ansiedade, pensamentos suicidas, presença de insônia e medo, incluem o abandono pela família e também pelos amigos, e ainda a recidiva e morte, estão associados à mulher com câncer de mama e, esses acontecimentos contribuem para uma percepção de forma negativa da qualidade de vida dessas mulheres acometidas pela doença.

O câncer de mama, juntamente com o seu tratamento podem levar à ocorrência de alterações na autoimagem da mulher, provocando perda funcional e variadas mudanças no estado psíquico, emocional e também social dessas mulheres, provocando ainda efeitos negativos no que tange a qualidade de vida nos aspectos: físico, funcional, emocional e social ou familiar. É observado que as mulheres apresentam esses efeitos negativos para a qualidade de vida em pelo menos até dois anos após receber o diagnóstico de câncer (PEREIRA et al., 2019). Segundo Sousa et al. (2013), o tratamento oncológico é considerado um tratamento muito complexo, onde durante e após a sua realização as mulheres podem evoluir passando a apresentar alterações nas questões funcionais, sociais e psicológicas, podendo levar à perda de papéis que estão relacionados ao trabalho, família e também sexualidade. Com isso, todos esses processos podem ser vividos tanto pela paciente como pelos familiares, aumentando assim os sentimentos relacionados ao sofrimento e à ansiedade.

Abordando sobre o tratamento oncológico, Balbino; Rocha; Siviero, (2019), trazem que o acompanhamento clínico consegue revelar sintomas de ansiedade e depressão desde a fase em que se recebe o diagnóstico do câncer. As repercussões das reações psicológicas na adesão ao tratamento apresentam influências sobre a duração das internações, sobre a qualidade de vida, prognóstico e ainda sobre a sobrevida à doença. Assim, é considerado que o câncer é uma das patologias que apresenta maior prevalência para ocorrência de depressão, principalmente no que se refere às questões que estão relacionadas com a gravidade da doença e os efeitos colaterais apresentados durante o tratamento.

É considerado que a depressão promove desmotivação da paciente, onde essa desmotivação consegue repercutir de forma negativa no curso da doença, passando a limitar a capacidade do indivíduo no que diz respeito ao seu desenvolvimento, apresentando sentimentos de inutilidade, culpa ou desesperança, com pensamentos de autoagressão, ideias suicidas, provocando assim complicações e, consequentemente, aumentando o número de óbitos. A depressão é considerada como o distúrbio psiquiátrico mais frequente, estimando-se em média 25% de todos os pacientes acometidos com câncer, estando entre os problemas psicológicos mais frequentes entre estas pacientes, sendo seu grau independente da malignidade do tumor, isso porque o diagnóstico de câncer por si só já pode desencadear abalos significativos nas pacientes (BALBINO; ROCHA; SIVIERO, 2019).

A doença carrega o tabu de uma doença denominada como “maldita”, onde é considerada como a provocadora de uma desfiguração de parte simbólica do corpo, fornecendo assim sofrimentos durante o período de tratamento, pois a doença consegue atingir a unidade corpo-mente e o espírito. É considerada como um fator de estresse muito potencial por provocar várias transformações na vida da mulher acometida e em seus familiares (ALMEIDA et al., 2015). De acordo com Salibasic; Delibegovic, (2018), o câncer de mama e seu tratamento conseguem mudar a percepção da aparência física daquelas mulheres que são mastectomizadas, podendo assim ter um efeito negativo na qualidade de vida geral dessas mulheres. As alterações e mudanças que ocorrem na aparência corporal da mulher decorrente do tratamento do câncer de mama são consideradas uma fonte de dificuldades psicossociais, originando os sintomas depressivos.

A mastectomia é considerada como uma intervenção cirúrgica que apresenta consequências traumatizantes, onde é vista pela mulher como uma agressão por causa da retirada de uma parte do corpo, que é a mama. Essa retirada promove a ocorrência de sentimento de perda refletindo sobre a imagem feminina, e em muitos casos as mulheres não possuem preparo considerado o suficiente para que consiga adaptar-se às mudanças impostas logo após a cirurgia. Logo no pós-operatório da mastectomia, a mulher pode apresentar diversas dificuldades ao reassumir a vida profissional, social, familiar e principalmente sexual, onde ocorre grande dificuldade para se conseguir lidar com o próprio corpo. Isso porque a cirurgia desencadeia alterações significativas na imagem corporal e também na autoimagem da mulher, afetando assim as suas vivências da sexualidade e também a satisfação conjugal (ROCHA et al., 2016).

Após o tratamento realizado por meio da cirurgia aparecem as repercussões de formas mais claras no plano afetivo-sexual e ainda também as dificuldades no que diz respeito às adaptações para a nova situação de vida, onde passa a apresentar alterações físicas e variadas restrições. Pode-se considerar que algumas mulheres mastectomizadas podem passar a apresentar desconfortos quanto a sua imagem e se sentirem sexualmente repulsivas, passando a evitar a manutenção de contatos sexuais. O medo de não ser mais atraente de forma sexual e a sensação de redução da feminilidade estão entre as reclamações que ocorrem com maiores frequências que são observadas, provocando assim queda da autoestima (CESNIK; SANTOS, 2012).

As interferências na prática sexual são vivenciadas devido às alterações físicas que são provocadas pelos tratamentos fornecidos para o câncer, como a perda da mama, ocorrência de fadiga e ressecamento vaginal, onde se leva à dor e consequente desconforto durante o ato sexual. A mama é considerada como um símbolo corpóreo cheio de sexualidade, e quando a mesma é danificada pela mastectomia, as mulheres acometidas passam a apresentar sentimentos de inferioridade e ainda de autorrejeição e, quando a representação da mama para a mulher é alta, o impacto do sentimento de perda após a cirurgia também é considerado alto (ROCHA et al., 2016).

Durante todo o processo da doença e tratamento, a paciente e os familiares passam a apresentar sentimentos mais intensos no que diz respeito ao sofrimento e a ansiedade. O temor à mutilação é destacado como um sentimento bastante comum entre as mulheres que são portadoras de câncer de mama, e ainda as mesmas precisam enfrentar os preconceitos sociais que lhes são impostos, o medo frequente da morte e ainda medo do surgimento de linfedemas, enfrentando também sentimentos depressivos e de desvalorização social. Após a mastectomia, a mulher precisa enfrentar uma realidade difícil, que é conviver com a amputação da mama, mesmo reconhecendo que o tratamento é realizado como uma forma de determinar a sobrevivência, ainda assim gera muitos temores (MAJEWSKI et al., 2012).

A mastectomia, assim como qualquer outro tipo de amputação, é considerada um procedimento invasivo e doloroso de forma física e também psicológica, pois é retirada da pessoa uma parte do corpo. Reconhecendo essas informações, Pereira; Braga, (2016), dizem que é preciso elaborar o luto por causa daquela perda e ressignificar o sentido que aquele órgão representa e, muitas vezes ressignificar o sentido da própria vida, com a finalidade de ter perspectiva e condições para que se consiga promover reabilitação.

Documentos relacionados