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4.1 AVALIAÇÃO DA PASTAGEM

4.1.2 Altura do pasto

Para altura real do pasto (cm), houve interação tripla significativa (P < 0,0001) entre os fatores altura do pasto, época de adubação nitrogenada e período de avaliação (Apêndice A). Analisando os períodos, a pastagem apresentou acréscimo da altura do primeiro período até o quinto período (5). Os tratamentos AANG e AANP apresentaram menor altura de pasto no período inicial (1), aumentando para o período final (5). No tratamento BANP a altura foi variável e no tratamento BANG não houve diferença entre períodos. Na comparação entre os períodos, no primeiro período (1), os tratamentos AANP e BANP apresentaram as maiores alturas, sendo menores nos tratamentos AANG, BANG. Nos seguintes períodos (2 - 5) a maior altura foi nos tratamentos AA (AANG e AANP) e menores nos tratamentos BA (BANP e BANG) sem diferença entre estes (Tabela 4).

O pastejo iniciou em 18/07/2016 (67 dias após a semeadura), quando a altura média geral do pasto era de 13,1 cm, com maiores valores para os tratamentos NP (AANP = 17,8 cm; BANP = 16,0 cm) e menores para NG (AANG = 9,7 cm; BANG = 8,9 cm). No início do pastejo, a maior altura de pasto nos tratamentos NP permite observar o efeito da adubação nitrogenada na pastagem sobre a altura das plantas. O primeiro período foi de fixação do fator altura, dessa maneira a altura do pasto foi manejada modificando a carga animal para se obter a altura predeterminada, assim como fez Bernardon (2016). A partir do segundo período, até o final, os tratamentos AA apresentaram alturas significativamente maiores que os tratamentos BA (Tabela 4), como consequência do manejo previamente estabelecido. Além disso, as médias da altura real de 28,1 cm para AA e 12,2 cm para BA, foram muito próximas às alturas

pretendidas de 25 e 10 cm.

Tabela 4 - Altura da pastagem (cm) de azevém anual cv. Winter Star submetidas a combinações de alturas de manejo e época de adubação nitrogenada em sistema de integração lavoura-pecuária- 2016. UTFPR, Pato Branco - PR, 2019. Altura do pasto Período AA BA NG NP NG NP Média 1 (18/07 - 15/08) 9,2Cb 21,9Ba 7,7Ab 18,5ABCab 14,3 2 (16/08 - 12/09) 18,0Cab 26,7ABa 7,9Ab 10,3BCb 15,7 3 (13/09 - 10/10) 32,1Ba 27,2ABa 11,1Ab 8,8Cc 19,8 4 (11/10 - 07/11) 46,3Aa 27,7ABb 13,6Ac 10,7BCc 24,6 5 (08/11 - 21/11) 40,8ABa 31,5Aa 18,6Ab 14,4BCb 26,3 Média 29,3 27,0 11,8 12,5

*Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem pelo teste de Tukey (P > 0,05); Erro Padrão da Média = 2,3. Abreviações: AA: alta altura; BA: baixa altura; NP: nitrogênio na pastagem; NG: nitrogênio no grão.

O tratamento AANG, apresentou maior dificuldade para atingir a altura inicial pretendida (25 cm) com apenas suficiente capacidade de suportar os três animais testes em cada parcela no período inicial. Devido a este evento, no início do experimento a intensidade de pastejo foi baixa (baixa carga animal), apresentando no decorrer do tempo uma rápida elongação dos perfilhos e antecipação do florescimento do azevém, elevado os valores de altura nos últimos períodos de avaliação para este tratamento. Uma vez que as plantas exibem uma certa altura, elas podem “escapar” da pressão dos herbívoros e alcançar maiores alturas, o que desestabilizaria o sistema, além da redução típica na qualidade nutricional das plantas à medida que crescem, mecanismos que resultam em alta heterogeneidade da altura da planta observada em uma variedade de pastagens subtropicais (MEZZALIRA et al., 2014). Ainda, de acordo com Carvalho et al. (2010) uma vez que se inicia a aceleração no crescimento da pastagem, ocorre uma menor reposição de folhas o qual dificulta o manejo de altura posterior (Figura 3).

Figura 3 - Comportamento da altura do pasto e seu coeficiente de variabilidade da pastagem de azevém submetidas a combinações de alturas de pasto e épocas de adubação nitrogenada em sistema de integração lavoura- pecuária. Abreviações: AA = alta altura; BA = baixa altura; NP = nitrogênio na pastagem; NG = nitrogênio no grão. UTFPR, Pato Branco - PR, 2019.

1 3 5 7 9 11 13 15 17 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 Semana de avaliacão A ltu ra d e p asto ( cm .) AANG AANP BANG BANP 1 3 5 7 9 11 13 15 17 0 20 40 60 80 100 Semana de avaliacão Co e fi ci e n te d e var iac ao ( % ) AANG AANP BANG BANP

Com avanço do período de pastejo e da fenologia da pastagem de azevém, aumentasse a heterogeneidade dentro da parcela para o final do período de pastejo em todos os tratamentos, elevando o coeficiente de variação.

Pelos coeficientes de variabilidade encontrados durante todo o período de pastejo observa-se maior homogeneidade temporal da altura de dossel no tratamento AANP (Figura 3), em decorrência de uma maior massa de forragem (4346,3 kg de matéria seca ha-1) com alta proporção de folhas verdes e menor de colmos, o que propiciou uma menor seletividade e maior frequência de desfolha pelos animais em pastejo; notando-se o efeito homogeneizador da adubação nitrogenada na pastagem, influenciada pelo manejo.

