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Prejuízos Funcionais apresentados por Mulheres após a Mastectomia

Os tratamentos cirúrgicos, quando estão associados ou não aos tratamentos complementares à dissecção axilar, podem levar a variadas complicações, onde é representado em 62,6% dos casos provocando alterações nos movimentos do

membro superior, e ainda presença de edema. Quando se faz a cirurgia de mastectomia, o ombro é considerado como a articulação que passa a ser mais prejudicada, isso ocorre como resultado de uma imobilização prolongada, resultando assim em movimentos limitados, onde essa imobilização presente em pelo menos sete dias no pós-operatório já é considerada o suficiente para que ocorra redução do fluxo drenado em 40%, podendo assim resultar no surgimento de edema na mama e também no membro superior ocorrendo após a cirurgia. Esses problemas são decorrentes dos traumas repercutidos durante a manipulação cirúrgica, e ao posicionamento antálgico que a paciente passa a adquirir (TACANI et al., 2013).

A dor neuropática originada a partir da injúria nervosa, apresenta-se com bastante frequência nos relatos sobre as consequências advindas do tratamento em que se foi empregado. Mesmo com as novas técnicas cirúrgicas que são empregadas visando a redução de lesões nervosas graves, é muito comum que após o procedimento haja a ocorrência de dor, presença de edema, parestesia e ainda fraqueza muscular, surgindo também a síndrome da mama fantasma (SMF). A SMF é conceituada como a presença de dor ou mesmo a sensação da mama fantasma. A sensação da mama fantasma é composta por sensações de peso, coceira, formigamento, prurido ou queimação na mama em que foi amputada. Em algumas mulheres ocorre a presença de dor em áreas localizadas, como por exemplo, o mamilo, e em outras é referenciada a dor em toda a mama (MEDINA et al., 2015).

A SMF ocorre com bastante frequência, onde Segundo Medina et al., (2015), é estimado que a síndrome ocorre em 30 a 80% das pacientes logo após a realização da mastectomia, e em outras ocorre de forma mais tardia, podendo ocorrer até mesmo um ano após a realização do procedimento cirúrgico. A SMF consegue afetar de forma negativa a qualidade de vida da paciente, isso porque provoca alterações funcionais e mais que isso, sofrimento emocional. Estudos sugerem que mulheres jovens que apresentam alterações emocionais e na percepção corporal e, que passaram por complicações no pós-operatório, conseguem apresentar um risco maior para o desenvolvimento da SMF.

A mulher mastectomizada passa por diversas alterações funcionais, segundo Gugelmin, (2018), a retirada da mama pode provocar várias complicações, onde as mesmas resultam na ocorrência de linfedema, alterações posturais, função perdida ou diminuída, presença de dor no membro homolateral (lado em que foi realizada a cirurgia), possibilidade de infecção e necrose de pele, com ainda presença de seroma,

aderência, deiscências de cicatrizes, amplitude de movimento (ADM) do ombro reduzida, cordão axilar, alteração a nível sensorial, ocorrência de lesão de nervos motor ou sensitivo, redução da força muscular e disfunção miofascial.

Dentre as alterações com consequente complicações físicas apresentadas pelas pacientes que foram submetidas ao procedimento cirúrgico, Abreu et al. (2014), afirmam que se destacam as alterações respiratórias. Essas alterações respiratórias são decorrentes de aderências da parede torácica, podendo resultar assim em um maior risco para o desencadeamento de complicações pulmonares no pós-operatório, deformidade no que tange a postura e ainda redução da força muscular respiratória, originando assim numa deficiência na qualidade de vida com riscos consideráveis para a realização das atividades de vida diária. A fraqueza da musculatura respiratória e a queda da função do diafragma podem apresentar relação com as complicações pulmonares depois da cirurgia, pois as mesmas podem reduzir as funções do sistema respiratório e a capacidade para realizar a expectoração.