Quando a demanda dos animais é inferior à oferta de forragem, a pressão de pastejo é variável e pode-se criar ou manter áreas mais homogêneas na pastagem (GARCIA et al., 2005), evento que pode ter ocorrido no presente trabalho. Contrariamente, no tratamento BANG se observou maior heterogeneidade temporal durante todo o período de pastejo, produto de uma menor carga animal que BANP, em um ambiente com menor massa de forragem (2144,5 kg de matéria seca ha-1), menor densidade de forragem e com maior seletividade exercida pelo animal, criando-se na mesma parcela áreas pastejadas com menor altura, menor quantidade de forragem e com maior valor nutritivo e áreas não pastejadas com maior altura de pasto, maior quantidade de forragem, e com menor valor nutritivo (menos folhas) em termos gerais, conforme se aproximava para o final do período de pastejo de acordo com Carvalho et al. (1999). Este comportamento nos mostra que é mais difícil manter altas produções por períodos prolongados sem aplicação de N na pastagem.

Tabela 5 - Porcentagens de altura (%) menor a 10 cm, entre 10 e 25 cm e maiores que 25 cm em pastagem de azevém anual cv. Winter Star submetidas a combinações de alturas de manejo e época de adubação nitrogenada em sistema de integração lavoura-pecuária. UTFPR, Pato Branco - PR, 2019.

Tratamento < 10 cm 10 - 25 cm ˃ 25 cm AANG 28,72Ba 38,19BCa 33,09Aa AANP 1,12Cc 67,603Aa* 31,27Ab BANG 64,89Aa 33,15Cb 1,96Bc BANP 44,18Bb 54,34Aba 1,57Bc Media 34,70 48,32 16,97

Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem pelo teste de Tukey (P > 0,05); Erro Padrão da Média = 3,9. Abreviações: AA: alta altura; BA: baixa altura; NP: nitrogênio na pastagem; NG: nitrogênio no grão. * Segundo Amaral et al., (2012) favorece maior massa de bocado e taxia de consumo.

A porcentagem maior de altura do pasto entre 10 e 25 cm, foi no tratamento AANP seguido de BANP e foram menores em AANG e BANG (Tabela 5). Este comportamento permite observar que com adubação nitrogenada tem-se maior área da pastagem com altura desejada acorde com Amaral et al. (2012). Também, com maior intensidade de pastejo se

observou maior área da pastagem com altura menor ao limite critico inferior (10 cm). Com menor intensidade de pastejo (AANG e AANP) as porcentagens sobre 25 cm foram similares entre eles e superiores aos tratamentos com baixa altura. Considerando os parâmetros de consumo de forragem, a estratégia de manejo do pasto pré e pós-pastejo de 25 e 10 cm é a mais indicada, pois proporciona uma estrutura de pasto que permite maior massa de bocado e, portanto, maior taxa de ingestão de curto prazo (AMARAL et al., 2012).

Pastos manejados com maior altura e adubação nitrogenada na pastagem (AANP) apresentam diferente estrutura de dossel da pastagem causando variações na intensidade e na frequência de desfolha, modificando a dinâmica de crescimento do pasto e alterando os fluxos de biomassa, corroborando com os resultados encontrados por Pontes et al. (2004). O alto suprimento de N para as plantas faze com que a heterogeneidade não seja elevada mesmo com baixa intensidade de pastejo (Figura 3), ocorrendo uma menor seleção do animal em um ambiente com abundância de folhas (alta relação folha:colmo) nestes tratamentos.

O aumento da variabilidade na pastagem, para o final do período, em todos os tratamentos, pode ter ocorrido como consequência da seletividade exercida pelo animal, em função da maturação das plantas que se desenvolveram rapidamente, sendo possível observar a formação de áreas com diferentes alturas e estrutura heterogênea dentro das parcelas, áreas com pastoreios frequentes e outras áreas com pouco sinal de desfolha. No final, também se observaram áreas de maior altura com baixa quantidade de folhas e maior de colmos e inflorescência, as quais não foram pastejadas, tornando-se estas em áreas não utilizadas pelos animais.

Segundo Santos et al. (2015), a taxa de alongamento de colmos em azevém anual aumenta rapidamente quando atinge uma altura de 18 cm (com relativa baixa competição por luz); alturas em pré-pastejo entre 18 e 20 cm poderia ser o limite máximo de altura quando se busca minimizar os colmos na forragem acumulada; pois, o alongamento de colmos é inevitável (independente de competição por luz), devido à força necessária de colmos, pseudocolmos e bainhas para suportar o peso de folhas cada vez maiores e mais pesadas.

A altura de dossel ao proporcionar diferenças na estrutura da pastagem de azevém faz com que as mudanças estruturais ocorridas na passagem do estádio vegetativo para o reprodutivo, em altura do pseudocolmo e do perfilho estendido, profundidade de lâminas foliares, de número total de folhas e de número de folhas vivas, expandidas e em expansão, gerem mudanças nos padrões de desfolhação do azevém por novilhos de corte (CARVALHO et al., 2001). No estádio vegetativo, a intensidade de desfolhação média permanece constante a

cada evento de desfolha, independente da densidade de animais (LEMAIRE et al., 2009). No entanto, as características físicas da pastagem de azevém podem alterar a proporção de folhas removidas, uma vez que afetam o esforço efetuado pelos animais no processo de apreensão da forragem (ILLIUS et al., 1995), afetando a composição da ingesta.

A utilização da pastagem pelo animal promove a heterogeneidade do ambiente, pela seleção conforme a disponibilidade de forragem à qual está submetido (CARVALHO et al., 2001) e pela distribuição de excreções (fezes e urina), que não é constante e uniforme (CHÁVEZ et al., 2011). Dessa forma o pastejo se constitui em um modelo de alta complexidade e heterogeneidade para a pastagem e para o solo, resultando em um sistema dinâmico e heterogêneo (SALTON; CARVALHO, 2007).