As consequências do processo de mastectomia podem trazer consigo a presença de cansaço, fadiga, dores, membro superior do lado da cirurgia com movimentos limitados, prejudicando assim as habilidades motoras. Esses problemas apresentados repercutem de forma negativa no desempenho no trabalho e nas atividades de vida diária, acarretando em deficiências na funcionalidade da mulher mastectomizada. Na área onde foi realizada a abordagem cirúrgica, pode ocorrer a aparição de danos em relação à sensibilidade, porque ocorre ressecção do nervo intercostobraquial, que está localizado próximo ao nervo torácico longo (PENNA et al., 2017). A cirurgia provoca queda da funcionalidade do membro superior, com consequente redução da ADM e ainda redução da força muscular, podendo ser destacados os prejuízos funcionais nos movimentos de rotação lateral, flexão e abdução do ombro, apresentando associação com queixas de dor e grande redução nos movimentos. Assim, é considerado que a cirurgia mais radical apresenta um maior impacto negativo no modo das pacientes se vestirem, usar o banheiro, abraçar as pessoas, conforto com o nu, opção e atividade sexual (PEREIRA et al., 2019).

A cirurgia promove várias alterações, e de acordo com Penna et al. (2017), a paciente pode sofrer algumas lesões em determinadas estruturas durante a cirurgia para a retirada da mama, promovendo assim o surgimento de dor no pós-operatório. Essa dor repercutida no pós-operatório pode levar à imobilidade do membro superior. A hipomobilidade ou redução da mobilidade da articulação do ombro influencia de

forma negativa na propriocepção, que abrange as informações neurais que são geradas pelos receptores presentes nas articulações, nos músculos, nos tendões, nas cápsulas e também nos ligamentos, onde as mesmas são enviadas por meio das vias aferentes ao sistema nervoso central. Ferreira; Oliveira; Teixeira, (2014), relatam que a dor crônica decorrente do procedimento cirúrgico pode ser nociceptiva, quando a mesma é originada a partir de lesões dos músculos e ligamentos, ou neuropática, quando é resultado de lesões de nervos ou alguma disfunção do sistema nervoso. Essa entidade tem sido muito estudada porque apresenta-se com maior frequência e corresponde à síndrome dolorosa surgida pós-mastectomia.

A cirurgia, considerada traumática, tanto física quanto psicologicamente, pode atingir o sistema linfático, onde esse sistema possui uma rede complexa de órgãos linfoides, linfonodos, ductos, tecidos, capilares e vasos que fazem o trajeto da linfa. Dessa maneira, quando há uma sobrecarga nesse sistema, ocorre o surgimento do linfedema, sendo considerado como uma das principais complicações persistentes no pós-operatório. Depois que o linfedema é instalado, o mesmo se torna crônico, sendo caracterizado pelo acúmulo de líquido, apresentando um grande conteúdo proteico em região do interstício. Esse processo é decorrente da insuficiência que o sistema apresenta para transportar o volume linfático pelos capilares e coletores, fornecendo assim várias alterações (GUGELMIN, 2018).

A abordagem cirúrgica na região da axila influencia no surgimento dos sintomas no braço, onde boa parte das mulheres que precisam fazer a cirurgia de técnica mais radical, submetem-se ao esvaziamento axilar total. Assim, passam a apresentar maiores sintomas e dificuldades relacionadas a essa temática. O esvaziamento axilar afeta de forma significativa na formação e surgimento do linfedema, onde o mesmo é considerado como um dos problemas que ocorrem com maior frequência em mulheres após a cirurgia do câncer de mama, tratando-se ainda de uma condição incapacitante, crônica e incurável. A dor que está associada ao linfedema passa a influenciar os aspectos negativos sobre a imagem corporal destas mulheres (BOING et al., 2017).

Abordando sobre o local da cirurgia e como o mesmo é afetado, Petter et al. (2015), enfatizam que o local onde foi realizada a cirurgia para a retirada da mama e também as unidades miofasciais que são afetadas durante o processo, passam a se apresentar com redução da distensão, originando assim uma redução do movimento das unidades miofasciais. Essa redução passa a influenciar na ADM das articulações que estão associadas, desencadeando a partir disso os problemas biomecânicos.

Presentes alterações, seguidas dos problemas biomecânicos podem gerar influências sobre os comprometimentos que afetam a força muscular, o equilíbrio e também a coordenação motora. Assim, pensando em todos esses problemas que são apresentados durante esses processos, as pacientes passam a apresentar um quadro de dor por longo período acompanhada de perda da funcionalidade.

2.1.9 Intervenções Fisioterapêuticas aplicadas com base nas Perdas

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